Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 605
"A classe média alta é a mais baixa da população. Ela está tão desesperada que corre atrás de qualquer coisa que se diga... O método de produzir a decadência para depois corrigir, a idéia do ‘quanto pior melhor’, é elaborado pela classe dominante. A classe dominante no Brasil é a mais pobre. A exigência de uma cidade como São Paulo é habitação, transporte e saúde.
A questão dos transportes é fundamental.... queimar petróleo para transportar uma pessoa de 60 quilos numa lataria de 700 quilos, que não anda, é um erro grave.
Acho que até isso não é assunto para mim, mas para Borges, Cortazar, Rabelais. Quando ouço, no rádio, que são 157,8 quilômetros de congestionamento, penso na linguagem de descalabros de Rabelais.
A classe chamada alta produz o seu próprio desastre. Você abandonou a cidade e a população pobre ocupou-a. Você abandona a cidade e funda outra, como Alphaville, porque teme a liberdade. A avenida São Luís, feita de habitações de alto luxo, não durou 15 anos.
Essa classe não lê, ou seja, ela está degenerada.
... acho que eles têm absoluta consciência e estão desesperados. É o imobilismo do aflito, como o naufrágio do Titanic: a orquestra não parou de tocar.
Acho que é essa consciência do próprio desastre que forma estados patológicos como o pânico. São pessoas que já não respeitam o outro. Estão num estado de delírio.
O mercado é um horizonte falso e, se ficar no comando do processo, só produzirá asneiras como os neoclássicos."
. Esses são alguns, poucos, trechos da entrevista que o genial arquiteto Paulo Mendes da Rocha concedeu a Ana Paula Sousa, da Carta Capital.
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