terça-feira, agosto 07, 2007

IBGE: INDÚSTRIA CRESCE HÁ NOVE MESES CONSECUTIVOS

IBGE: INDÚSTRIA CRESCE HÁ NOVE MESES CONSECUTIVOS


A gerente regional da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) do IBGE, Isabela Nunes, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 07, que a indústria brasileira tem um ciclo de crescimento de nove meses seguidos (clique aqui para ouvir o áudio).

“A indústria nacional cresce há nove meses consecutivos em relação ao mês anterior, acumulando 6,8% de crescimento neste período”, disse Isabela.

A Pesquisa Industrial Mensal que o IBGE divulgou nesta terça-feira mostra que a produção industrial do Brasil cresceu em todas as 14 regiões pesquisadas. Ainda segundo dados do IBGE, a indústria brasileira cresceu 4,8% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2006. Este foi o melhor resultado da história no período.

Isabela Nunes disse que os bens de capital, a produção de automóveis e o setor agrícola puxaram a indústria brasileira neste primeiro semestre de 2007.

“Setores de bens de capital está crescendo bastante forte e a indústria automobilística também... E a gente não pode esquecer que tem nessa produção crescente de bens de capital uma recuperação do setor agrícola”, disse Isabela.

Leia a íntegra da entrevista com Isabela Nunes:

Paulo Henrique Amorim – Eu vou conversar agora com a economista Isabela Nunes, ela é gerente regional do IBGE, ela analisa a Pesquisa Industrial Mensal, como vai dona Isabela, tudo bem?

Isabela Nunes – Tudo bem.

Paulo Henrique Amorim – Dona Isabela, nós temos dois números importantes, no número de hoje, com a análise do crescimento industrial por região, todas as regiões cresceram em junho, não é isso?

Isabela Nunes – Exatamente, no primeiro semestre e em junho, todas as regiões fecham o primeiro semestre com resultados positivos.

Paulo Henrique Amorim – Qual foi o resultado mais exuberante?

Isabela Nunes – O que mostram esses resultados é uma confirmação do atual ciclo de crescimento do Brasil onde os Estados, onde tem uma presença muito forte daqueles setores que estão mais dinâmicos na industrial nacional, como por exemplo: o setor de bens de capital, especialmente aquele seguimento ligado aos investimentos, uma recuperação do setor agrícola, portanto os Estados do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, São Paulo, onde tem uma produção grande de bens de capital e também Minas Gerais, representando aquele Estado onde a produção de automóveis, principalmente a indústria automotora, que também está presente nesses outros Estados que eu comentei, é bastante significativa.

Paulo Henrique Amorim – Está certo. Quer dizer que nós estamos falando de bens de capital da indústria ligada à atividade agrícola e também de automóvel?

Isabela Nunes – Exatamente.

Paulo Henrique Amorim – Esses são os caminhões que puxam a indústria.

Isabela Nunes – Sem dúvida. Os setores de bens de capital está crescendo bastante forte e a indústria automobilística também.

Paulo Henrique Amorim – Bens de capital está crescendo em que ritmo?

Isabela Nunes – O bens de capital está crescendo três vezes mais do que a média nacional. É um segmento que vem crescendo bastante forte, o que traz, nesse ciclo de crescimento, uma qualidade maior na medida que esses investimentos vão ficar na indústria, em alguns segmentos desses vão estar a infra-estrutura e vão permanecer na indústria. Então, essa qualidade de crescimento ela é expressiva quando vem puxada por bens de capital.

Paulo Henrique Amorim – Isso significa que as empresas e as indústrias estão investindo em crescimento.

Isabela Nunes – Sem dúvida.

Paulo Henrique Amorim – Quando a gente fala de bens de capital a gente está falando em investimento novo.

Isabela Nunes – Exatamente. A gente está falando de capacidade e a gente não pode esquecer que tem aí também nessa produção crescente de bens de capital uma recuperação do setor agrícola que no ano de 2007 vem com um estímulo com um aumento da renda agrícola, os agricultores estão mais capitalizados e, portanto, eles estão podendo investir mais, demandando mais as máquinas agrícolas que têm um alto valor agregado e que são bens de capital.

Paulo Henrique Amorim – Máquinas Agrícolas...

Isabela Nunes – Exatamente.

Paulo Henrique Amorim – O IBGE divulgou nessa semana, desculpe, ontem, a informação de que a Indústria cresceu, no primeiro semestre 4,8% e, aparentemente, esse é o maior resultado, no semestre, é o maior resultado da história do índice.

Isabela Nunes – É verdade. Esse ciclo de crescimento ele é mais forte, a gente fechou um outro ano muito positivo foi o de 2004, a Indústria fechou com 8,3% e a gente já está com 4,8% na metade, no semestre.

Paulo Henrique Amorim – Por que a senhora fala em ciclo de crescimento?

Isabela Nunes – Porque a gente tem, para a indústria nacional nove taxas de crescimento frente ao mês anterior consecutivo, em termos de indústria nacional, a indústria nacional cresce há nove meses consecutivos, em relação ao mês anterior, acumulando 6,8% de crescimento nesse período, essa qualidade de crescimento...

Paulo Henrique Amorim – Isso em nove meses?

Isabela Nunes – Em nove meses, 3,8 em nove meses, e São Paulo cresce, há cinco meses, acumulando 6,7. Ou seja, uma taxa bastante próxima do Brasil com apenas cinco meses, por que isso? Porque São Paulo você tem uma presença muito forte desses segmentos que eu comentei com você de bens de capital e de automóveis.

Paulo Henrique Amorim – Ligada à agricultura...

Isabela Nunes - ... e a produção de veículos.

Paulo Henrique Amorim – Então está muito bom, a última pergunta que eu faria à senhora seria a seguinte, na sua opinião dona Isabela, isso aí terá que impacto no crescimento do PIB? Eu sei que o IBGE tem pavor de fazer previsão, mas aqui numa conversa telefônica, a gente poderia especular um pouco sobre isso.

Isabela Nunes – É, eu acho que um bom resultado da produção industrial é sempre um bom número para o PIB, na medida que a indústria ela é um segmento que tem melhores salários, tem mais capacidade de fazer giro na economia, então, portanto, bons resultados na indústria sempre vão favorecer o PIB como um todo. O PIB não é só indústria, também tem o setor de comércio, o setor de serviço, mas se a indústria, na medida que a indústria se desenvolve, outros segmentos em cadeia também se desenvolvem, os serviços se desenvolvem, portanto é uma qualidade superior para o crescimento total do PIB.

Paulo Henrique Amorim – Está muito bom, foi um grande prazer falar com a senhora, dona Isabela.

Isabela Nunes – Muito obrigada.

Paulo Henrique Amorim – Obrigado.

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