Um estudo da Comissão Europeia mostra que a corrupção custa cerca de 120 bilhões de euros por ano (quase R$ 390 bilhões) à economia do bloco, o que é equivalente a quase todo o orçamento anual da União Europeia.
Este valor também equivale a 1,04% do PIB do bloco, de US$ 15,5 trilhões, segundo dados de PIB do Banco Mundial.
BBC
O relatório foi apresentando nesta segunda-feira pela comissária de Assuntos Internos da União Europeia, Cecilia Malmstroem.
Para efeitos de comparação, um estudo de 2010 da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostrou que a corrupção custa ao Brasil entre R$ 49,5 e R$ 69,1 bilhões por ano. Tomando o valor mais alto e fazendo a correção cambiária atual, o montante de valores desviados dos cofres públicos brasileiros equivaleria a 3% do PIB de US$ 2,3 trilhões do país - três vezes maior, portanto, que a corrupção europeia.
A Comissão Europeia analisou o problema da corrupção nos 28 países-membros no primeiro levantamento do gênero, que também ouviu o público.
Três quartos dos europeus entrevistados relataram que a corrupção é comum e mais da metade dos ouvidos informaram que o nível de corrupção aumentou.
Ao comentar o relatório, Malmstroem afirmou que a corrupção prejudica a confiança nos governos.
"A corrupção desgasta a confiança nas instituições públicas e na democracia. Prejudica nosso mercado interno, atrapalha o investimento estrangeiro, custa milhões aos contribuintes e, em muitos casos, também é uma ferramenta para redes de crime organizado", disse a comissária.
"Existem estimativas de que a corrupção custa à União Europeia não menos do que 120 milhões de euros a cada ano, e isto é o equivalente ao orçamento anual da União Europeia, então estamos falando de muito dinheiro."
De acordo com Malmstroem, os vários anos de austeridade econômica em muitos países europeus agravaram ainda mais o problema.
"Muito dinheiro dos cidadãos está sendo perdido em contratos corruptos, ou em subornos e em questões nas quais eles não recebem os serviços que precisam. Ou então não recebem o valor ou o benefício do dinheiro de seus impostos. A crise certamente destacou a necessidade de fazer tudo o que pudermos para que a economia da Europa volte a ficar em ordem", afirmou.
Números diferentes
Os números de pesquisados que disseram que a corrupção está espalhada pela Europa ou que tiveram experiências pessoais com corrupção variaram entre um país e outro.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, apenas cinco pessoas entre as 1.115 ouvidas, menos de 1%, disseram que já tinham passado pela experiência na qual alguém esperava que elas pagassem um suborno. Segundo o relatório, "foi o melhor resultado em toda a Europa.
Entre os britânicos que responderam à pesquisa, 64% acreditam que a corrupção está disseminada pela Grã-Bretanha, enquanto que a média na União Europeia foi de 74% nesta questão específica.
Em outros países, os números foram relativamente maiores.
Na Croácia, República Tcheca, Lituânia, Bulgária, Romênia e Grécia, entre 6% e 29% dos pesquisados diseram que já receberam um pedido de pagamento de suborno nos últimos 12 meses.
Os níveis de relatos de suborno também foram altos na Polônia (15%), Eslováquia (14%) e Hungria (13%), onde o problema prevalece no sistema de saúde.
Na Europa, cabe aos governos de cada país e não às instituições do bloco a luta contra a corrupção, explicou a comissária.
A União Europeia tem uma agência de combate a fraudes, chamada Olaf, que se concentra em fraudes e corrupção que afetem o orçamento do bloco. Mas a agência tem recursos limitados. Em 2011, o orçamento da Olaf foi de apenas 23,5 milhões de euros (cerca de R$ 76 milhões).
Modelo sueco
Em um artigo no jornal sueco Goeteborgs-Posten, Malmstroem afirmou que, apesar do problema ser grave em toda a Europa, a Suécia não parece ser tão afetada.
"A extensão do problema na Europa é de tirar o fôlego, apesar de a Suécia estar entre os países com menos problemas", escreveu.
Segundo a comissária, "outros países da União Europeia deveriam aprender com as soluções suecas para lidar com o problema", destacando o papel das leis sobre transparência no país.
Para Malmstroem, o relatório apresentado nesta segunda-feira pode ser uma ferramenta para combater o problema.
"É claro que é preciso muito mais do que um relatório para erradicar a corrupção, mas, enquanto estamos encontrando nosso caminho para fora da crise econômica, pode ser uma ferramenta (...). Esperamos que se inicie um processo muito construtivo que vai estimular a vontade política e os compromissos necessários em todos os níveis para tratar da corrupção, pois o preço (a ser pago por) não fazer nada é simplesmente alto demais", afirmou.
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