quinta-feira, agosto 01, 2013

em causas não há jornalismo

Do Tijolaço

Nenhum país pode ser uma democracia se não tem uma imprensa livre e plural.
A única liberdade que temos na imprensa é a empresarial e a pluralidade é tanta quanto a de um partido único.
Nem mesmo na ditadura militar tínhamos uma imprensa pervertida como a que temos hoje.
Porque hoje reduziu-se a muito pouco o que ainda sobreviveu nas redações durante as trevas do regime autoritário: o jornalista.

Não que falte a muitos deles a capacidade profissional. Não, e a alguns ela sobra, até.
Mas os mais velhos estão cansados e os mais novos já se formaram numa época em que o jornalismo se desvirtuou pela acomodação, pelo estrelismo fútil e pelo massacre aos indefesos.
Criou-se o mito da imparcialidade – que nós sabemos como é hipócrita – e passou-se a abominar as causas.
E as causas são a raiz do jornalismo, desde que a Revolução Francesa marcou o início da ideia de que o poder não era privilégio das elites e, assim, saber também não o era.

Marat e Patrocínio, não Gutemberg e Hipólito Costa, são nossos pais profissionais, porque papel impresso é apenas lixo depois de lido, mas pensamentos generosos nos arrastam para o futuro.

Ter causa pública e amor à verdade, para um jornalista, é como ter amor ao ser humano para um médico ou à Justiça para um advogado.

Criticar a imprensa brasileira, para quem ama sua profissão ? não pensem o contrário ? , é um exercício diário de dor.

Não é retórica.

Basta pensar como o escândalo Murdoch tomou conta dos jornais de todo o mundo.
E que, aqui, o caso Globo, quando muito, limitou-se a matérias formais e burocráticas da Folha, publicadas com uma semana de atraso.

Se ao cidadão comum isso já repugna, ao jornalista isso deveria embrulhar o estômago.

Mas os nossos pró-homens da imprensa preferem embrulhar a verdade e tirá-la dos olhos de seus leitores.
Nenhum deles dirá, como aquele caricato personagem do “jornalismo televisivo”, que isso é uma vergonha.
Todavia, ainda estamos vivos e amamos a nossa profissão.

Mais que isso, acreditamos na sua finalidade social, no bem coletivo que ela pode gerar.
Somos jornalistas, não escribas.

Do contrário, seríamos iguais aos energúmenos que, segundo a coluna de Ilimar Franco em O Globo, numa manifestação de “médicos” – as aspas são de respeito à profissão – gritavam: ”somos ricos, somos cultos. Fora os imbecis corruptos”.
Uma autocrítica, talvez, porque imbecil é quem não consegue ver nada além de si mesmo e corrupto é quem deixa seu interesse pessoal ou corporativo prejudicar o que é um bem social. Ou não é isso que os políticos, governantes e empresas corruptas fazem?

De volta ao jornalismo, é cruel ver que a imagem pública da profissão, hoje, está reduzida aos jornalistas perfumados da “massa cheirosa”, tão bem retratados hoje no artigo “O que é jornalismo chapa-branca“, de Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo.

Ali, ele – um veterano e competente profissional de imprensa – percorre com mais brilho os caminhos que este texto, escrito dias atrás, tenta trilhar.

Mas que ninguém pense que nós nos comprazemos de criticar a imprensa que temos.
Sentimos, sim, dor, muita dor em ver a atividade pela qual nos apaixonamos, cedo e eternamente, vaidosamente apodrecida.

Não somos ricos que desprezemos os pobres e nem somos tão pretensiosos que nos achemos cultos.
Mas ainda podemos cantar o velho samba de Noel Rosa para eles, que hão de viver eternamente sendo escravos desta gente que cultiva a hipocrisia.

Por: Fernando Brito

COMENTÁRIO E & P

E ver que muitos dos jornalistas se desumanizaram e escrevem o que mandam os Frias, Civitas, Marinhos e Mesquitas. Vendem o corpo do pescoço para cima e quem manda são os patrões. Muitos dos que trabalham na grande imprensa tem atitudes preconceituosas contra o povo brasileiro e alguns são até fascistas! São simulacros de gente pois perderam a essência desde o dia em que aceitaram se vender para publicar as porcarias que saem na Globo, Folha, Veja e Estado. O tempo deles passará, assim como passou a ditadura cívica-militar, a escravidão, o feudalismo, o nazismo e sobrará o que dessas tristes figuras? Ter defendido ardorosamente o PSDB? Ter atuado a favor dos Estados Unidos? Ser contra o Bolsa-Família e agora o Mais-Médicos? Os seus patrões perderão o poder que tem, a menos que implantem outra ditadura no Brasil, e quem olhar para os dias de hoje sentirá nojo e terá asco do trabalho a que essa gente vem fazendo em prol do atraso e contra o povo brasileiro. Como escreveu o poeta, "eles passarão, eu passarinho"!

Nenhum comentário: