MÍDIA FOI CONTRA LULA EM 2006, MOSTRA LIVRO
O livro “A Mídia nas Eleições de 2006”, da editora Fundação Perseu Abramo, organizado pelo sociólogo e jornalista, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, Venício Artur de Lima, mostra que a mídia adotou uma postura partidarizada contra o Presidente Lula nas eleições de 2006.
O professor Venício de Lima disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta sexta-feira, dia 20, que um estudo do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro), publicado no livro, mostra que “não há como se concluir que a cobertura não tenha sido partidarizada” (clique aqui para ouvir o áudio).
“Há uma concordância básica de que houve de fato nas eleições de 2006 um desequilíbrio muito grande na cobertura e que esse desequilíbrio favorecia um dos candidatos”, disse Lima.
Segundo o professor Venício de Lima, o desequilíbrio e a partidarização contra Lula é mais evidente nas colunas de opinião dos grandes jornais. “É onde a proporção é mais gritante... no caso do Observatório Brasileiro de Mídia, que fez essa observação detalhada, a divergência mais gritante, o desequilíbrio mais gritante é em relação aos articulistas”, disse Lima.
O professor Venício de Lima disse que o livro reúne o estudo de diferentes institutos que acompanharam a cobertura da mídia nas eleições de 2006 com metodologias diferentes. E todos eles chegaram à mesma conclusão: a cobertura foi partidarizada contra Lula.
“Esses institutos, embora não estivessem trabalhando exatamente no acompanhamento da cobertura dos mesmos jornais e revistas e embora tivessem usando metodologias relativamente diferentes, embora não totalmente diferentes, chegaram a conclusões praticamente idênticas: no acompanhamento da cobertura fica claro que houve uma preferência na cobertura por um dos candidatos em detrimento de outro”, disse Lima.
Segundo Venício de Lima, no caso dos articulistas dos principais jornais e revistas brasileiras, a proporção de colunas favoráveis ao candidato Alckmin em relação às colunas desfavoráveis ao candidato Lula é de quatro para um.
O professor Venício de Lima fala também que os sites e blogs da internet aumentaram sua importância no debate eleitoral. Esse tema é tratado nos capítulos três e nove do livro “A Mídia nas Eleições de 2006”.
Para falar sobre a importância da internet, Lima citou Sérgio Amadeu, que ele diz: “78% dos que utilizam a internet afirmam utilizar a rede para se comunicar. O que isso significa? Um conjunto de atividades tais como enviar e receber e-mails (83%), trocar mensagens instantâneas (49%) e acessar sites de relacionamento (47%), tais como o Orkut e participar de chats (35%)”.
“Aí, o Sérgio Amadeu conclui o seguinte: é exatamente aí que está a importância da rede na política. Ela serviu para a organização das forças, das lideranças de opinião, da articulação de pessoas politicamente ativas nos seguimentos médios”, disse Lima
Segundo Lima, mesmo que haja muita gente que ainda não tenha acesso à internet, aqueles que acessam são líderes de opinião.
Leia a íntegra da entrevista com o professor Venício de Lima:
Paulo Henrique Amorim – A editora Fundação Perseu Abramo acaba de lançar o livro "A Mídia nas Eleições 2006" organizado pelo professor Venício A. de Lima e eu tenho o professor Venício agora no telefone. Professor, como é que vai o senhor?
Venício de Lima – Tudo bem, Paulo, e você?
Paulo Henrique Amorim – É um prazer falar com o senhor.
Venício de Lima – O prazer é meu, Paulo.
Paulo Henrique Amorim – Tenho muito orgulho de fazer parte desse trabalho que o senhor elaborou na companhia da Alessandra Aldeia, Antonio Albino Canelas Rubin, Bernardo Kucinski (que foi meu colega na Veja), Clóvis Barros Filho, Gabriel Mendes, Kjeld Jacobson, Luís Felipe Miguel, Luís Nassif (meu colega aqui do iG), Marcelo Coutinho, Marcos Coimbra, Marcus Figueiredo, Renato Rovai, Sérgio Amadeu da Silveira, Vladimir Safatle. Mas, quem concebeu isso e quem conseguiu organizar isso com muita rapidez e numa edição primorosa foi o senhor, professor. Eu gostaria de tocar alguns pontos que o senhor tem na sua introdução geral.
Venício de Lima – Pois não, Paulo.
Paulo Henrique Amorim – Primeiro o senhor menciona que uma das conclusões dos estudos publicados é que houve um desequilíbrio da cobertura jornalística dos candidatos verificados pelos institutos independentes de pesquisa. O senhor podia resumir a sua consideração aqui para os nossos internautas, eleitores do iG?
Venício de Lima – Com certeza. Essa, na verdade é a, vamos dizer assim, a premissa básica do livro, porque a partir da constatação desse desequilíbrio, é que são feitas as análises e outras interpretações que tem presentes no livro, inclusive a sua importantíssima contribuição. Na verdade, essas eleições de 2006 elas foram acompanhadas por institutos de pesquisas independentes, um ligado a uma instituição tradicional universitária que são as Faculdades Candido Mendes no Rio de Janeiro, o Iuperg, que tem um instituto próprio que é o Doxa que é liderado há muitos anos, sob a liderança do Marcos Figueiredo e tem a colaboração de vários pesquisadores, entre eles, Alessandra Aldé e o Gustavo que escreveram esse resumo dos resultados que o livro publica, o Observatório Brasileiro de Mídia que é o capitulo brasileiro do Media Watch Global, que é uma ONG com sede em Paris e que tem capítulos no Brasil, na Venezuela, em vários outros países, na França, na Itália que também fez o acompanhamento da mídia impressa e também a PUC do Rio Grande do Sul fez um acompanhamento no Datamedia, que é ligado à Famecos, que é a Faculdade de Comunicação, mas infelizmente por questão de prazo, você até mencionou isso, muito reduzido para organizar e preparar o livro, a contribuição da Famecos acabou não chegando a tempo. Mas, esses institutos, embora não estivessem trabalhando exatamente no acompanhamento da cobertura dos mesmos jornais e revistas e embora tivessem utilizados metodologias relativamente diferentes, embora não totalmente diferentes, chegaram a conclusões praticamente idênticas. No acompanhamento da cobertura fica absolutamente claro que ouve uma preferência na cobertura por um dos candidatos, em detrimento de outro, em alguns casos, por exemplo, bastante claro, dos articulistas dos principais jornais e revistas brasileiros a proporção de colunas favoráveis ao candidato Alckmin em relação às colunas desfavoráveis ao candidato Lula é na proporção de quatro para um.
Paulo Henrique Amorim – Nossa!
Venício de Lima – Então, a conclusão, por exemplo, do Iuperg, do trabalho do Iuperg, que é um instituto acima de qualquer suspeita é de que não há como se concluir de que a cobertura não tenha sido partidarizada. O Observatório Brasileiro de Mídia conclui que houve um desequilíbrio importante na cobertura. Da mesma forma a Famecos chaga a mesma conclusão mesmo sendo institutos independentes com metodologias relativamente diferentes e não necessariamente observamos não os mesmos veículos. Então, há uma concordância básica de que houve de fato nas Eleições de 2006 um desequilíbrio muito grande nas coberturas e que esse desequilíbrio favorecia um dos candidatos.
Paulo Henrique Amorim – E esse desequilíbrio é mais notável entre os colunistas?
Venício de Lima – É onde a proporção é mais gritante. Mas, no conjunto da cobertura, porque essa análise é um pouco complicada porque ela tem que ser feita, a metodologia exige um certo rigor, então você acompanha editoriais, artigos, colunas, reportagens, manchetes de capa, então o caso, por exemplo, do Observatório Brasileiro de Mídia que fez essa observação detalhada, a divergência mais gritante, o desequilíbrio mais gritante é em relação aos articulistas, mas eu não sei exatamente, porque o acompanhamento foi feito semanalmente, então, houve semanas em que esse desequilíbrio, sobretudo às vésperas da realização do primeiro turno, o desequilíbrio é absolutamente desproporcional.
Paulo Henrique Amorim – Apesar da imprensa brasileira se cobrir do manto de uma certa objetividade. Eu lhe perguntaria outra coisa, professor. Tem um outro capítulo da sua introdução que diz: prevaleceu uma atitude de hostilidade ao candidato Lula entre os jornalistas da grande mídia. Como o senhor define essa hostilidade e o que é que o senhor chama de jornalistas da grande mídia.
Venício de Lima – Pois é, isso aí... Na verdade o que eu tentei fazer na introdução foi fazer uma síntese dos pontos mais relevantes dos onze capítulos do livro. O livro, eu acho que é necessário fazer essa explicação, o livro foi organizado em torno de três perguntas principais. “Como foi a cobertura jornalística?”, então tem o relato dessa cobertura que eu descrevi, até eu esqueci de incluir também um instituto ligado à escola de propaganda e marketing fez um acompanhamento pioneiro da internet, dos blogs interativos...
Paulo Henrique Amorim – Vamos falar nisso daqui a pouco.
Venício de Lima – Então, a primeira parte foi essa. A segunda foi “Qual é o papel da mídia?” e a terceira que é uma parte mais pró-ativa, vamos dizer assim, que tenta responder a questão de que é necessário fazer para aprimorar ao aprendizado da democracia brasileira. Então, nessa primeira parte são os relatos das pesquisas. Na segunda parte, são as análises. Uma das análises que foi feita, aliás pelo professor Bernardo Kucinski, ele relata casos de experiência individual e de observação que ele vem fazendo do comportamento dos jornalistas, da grande imprensa brasileira, dos principais jornais, das principais redes de televisão, das principais revistas ao longo dos últimos processos eleitorais. Sobretudo os processos eleitorais das últimas eleições presidenciais sempre envolveram a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva e são essas em relação a esse candidato que ele observa. E ele então conclui que desenvolveu-se entre os jornalistas um sentimento anti-lulista e que isso vai se consolidando e que essa, provavelmente é uma das explicações para esse desequilíbrio tão acentuado que se manifesta nas pesquisas, em relação à cobertura.
Paulo Henrique Amorim – É um sentimento, digamos, pessoal em relação à figura do Presidente da República.
Venício Lima – Foi internalizado pelos jornalistas ele verifica isso em várias situações eu teria que retomar o artigo para, o capítulo, para rever exatamente as situações, mas é um capítulo muito bem construído em uma série de eventos.
Paulo Henrique Amorim – Professor, o senhor fala que os blogs na internet aumentaram a sua importância no debate eleitoral. Nós estamos conversando aqui num âmbito de um site na internet. O que é que o senhor quer dizer com isso? Ou o que é que o livro demonstra isso que o senhor fala que os capítulos três e nove do livro que tratam exatamente disso?
Venício de Lima – Pois é, aí nós temos não só a pesquisa que foi feita por esse grupo liderado pelo professor Vladimir Safatle, que é professor também de filosofia da Universidade de São Paulo, e ele coordena a pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing aí de São Paulo, foi feita uma pesquisa por ele, pelo Marcelo Coutinho que também trabalha no Ibope e foi feita também pelo Clóvis Barros Filho, também professor da USP, professor conhecido que tem várias publicações e tal. Tem o capítulo dele e tem o capítulo Sérgio Amadeu que também é professor das faculdades aí da Casper Líbero e eu até confesso publicamente para você que eu sempre fui muito resistente a reconhecer, tendo em vista todos os dados de exclusão digital que o país tem, eu sempre fui muito resistente em reconhecer a importância da internet, não é?
Paulo Henrique Amorim – (risos).
Venício de Lima – (risos) Mas a partir dessas eleições, eu tive que dar meu braço a torcer. Eu separei pra você aqui, porque eu estava exatamente esperando que a gente fosse conversar, uma citação curtíssima do texto do Sérgio Amadeu, que ele fala o seguinte: 78% dos que utilizam a internet afirmam utilizar a rede para se comunicar. O que isso significa? Um conjunto de atividades tais como enviar e receber e-mails (83%), trocar mensagens instantâneas (49%) e acessar sites de relacionamento (47%), tais como o Orkut e participar de chats (35%). Aí, o Sérgio Amadeu conclui o seguinte: é exatamente aí que está a importância da rede na política. Ela serviu pra a organização das forças, das lideranças de opinião, da articulação de pessoas politicamente ativas nos seguimentos médios. Porque veja só: mesmo que haja, e de fato há ainda um contingente imenso da população brasileira que está fora do universo, diretamente fora do universo da internet, aqueles que acessam são líderes de opinião. Então, está havendo, e isso faz parte de um outro argumento que eu tenho pessoalmente defendido há muito tempo e que aí no livro é defendido também pelo professor Albino Rubin, da Universidade Federal da Bahia, de que está havendo um deslocamento da liderança de opinião tradicional, que era exercida, continua sendo, mas ela está sendo exercida em menor escala, pelos líderes de opinião tradicionais que estão sobretudo na mídia impressa. Está havendo um deslocamento dessas lideranças tradicionais para esses líderes da sociedade civil organizada que tem contado exatamente com esse imenso contingente que está excluído da internet, mas a liderança, não. Então, é essa liderança que usa a internet sobretudo para se comunicar, com sites de relacionamentos, que consulta os blogs, que tem possibilidade de acessar a informação que não está presente na grande mídia, esses líderes fazem a mediação da informação que chega de fato à grande maioria da população brasileira, exercendo um papel que é tradicional na comunicação de massa, esses dois fluxos da comunicação intermediada sempre por lideranças. Então, esse é um fenômeno que nas últimas eleições parece ter ficado muito claro, porque, a sociedade civil que é, num certo sentido, ignorada pela grande mídia, vem acontecendo no Brasil e que há vários exemplos disso, está sendo exercida exatamente por lideranças que têm acesso e faz uso das informações da internet.
Paulo Henrique Amorim – Professor, nessa sua introdução, que procura resumir o trabalho do conjunto de autores, há dois capítulos que eu gostaria que o senhor comentasse num só. A mídia entrou na agenda pública de discussão e a credibilidade da grande mídia foi colocada em questão e o senhor cita um autor por quem eu tenho uma profunda admiração, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, que havia avançado a hipótese na democracia as instituições vulneráveis a extorsões seria o grande poder da mídia de gerar instabilidade política. O senhor podia comentar os trabalhos expostos publicados no livro que o senhor organizou, nesses dois capítulos A mídia entrou na agenda e A credibilidade da mídia?
Venício de Lima – Pois é, vamos começar por essa questão da credibilidade, o Wanderley Guilherme, que é um cientista político importante no Brasil, sobretudo durante o período da cobertura da crise política de 2005 ele teve uma posição importantíssima, ele tinha uma coluna no jornal Valor Econômico e lá ele avançou a hipótese, que eu comento na introdução, de que, ao contrário do que acontecia em países, chamados de primeiro mundo na Europa e sobretudo nos Estados Unidos, o Brasil, a grande mídia brasileira, ela, num certo sentido, estava protegida das crises de credibilidade que ela não tinha uma empresa regional forte e ela, portanto, não era contestada em nível local e regional. Então, o contra argumento que aparece e que eu mesmo venho insistindo nele que está corroborado em vários, ele está presente, embora não necessariamente de forma explícita, em vários capítulos do livro de no Brasil também não existir uma mídia regional forte, a cobertura, esses outros fatores, por exemplo, esse deslocamento das lideranças de opinião que eu comentei a pouco, e a cobertura que foi oferecida pela grande mídia, não só para a crise política de 2005, mas também para as eleições de 2006, fez com que, mesmo não havendo essa condição que o Wanderley aponta com muita propriedade, a grande mídia entrasse em debate e a sua credibilidade fosse questionada. Eu, inclusive, arrolo aí na introdução um exemplo extremamente forte que foi relatado em uma matéria excepcional pela Ana Paula Souza na Carta Capital, de uma visita que ela fez a um grupo na periferia de São Paulo, não me lembro exatamente agora a localidade.
Paulo Henrique Amorim – Jardim Ângela.
Venício de Lima – Exatamente, exatamente. Na verdade, tem lá um grupo de rapazes que tem um financiamento, conseguiu um financiamento na prefeitura um tempo atrás aí de São Paulo, criou-se um grupo de discussão especificamente sobre a mídia e eles então convidaram o Mino Carta para debater com ele o filme Cidadão Kane. E o Mino não pode ir, mandou a Ana Paula e ela fez uma matéria mostrando exatamente a capilaridade dessa discussão, quer dizer, que atingiu a periferia dos grandes centros, os grupos de jovens como esses. E cada um de nós, você certamente mais do que eu, sabe que nos últimos meses, eu diria até também nos últimos dois anos, eu, por exemplo, que passei boa parte da vida profissional dentro da universidade, recebi convites para participar de debates a nível de seminários acadêmicos e promoções desse tipo, conferências acadêmicas e etc., nos últimos anos eu tenho recebido muito mais convites de sindicatos, igrejas, organizações da sociedade civil que não tem nada a ver com a mídia e que estão preocupados com o papel da mídia. Então, permeando esses textos do livro fica muito claro que mesmo talvez contra a vontade da grande mídia ela sim entrou no debate público.
Paulo Henrique Amorim – Entrou na dança.
Venício de Lima – Entrou na dança. E a sua credibilidade que aparentemente estava protegida por falta de uma imprensa regional forte, como acontece em outros países, outros fatores fizeram que, independente disso, que a credibilidade também entrasse em questão e, aliás, o resultado das eleições são uma prova disso.
Paulo Henrique Amorim – Claro, claro. Foi até uma, o senhor menciona, um descolamento da opinião da mídia e da opinião do público eleitor.
Venício de Lima – Exatamente.
Paulo Henrique Amorim – Agora, uma última questão, professor, não quero tomar o tempo que o senhor dispõe. E aí, como é que se saí dessa? O que esse livro oferecerá aos seus leitores como perspectiva? Como é que se sai desse enrosco de ter uma mídia partidarizada, digamos assim?
Venício de Lima – Pois é, nós tivemos essa preocupação quando discuti com a editora a proposta do livro eu insisti muito porque achava que nós deveríamos oferecer pelo menos um capítulo credenciado, escrito por alguém que conhecesse as alternativas que existem pelo mundo inteiro de regulação da mídia num país, numa democracia como a nossa para exatamente caminhar nessa direção. Nós fizemos isso com o belíssimo capítulo do professor Luís Felipe Miguel, aqui do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília que faz um texto onde ele faz um levantamento dos modelos normativos que existem de organização da mídia no mundo e mostra, discute o tipo de regulação necessária para que situações de desequilíbrio, como essas que foram identificadas nas pesquisas que esses institutos independentes de pesquisa fizeram, e que dominaram todo o processo eleitoral de 2006 não se repitam. Então eles sugerem medidas no sentido de regulação do conteúdo, desconcentração da capacidade de produzir informação, dissociação e da possibilidade de difundir discurso de controle do poder econômico, que em outras palavras é a questão da propriedade cruzada, o controle da publicidade comercial, geração de um setor forte e independente de radiodifusão pública, eu acredito que até já estamos caminhando nessa direção com a iniciativa de construção de um sistema público inicialmente de televisão e depois também de rádio, que está sendo liderado pelo ministro Franklin Martins que, aliás, isso é uma norma constitucional que nunca foi cumprida, enfim. Então, há produção independente algumas dessas sugestões, inclusive, elas são normas constitucionais brasileiras que nunca foram cumpridas. É que nunca foram regulamentadas. Mas enfim, mas há um capítulo, quer dizer, um capítulo com base na discussão que a ciência política contemporânea faz dessas questões indicando as direções de avanços possíveis.
Paulo Henrique Amorim – Eu agradeço muitíssimo primeiro o fato de me ter convidado a dar essa modesta contribuição ao seu livro excelente.
Venício de Lima – Que isso, Paulo...
Paulo Henrique Amorim – Agradeço a sua disponibilidade para nos dar essa entrevista, nós vamos transformar isso num arquivo de áudio, de vídeo, e o senhor terá a demonstração concreta do poder da internet (risos).
Venício de Lima – (risos).
Paulo Henrique Amorim – Eu gostaria de fazer uma última menção, se o senhor
permite, a Raquel Matsushita e Marina Mattos produziram uma capa belíssima...
Venício Lima – Excelente!
Paulo Henrique Amorim – Belíssima! Capa de prêmio, professor.
Venício de Lima – Muito boa a capa.
Paulo Henrique Amorim – Sensacional!
Venício de Lima – Muito obrigado, Paulo.
Paulo Henrique Amorim – Professor, um grande abraço e parabéns.
Venício de Lima – Para você também, obrigado pela sua contribuição.
Paulo Henrique Amorim – Que isso... Um grande abraço.
Venício de Lima – Tchau.
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