sexta-feira, julho 06, 2012

Os intelectuais e o PT

Do Blog do Nassif Por R Godinho No final da ditadura, ali pelo meio dos anos 80, quando as prisões, legais (poucas) e ilegais (muitas), já haviam quase acabado, todo começo de noite podia-se ir à Cinelândia, no centro do Rio, e tomar um chope nos bares da praça, discutindo política. O local fervilhava. Ali, todo dia, se decidia como e quando se faria a Revoluçao. Essa gente formava a elite intelectual dos partidos de esquerda. Eram os "pensadores" do socialismo e dos meios para chegar lá. E saiam dali bêbados, ou quase, para ir dormir mais uma noite revolucionária. Ações práticas, que é bom, nada. Só análises, discussões, e, no final, culpar a ignorância e venalidade do povo, que se deixava comprar por tijolos ou dentaduras. Nem de longe lhes passava pela cabeça que, para o pobre, poder mastigar direito ou ter uma parede que não fosse de tábuas de caixotes era muito mais revolucionário do que a tomada do poder. A concretude das demandas da classe trabalhadora, suas necessidades reais e imediatas eram (e ainda são) consideradas como fruto da ignorância e do egoísmo incutidos pelo capitalismo brutal. Por sempre terem sido supridos nessas necessidades, por sempre as terem à mão (ou, em delírio obtuso, haver a elas renunciado "em nome da Revolução"), não podiam ver algo normal e corriqueiro (para eles) como algo essencial a conquistar. Pequenos burgueses metidos a operários. Pequenos burgueses, cheios do ranço da superioridade de classe, travestidos de revolucionários. Quando o PT nasceu, nasceu lotado dessa gente. É verdade que, sendo eles relativamente muitos e muito divididos em grupos, a despeito do autoritarismo inerente ao seu modo de pensar, produziram uma notável democracia interna no partido. E enquanto essa gente teve importância e domínio sobre o PT, o partido se viu isolado da sociedade, tendo inclusive um fracasso retumbante na sua primeira eleição. Quando, afinal, a visão pragmática e mais próxima do que o povo de fato anseia começou a tomar conta do partido, trataram de sair (ou serem saídos), não sem fazer um imenso escândalo, exatamente na imprensa burguesa... O PT tem erros. Lula tem erros. Não são deuses, são homens. Mas quem atende melhor aos interesses da classe trabalhadora, aquele que faz o discurso do moralismo pequeno burguês do PIG ao mesmo tempo que prega uma revolução impossível, ou quem segue em frente, tampando o nariz para o mal cheiro de certas companhias políticas, avançando no atendimento das necessidades do povo trabalhador? COMENTÁRIO E & P Concordo plenamente com o texto, quem assistiu ao programa Roda Viva dessa semana pode ter como referência a postura do Chico de Oliveira. Entre tantas falas lamentáveis o professor da USP colocou o Bolsa Família apenas como um gesto cristão e não como solidariedade e direito como deveria de ser. Fora o ranço pessoal contra o Lula em que o Chico de Oliveira teve hombridade e agiu a serviço da imprensa corrupta que assola esse país. Na corrupção o Chico de Oliveira não foi capaz de criticar a Privataria Tucana, em que segundo Amaury, José Serra e a filha Verônica se locupletaram às custas do patrimônio público, do mensalão tucano e agiu como se o julgamento do chamado mensalão do PT fosse resolver toda a corrupção pública e privada que existe no país. É muito primarismo político para quem é sociólogo. O professor ainda não foi capaz de criticar frontalmente efeagácê e Serra. Os intelectuais brasileiros não conhecem o Brasil e o seu povo. Precisam sair daquela torre de marfim que é a academia, mantida com dinheiro público (o que concordo) para servir ao povo brasileiro.

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