segunda-feira, junho 14, 2010

Ministro Samuel Pinheiro Guimarães traça cenário global



O ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, disse que nos próximos anos o mundo experimentará a aceleração do processo científico e tecnológico, o aumento da distância entre países pobres e desenvolvidos, e o surgimento de novos blocos de países com o estabelecimento da multipolarização.

Guimarães fez uma prospecção sobre as principais tendências do cenário global, ao apresentar um panorama mundial, sul-americano e brasileiro para os próximos anos, durante o seminário Prospectiva, Estratégia e Cenários Globais, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A economia se torna cada vez mais global. Há a formação de enormes companhias transnacionais. Isso significa a formação de uma rede maior entre os países. Além disso, temos um processo contrário a esse, que é a formação de grandes blocos de países, mais notórios e mais integrados, com instituições internacionais”, disse.

Ao falar sobre os aspectos mundiais, Guimarães citou as crises internacionais relativas à economia, política, ideologia, meio ambiente e setor energético, e apontou as principais tendências internacionais.

Em relação ao Brasil, Samuel Pinheiro Guimarães destacou a importância de se ter uma decisão sobre quais serão as políticas públicas adotadas para que o ritmo de desenvolvimento econômico permita ao Brasil diminuir a distância em relação aos países desenvolvidos.

Além disso, o ministro demonstrou preocupação com a atual situação demográfica brasileira, que, segundo ele, poderá apresentar problemas para se manter com uma população estável, por conta das baixas taxas de fecundidade.

“A taxa para manter a população estável é de 2,1%, em função da mortalidade infantil. Estamos com uma taxa de fecundidade das mulheres de 1,7%. Talvez nós corramos o risco de virmos a ser uma nação velha e pobre, simultaneamente. Significa atingir a maturidade, sem ter atingido a riqueza”, afirmou.

Sobre o cenário sul-americano, o ministro chamou a atenção para a necessidade de desenvolver um sistema de transportes e de comunicação mais eficiente, que permita uma ligação entre esses países e o Brasil. Para ele, a precariedade do transporte dificulta o desenvolvimento econômico da região sul-americana.

“É quase um arquipélago de sistemas econômicos. As redes de transportes e comunicações são extraordinariamente precárias e insuficientes. Essa é uma característica importante porque não tem como formar um mercado. Para que haja um mercado é necessário que haja transporte. Não é possível haver troca de mercadorias se não há meios de transportá-las”, destacou.

Plano Brasil 2022 prevê crescimento anual de 7%

O crescimento econômico a uma taxa de 7% ao ano, previsto no plano Brasil 2022, possibilitará um desenvolvimento extraordinário em todos os setores da vida nacional, afirmou hoje o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, durante entrevista coletiva em que anunciou a publicação do plano no site da SAE.

“Se não crescermos a uma taxa entre 6% e 7%, nossa situação relativa será pior do que é hoje. Devido as nossas disparidades sociais, a nossa meta deve ser distribuir para crescer. Nós temos que formar um grande mercado interno. E para isso é necessário incorporar ao sistema produtivo, de forma plena, as 12 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família”, afirmou.

De acordo com o ministro, a incorporação desse contingente populacional nas atividades de produção e no mercado de consumo permitirá atingir taxas de crescimento maiores. “Serão produtores mais eficientes e consumidores efetivos. É muito importante que nesse processo até 2022 haja uma expansão significativa de todo o tipo de programa que leve à recuperação dessa enorme massa de brasileiros”, ressaltou.

Em fase final de elaboração, o plano estabelece metas a serem alcançadas até o ano de 2022, quando será celebrado o bicentenário de independência brasileira. Elevar a participação da Formação Bruta de Capital Fixo no PIB de 17% em 2009, para 23% e aumentar a proporção de empregados com carteira assinada no Brasil de 44% em 2009, para 60% também estão entre as metas.

Nesse aspecto, Samuel Pinheiro destacou a importância em ter garantidos alguns direitos essenciais do trabalhador, e citou como exemplo a necessidade de formalização da atividade doméstica, desenvolvida predominantemente por mulheres. Outro ponto presente no plano é a equiparação salarial entre homens e mulheres.

O plano Brasil 2022, formulado pela SAE, Ministérios, Casa Civil e por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), prevê ainda a erradicação da pobreza e do analfabetismo, redução do desmatamento a zero e a autonomia na produção de medicamentos.

A questão do acesso à banda larga também foi tratada pelo ministro durante o encontro. Para Pinheiro, toda a população brasileira deverá ter acesso uma internet mais veloz. “Fazer com que todos os brasileiros tenham acesso à internet é o objetivo. 43% dos municípios não têm acesso à internet. Apenas 24% dos domicílios têm acesso à banda larga”, afirmou Pinheiro.

Em relação à situação do déficit habitacional brasileiro, tema considerado prioritário no governo, o ministro ressaltou a importância do programa Minha Casa Minha Vida, mas disse que ainda há um número muito grande de habitações em áreas precárias. “Esse é um déficit importante que necessitará de uma meta adequada”, disse.

Além disso, a duplicação das exportações, o alcance definitivo da autonomia em fertilizantes, a redução da concentração fundiária à metade e a duplicação do consumo do pescado também são iniciativas prioritárias, uma vez que se espera, em 2022, um incremento na demanda de alimentos no mundo. Para o ministro, o Brasil tem condições de se tornar protagonista neste cenário por reunir as condições ideais de produção.

Samuel Pinheiro Guimarães pretende apresentar o projeto concluído ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até 30 de junho deste ano. O projeto estará disponível no site da secretaria para receber sugestões e comentários da sociedade.

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