O objetivo deste blog é discutir um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil. Esse projeto não brotará naturalmente das forças de mercado e sim de um engajamento político que direcionará os recursos do país na criação de uma nação soberana, desenvolvida e com justiça social.
quinta-feira, setembro 08, 2011
Delfim e a hidrofobia. Viva a estatização do BC !
Do Conversa Afiada
A hidrofobia costuma ser incurável
Saiu na Folha (*), neste Sete de Setembro, artigo de Delfim Netto sobre a hidrofobia:
Duplo espanto
Fomos surpreendidos semana passada por dois fatos: 1º) a redução da taxa Selic de 12,50% para 12% ao ano, promovida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central e 2º) a reação hidrofóbica de analistas do mercado financeiro que se pensam portadores da “verdadeira” ciência monetária. Para estes, o Copom teria violado não só as recomendações da tal “ciência”, como teria comprometido, irremediavelmente, a credibilidade do Banco Central.
Qual a razão da crítica fumegante? Segundo seus autores, a decisão “foi claramente política” e desrespeitou os cânones da “ciência” que supõem praticar.
O Copom teria trocado sua “autonomia operacional” pelas graças do governo… Para alguns, reforçou-se, assim, a necessidade de reconhecer que essa “autonomia” é insuficiente: o BC precisa mesmo, é ser “independente” do poder incumbente que ignora a ciência e é corrupto por definição!
O poder eleito por 60 milhões de votos deve entregar a condução da política monetária a meia dúzia de sacerdotes não eleitos, com mandatos irrevogáveis que supostamente conhecem e professam a religião da salvação monetária!
Tais críticas têm duas fraquezas: 1º) a tal “ciência monetária” não existe. A política monetária deve ser uma combinação de sólidos conhecimentos da situação conjuntural e de como reagem os agentes econômicos (trabalhadores e empresários) ante as manobras da taxa de juros real.
Ela é uma “arte” que comporta visões alternativas diante das incertezas do futuro. Como os efeitos monetários se fazem sentir ao longo do tempo, só este é capaz de dizer “a posteriori” se a perspectiva escolhida foi certa ou errada.
Estando o mundo caindo aos pedaços, é muito provável que a adotada pelo Copom possa materializar-se. Seria ridículo repetir o que os mesmos analistas recomendaram em 2008: “esperar para ver” e 2º) a acusação que o “BC rendeu-se ao governo” é irresponsável, injusta e arrogante.
Irresponsável, porque colhida furtivamente de “fontes preservadas” e que talvez seja apenas imaginação conveniente, desmentida, aliás, pela existência de votos divergentes. Injusta, porque pela primeira vez em duas décadas o Banco Central é, efetivamente, um órgão de Estado, com menor influência do setor financeiro privado. E arrogante, porque supõe que nenhuma visão e interpretação da realidade que não seja a sua possa ser adequada.
É hora de saudar a “estatização” do BC e a sua decisão.
Se ela continuar, como tudo indica, apoiada pela política fiscal de longo prazo do governo Dilma, teremos iniciado a resolução do maior enigma brasileiro: a normalização da teratológica taxa de juros real que nos acompanha.
Antonio Delfim Netto
O Conversa Afiada recomenda enfaticamente a última edição – de 7 de setembro – do “Global Economics Weekly”, do banco Goldman Sachs.
Estudo de Dominic Wilson, sucessor de Jim O’Neill, o pai da expressão BRICs, mostra:
1) há uma continua pressão mundial para reduzir os juros.
(Os hidrófobos vão babar de raiva !)
2) A situação econômica mundial não vai ficar muito tempo como está.
3) Há uma chance em três de a economia americana cair numa recessão.
4) Os BRICs – a China à frente – vão fazer mudanças na política econômica para enfrentar a mudança no cenário externo.
5) Brasil e Turquia já começaram: derrubaram a taxa de juros. (Os hidrófobos não podem nem ouvir falar nisso !)
6) A economia dos países emergentes vai ter uma queda moderada.
7) O principal ajuste nas economias emergentes será na “política econômica” e, não, no ritmo de crescimento.
8 ) Os bancos centrais dos emergentes precisarão mudar de política para enfrentar o novo cenário.
9) A economia americana não caiu no despenhadeiro e deve crescer entre 1% e 1,5%.
10) Em 2011, a China vai crescer 9,3%; a Índia, 7,3% e o Brasil, 3,7%.
Portanto, os hidrófobos e Urubólogos vão continuar a babar em vão.
Em tempo: hoje, em Brasília, para descomemorar o Sete de Setembro, a Urubóloga #1 convenceu seus pares do Bom (?) Dia Brasil que a inflação brasileira galopa e é irrefreável. Logo, por que o BC baixou a taxa de juros ? Ela se leva a sério !
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
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