domingo, setembro 20, 2015

Uma aula de pré-sal: privatizar é atrasado, ineficiente e lesivo ao Brasil

O programa Melhor e Mais Justo, da TVT, realizou, quinta-feira, um debate entre o geólogo Guilherme Estrella, que comandou a equipe da Petrobras que descobriu petróleo abaixo da camada do pré-sal no litoral brasileiro e o sindicalista João Antônio de Moraes – uma das melhores e mais equilibradas cabeças da Federação dos Petroleiros.

Os dois contestam, com muita firmeza, todos os argumentos dos projetos – entre eles o de José Serra – que pretendem reverter o modelo de partilha do petróleo e tirar da Petrobras a condição de operadora única

POR FERNANDO BRITO

É uma aula sobre a exploração do pré-sal brasileiro, que revela dados muito pouco divulgados, como o fato de que a Petrobras extrai dali petróleo a nove dólares o barril, contra 14 dólares de custo por barril nos poços de petroleiras estrangeiras tidas como “eficientes” no discurso mercadista. Multiplique isso pelo milhão de barris (Estrella fala em 900 mil, mas isto não inclui o gás) retirados do pré-sal a cada dia e você verá que o que essa parcela de custo extra , que não é dividica com o Estado, representaria em termos de prejuízo para os cofres públicos.

Com o baixo preço do petróleo hoje, essa diferença equivale a 10% a mais de custo sobre cada barril extraído.

Mais: Estrella, ao comentar o declínio natural dos poços da Bacia de Campos, lembra que, sem o pré-sal, o Brasil estaria importando hoje perto de meio milhão de barris de petróleo por dia, com as consequências que se pode imaginar para a balança de pagamentos do país.

João Moraes recorda outro ponto interessante: em 1970, 90% do petróleo do mundo estava sob controle de multinacionais. Hoje, a proporção se inverteu e 80% do óleo é controlado por empresas dos próprios países produtores ou sob controle dos Estados nacionais, com suas petroleiras.

Assista a entrevista, em três partes, que me chega às mãos por iniciativa de meu amigo Oswaldo Maneschy, incansável defensor do controle brasileiro sobre nossa riqueza. É, como disse, uma aula: coisa de gente que conhece tanto de petróleo que não precisa ficar de tecnicismo, gente que sabe tanto da importância dele que não precisa apelar a chavões.

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