quarta-feira, setembro 28, 2011

GLOBO DERROTA LULA



Raul Longo


Todo mundo sabe que a primeira vitória da Globo sobre Lula se deu em 1989, quando a emissora elegeu “O Caçador de Marajás”. Então a Globo ganhou e o Brasil perdeu, tal qual se confirmou 2 anos depois.


Dr. Roberto Marinho explicou à uma reportagem da BBC que ele elegeu Fernando Collor de Melo quando quis e o tirou quando quis. Qualquer semelhança com os grandes chefes da Máfia e outras entidades do crime organizado internacional, não é mera coincidência. Apenas questão de estilo.


E mantendo seu estilo e padrão – o então consagrado Padrão Global – em 1994 a Globo mais uma vez derrotou Lula, conquistando a Presidência da República através de outro Fernando. O Henrique Cardoso. Daquela vez o Brasil parou a inflação.


Inflação que a própria Globo criou em seus governos anteriores quando, através dos militares, construiu a maior hidroelétrica do mundo para as multinacionais não terem problemas de fornecimento de energia, paga pelo brasileiro através da escalada das tarifas da prestação do serviço. Depois de Itaipú, a Ponte Rio Niterói e a Transamazônica as mais portentosas obras das 2 décadas de ditadura e uns quantos mortos, desaparecidos e mutilados pelas torturas.


Seria ingratidão não lembrar que teve também uns km de Metrô no Rio e em São Paulo que ainda é considerada como a mais desassistida por este serviço entre as grandes capitais do mundo. Pois com essas e algumas outras, os governos da Globo durante e pós ditadura militar promoveram uma das maiores inflações do planeta.


Mas é como no dizer do Dr. Roberto: o que a Globo põe a Globo tira. Ou para. E parou a inflação para derrotar Lula pela segunda vez.


Parou a inflação e o país todo. Só não parou o índice de desemprego. Esse não parava de subir.


Mas as máquinas pararam, os salários pararam, a infraestrutura parou. Parou tudo!


Só que, então, o que importava é que a inflação parasse e assim a Globo pode derrotar Lula pela 3ª vez, novamente com o mesmo Fernando, o Henrique Cardoso.


No 1º Fernando com que a Globo ganhou do Lula, o Brasil perdeu. No 2ª Fernando com que a Globo ganhou do Lula, o Brasil parou. E no 3º Fernando com que a Globo ganhou do Lula, o Brasil parou e perdeu ao mesmo tempo.


A praga é dos Fernandos ou da Globo?


Mas é preciso retocar, porque parar, na verdade a partir de 98 o país não parou. Para parar precisaria estar em movimento. Como já vinha quase parando em anteriores governos da Globo e estancou de vez no 2º Fernando, não é que parou. Apenas continuou parado.


Agora, perder perdeu muito! Nunca, em nenhum dos tantos governos da Globo, desde lá o início da ditadura militar, o Brasil perdeu tanto! E olha que nos governos da Globo, o Brasil foi das nações que mais perdeu pros especuladores internacionais em todo o planeta. Mas na fase FHC da governança da Globo, o país perdeu até as calças!


E não é força de expressão, não! Pra fazer ideia é só lembrar que o chanceler (o mais alto representante de uma nação junto às demais) Celso Lafer teve de se submeter à revista no aeroporto internacional de Nova Iorque e o mandaram tirar os sapatos. E tirou!


Meu! Quando um chanceler de um país tem de tirar sapato para pisar num aeroporto tão internacional quanto o de Nova Iorque, cidade sede da Organização das Nações Unidas; é porque o país está mais sem dono do que fiofó-de-bêbado! Depois dessa não tinha mais o que o Brasil perder.


Pra quem não tem mais o que perder, só resta ganhar, não é mesmo? Pois foi só então, em 2002, que Lula ganhou da Globo. E aí o Brasil ganhou o resgate da dignidade e da imagem internacional.


Começou a ganhar no dia em que o novo Chanceler, o Celso Amorim, bateu o pé e não tirou o sapato. Os americanos ficaram muito brabos e pra se vingar criaram mil empecilhos para todos os brasileiros que passavam por aquele país. Aí não teve dúvida, criou-se empecilho para os cidadãos norte-americanos em nossos aeroportos também. E desde então o Brasil começou a ganhar respeito no mundo.


A Globo não gostou nada disso! Reclamou, esbravejou, rugiu, runhiu e reuniu a cambada toda e se não vai por bem vai por mal. Tentou derrotar Lula a 4ª vez, com o impeachment pelo mensalão do Roberto Jefferson.


Lula peitou, foram pro braço de ferro. De um lado os Marinho e todas as demais famiglias reunidas num esforço de execução e extermínio (racial, segundo Jorge Bornhausen) de fazer inveja a qualquer alcapone. Do outro, um pernambucano, ex-pau de arara, ex engraxate, ex torneiro mecânico, ex líder sindical e, enfim, Presidente do Brasil inteiro.


Pois não é que o cabeça-chata ganhou? Ganhou gente! A Globo pôs general, pôs sócio em transmissão de imagens de TV, pôs playboy, pôs poliglota; e não conseguiu tirar o Lula, perdendo pela segunda vez!


Mas como essa foi uma derrota extra, não oficial, nem vamos contar. Faz de conta que não teve! Até porque o próprio Roberto Jefferson já confessou pro STF que aquela história de mensalão era tudo mentirinha. E já que o impeachment não deu certo, não tem mais sentido ficar discutindo mentira que o próprio mentiroso desmentiu. Vamos ser humanos, compreensivos e nada de tripudiar sobre a Globo.


Inclusive porque até ali, à mentira do mensalão, o Brasil também já tinha ganho um monte com o pagamento da dívida externa. Aliás, só o Brasil não, também os netos de todos os brasileiros que, segundo diziam, já nasceriam devendo. Muita gente não queria nem ter filho para evitar ser avô de caloteiro internacional. Hoje, com a derrota da Globo pro Lula, desse risco já não se corre mais.


No entanto, nem por isso o padrão Global mudou e continuou no mesmo estilo, só que ainda assim em 2006 a Globo perdeu pro Lula outra vez.


E o Brasil ganhou aumento de salário, de oportunidades de emprego, vagas em universidades, abertura política, plena liberdade real de expressão, diminuição de injustiça e de miséria. Virou país importante de economia forte. Saiu dos índices das calamidades e descalabros sociais e entrou no meio das lideranças regionais, hemisféricas e até globais.


Se há aí algum exagero, não é meu, mas sim do Conselho de Davos, na Suíça, que é dos mais, se não o mais conceituado do mundo capitalista. Pois foram eles que deram ao Lula o título de Estadista Global.


Nunca houve disso, nem nunca vi nada igual. Presidente do Brasil quando era chamado no exterior era pra prestar contas de dívidas. Todos os presidentes dos governos da Globo que viajaram para o exterior ou iam pra tomar empréstimo ou pra pedir prorrogação de pagamento. De repente o mundo se bota contra a Globo e chama o Lula pra Doutor honoris disso, Estadista daquilo, Líder de não sei o quê.


Claro que isso foi irritando, dando nervoso, deixando o Merval Pereira, o Arnaldo Jabor, as Meninas do Jô, a Miriam Leitão, o Sardemberg, o hipotético Ali Kamel e muitos outros da Globo e demais famiglias numa situação de péssimo hálito. Principalmente depois da 4ª derrota para Lula, ou melhor: 3ª, se tirar a do mensalão desmentido pelo mentiroso, embora ainda mantido pela Globo e demais mentirosos que nem sendo desmentidos trocam de calças. Fiéis escoteiros, continuam preferindo as curtas.


Mesmo sempre alertas e com bolinha-de-papel e tudo, continuaram perdendo pro Lula em 2010 e o Brasil ganhou a Dilma Rousseff.


Pois hoje tomou. Quem assistiu o Jornal Nacional viu que hoje a Globo tomou uma atitude inequívoca! Enfrentou Lula e ganhou mais uma vez.


Ninguém mais consegue dormir sossegado e a expectativa é de que os Marinho tomem alguma atitude.


Pois tomaram. E bem no dia em que o Lula recebeu uma das mais importantes e raras honrarias do mundo. Pra ter ideia, essa honraria é concedida à mais de um século, mas só 15 personalidades internacionais a mereceram antes do Lula.


Então vejam que não é pouca coisa, não! Mas a Globo peitou, foi lá e deu uma nota rápida dizendo que Lula é o primeiro latino americano a receber o título de Doutor Honoris Causa da Sciences Po de Paris. E pronto! Matou o assunto.


Matou o assunto e já chamou pro grande prêmio que a Globo recebeu pela ocupação do Complexo do Alemão. A chamada criou a expectativa pro próximo bloco e o próximo bloco, inteiro, do noticiário da Globo, foi sobre qual notícia?


A Globo!


Sim! A Globo foi a grande notícia da Globo! Discorreu sobre todos seus prêmios como melhor TV do mundo das TVs, mas no centro da questão de tamanha relevância, a maior obra da Globo nos últimos tempos: a ocupação do Complexo do Alemão.


Quem até hoje pensava que aquela ocupação foi obra do governo do estado do Rio de Janeiro, ou de ação conjunta entre Exército e Polícia com apoio da população do Complexo, hoje viu que não é nada disso. Foi a Globo! A Globo quem ocupou o Complexo do Alemão para vingar a morte de seu primeiro combatente caído nessa guerra. Para vingar o Tim Lopes, a Globo foi lá e fez o que fez e isso de UPP não quer dizer nada, porque o certo mesmo é OG – Organizações Globo.


Agora, se você é um desses que não suporta ver a Globo sair vitoriosa e está mais preocupado com coisas supérfluas, premiozinhos de obá-obá pra promover jogadas de marketing, merchandising, show bussines, coisa e loisa; então deixo aí os agradecimentos do Presidente ao título de Doutro Honoris Causa da tal Sciences Po.

COMENTÁRIO E & P
Foi ridículo a pergunta da jornalista da Globo porque FHC não ganhou o prêmio. Traduzindo a resposta do diretor da escola francesa é porque ele não o mereceu.Aliás, esses jornalistas alugam o corpo do pescoço para cima e fazem papel de bobos no mundo. Acho que o diretor da escola deve ter pensado "de onde saiu esse bando de idiotas"? sobre os jornalistas brasileiros escalados para cobrir o prêmio. O Brasil tem sido muito condescendente com esse tipo de preconceito social. Fica aqui meu repúdio contra esses que são pagos para defender a ideologia uma visão de mundo conservadora e reacionária. O prêmio do Lula engrandece o povo brasileiro. Também fiquei muito agradecido ao jornalista argentino do Página 12 que ficou enojado da atitude covarde dos jornalistas brasileiros na França! Quanto a Globo é a porcaria que conhecemos desde 1964. Lamentável usar uma concessão pública, as ondas eletromagnéticas pertencem a todos nós, para desinformar o povo brasileiro.

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