Do Tijolaço
Imperdível e escandaloso o conjunto de dados sobre a dívida brasileira que Luís Carlos Azenha expõe, a partir do trabalho da ex-auditora da Receita Federal Maria Lúcia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida Pública.
A “governabilidade” e o “dever de casa” que exigem ao nosso país leva mais da metade do que se reúne, em um ano, em impostos e receitas diversas do Governo Federal.
Essa é a conta de juros, rolagem, encargos e amortizações de nossa dívida.
Não é que tenha ficado maior neste governo ou no que o antecedeu.
É monstruosa há décadas e ficou ainda maior com o governo Fernando Henrique Cardoso, que expandiu a dívida pública brasileira como nunca antes na história deste país.
Não cabe descer aos dados aqui, a matéria de Azenha com Fatorelli faz isso muito bem explicado.
Vale, sim, dizer que, depois de lê-la, você vai entender melhor porque gritam tanto por um Banco Central “técnico e independente”.
Ali é a doca onde se embarca para os bolsos privados a riqueza produzida pelo trabalho do povo brasileiro e pelas riquezas de nossa natureza.
Portanto, o que querem ali são zelosos capatazes a gerir esta sangria.
Na matéria, é mostrado o que aconteceu no Equador, quando este decidiu sanear a dívida acumulada, lá como aqui, em períodos de ditaduras políticas e financeira, como tiveram lá e tivemos aqui.
O resultado foi que o gasto social, que representava apenas 40% do gasto com o serviço da dívida pública do país triplicou. Esse é o gasto público saudável, que gera serviços à população, obras, investimentos, aquecimento do emprego, da renda e do consumo.
Já os gastos financeiros encolheram drasticamente e, em 2011, eles é que eram 40% do gasto social.
deudaSabemos que o Brasil é infinitamente mais complexo que o nosso vizinho, mas é bom lembrar que o presidente Rafael Correa, lá, foi buscar no povo contra o massacre da mídia sobre sua política econômica.
Certamente teremos de pagar um preço maior aqui pelo resgate de nossa independência, mas jamais a teremos enquanto não tratarmos esta gente como o que são: rapinantes de nossas riquezas.
No anos 1980, estive por alguns dias no Norte da África. Andando pelo litoral, algumas vezes se topava com restos de trilhos de pequenas estradas de ferro que, subitamente, paravam à margem da praia.
Curioso, quis saber o que era aquilo e a resposta foi que eram trilhos por onde passavam vagões com obras de arte e arquitetura que iam ser embarcadas para a Europa e hoje lotam os museus ingleses, franceses e italianos.
O Banco Central é uma destas estradas de ferro. Eletrônica, agora.
E as caravelas digitais lá se vão, levando a riqueza brasileira, em viagens que os nossos velhos do Restelo não praguejam ou amaldiçoam, mas aplaudem e exigem, cada vez mais intensas.
Por: Fernando Brito
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