O objetivo deste blog é discutir um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil. Esse projeto não brotará naturalmente das forças de mercado e sim de um engajamento político que direcionará os recursos do país na criação de uma nação soberana, desenvolvida e com justiça social.
terça-feira, agosto 09, 2011
Dilma enfatiza que comando geral das Forças Armadas no país é seu
Demétrio Weber
Jailton de Carvalho
BRASÍLIA. Ao empossar ontem o ex-chanceler Celso Amorim no Ministério da Defesa, a presidente Dilma Rousseff chamou para si a responsabilidade sobre o comando geral das Forças Armadas do país. A presidente deixou claro que a troca do ex-ministro Nelson Jobim por Amorim não implicará em mudanças na Estratégia Nacional de Defesa. Na mesma linha do antecessor, Amorim defendeu o fortalecimento do aparato militar brasileiro e o respeito aos direitos humanos.
- Não tenham dúvida: com o meu apoio e sob o meu comando direto, ele (Amorim) ajudará muito o Ministério da Defesa a vencer os seus maiores desafios, tanto os mais urgentes, os mais conjunturais, quanto os mais estratégicos - discursou a presidente.
Dilma disse que escolheu Amorim para a vaga de Jobim depois de refletir longamente sobre o assunto. Para ela, o ex-chanceler tem qualidades pessoais e profissionais que o credenciam para a nova missão. A presidente sustenta que o novo ministro vai manter os projetos em andamento e, em alguns casos, poderá até acelerar alguns programas.
- O convoquei porque tenho convicção de que ele é o homem certo para o lugar certo. Muitos projetos estratégicos para o país e para o nosso futuro estão em andamento lá no Ministério da Defesa. São projetos que não podem, em hipótese alguma, sofrer rupturas, atrasos ou adiamentos - disse Dilma.
Em seu discurso, Celso Amorim defendeu o fortalecimento das Forças Armadas. Para ele, existe um descompasso entre a crescente inserção do Brasil no cenário internacional e sua estrutura de defesa, essencial para proteger riquezas do país, entre elas as reservas de petróleo do pré-sal.
- Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso. Vivemos em paz com os nossos vizinhos. Mas o Brasil é detentor de enormes riquezas e possuidor de infraestruturas de grandes dimensões. Cabe ao Estado brasileiro resguardar extensas fronteiras terrestres e marítimas - disse o ministro.
Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de posse do Ministro da Defesa, Celso Amorim
Palácio do Planalto, 08 de agosto de 2011
Boa tarde a todos,
Senhor vice-presidente da República, Michel Temer,
Senhor senador José Sarney, presidente do Senado,
Senhor deputado Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados,
Embaixador Celso Amorim, ministro de Estado da Defesa, por intermédio de quem cumprimento os ministros presentes,
Minha querida ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, por intermédio de quem cumprimento as ministras presentes,
Senhores comandantes de Força: almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto, da Marinha; general de exército Enzo Martins Peri, do tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, da Aeronáutica; general de exército José Carlos De Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas,
Meu querido governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro,
Almirante-de-esquadra Álvaro Luiz Pinto, presidente do Superior Tribunal Militar, por intermédio de quem cumprimento todos os oficiais-generais aqui presentes,
Senador Romero Jucá,
Senador Fernando Collor,
Deputados e deputadas federais aqui presentes. Eu cumprimento o líder da Câmara, Cândido Vaccarezza, em nome de todos eles.
Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas,
Senhoras e senhores aqui presentes,
E senhora querida Ana. E, cumprimentando a Ana, eu cumprimento toda a família do Celso, especialmente os netos. Quem tem neto, sabe a importância deles.
Senhoras e senhores,
Mudanças importantes, elas sempre provocam tensão. Mas elas requerem cuidado, elas cobram sensatez e exigem escolhas bem refletidas. E foi com cuidado e com a devida reflexão que eu convidei o embaixador Celso Amorim para o cargo de ministro da Defesa.
O convoquei porque tenho convicção de que ele é o homem certo para o lugar certo. Muitos projetos estratégicos para o país e para o nosso futuro estão em andamento lá no Ministério da Defesa. São projetos que não podem, em hipótese alguma, sofrer rupturas, atrasos ou adiamentos. Eu escolhi o ex-ministro Celso Amorim porque eu tenho certeza absoluta de que com ele esses projetos terão continuidade e ganharão mesmo maior velocidade e solidez.
Celso Amorim é um homem de Estado, um funcionário de carreira, um profissional dedicado ao Brasil. Foi assim como Chanceler, durante o governo de Itamar Franco; foi assim como nosso representante na ONU e em organismos internacionais de comércio, durante o governo Fernando Henrique Cardoso; e foi assim também como ministro das Relações Exteriores do governo do nosso querido presidente Lula, quando o Brasil foi elevado à condição de protagonista, com voz ativa no cenário mundial e sujeito do seu próprio destino.
Celso Amorim tem qualidades pessoais que o aproximam muito dos senhores, militares de longa formação: cultura e preparo técnico, coleguismo e solidariedade no ambiente de trabalho, moderação nas manifestações públicas, elegância no relacionamento, profissionalismo e método na atividade como homem público. Sobretudo, disciplina e respeito à hierarquia. Na verdade, Celso Amorim é um patriota, Celso Amorim é um homem talhado para esta fase do Brasil, que é um país de cabeça erguida, consciente da sua soberania.
Falo aqui, na verdade, de características da formação militar e da formação diplomática, duas carreiras de Estado. Não tenham dúvida: com o meu apoio e sob meu comando direto, ele ajudará muito o Ministério da Defesa a vencer os seus maiores desafios, tanto os mais urgentes, os mais conjunturais, quanto os mais estratégicos.
A experiência de Celso Amorim em política externa será valiosa para o Ministério da Defesa. O Brasil enfrentará importantes questões que envolvem diretamente as nossas Forças Armadas: há acordos bilaterais em andamento, há negociações sobre compra de armamento e aquisição de tecnologia bélica, além da inadiável exigência de proteção e controle de nossas fronteiras terrestres e de nosso mar territorial, com suas – como todos sabem – enormes riquezas.
O meu governo – e eu acredito que todo e qualquer governo – tem ministérios cuja importância estratégica para o país impõem rigorosa distância de injunções externas de qualquer tipo – o Ministério da Defesa é um deles. A lógica do Ministério da Defesa é a disciplina, a competência e a dedicação. A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o novo Ministro sabe disso, e todos sabemos que trocas de comando fazem parte da rotina, desde que se troque o comandante, mas não se deixe de fazer o que precisa ser feito.
Eu tenho absoluta certeza de que esse brasileiro chamado Celso Amorim fará não só o que precisa ser feito, mas dedicar-se-á de corpo e alma a construir esta política de defesa, esta estratégia nacional de defesa, que a todos nós é muito cara.
Desejo boa sorte a todos.
Presidenta da República, Dilma Rousseff
DEFESA - Discurso Celso Amorim
Íntegra do discurso do ministro Celso Amorim ao tomar posse como ministro da Defesa
Brasília, 08/08/2011– A presidenta da República, Dilma Rousseff, empossou nesta segunda-feira à tarde o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, em solenidade realizada no Palácio do Planalto. Confira a íntegra do discurso de Amorim por ocasião da cerimônia de posse no cargo. O texto não inclui improvisos feitos ao longo da fala.
Palavras do ministro de Estado da Defesa, Celso Amorim, por ocasião da cerimônia de posse no cargo
Antes de mais nada, agradeço o honroso convite da presidenta da República, Dilma Rousseff, para assumir a pasta da defesa.
Sou grato pela confiança e pela oportunidade de participar dessa importante etapa da longa transição do Brasil rumo a uma sociedade mais livre, mais justa e mais igualitária.
Serei breve.
A realidade de uma política pública complexa e multifacetada como a Defesa não oferece espaço à pretensão.
De maneira serena, cabe a mim neste momento mais ouvir do que falar – sem com isso me furtar ao diálogo franco e transparente.
Identifico nos militares valores dignos de admiração:
- patriotismo;
- abnegação;
- zelo pela coletividade;
- respeito à hierarquia e à disciplina.
Graças a importantes iniciativas levadas a cabo em governos anteriores, e mais particularmente durante o governo do presidente Lula, o panorama da Defesa nacional é qualitativamente distinto do cenário em que nos encontrávamos no início da redemocratização.
Contamos com Forças Armadas profissionais e plenamente conscientes de sua subordinação ao poder democrático civil.
A Estratégia Nacional de Defesa e o Plano de Articulação e Equipamento da Defesa dela decorrente oferecem um horizonte de curto, médio e longo prazo para o setor.
Sob o signo da continuidade que caracteriza os estados que atingiram maturidade democrática, trabalharei para implementá-los.
Farei isso com espírito crítico e de maneira atenta aos ajustes e adaptações que se façam necessários.
Dedicarei esforços ao fortalecimento da indústria nacional de material de emprego militar e à ampliação da autonomia tecnológica de nossas Forças Armadas, em estreita coordenação com os ministérios do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia.
O momento que vivemos em termos de política industrial reforça essa prioridade.
O aprimoramento da capacidade de operação conjunta entre marinha, exército e aeronáutica, a racionalização de processos e programas e o robustecimento da supervisão do Ministério da Defesa sobre as políticas setoriais das forças são compromissos do titular da pasta.
O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas terá importante papel nesse processo.
O Instituto Pandiá Calógeras, a ser implantado com celeridade, será importante instrumento de reflexão sobre temas estratégicos e servirá para formar os futuros analistas civis de Defesa.
Não ignoro a centralidade da questão orçamentária.
Conhecendo a atenção que a presidenta da República atribui aos assuntos de Defesa, cabe a mim empenhar-me em obter os recursos indispensáveis ao equipamento adequado das Forças Armadas. Conto para tanto com a compreensão de meus colegas da área financeira. Afinal, o próprio documento legal que instituiu a Estratégia Nacional de Defesa estabelece vínculo indissociável entre esta e a estratégia nacional de desenvolvimento.
Devemos conceber e aprovar mecanismo que permita conferir previsibilidade, estabilidade e perenidade aos projetos de equipamento e de desenvolvimento tecnológico das Forças.
Na mesma linha, não desconheço as legítimas aspirações dos militares no que se refere à garantia de condições de vida compatíveis com suas responsabilidades, vitais para toda a nação.
Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso.
Vivemos em paz com os nossos vizinhos. Mas o B|rasil é detentor de enormes riquezas e possuidor de infraestruturas de grandes dimensões.
Cabe ao estado brasileiro resguardar extensas fronteiras terrestres e marítimas.
Além da indispensável defesa da população, devemos proteger nossos recursos naturais, a começar pelas riquezas contidas na Amazônia e nas águas jurisdicionais brasileiras.
As descobertas de significativas reservas de petróleo, sobretudo na camada pré-sal, reforçam essa necessidade.
Nosso território, da Amazônia ao Aquífero Guarani, que compartilhamos com os vizinhos do Mercosul, é repositório de enorme quantidade de água, recurso cada vez mais escasso no mundo.
É fundamental assegurar que a nossa soberania sobre o recurso água – além de sua utilização sustentável – seja preservada.
Hoje, é preciso admitir, nossas forças sofrem de carências que não permitem o efeito dissuasório indispensável à segurança desses ativos.
Há um descompasso entre a crescente influência internacional brasileira e nossa capacidade de respaldá-la no plano da Defesa. Uma não será sustentável sem a outra.
Atentos ao ecumenismo que caracteriza a inserção internacional do Brasil contemporâneo, devemos valorizar o Conselho de Defesa Sul-americano e intensificar a cooperação entre os países da região.
Pretendo também atribuir especial ênfase ao relacionamento de Defesa com os países africanos.
Juntamente com o Itamaraty, fortaleceremos a zona de paz e cooperação do Atlântico Sul.
Buscaremos assegurar que o Atlântico Sul seja uma área livre de armas de destruição em massa, em particular de armas nucleares.
Continuaremos a dar nossa contribuição a operações de paz da ONU, dentro dos preceitos do direito internacional, sobretudo naquelas áreas de maior interesse para o Brasil e onde disponhamos de clara vantagem comparativa.
Defesa e sociedade devem estar permanentemente em harmonia.
Historicamente, nossas Forças Armadas constituíram importantes instrumentos de ascensão social.
É importante, assim, que reflitam de forma crescente a diversidade da sociedade brasileira.
Devemos valorizar a discussão de temas como direitos humanos, desenvolvimento sustentável e igualdade de raça, gênero e crença.
Gostaria de encerrar com as palavras de um grande defensor das Forças Armadas, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio-Branco. Em seu último discurso, proferido no Clube Militar, em 11 de outubro de 1911, Rio-Branco afirmou:
“Toda a nossa vida como estado livre e soberano atesta a nossa moderação e os sentimentos pacíficos do governo brasileiro, em perfeita consonância com a índole e a vontade da nação.”
Essa convicção sobre nossa vocação pacifista não impediu Rio-Branco de, nas suas palavras:
“Lembrar, como tantos outros compatriotas, a necessidade (...) de tratarmos seriamente de reorganizar a Defesa nacional.”
Muito obrigado.
"O partido da Defesa é a pátria", diz Dilma em posse de Amorim
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Fernando Exman
O governo aproveitou ontem a posse do novo ministro da Defesa, Celso Amorim, para tentar abater no nascedouro o estranhamento gerado nas Forças Armadas pela nomeação do ex-chanceler. Em um gesto para se aproximar dos militares, Amorim prometeu trabalhar dentro do governo para garantir as verbas necessárias ao reequipamento do Exército, Marinha e Aeronáutica. Já a presidente Dilma Rousseff tratou de afastar desconfianças surgidas nas tropas pelo fato de Amorim ser um diplomata de carreira filiado ao PT.Dilma argumentou que militares e diplomatas têm características comuns. São carreiras de Estado que contam com quadros de grande formação técnica, moderação em manifestações públicas, elegância nos relacionamentos e disciplina à hierarquia, destacou.
"A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o novo ministro sabe disso", discursou Dilma na posse do auxiliar, lembrando que sob a responsabilidade do Ministério da Defesa estão diversos projetos estratégicos para o país e que a troca de comando é uma "rotina".
A Pasta participa, por exemplo, do plano do governo de proteção às fronteiras e coordena os debates sobre o reaparelhamento das Forças Armadas. "São projetos que não podem, em hipótese alguma, sofrer atrasos, rupturas ou adiamentos. Escolhi o ministro Celso Amorim porque eu tenho certeza absoluta que, com ele, esses projetos terão continuidade e ganharão maior velocidade e solidez", comentou Dilma.
Amorim prometeu esforçar-se para fortalecer a indústria nacional de material militar, ampliar a autonomia tecnológica e promover o debate sobre direitos humanos nas Forças Armadas, assim como lutar por melhores salários para os militares. "Não ignoro a centralidade da questão orçamentária. Conhecendo a atenção que a presidenta da República atribui aos assuntos de Defesa, cabe a mim empenhar-me em obter os recursos indispensáveis ao equipamento adequado das Forças Armadas", sublinhou Amorim a uma plateia repleta de ministros e representantes das três Forças.
Amorim, que afirmou não ter tratado ainda em seu novo cargo da compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira, destacou que o Brasil precisa ter meios para proteger sua infraestrutura e recursos naturais, como a Amazônia e o petróleo da camada pré-sal. "Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido como um país desarmado e indefeso."
Ressaltando que as forças de paz das Nações Unidas lideradas pelo Brasil precisam consolidar seu trabalho no Haiti, Amorim defendeu a discussão de uma estratégia de retirada das tropas daquele país. Ex-ministro das Relações Exteriores nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Itamar Franco, Amorim assume a função depois da demissão de Nelson Jobim.
O pemedebista pediu demissão depois de ter dado uma série de declarações polêmicas à imprensa.
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