O objetivo deste blog é discutir um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil. Esse projeto não brotará naturalmente das forças de mercado e sim de um engajamento político que direcionará os recursos do país na criação de uma nação soberana, desenvolvida e com justiça social.
terça-feira, setembro 03, 2013
A palestra da Siemens e outras palestras do MPF
Autor: Luis Nassif
A rigor, não vi motivos para escândalo no convite ao presidente da Siemens, pelo Ministério Público Federal de São Paulo, para falar sobre o "complience" e os acordos de delação das empresas.
Ora, tem-se uma arma fulminante para atacar a corrupção corporativa. A conversa com o presidente da Siemens seria relevante para que procuradores entendessem os interesses e restrições do outro lado, para aprimorar seus métodos.
Outros convites, mais escandalosos, passaram em branco.
Por época da Operação Satiagraha, o MPF virou alvo de campanha acendrada de defensores de Daniel Dantas. Entre eles, praticamente a totalidade da velha mídia, através dos jornais e dos seus sites, atacando procuradores.
O ponto central era o tal relatório italiano, que Dantas queria a todo custo introduzir no inquérito paralelo, que apurava os grampos do Opportunity. Chegou-se ao cúmulo do colunista da Veja, Diogo Mainardi, anunciar que entregaria o relatório pessoalmente ao juiz que analisava a ação.
Na ocasião, a procuradora Anamara Osório - responsável pelo inquérito dos grampos - declarou que a decisão visava contaminar o inquérito brasileiro e que, no MPF, nao havia dúvida de que Mainardi fazia o jogo do Opportunity - o banco de Dantas.
Através do sitio da Veja, seguiu-se uma saraivada de ataques de Mainardi a Anamara e a Rodrigo de Grandis, o procuradores do caso Satiagraha.
Em seguida, Mainardi baixou no MPF acompanhado do advogado roberto Podval, para uma conversa om Anamara e Rodrigo de Grandis, o procurador do caso Satiagraha. Segundo uma testemunha do encontro, estava trêmulo, assustado, contrastando com a imagem que projetava.
Foi inusitada a reação dos procuradores. Aproveitaram a visita de Mainardi para convidá-lo para palestrar em um evento da procuradoria.
Tempos depois, cobrei essa questão de Rodrigo de Grandis. Sua resposta foi surpreendente: Era um evento social, nada tinha de oficial.
Levado ao pé da letra, Carlinhos Cachoeira poderia ser convidado para falar sobre o papel do jogo de bicho na geração de empregos. Afinal, seria apenas um evento social.
Fiz ver a De Grandis que, mesmo sendo um evento social, significaria um aval dos dois procuradores que investigavam o Opportunity aquele que fora apontado como principal agente de Dantas na imprensa.
O absurdo não se consumou porque, no dia do evento, Mainardi tinha compromissos mais importantes para comparecer.
Há a necessidade de uma lufada de ar fresco na corporação. Há procuradores que colocam seu dever acima do temor em relação à velha mídia. Mas há procuradores que fraquejam.
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