segunda-feira, março 18, 2013

O atestado de óbito que acaba com uma mentira

Na última sexta-feira, a família de Vladimir Herzog, uma das tantas vítimas da ditadura, recebeu em São Paulo o novo atestado de óbito do jornalista assassinado em 1975, em cerimônia do grupo itinerante da Comissão da Verdade. Desta vez, por decisão da Justiça, o atestado aponta como causa da morte lesões e maus tratos sofridos nas dependências do Doi/Codi, órgão de repressão da ditadura. No atestado anterior, sustentado pelo Exército, a causa da morte estava registrada como asfixia mecânica por enforcamento – a fraude do suicídio que os torturadores tentaram passar.

Herzog, assim como muitos outros, foi barbaramente torturado.

Para o filho de Herzog, Ivo, é a segunda verdade sobre a morte de seu pai. A primeira foi o sepultamento de acordo com a tradição judaica (suicidas são sepultados perto do muro, o que não foi o caso de Herzog por uma decisão corajosa do rabino Henry Sobel). A segunda foi o atestado. A terceira, ele espera que seja a denúncia e o julgamento dos torturadores.

Durante a cerimônia, também foi anunciada uma declaração de anistia política post mortem para o estudante Alexandre Vannuchi, assassinado em 17 de março de 1973, aos 22 anos, após ser torturado no mesmo Doi/Codi. Vannuchi estudava na USP e militava na Ação Libertadora Nacional.

Depois de ser torturado e assassinado, foi enterrado em uma vala de Perus, em um buraco forrado de cal para acelerar a decomposição.

Repeti aqui algumas vezes: aos poucos, a Justiça está abrindo brechas na conveniente (para muitos) cortina da Anistia e expondo a verdade. Espero que venha muito mais por aí.
Do blog mariomarcos.wordpress.com

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