Virgílio Freire
Nos últimos meses, a grande imprensa de Rio e São Paulo tem publicado grande número de matérias sobre uma suposta “crise” entre a Aeronáutica e a Presidência da República.
O Governo pretende comprar 36 caças supersônicos a um custo aproximado de 10 Bilhões de dólares, e estão concorrendo o francês Rafale, o sueco Grippen, e o americano F-18 Super Hornet.
Segundo a unanimidade das matérias publicadas no Estadão, Folha de São Paulo, Globo, VEJA, TVGlobo, e outros jornais, estaria ocorrendo a seguinte “crise” – a Aeronáutica realizou uma análise “técnica” e optou pelo Grippen, sueco.
Já o Ministério da Defesa e a Presidência da República, por motivos estratégicos, já teriam decidido pelo Rafale, da francesa Dassault.
Vamos começar a “desmontar” esta suposta crise pelo que existe de mais básico – a Constituição do Brasil.
Segundo a Constituição, o Presidente da República é o Comandante em Chefe das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica.
Vou repetir, para ficar bem claro: Lula é o Chefe do Ministério da Defesa, que por sua vez é o chefe da Aeronáutica.
Me permitam explicar, como Oficial do Corpo de Fuzileiros Navais, o que se entende por “chefe” entre os Militares.
O chefe ouve seus subordinados, avalia a posição de cada um, e solitáriamente toma a decisão. Por ser uma decisão solitária, só ele é responsável.
Uma vez tomada a decisão, ela é cumprida.
Ponto.
Não cabe mais discussão.
Se um subordinado emitir opinião contrária à decisão do chefe, automáticamente está assumindo uma posição de insubordinação, e simplesmente é preso e punido.
Ponto. Está no Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (como no da Marinha e no do Exército)
Então, não existe um animal chamado “crise entre um Militar e seu chefe”.
Pode existir insubordinação, seguida automáticamente de punição, que em caso de reincidencia pode chegar à dispensa do serviço ativo.
Ficou claro? Sabe porque este rigor na disciplina entre nós Militares?
Imagine que um Major aviador esteja comandando uma esquadrilha de caças.
Suponha que um esquadrão inimigo esteja se aproximando. O comandante de nossa esquadrilha se comunica com o Controle Estratégico, analisa a posição do inimigo, e decide que toda a sua esquadrilha irá atacá-lo vindo de cima, com o sol por trás, para perturbar a visibilidade do adversário. Agora suponha o seguinte:
Tenente Rogério para Major Hélio – “Major, acho que sua decisão não é a mais adequada, afinal, se fizermos meia volta e fugirmos, nosso risco de perda de vidas é nulo...”
Tenente Alberto para Major Hélio – “Acho mais adequado seguirmos por baixo do inimigo, assim ele não nos pode ver...”
Capitão Carlos – “Acho que o Major tem razão, afinal todo mundo sabe que o Tenente Rogério é um covarde, outro dia até a mulher dele estava se queixando de que ...”
Major Hélio – “Bem, vamos fazer o seguinte, senhores – nós somos uma esquadrilha de 7 caças. Vamos fazer uma votação, e o meu voto será o Voto de Minerva.
Leitor amigo, a essa altura você já entendeu onde quero chegar – os Militares não são e não podem ser uma instituição democrática. Desde que os primeiros faraós conquistaram os primeiros babilônios, funciona uma cadeia hierárquica, claramente definida, onde um e apenas um comandante toma as decisões. Como dizemos na Marinha “Manda quem pode, e obedece quem tem juízo...”
O mesmo raciocinio se aplica nas forças terrestres, navais, etc. Não se pode perder tempo em discussões, votaçòes, etc. Espero que voce tenha entendido porque a Aeronáutica tem - ou deveria ter – em seu DNA o gene da Disciplina.
Então, em primeiro lugar, se a FAB fez um relatório sobre a compra dos caças, não é de sua responsabilidade a escolha – a FAB pode opinar, mas jamais poderia e nem pode decidir. Quem decide é o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva.
Logo, se o relatório da FAB “vazou”, isso não é “crise” – é indisciplina, caso a própria FAB tenha vazado, ou incompetência, se a Força Aérea deixou vazar “sem querer” – qualquer das hipóteses exige que o Brigadeiro Juniti Saito seja destituído e enviado direto para o chuveiro.
Sem crise.
Resumo desta primeira parte – entre um militar e seus chefes é impossível existir “crise”. OK?
Bem, agora vamos tentar lembrar as histórias de Sherlock Holmes, e descobrir quem está por trás das notícias, artigos, matérias, sobre a famosa crise.
Elementar, meu caro Watson.
Quem se beneficia com a confusão gerada na imprensa e com o desconforto em que foi colocado o Ministério da Defesa e a Presidencia da República? Vamos por partes.
Será que foram os americanos? Certamente que não, já que há meses a imprensa não fala no F-18, e o silencio da imprensa - e da CIA - é claro sinal de que os gringos preferem não vender os aviões a ter de revelar seus preciosos segredos, cláusula exigida pelo edital.
Será que são os franceses que se beneficiam com a confusão? Lula anunciou em Setembro que a escolha está feita, e que vai comprar o Rafale. Logo, qualquer investigador com dois neurônios no cérebro pode ver que aos franceses só interessa que o contrato seja logo assinado, e que não interessa ao Governo da França que o Brasil fique nesta eterna discussão sobre quantos anjos cabem na cabeça de um alfinete (este era um tema acaloradamente discutido nos mosteiros durante a Idade Média).
Puxa, mas que coincidência – sobram apenas os suecos. Só eles podem se beneficiar dos artigos sobre a “crise”.
Vamos fazer um exercício intelectual – apenas hipotético. Estão em jogo 36 Bilhões de dólares, OK?
Se voce fosse o Presidente da SAAB, fabricante do Gippen, o que voce acharia de gastar uns 5 milhões de dólares em "marketing" para criar confusão sobre o assunto?
A SAAB não tem nada a perder... só tem a ganhar.
Neste nosso exercício hipotético, onde voce gastaria este dinheiro destinado a criar confusão?
Financiando jornais, revistas, rádios, TVs? Boa idéia.Claro que todos nós sabemos que nossa imprensa jamais iria se vender em troca de uns milhõezinhos de dólares em anúncios.
Dando “presentes” a jornalistas? Boa idéia tambem. (Claro que todos nós sabemos que jornalista NUNCA aceita presentes)
Enchendo as revistas, jornais, de fofocas, de notícias "plantadas"? Semeando inverdades? Plantando mentiras?
E melhor de tudo, “vazando” o relatório da Aeronáutica!!!! GOLPE DE MESTRE!!!! Confusão Total, Crise, Brigadeiro dizendo e desdizendo, Ministro dizendo e desdizendo, oficiais dizendo e desdizendo, enfim, um circo armado.
Em vez de todo mundo ficar de bico calado, está todo mundo falando, “vazando”, “armando”, "desmentindo", "desmentindo o desmentido"etc.
Será que eles se expõem a tudo isso por idealismo?
Pense bem – você sabe a resposta.
Para você ficar com uma consciencia limpa, veja agora porque os caças Grippen são aviões de papel (lembre que o dólar é um papel). Segundo o o competente jornalista José Meirelles Passos os aviões da SAAB são mais baratos porque o preço não inclui o armamento e, como até jornalistas do Globo sabem, caça sem arma é igual a aviãzinho de aeromodelismo.
E, mais, lembra o competente José Meirelles Passos, os motores e o software do avião sueco são “made in USA” – ou seja, toda vez que o Brasil precisar mexer numa parafuseta tem que consultar o Pentágono.
Já a compra dos caças franceses inclue sua fabricação no Brasil, transferencia TOTAL de tecnologia, licença para o Brasil exportar para América Latina e África, mais um submarino nuclear, mais uma parceria para entrarmos no Conselho de Segurança da ONU, e outras “cositas” mais, que não podem ser divulgadas.
Portanto, vamos parar de dar atenção a esta “crise” fabricada artificialmente pela SAAB, com farto financiamento dos meios de comunicaçào venais brasileiros.
Vamos apoiar a decisão estratégica do Comandante Supremo da Aeronáutica – vou repetir mais uma vez para ver se agora o Brigadeiro Saito entende:
No Brasil quem manda nas Forças Armadas é o Presidente da República.
Não existe crise.
http://virgiliofreire.blogspot.com/2010/02/crise-dos-cacas-da-fab-elementar-meu.html
Um comentário:
Favor vide blog-denúncia http://modelobrasil.wordpress.com/
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