Especuladores apostaram na alta dos juros, mas perderam com manipulação de fala presidencial: taxas futuras caíram; antes da reunião dos Brics, André Esteves, do BTG Pactual, atacou política econômica; "medidas macroprudenciais não fazem sentido hoje", disse ele; "ocorreu uma mudança estrutural nos juros brasileiros, mas isso não quer dizer que as taxa não vão mais subir ou cair. Só que vão subir para 8,5% ou 9%, e não para 14%, 15% ou 16%"; carga sobre o Copom presidido por Alexandre Tombini ficou evidente
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247 _Hoje, os jornais destacaram nas manchetes que o mercado foi afetado por declarações da presidente Dilma Rousseff, ontem, em Durban, na África. A manchete deveria ser outra: especuladores que apostam na subida dos juros perderam dinheiro, mas jogo está só começando, pois objetivo final é Copom.
A presidente Dilma não disse nada de novo. Ela apenas repetiu que o governo está atento à inflação e trata o tema como prioridade, refletiu que não considera o melhor caminho a velha receita da promoção de uma recessão na economia. Uma obviedade, já repetida em várias ocasiões.
Mas os especuladores, predadores na sua essência, se aproveitaram para operar em cima da fala da presidente Dilma.
Os especuladores estão em plena safra de apostas em relação ao próximo Copom. Será que vai subir, ou manter o juro? Com a inflação no teto da meta estabelecida pelo governo, os economistas que defendem o pensamento neoliberal de que o melhor remédio é a recessão, passaram a defender a alta dos juros já.
Uma parte do mercado comprou a tese e aposta que o Copom vai ter de subir o juro, mais cedo ou mais tarde.
Nesse ambiente, a especulação corre solta. E o vale tudo prevalece. Antigamente, antes do surgimento da internet, as notícias em tempo real, eram recorrentes os boatos e rumores.
Agora, o que importa são as análises e interpretações dos economistas em torno de fatos ligeiramente plausíveis.
Ontem, foi isso o que aconteceu. Os analistas lançaram a tese de que a presidente Dilma Rousseff teria dado um recado ao Banco Central, no sentido de induzir moderação na próxima reunião do Copom. Coisa que fere a cartilha dos monetaristas. Juro é assunto dos iluminados do Copom, e acabou.
Os especuladores conseguiram o que queriam: fazer o mercado chacoalhar e ganhar dinheiro na gangorra do sobe e desce rápido das cotações no bilionário mercado futuro de juros da BM&F. Isso foi possível, pois os sites de notícias, influenciados pelos especuladores, imediatamente dispararam manchetes de que a presidente Dilma teria dito que não iria sacrificar o crescimento em função da inflação.
O que ela disse, de novo, foi que a inflação não seria negligenciada. No final do dia, os juros futuros da BM&F encerraram em queda, gerando perdas para os que apostam na alta dos juros pelo Copom. Mas isso é o de menor importância. O objetivo central dos especuladores foi aumentar a pressão sobre o Copom, que tem reunião marcada para 16 a 17 de abril.
O jogo de ontem foi feito para constranger o Banco Central, torná-lo psicologicamente vulnerável à interpretação de que seria um mero cumpridor de ordens dos desejos do governo central. Um órgão sem personalidade, um tarefeiro.
Esse tipo de pressão, às vezes, funciona, pois o Copom precisa exibir independência e assim ganhar credibilidade. Será que o BC vai conseguir se manter impermeável a esse jogo baixo dos especuladores? As posições dos especuladores são montadas para apostar no dia a dia e também com prazo determinado, que, no caso, é a decisão final do Copom. E essa é a parte que concentra o maior volume de dinheiro envolvido.
Mas quem são esses especuladores que apostam na alta dos juros?
Estão escondidos no anonimato do termo genérico de mercado. Mas, aqui e ali, aparecem e se revelam. Por exemplo, no último final de semana, o banqueiro bilionário André Esteves, BTG Pactual, deu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O tema central foi a questão da parceria com Ike Batista. Lá pelas tantas, porém, ele disse, com todas as letras:
"O que vejo é a inflação desconfortavelmente acima do centro da meta e isso pode ser combatido com a alta da taxa de juros. Medidas macroprudenciais não fazem sentido hoje, o crédito está subindo de maneira moderada. Ocorreu uma mudança estrutural nos juros brasileiros, mas isso não quer dizer que as taxa não vão mais subir ou cair. Só que vão subir para 8,5% ou 9%, e não para 14%, 15% ou 16%. E na frente vão cair de novo."
Pode ser.
Mas cabe a pergunta: será que o preço do corte de cabelo, da manicure ou do estacionamento vai cair com subida dos juros? Ou ganharam um novo valor com o crescimento da renda dos trabalhadores, que agora podem cortar o cabelo todo mês?
Comentário E & P
Há muito tempo os banqueiros brasileiros se transformaram em agiotas, viciados em juros altos. É muito fácil ser banqueiro assim, pois basta comprar títulos públicos, forçar a alta da taxa Selic pelo Banco Central e depois comemorar os lucros. De fato é a bolsa banqueiro, operada em conjunto pela Globo, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e Veja, além de outros militantes do juro alto. O que ninguém ver é que o dinheiro que paga a Bolsa Banqueiro vem de impostos regressivos (os pobres pagam mais) pagos pelo povo brasileiro. O dinheiro que deveria ir para investimento em educação, saúde, infraestrutura, segurança e bem-estar dos brasileiros, vai parar nas contas das 20 mil famílias mais ricas do Brasil. Além de prejudicar a população que fica sem serviços essenciais, enquanto os mais ricos se esbaldam na Daslu, ou comprando bmws, mercedes, ferraris e outros brinquedinhos com esse dinheiro, ainda aumenta a desigualdade social. O Partido do Juro Alto é operado por economistas que foram adestrados nos Estados Unidos e simplificaram o combate a inflação com aumento de juros, o que já provou que não funciona, é apenas um argumento para locupletar banqueiros e os mais ricos do país. Estão em campanha para saquear o povo brasileiro, é isso o que eles representam. Se transformaram em parasitas que não produzem nada e impedem o desenvolvimento do Brasil. Nenhum país do mundo se desenvolveu com juro alto, é impossível isso acontecer, assim como seguindo fórmulas desenvolvidas nas universidades estadunidenses de Chicago, Yale, Stanford ou Harvard.
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