terça-feira, maio 13, 2014

Os políticos devem definir política monetária, diz Rui Falcão

Presidente do PT afirma que Banco Central não deve ter autonomia formal

Bloomberg
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Autoridades eleitas pelo povo, no lugar do Banco Central, deveriam ter a palavra final na formulação da política monetária, disse nesta terça-feira, Rui Falcão, coordenador da campanha de reeleição da presidenta Dilma Rousseff.

"O Banco Central tem autonomia operacional, e achamos que a economia - e a questão monetária é parte da economia como um todo - precisa ser dirigida por aqueles que são eleitos", disse em uma entrevista na sede do Partido dos Trabalhadores (PT). "Eu sou contra a autonomia formal do Banco Central."

O governo de Dilma Rousseff tem se esforçado para manter a inflação dentro da margem de dois pontos percentuais acima da meta de 4,5%, enquanto o crescimento econômico durante seu mandato foi o menor em duas décadas. O Banco Central, que aumentou a taxa básica de juros por nove vezes consecutivas, para 11% ao ano, fará sua próxima reunião de política monetária em 27 e 28 de maio.

Economistas estimam que o crescimento econômico vai desacelerar de 2,3% em 2013 para 1,69% este ano, de acordo com pesquisa do BC junto a cerca de cem analistas publicada nesta segunda-feira. O mercado reduziu a estimativa média da inflação em 2014 de 6,5% para 6,39%, também segundo o boletim Focus. A inflação nos 12 meses até abril foi de 6,28%, o mais alto percentual anual em dez meses.

A assessoria de imprensa do BC não quis comentar a opinião de Rui Falcão sobre a autonomia do Banco Central quando procurada por telefone.

Independência

Concorrentes de Dilma para as eleições em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), defendem a independência oficial do Banco Central e menor participação do Estado na economia. Falcão, que também é presidente do PT, disse que o governo irá considerar controles de capital em um possível segundo mandato desde que eles não afetem o investimento estrangeiro direto.

"Pode-se discutir corretamente os controles de capital no próximo mandato, para evitar a fuga de capitais", disse Falcão, de Brasília. "Em todas essas questões em que o Estado intervém para alcançar um crescimento econômico com inclusão social, o mercado grita."

A popularidade de Dilma entre os brasileiros vem caindo desde o final de março, de acordo com pesquisas de opinião pública, conforme o aumento dos preços ao consumidor e uma possível escassez de energia levam os eleitores a considerar outros candidatos.

Pesquisa do Datafolha publicada em 9 de maio mostrou que 37% dos brasileiros disseram que votariam em Dilma, contra 20% para Aécio Neves (PSDB) e 11% Campos (PSB). A pesquisa teve uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Próximo candidato

A campanha de Dilma Rousseff não precisa de um diretor econômico, pois a política econômica de seu governo já está bem definida, disse Falcão. Ele afirmou que os investimentos em infraestrutura, saúde e educação vão começar a dar frutos durante um possível segundo mandato, preparando o terreno para o próximo candidato do PT.

"Há um crescimento menor do PIB neste período, mas temos mantido o que é essencial para nós: o crescimento econômico sem comprometer emprego, renda e salário e sem aumentar a inflação", disse Falcão.

As prioridades do PT são reeleger Dilma Rousseff neste ano, para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa voltar como o candidato do partido em 2018, disse Falcão. Ele comentou que o ex-presidente de 68 anos, que em 2 de maio disse que iria fazer campanha para Dilma nesta eleição, tem dado sinais contraditórios sobre se está interessado em concorrer à presidência novamente.

"Reeleger Dilma também significa tornar possível o retorno de Lula em 2018", disse Falcão. "A declaração dele, em sua própria maneira de falar, é que 'se você me atormentar bastante, eu vou voltar'."

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