quinta-feira, março 06, 2008

"PALESTINIZAR" A AMÉRICA DO SUL – II

Laerte Braga





A fome com a vontade de comer. Foi o que Uribe fez seguindo fielmente as orientações do governo terrorista de George Bush.



A fome. Uribe vive um momento político em que necessita mais que nunca de criar situações que lhe permitam aprovar a reforma constitucional e o direito de disputar uma segunda reeleição. Um terceiro mandato. Isso interessa a ele e interessa ao governo dos Estados Unidos.



A vontade de comer. Bush não tem e já mostrou isso com a falta de escrúpulos quando se trata de objetivos de dominação política e econômica dos interesses que representa. Os governos de esquerda, centro-esquerda e independentes na América do Sul são um claro revés a um presidente que termina seu período de forma melancólica, mas não necessariamente batido ou derrotado pois os EUA são imperialistas com ou sem Bush. O que muda é o estilo.



A revista NEWSWEEK, de direita, relacionou os cem maiores traficantes do mundo ou capangas do tráfico e lá está o então senador Álvaro Uribe.



"The declassified defense Department intelligence report, dated September 1991, reads like a Who's Who of Colombia's cocaine trade. The list includes the Medellin cartel's kingpin, Pablo Escobar, and more than 100 other thugs, assassins, traffickers and shady lawyers in his alleged employ. Then there's entry 82: "Alvaro Uribe Velez--a Colombian politician and senator dedicated to collaboration with the Medellin cartel at high government levels. Uribe was linked to a business involved in narcotics activities in the U.S.... Uribe has worked for the Medellin cartel and is a close personal friend of Pablo Escobar Gaviria." Escobar died in a 1993 police raid. Two years ago this week, Uribe became president of Colombia".



Apontado como "…Álvaro Uribe Velez o político colombiano e senador dedica colaboração ao cartel de Medellín... Uribe está ligado aos negócios envolvendo atividades de narcóticos nos Estados Unidos... Uribe trabalhou para o cartel de Medellín e foi amigo pessoal de Pablo Escobar Gaviria, morto em 1993 numa ação policial. Dois anos depois Uribe chegou à presidência da Colômbia".



Lula à sua maneira e Chávez à sua perceberam que a crescente presença dos EUA na Colômbia tinha objetivos claros em relação a políticas golpistas contra a Venezuela e ocupação da Amazônia. Uribe é simplesmente um capanga que se contrata e ao qual se paga, no estilo vende a mãe a quem der mais.

A Colômbia transformou-se em base de operações terroristas dos norte-americanos e com larga participação de agentes de Israel (o MOSSAD, serviço de secreto de Israel).



A última coisa que essas quadrilhas poderiam desejar era a paz. O movimento executado nesse tabuleiro por Chávez e Lula em buscar negociações de paz com as guerrilhas colombianas contrariava o chamado Plano Colômbia, atrapalhava os "negócios" do narcotráfico de Uribe e os "negócios" do terrorismo político e econômico de Bush.



A fome e a vontade de comer.



Vender a idéia de defensores intransigentes da democracia, da liberdade, de combate ao terrorismo nunca foi problema. Redes de tevê como a GLOBO existem aos montes, informam a informação que interessa aos "negócios" e apresentam a fatura, são parte do esquema.



Conseguem 64 milhões de telefonemas de espectadores inebriados pelo mundo do espetáculo para decidir quem sair de um bordel, o BBB-8.



A simples idéia que Ingrid Betancourt pudesse vir a ser solta e se transformasse na peça política mais importante na Colômbia contra Uribe aterrorizou os dois presidentes. O traficante e o terrorista.



Todas as tentativas de acordo e entendimentos ou foram afastadas ou acordadas e rompidas em operações bem ao estilo de bandidos texanos.



As imagens liberadas pelo governo do Equador do massacre no acampamento das FARCs, pouco mais de vinte pessoas, são mais que chocantes. Ultrapassam a violação da soberania equatoriana e se inscrevem no campo dos massacres terroristas bárbaros e estúpidos em função de "negócios". Para os americanos que gostam de se referir ao ataque japonês a Pearl Harbour como um momento de violação de todas as normas internacionais e de vergonha para o Japão, o massacre no Equador não difere em nada na essência.



O governo de Uribe tinha conhecimento da presença de guerrilheiros no Equador e sabia que essa presença se prestava às negociações conduzidas pelos presidentes da Venezuela e do Equador. A Colômbia foi cientificada dessas conversações e Uribe concordou. Todo o processo construído às claras e dele tinham conhecimento governos da Espanha, da França, da Suíça, da Argentina e as Nações Unidas.



Raúl Reyes foi ao Equador negociar. Era o negociador das FARCs. Participou de um congresso bolivariano naquele país e nessa condição.



A presença de guerrilheiros das FARCs no Equador com esse objetivo nunca incomodou a Colômbia até o momento que lá chegou Raul Reyes. Foi o último golpe traiçoeiro de Uribe (outros virão). Informado da presença de Reyes recebeu ordens de Bush para atacar e o fez.



Neste momento Uribe joga com a insanidade da guerra, em exibir-se como presidente que enfrenta "terroristas" (não foi por outra razão que Bush decidiu que as guerrilhas são "terroristas" e não forças insurgentes como as classifica as Nações Unidas), presidente que defende a Colômbia de ameaças internacionais e que "merece" mais um mandato para dar segurança aos colombianos.



O que Uribe e Bush não contavam era com a reação imediata dos presidentes da Venezuela e do Equador e, principalmente, a posição dos demais países sul americanos, coesos e claros no repúdio ao ataque e muito menos com reações como a do governo da França, e a comunidade internacional de um modo geral.



Deslocar o assunto da ONU para a OEA limitou o campo de ação dos Estados Unidos, méritos da política externa brasileira, da ação do ministro Celso Amorim, esvaziou as pretensões bélicas de Uribe e o cadáver que o presidente traficante foi buscar para mostrar como troféu transformar-se em mártir da luta pela libertação dos povos latino-americanos, o que se imaginava o "terrorista" que William Bonner proclama histérico todas as noites no JORNAL NACIONAL era o negociador da paz.



As imagens liberadas pelo governo do Equador mostram que os guerrilheiros estavam dormindo e muitos foram executados. O próprio Reyes. As fotos e filmagens feitas no local exibem corpos de uma guerrilheira executada pelas costas, dormindo e os sobreviventes, ainda no local, enquanto iam sendo socorridos relatavam às autoridades equatorianas o ataque esse sim terrorista e inconseqüente de Álvaro Uribe, presidente traficante. Determinado por George Bush, líder da principal organização terrorista em operação no mundo, a Casa Branca, com participação de agentes de Israel (aqueles que agem em nome de Deus, pois são povo superior).



Gandhi tem uma frase precisa para esse tipo de situação: "o erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver".



Cabe como luva ao episódio.



A aliança entre o narcotráfico e a Casa Branca para transformar essa parte do mundo e o conjunto de riquezas de toda a América do Sul em propriedade dos EUA para sustentar uma economia em crise e sustentando-se na exploração de povos de países como a Colômbia. Palestinizar a região significa entrar no que Colin Powell, secretário de Estado do primeiro governo Bush chamou de "mercado de um trilhão de dólares".



É só o que enxergam e Uribe, nesse negócio, é capanga.



Quando o embaixador dos EUA no Brasil, na década de 70, foi a Washington relatar as torturas e sistemáticas violações de direitos humanos pelo governo Médice, ouviu do presidente Nixon o seguinte: "é terrível, mas vamos fechar os olhos, eles são nossos aliados".



A forma de fazer "negócios" continua a mesma.



A propósito, o irmão do general Naranjo, o que disse que Chávez doou 300 milhões de dólares às FARCs e relatou "operações de compra de urânio", cumpre pena numa cadeia da Alemanha por tráfico de drogas.



Sem falar num pedófilo maluco que ocupa uma cadeira no Senado brasileiro, Arthur Virgílio, líder do PSDB, que, naturalmente, querendo entrar na farra dos "negócios" mais a fundo, veio com a "história" mentirosa de transportes de armas para a Venezuela.

Nenhum comentário: