sexta-feira, setembro 13, 2013

Coluna Econômica do Nassif - 13/9/2013


Há dois setores nos quais o Brasil poderá montar estratégicas competitivas de inovação, graças ao mercado interno, ao poder de compra do Estado e a parceria com institutos de pesquisa: fármacos e cadeia de petróleo e gás.

A opinião é de João Negri, diretor de Inovação da Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisa), no seminário sobre as cadeias de pesquisa do setor, promovido pela Brasilianas.

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No caso de petróleo e gás, a Petrobras costuma se comparar à NASA e ao desafio de colocar o homem na lua. São desafios tecnológicos intensos, de equipamentos resistentes a condições extremas de temperatura e pressão, exigindo o desafio de novos materiais, nanotecnologia, engenharia, colocando-a na fronteira da tecnologia no mundo. E não pode errar.

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Em países como o Brasil, com determinado nível de renda mídia, explica Negri, não se conseguem saltos na produtividade per capita, como ocorre nos grandes movimentos de urbanização ou de migração da mão-de-obra de setores estagnados para outros mais dinâmicos.

O grande desafio, então, passa a ser ganhar produtividade através da tecnologia e inovação.

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Negri identifica dois modelos de política econômica adotados no país.

A tradição da política econômica do período 1950-1970 era o da criação de um ambiente protegido, no qual fatores como custo não contavam. E onde, também, havia os bónus de produtividade, na urbanização e na industrialização inicial.

Nos anos 90, muda-se a linha e economistas julgam que se poderia reorganizar a economia a partir da abertura e da integração internacional, aumentando a competição e proporcionando ganhos maiores de produtividade.

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Nem a tradição dos anos 50/70 nem dos anos 90 dão conta de responder porque economia brasileira não ganha em produtividade, diz ele. A razão de fundo é a falta de domínio dos tecnologias críticas e chaves em diversos segmentos.

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E ai se entra pela janela de oportunidade proporcionada pelo pré-sal. Nesse ponto, Negri levanta alguns pontos relevantes, questões pouco enfrentadas por sucessivas políticas públicas: não se conseguirá desenvolvimento próprio de tecnologia se não for com empresas de capital nacional.

De fato, nos últimos anos há um deslumbramento com os grandes centros de pesquisa de multinacionais implantados especialmente no Fundão.. Em geral, considera-se que os ganhos do país se dão por formas indiretas, na qualificação de técnicos, em alguma melhoria da cadeia produtiva.

É pouco, segundo Negri.

Se se quiser tecnologia autônoma, que permita desenvolver grandes fornecedores globais, há que se ancorar o desenvolvimento em empresas nacionais. Foi assim na Noruega - considerada o grande modelo de desenvolvimento petrolífero. É assim nos estudos de Michael Porter, o maior industrialista contemporâneo

Em 2003, uma empresa norueguesa, a Aker Solution, estava prestes a ser adquirida por outra norte-americana. O próprio governo norueguês interveio, adquirindo parte do capital da empresa para impedir sua desnacionalização.

A grande oportunidade que se abre para a tecnologia nacional é que as dificuldades do pre-sal são de novas e nenhuma empresa estrangeira tem domínio sobre a tecnologia. Haverá, então, o aprendizado para desenvolver equipamentos e produtos.

É esse desafio que não pode ser desperdiçado.

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