“A ex-metrópole está sendo semi-colonizada por suas ex-colônias” .
A frase, exagerada e amarga, foi usada pelo espanhol El País para descrever o acordo entre a espanhola Repsol, o governo argentino e a Pemex, petroleira estatal mexicana – dona de 10% da Repsol – para consumar a desapropiação de 51% da Yacimientos Petrolíferos Fiscales, a YPF, petroleira argentina privatizada em 1999 por Carlos Ménen, o Fernando Henrique portenho.
Ano passado, por iniciativa de Cristina Kirchner, o Congresso da Argentina declarou de utilidade pública, para desapropriação, metade do capital da petroleira.
A Argentina indenizará a Repsol pelas ações com títulos de longo prazo do Governo e a Pemex assume uma posição de fiadora da operação, em troca de uma parceria na exploração do campo de Vaca Muerta, junto à fronteira com o Chile, uma grande reserva de petróleo e, sobretudo, gás – convencional e “shale gas”.
O projeto é de importância vital para os argentinos, que sempre tiveram uma utilização muito intensa de gás natural em sua matriz energética. O gás responde por cerca de 50% da energia argentina, cinco vezes mais do que os menos de 10% em que integra a matriz da energia brasileira.
A Pemex, por sua vez, já opera poços de “shale gas” em tera e no Golfo do México e se prepara para explora-lo, também, em território dos Estados Unidos.
O leilão de áreas de gás, hoje, no Brasil, é uma espécie de fase experimental para essa nova fonte de energia. Para nós, o desafio urgente é o do petróleo. Para os argentinos, porém, o gás é a grande urgência, até porque as perspectivas de haver grandes reservas de petróleo em torno das Ilhas Malvinas esbarra no colonialismo inglês.
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