Fernando Brito lambuza os urubólogos com a mancha de óleo da Chevron.
O Conversa Afiada republica texto de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:
AMERICANOS E INGLESES SE FORAM DE LIBRA. VAMOS PERDER A CHANCE DE QUE FIQUEM FORA?
Desculpem os amigos se corro o risco de me repetir, mas é tanto, tanto dinheiro envolvido – e dinheiro tão importante para o Brasil – que acho importante esclarecer o quanto possa, e a quantos possa, sobre tudo o que está acontecendo nesta preparação do leilão de Libra.
Em primeiro lugar, um acréscimo que só confirma o que disse antes: a Chevron, outra gigante americana, juntou-se à Exxon, a British Petroleum e a British Gás na sua retirada. Americanos e ingleses agiram coordenadamente, numa atitude claramente política.
Governo americano e petroleiras vivem em tamanho mutualismo que é impensável que esta ação em bloco não tenha o beneplácito – senão a inspiração – dos dirigentes dos EUA.
Segundo, que todo mundo sabe que há um esqueleto de acordo firmado entre a Petrobras e os chineses para entrarem juntas no leilão como força virtualmente imbatível. Porque os chineses querem “remuneração” em vendas firmes de petróleo bruto ao seu país.
Então isso seria ruim para o Brasil? Não seria muito melhor refinar o petróleo e vender derivados refinados? Em alguns momentos – e essa é uma tendência mundial pela insuficiência global de parques de refino – sim.
Mas a questão é que, pelo investimento e prazo de implantação de refinarias, se tudo correr bem,chegaremos a 2020 com uma capacidade de refino de cerca de 3,6 milhoes de barris/dia, apenas o suficiente para suprir o mercado interno de derivados. Mas a produção de petróleo já terá chegado perto de 6 milhões de barris diários, o que produz um excedente de perto de 2 milhões diários de petróleo bruto, que terá de ser exportado em cru.
Mas não deveríamos, então, investir mais em refinarias? Sim, mas de volta o problema: é caro e demorado fisicamente e o retorno econômico do investimento é lentíssimo, de uma década ou mais. Justamente por isso, no mundo, há um déficit de refinarias e, não por acaso, fazer refinaria não está sequer nos planos das petroleiras estrangeiras para o Brasil.
Além disso, um refinaria não opera com qualquer tipo de petróleo, ela só pode utilizar óleo com determinada densidade. Antes do pré-sal, 85% do petróleo que hoje produzimos é pesado. O do pré-sal, que vai corresponder ao aumento de produção, é leve.
A inconveniência do leilão de Libra está no valor do bonus iniciial – de R$ 15 bilhões – que vai obrigar a uma descapitalização lesiva à Petrobras, que só pelos seus 30% obrigatórios na nova lei, terá um desembolso de R$ 4,5 bilhões. Se, como tudo indica, a participação da brasileira for de 60% ou pouco mais que isso, o desembolso será em torno de R$ 9 a 11 bilhões. Dinheiro que sai da sua capacidade de investir para formarmos o tal – e mau – superavit fiscal.
Mas, frente à conjunção política que se formou, isso acaba sendo aceitável, se nos garante o controle majoritário do maior campo de petróleo do mundo, hoje.
Escrevo no início da madrugada, ainda sem ver as manchetes desta sexta.
Mas já deu para ver com que espanto e indignação a nossa mídia trata a saída de americanos e ingleses do leilão, falando em “fracasso” e “esvaziamento”.
E pergunto aos setores nacionalistas que ainda advogam o adiamento do leilão: não era isso o que o país desejava, sobretudo depois da revelação da espionagem americana sobre a Petrobras?
Vamos perder, por puerilidade, a oportunidade histórica de controlar hegemonicamente o maior campo de petróleo deste país e, hoje, do mundo? Tudo dentro da lei, das regras por ela lixada, com tal solidez que balizará o desenvolvimento exploratório do enorme tesouro do pré-sal ainda por ser descoberto ou delimitado?
A resposta a isso só pode ser um não!
Por: Fernando Brito
Comentário
Os jornais estadunidenses publicados no Brasil Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo estamparam manchetes hoje de que o leilão será um fracasso. Eles tem razão, o objetivo das petrolíferas estadunidenses e inglesas de surrupiar o petróleo brasileiro deu errado. Queriam adiar o leilão, vazando a espionagem na Petrobras, para que caso haja um golpe de estado e os tucanos voltem ao podem, eles poderiam reverter tudo e dar o petróleo para essas companhias. Quem saiu fracassado foram os Estados Unidos e a Inglaterra. O petróleo do pré-sal tem de ser utilizado para gerar o desenvolvimento social e econômico do povo brasileiro. Os comentaristas da Globo, Folha, Veja e Estado que agem a serviço de empresas estrangeiras no Brasil, assim como os economistas neoliberais, que também estão contra o povo brasileiro, estão esperneando porque dessa vez não conseguiram entregar o serviço.
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