“O problema da Síria é ser uma nação soberana e não se submeter ao imperialismo. O que eles [EUA] fazem hoje [na Síria], fizeram em outros lugares para garantir a hegemonia mundial”. Dessa forma a presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes, definiu a importância da solidariedade ao povo sírio durante reunião dos movimentos sociais com o embaixador da Síria, no Brasil, Mohammed Khaddour, e o cônsul geral do país, Ghassan Obeid, realizada nesta quinta-feira (4) na sede do PCdoB, em São Paulo.
Vanessa Silva
Manuela Carolina Ojeda, da Marcha Patriótica; embaixador Mohammed Khaddour; Ricardo Alemão Abreu, secretário de RI do PCdoB ; Ghassan Obeid, Cônsul da Síria; Socorro Gomes, presidenta do Cebrapaz; Jamil Murad, vereador pelo PCdoB e Marcelo Guzeto, do MST
Presente na reunião, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, falando em nome dos mais de 6,5 milhões de jovens que representa, manifestou o apoio dos estudantes brasileiros à luta pela soberania do povo sírio. Da mesma forma, o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), André Torkaski, que esteve no país a convite da União dos Estudantes da Síria, reforçou os laços de solidariedade entre as instituições e ao povo daquele país.
Já o jornalista, membro do Partido Comunista Libanês e candidato a vereador pelo PCdoB em São Paulo, Kháled Mahassen, reforçou que o objetivo não é tirar o presidente Bashar-al Assad. “A Síria é o objetivo porque é o único país que ainda diz não aos interesses dos Estados Unidos na região. Com a queda da Síria, os Estados Unidos vão instalar uma base nas Colinas de Golan para proteger as fronteiras ao norte de Israel. Com isso, o imperialismo dos EUA controlará todas as riquezas do mundo árabe”, ressaltou.
Ato público e documentário
No final da tarde, foi realizado um ato com a exposição do documentário “A Verdade Sobre a Síria”. Ao final da exibição, o embaixador Mohammed Khaddour agradeceu o Partido Comunista do Brasil pela posição de solidariedade ao governo e povo sírios e por trazer à tona “a verdade e justiça” sobre o país.
Sobre o momento que vive a Síria, ressaltou que “o objetivo dessa conspiração é limitar o papel histórico que o país sempre desempenhou nos acontecimentos da região. A Síria se recusou a aceitar os planos dos EUA para o país e os acordos unilaterais propostos por Israel. Dessa forma, [a ação que travam], tem como objetivo enfraquecer todos os países da região e deixar Israel cada vez mais forte. A Síria é o país [da região] que tem mais liberdade e democracia. Isso é um fato”, reafirmou.
Sobre a missão de paz da ONU, ele ressaltou que “o governo aceitou sem nenhuma oposição ou condição [a missão liderada por Kofi Annan]. Foram mandados vários observadores internacionais e a Síria colaborou para mostrar pra eles tudo o que estava acontecendo em seu território. Quando os observadores começaram a fazer seus relatórios baseados nos fatos observados, descrevendo os atos violentos e a matança [feita pelos] grupos armados, a ONU resolveu diminuir o número de observadores, o que foi um plano para enfraquecer Kofi Annan. Quando percebeu que os resultados não serviriam a seus interesses [potencias ocidentais], começaram a andar em sentido contrário e acabaram obrigando Annan a se demitir da missão. Depois de certo tempo, nomearam outro enviado especial, Lajdar Brahimi. A síria também aceitou essa resolução. Ou seja, aceitamos todas as resoluções até agora para achar uma solução pacífica e política para a crise”.
O secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, reiterou que nos últimos 18 meses o Partido fez diversos pronunciamentos sobre a questão: “se por um lado houve esperança com a primavera árabe, por outro o imperialismo soube transformar o apelo democrático que o próprio governo [sírio] vinha implementando para fazer uma agressão contra a Síria e a Líbia e atingir o Irã. (…) O que está em jogo pode ser uma guerra regional de dimensões imprevisíveis”, argumentou.
Primavera Árabe Representando o MST, a Via Campesina e todos os movimentos sociais do país, Marcelo Guzeto observou que a primavera árabe, que “poderia ser um movimento democrático, popular, acabou sendo sequestrado por forças políticas antidemocráticas pró-imperialistas e submissas às monarquias árabes reacionárias” e hoje é usada para desestabilizar o governo de Assad.
Na mesma linha, o vereador por São Paulo pelo PCdoB e candidato à reeleição, Jamil Murad, neto de sírios, ressaltou que a oposição pratica atos terroristas, como informado por um oficial brasileiro que visitou a Síria. “Qualquer povo com suas insatisfações pode se levantar, mas é nítido que este levante é provocado [por forças externas]. Os Estados Unidos, com a crise profunda do capitalismo, precisam da guerra. A indústria da guerra ajuda a encontrar o caminho para sair da crise. O povo sírio é vítima disso”.
Luta pela paz
Encerrando o ato, a presidenta do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, enfatizou que “cada povo tem que agir de forma soberana. Não podemos concordar com a instrumentalização da própria ONU e do Conselho de Segurança para destruir nações, para destituir presidentes legitimamente eleitos, para impor os interesses mesquinhos. Por trás estão EUA e Estado sionista de Israel, armados até os dentes.
Falam em nome da defesa de civil e destroem cidades inteiras e matam milhares de civis. Falam em soberania, mas submetem povos e nações e saqueiam até a última gota de petróleo. Isso não podemos aceitar. O povo sairá vencedor dessa batalha”.
Estiveram presentes as seguintes entidades e partidos políticos: PCdoB; Partido Pátria Livre; Jornal Hora do Povo; Partido Comunista Libanês; Partido Socialista Nacionalista Sírio; Partido Socialista Árabe-Sírio; Movimento Consulta Popular; MST; Via Campesina; União Nacional de Estudantes (UNE); Organização Continental Latinoamericana e Caribenha de Estudantes (Oclae); União Estadual de Estudantes (UEE); Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União da Juventude Socialista (UJS), União Brasileira de Mulheres (UBM), Federação Democrática Internacional de Mulheres; Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos pela Paz (Cebrapaz); Instituto de Estudos Contemporâneos e Cooperação Internacional; Grupo de Trabalho Árabe; Centro de estudos geopolíticos do Oriente Médio; Federação Árabe-Palestino brasileira; Federação de Entidades Árabes Brasileiras do Estado de São Paulo (Fearab SP); Fearab América; Centro Cultural Árabe Sírio; Movimento Marcha Patriótica (Colômbia).
Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva
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