O objetivo deste blog é discutir um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil. Esse projeto não brotará naturalmente das forças de mercado e sim de um engajamento político que direcionará os recursos do país na criação de uma nação soberana, desenvolvida e com justiça social.
terça-feira, agosto 14, 2012
Emir Sader: O campo político latinoamericano
No período histórico atual, o capitalismo assume o modelo neoliberal como sua forma predominante. Passou da hegemonia de um modelo regulador, keynesiano, a um modelo liberal de mercado. Concomitantemente à passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar e de um ciclo longo expansivo do capitalismo a um ciclo longo recessivo.
Por Emir Sader*, em seu blog
A linha divisória que organiza os campos políticos de enfrentamento se dá em torno dessa definição, entre o campo neoliberal e o campo posneoliberal. A luta anticapitalista assume a forma da luta antineoliberal, o neoliberalismo sendo a forma extremada de mercantilização que busca o capitalismo.
A América Latina, que foi a região do mundo com mais e mais radicais governos neoliberais, como reação a essa situação tornou-se o único continente com governos posneoliberais. Estes foram se estendendo na América do Sul, com modalidades mais radicais – como as da Venezuela, da Bolivia, do Equador – ou mais moderadas, como as do Brasil, da Argentina, do Uruguai.
Mas fazem parte do mesmo campo posneoliberal, fazem parte da construção de alternativas ao neoliberalismo. Tanto é assim, que participam juntos do Banco do Sul, do Mercosul, do Conselho Sulamericano de Defesa, entre outras instâncias.
Há dois polos que articulam o campo político de enfrentamento: o polo neoliberalismo e o polo posneoliberal. Os seis governos mencionados – Venezuela, Brasil Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador – constituem o polo pósneoliberal. Os do México, do Chile, da Costa Rica, do Panamá, entre outros, são os eixos do polo neoliberal. Governos como os do Peru, da Colômbia, tentam se situar no meio do caminho entre os dois.
Os governos que constituem a Alba não são um terceiro eixo, mas fazem parte do polo posneoliberal, como sua vertente mais radical. A unidade de todos esses governos, no marco das suas diferenças, que são menores em relação às diferenças contra o polo neoliberal, é fundamental na luta pela superação do neoliberalismo.
* Emir Sader é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
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