O objetivo deste blog é discutir um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil. Esse projeto não brotará naturalmente das forças de mercado e sim de um engajamento político que direcionará os recursos do país na criação de uma nação soberana, desenvolvida e com justiça social.
sábado, maio 29, 2010
A liberdade como valor universal
Extraído do Nassif
Por Jotavê
Precisamos começar a refletir a respeito da ideologia democratista patrocinada pelos EUA e repercutida pela direita do mundo todo – aqui inclusive. Trata-se de uma ideologia, pois seu objetivo principal é causar uma refração discursiva que oculte os interesses efetivos em jogo e evite a discussão de temas indigestos. Saddam Hussein é um bom exemplo. Um país é reduzido a ruínas, milhares de pessoas morrem numa guerra trazida de fora com a desculpa de se impedir a produção de “armas químicas”. Depois que o desastre se consuma, vem a constatação timidamente feita de que não havia arma química alguma no Iraque. Era tudo mentira. Mas, apesar disso, a guerra valeu a pena. Por quê? Porque Saddam Hussein era um ditador, e a guerra abre a possibilidade de a democracia finalmente se estabelecer no Iraque. Parece brincadeira de mau gosto, mas é política de Estado. Ideologia, no pior sentido da palavra, em estado bruto.
Chamei essa ideologia de “democratista” para que a palavra “democrática” fique reservada a usos mais apropriados. Não se trata, aqui, de uma defesa (por enviesada que fosse) da democracia, mas da mera INSTRUMENTALIZAÇÃO dessa defesa. Ela é o oposto, portanto, de uma postura genuinamente democrática.
Quando instrumentalizamos uma pessoa, uma causa, uma ideia, nós imediatamente atribuímos a essa pessoa, a essa causa, a essa ideia um valor apenas relativo. Ela nos serve enquanto tivermos em vista um determinado fim. Passado esse momento, ela poderia (em princípio) ser descartada. É isso que a democracia significa para o democratismo: uma alavanca, um amaciante para carne de segunda, um papel de embrulho. Serve para justificar o envio de tropas. Quando as botas estão sobre o pescoço do inimigo, passa-se rapidamente ao próximo assunto, como se aqueles horrores fossem apenas uma etapa necessária no caminho que leva até a Liberdade.
É hora de encararmos esse debate indo até a raiz do problema. A liberdade é um valor universal? É, sem dúvida. Mas não é o único, nem o mais alto. Há outros valores, que podem ser menos ou mais altos, conforme forem menos ou mais urgentes numa determinada situação. Igualdade é um valor absoluto. Justiça, outro. Paz, outro. Esses valores todos têm um enorme significado para o ser humano, e nenhum deles é garantia nem pré-condição para nenhum outro. É fácil encontrar exemplos na história de períodos em que a paz significou algo muito mais precioso do que a liberdade, e durante os quais pessoas absolutamente sensatas e bem intencionadas julgaram razoável que a segunda fosse sacrificada em favor da primeira. É dessa perspectiva que Maquiavel escreve, por exemplo. É dessa perspectiva que fala Paul Kagame, presidente da Ruanda. Não percam a entrevista no The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/world/2010/may/28/rwanada-kagame-defends-rights-record
Há outras época históricas em que a liberdade pareceu um valor muito mais alto que a própria paz. A Revolução Francesa, com todas as suas contradições, pode ser lida dessa forma. A independência norte-americana, também. A Segunda Guerra, com mil senões e cuidados, idem. Cuba é exemplo de liberdade? É claro que não. Cuba é uma ditadura – branda, é verdade, mas ditadura, de todo modo. Isso quer dizer que Cuba seja o Anticristo? É claro que não. Ela encarna um valor importantíssimo para o ser humano – a igualdade. Assim como o Brasil, com todas as suas calamidades sociais, encarna valores importantes, Cuba, com todas as suas fraquezas e deficiências, também encarna. Um mundo menos mesquinho lutaria para que aquela experiência desse certo. Apoiaria como pudesse o que aquela sociedade tem de melhor, e torceria para que ela corrigisse em paz as suas limitações.
Refletir a respeito dessas questões e admitir que a liberdade tem que competir no mercado de valores pela sua sobrevivência não é desprezar a democracia. Pelo contrário. Isto, sim, é ter apreço por ela, e reconhecê-la enquanto valor a ser PRESERVADO. Admitindo que ela não sobrevive em qualquer ambiente, que ela tem precondições indispensáveis para firmar raízes e dar frutos, mostramos um interesse genuíno (e não meramente instrumental) por ela. Queremos a democracia, e justamente por isso queremos paz, justiça e igualdade. Sem estes elementos, e sem o reconhecimento sincero de que eles são valores tão importantes quanto a liberdade para qualquer ser humano, a defesa da democracia corre sempre o risco de se transformar numa farsa grotesca, como vimos no caso do Iraque, e estamos a um passo de ver no caso do Irã.
Segue os comentários do internauta Rodolfo Machado a esse texto
As pessoas falam muito em democracia, tal lugar tem democracia, outro não, mas eu digo que se tiver hoje no mundo meia duzia de livres pensadores que acreditam na democracia e a defendem por convicção, é muito.
Então, antes de falar em democracia, pensem bem, porque tem muita hipocrisia nesta ideologia, muito bem chamada de democratista, ninguém esta realmente interessado em democracia.
Veja o caso de Cuba, por exemplo, estão sim incomodados com um regime socialista que não faz apologia do consumismo, se fosse uma ditadura de direita prospera, ninguém tava ligando.
É logico, é claro que Cuba não é uma democracia, agora, façamos um exercício de imaginação, coloque-se no lugar do presidente da China, ou da Rússia, por exemplo.
Se lá estivesse, você promoveria reformas no sentido de transformar seu pais numa autentica democracia ao molde das democracias ocidentais, com partidos organizados, eleições para cargos representativos em todos os níveis, seja presidencialistas ou parlamentaristas?
Agora, eu faço uma pergunta, sera que esse sera realmente o melhor caminho para países como China ou Rússia, sera que ao promover a democracia, você realmente estaria atendendo os maiores interesses nacionais de seu pais, ou estaria destruindo-o?
Existem, acho, 194 países hoje no mundo, para cada um deles existe também um sub-departamento dentro do departamento de estado do governo americano, para tratar dos interesses dos EUA relativos aquele pais, estudar meios e forma eficazes de garantir que os interesses americanos serão atendidos.
Esta dominação se faz principalmente da forma cultural e econômica, cultural pela lavagem cerebral que o cinema, a musica e as diversas forma de entretenimento que a industria cultural americana produz promovem na cabeça das pessoas.
A dominação econômica é obvia, feita através das grandes empresas americanas que se instalam nestes países, muitas delas com ligações diretas com o departamento de estado e a CIA, então alem de cuidarem de seus próprios negócios, estas empresas começam a cooptar políticos corruptos locais, simpáticos ao Americam Way of Life , financiam suas campanhas eleitorais e seus partidos, para que eles então defendam a tal da “democracia” e os interesse econômicos dos EUA.
Sabendo disso e sendo um patriota, você acha que um governante russo ou chines vai querer democracia em seu pais, alias era o que estava acontecendo na Rússia no tempo do Boris Yeltisin, havia uma democracia de fato, mas a CIA já estava se infiltrando e financiado grupos diversos de apoio a democracia, alguns financiados por uma fundação ligada a família Rothschild e a Henry kissinger, quando a União Soviética se dissolveu, o New York Times publicou um editorial escrito por Henry kissinger, traduzido pelo Estadão, onde ele dizia claramente que não bastava aos EUA o fim da União Soviética, por que enquanto houvesse uma Rússia nuclearizada e industrializada, os EUA não estaria seguros.
Finda a era de Boris Yeltisin, Putim acabou com a “democracia” na Rússia.
Quando um cidadão inglês foi executado na China, estes tempos atras, eu li um texto onde o autor lembrava que os chineses tem panico de traficantes de drogas, por causa da introdução do opio na China pelos ingleses, até hoje a famosa placa onde se lê em inglês e chines, “Proibido a entrada de cachorros e chineses” é mantida intacta pelo governo chines para que o povo chines se lembre e saiba.
Cuba devia sim seguir o modelo chines, abrir bolsões de economia de mercado experimentais, como a China fez nos anos oitenta e ir conduzindo um transição controlada, sem democracia e sem a presença de americanos, Cuba não deve reatar relações com os EUA e nem permitir a presença de empresas americanas em seu território, se não quiser virar prostíbulo de novo, como era nos anos cinqüenta.
Se quiser democracia, vai acontecer o que quase aconteceu com a Rússia de Yeltisin, então deve pensar nos interesses nacionais, no bem estar de seu povo que não necessariamente estão ligados a realização de eleições onde inimigos do pais possam vence-las.
Este modelo de democracia e livre mercado que esta ai no mundo ocidental de hoje não pode ser representativo de uma sociedade verdadeiramente prospera, na medida em que depende de que um único pais do mundo, os EUA, sustente a economia do resto através de um consumo ensandecido basado em credito fácil que depois leva as famosa “bolhas”.
sexta-feira, maio 28, 2010
A estratégia de defesa dos EUA
Por Luiz Guilherme Menezes Lopes
Uma pequena observação sobre as estratégias de defesa dos EUA
A política externa norte-americana começou a se tornar mais clara esta semana, e isso se deve ao anúncio da nova doutrina de segurança nacional dos EUA. No relatório, está expresso a idéia de que o pentágono reconhece a existência de outras nações capazes de também lidar com os problemas que envolvem a segurança e a paz mundial. Além dos EUA, Rússia, França e Inglaterra, julgam também, a China e a índia, que segundo eles, farão parte do grupo das potências mundiais no futuro, também como nações capazes de exercer políticas de alcance mundial, a ponto de tornar mais equilibradas as ações que visam a segurança e a paz no planeta.
Hoje, ironicamente, podemos constatar que os EUA exercem pressão internacional para evitar que outros países venham a desenvolver no futuro armas atômicas, mas, se voltarmos a um período do passado não muito distante, podemos constatar, também, que eles fecharam os olhos para o desenvolvimento das armas nucleares israelenses, e que, só agora, com a divulgação das pesquisas do historiador norte-americano Sasha Polakow-Suransky, podemos ter acesso às provas que documentam a existência de tais artefatos em Israel. O governo norte-americano começa a cair em contradição. Sua política externa sempre esteve voltada para os seus interesses, como também para os de alguns aliados viscerais, entre os quais, Inglaterra, Israel, Canadá, Japão e Austrália. Obviamente, existem outros aliados dos ianques no mundo, entretanto, sem a importância desses aí relacionados.
Voltando ao teor do relatório da nova doutrina de segurança dos EUA, tenho que revelar que eles tratam o Brasil como um país importante, mas jamais o tratam como potência do futuro, e de alcance global, e sim, apenas e simplesmente como nação de segundo escalão, comparável em poder e em alcance à Indonésia e África do Sul. Neste aspecto, podemos conceber a idéia de que está implícita a estratégia dos EUA de impedir que o Brasil possa alçar vôos mais altos, e a prova cabal disso que estou afirmando é a recente proposta de instalação de várias bases militares na Colômbia. Os norte-americanos já estão em território colombiano, e continuarão exercendo pressão com o propósito de construir mais bases na América do Sul, pleiteando permissões em países como a Bolívia, Paraguai e Peru.
As bases militares norte-americanas pelo mundo afora, que chegam quase a 1000, estão instaladas em regiões próximas ou limítrofes dos territórios dos seus “supostos e potenciais inimigos ou rivais”, e que, para aumentar a capacidade estratégica de suas tropas, políticos norte-americanos buscam argumentos dos mais diversos teores para conseguirem mais construções militares nos territórios periféricos e circunvizinhos dos países alvos. A proximidade de suas bases dos territórios dos seus rivais pode ser traduzida como economia de guerra, uma vez que estando mais próximas, haverão de conseguir uma redução do esforço de guerra, diminuindo o consumo de combustíveis para aeronaves e para carros de combate; com menor esforço e know-how tecnológico, em função de poderem ser utilizados mísseis de curto e médio alcance; e em virtude de também favorecer a cadeia e os itinerários de suprimento, em função de sua tropas estarem localizadas nas regiões próximas dos seus objetivos. Quanto mais próximas dos inimigos estiverem as bases, tanto menos custosa a guerra será. Essa é a estratégia de guerra dos EUA.
O governo do Brasil, através do seu competente corpo diplomático e por meio das relações comerciais estabelecidas com os países fronteiriços, tenta de todos meios fazer a política da boa vizinhança com os países sul-americanos, e reside exatamente aí, a justificativa da ajuda que temos concedido a países como o Paraguai, Bolívia e Peru no campo energético. Esses países devem ser tratados com todo o cuidado, em razão da premissa de que eles podem ser comprados a qualquer momento pelos ianques. Então, temos que trazê-los para nós.
Somente como ilustração, posso dizer que, da mesma forma que o traficante se aproxima dos pobres para cooptá-los como mulas para o tráfico, também os EUA se aproximam dos países mais pobres para os cederem espaço aéreo e território, e para permitirem também a construção de bases militares. Não podemos deixar que sejam cooptados, e para isso, temos que ajudá-los como países irmãos, e trazê-los para nós.
O governo brasileiro tem agido bem, entretanto, deve ser mais agressivo na política da boa vizinhança, de forma que consiga trazer esses países menores e periféricos para o campo da nossa estratégia de defesa, a fim de que possamos dissuadir militarmente para evitar a invasão ianque.
Autor: Luiz Guilherme Menezes Lopes – militar inativo, historiador e adesguiano/SC
A direita, enfim, achou seu candidato
EDITORIAL CARTA MAIOR
Depois do Mercosul, o novo alvo de Serra é a Bolívia. Para azar do pré-candidato tucano e sorte do Brasil e do mundo, a era Bush chegou ao fim. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisá-lo das mudanças que estão em curso no mundo. Mas se o ex-governador de São Paulo decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido ele lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.
Editorial - Carta Maior
“A questão”, ponderou Alice, “é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem tantas coisas diferentes”.
“A questão”, replicou Humpty Dumpty, “é saber quem é que manda. É só isso”.
Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas (cap.6).
As declarações do ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusando o governo boliviano de ser “cúmplice de traficantes”, além de levianas e irresponsáveis, podem acabar se voltando contra o próprio autor. Pela lógica da argumentação de Serra, não seria possível a exportação de cocaína a partir da Bolívia sem a conivência e/ou participação das autoridades daquele país. Bem, se é assim, alguém poderia dizer também que Serra é cúmplice do PCC (Primeiro Comando da Capital), da violência e do tráfico de drogas em São Paulo. “Você acha que toda violência e tráfico de drogas em São Paulo seria possível se o governo de lá não fosse cúmplice?” – poderia perguntar alguém, parafraseando Serra.
Neste mesmo contexto, cabe lembrar ainda as declarações do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em 2007 no Brasil, que, em um depoimento à Justiça Federal em São Paulo, disse: “Para acabar com o tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos)”. As denúncias de um traficante valem o que ele vale. Neste caso valeram, ao menos, o interesse da Justiça Federal em investigar a possibilidade de ligação entre o tráfico de drogas e a corrupção policial, possibilidade esta que parece não habitar o horizonte de Serra. O pré-candidato foi governador de São Paulo, mas afirma não ter nada a ver com isso. A culpa é da Bolívia.
Há método na aparente loucura do pré-candidato do PSDB. O fato de ter repetido as acusações levianas contra o governo de um país vizinho – e amigo, sim – do Brasil mostra que Serra acredita que pode ganhar votos com elas. Trata-se de um comportamento que revela traços interessantes da personalidade do pré-candidato e da estratégia de sua candidatura. Em primeiro lugar, mostra uma curiosa seletividade geográfica: em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como “cúmplice do narcotráfico”. Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia. Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados “amigos” do governo brasileiro.
Em segundo lugar, mostra uma postura irresponsável do pré-candidato, tomando a palavra aí em seu sentido literal, a saber, aquele que não responde por seus atos. Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema? Imagine, Sr. Serra, 200 pessoas sob o efeito do crack gritando sob a sua janela, numa madrugada interminável ... Surreal? Na Cracolância é normal. E isso ocorre na sua cidade, não na Bolívia. Ocorre na capital do Estado onde o senhor foi eleito para governar e trabalhar para resolver, entre outros, esse tipo de problema. Mas é mais fácil, claro, acusar outro país pelo problema, ainda mais se esse outro país for governado por um índio.
E aí aparece o terceiro e mais perverso traço da estratégia de Serra: um racismo mal dissimulado. Quem decide apostar na estratégia do vale-tudo para ganhar um voto não hesita em dialogar com toda sorte de preconceito existente em nossa sociedade. Acusar o governo de Evo Morales de ser cúmplice do tráfico, além de ignorar criminosamente os esforços feitos atualmente pelo governo boliviano para combater o tráfico, aposta na força do preconceito contra Evo Morales, que já se manifestou várias vezes na imprensa brasileira por ocasião das disputas envolvendo o gás boliviano. Apostando neste imaginário perverso, acusar um índio boliviano de ser cúmplice do tráfico de drogas parece ser “mais negócio” do que acusar um branco de classe média que sabe usar boas gravatas. Alguém com Álvaro Uribe, por exemplo...
E, em quarto, mas não menos importante lugar, as declarações do pré-candidato tucano indicam um retrocesso de proporções gigantescas na política externa brasileira, caso fosse eleito presidente da República. Mais uma vez aqui, há método na loucura tucana. Não é por acaso que essas declarações surgem no exato momento em que o Brasil desponta como um ator de peso na política global, defendendo o caminho do diálogo e da negociação ao invés da via das armas, da destruição e da morte. Como assinala José Luís Fiori em artigo publicado nesta página:
A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potencia global e usará sua influência para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França (...) O jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
As últimas linhas do texto de Fiori resumem o que está por trás da estratégia de Serra de chamar o Mercosul de “farsa”, de acusar o governo da Bolívia de cumplicidade com o tráfico, de criticar a iniciativa do governo brasileiro em ajudar a evitar uma nova guerra no Oriente Médio. Curiosa e tristemente, essa estratégia, entre outros lamentáveis problemas, sofre de um atraso histórico dramático. Para azar de Serra e sorte do Brasil e do mundo, a doutrina Bush chegou ao fim. No dia 27 de maio, o governo dos EUA anunciou sua nova doutrina de segurança nacional que abandonou o conceito de “guerra preventiva” como elemento definidor da estratégia da política externa norte-americana. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisar ao pré-candidato tucano das
mudanças que estão em curso no mundo, especialmente do final da era Bush. Mas se ele decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.
quarta-feira, maio 26, 2010
Um acordo e seis verdades
Autor(es): José Luís Fiori
Valor Econômico - 26/05/2010
"A mediação bem sucedida de Lula com o Irã alçaria o Brasil no cenário mundial." O Globo, 16 de maio de 2010, p. 38.
Na terça feira, 18 de maio de 2010, foi assinado o Acordo Nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã, que dispensa maiores apresentações. E como é sabido, quarenta e oito horas depois da assinatura do Acordo, os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU, uma nova rodada de sanções ao Irã, junto com a Inglaterra, França e Alemanha, e com o apoio discreto da China e da Rússia.
Apesar da rapidez dos acontecimentos, já é possível decantar algumas verdades no meio da confusão: 1) A iniciativa diplomática do Brasil e da Turquia não foi uma "rebelião da periferia", nem foi um desafio aberto ao poder americano. Neste momento, os dois países são membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e desde o início contaram com o apoio e o estímulo de todos os cinco membros permanentes. Além disso, as diplomacias brasileira e turca estiveram em contato permanente com os governos desses países durante a negociação. A Turquia pertence à OTAN, e abriga em seu território armas atômicas norte-americanas. E o presidente Lula recebeu carta de estímulo do presidente Barack Obama, duas semanas antes da assinatura da visita de Lula, e a secretária de Estado norte-americana declarou - na véspera do Acordo - que se tratava da "última esperança" de solucionar de forma diplomática a "questão nuclear iraniana".
2) O que provocou surpresa e irritação em alguns setores, portanto, não foram as negociações, nem os termos do acordo final, que já eram conhecidos. Foi o sucesso do presidente brasileiro que todos consideravam impossível ou muito improvável. Sua mediação viabilizou o acordo, e ao mesmo tempo descalçou a proposta de sanções articulada pela secretária de Estado americana depois de sucessivas concessões à Rússia e à China. E, além disso, criou uma nova realidade que já escapou ao controle dos Estados Unidos e seus aliados, e do Brasil e Turquia.
3) A reação americana contra o Acordo foi rápida e ágil, mas o preço que os Estados Unidos pagarão pela sua posição contra esta iniciativa pacifista será muito alto. Perdem autoridade moral dentro das Nações Unidas e perdem credibilidade entre seus aliados do Oriente Médio, com a exceção de Israel, por razões óbvias. E já agora, passe o que passe, o Brasil e a Turquia serão uma referência ética e pacifista, em todos os desdobramentos futuros deste contencioso.
4) Existe consenso que a estrutura de governança mundial estabelecida depois da II Guerra Mundial, e reformulada depois do fim da Guerra Fria, já não corresponde à configuração do poder mundial. Está em curso uma mudança na distribuição dos recursos do poder global, mas não se trata de um processo automático, e dependerá muito da capacidade estratégica e da ousadia dos governos envolvidos nesse processo de transformação. O Oriente Médio faz parte da zona de segurança e interesse imediato da Turquia, mas no caso do Brasil, foi a primeira vez que interveio numa negociação longe de sua zona imediata de interesse regional, envolvendo uma agenda nuclear, e todas as grandes potências do mundo. A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potência global e usará sua influência para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França e, também, com relação aos países do Bric.
5) O acordo seguirá sendo a melhor chance para prevenir um conflito militar em todo o Oriente Médio. As sanções em discussão são fracas, já foram diluídas, não são totalmente obrigatórias, e não atingirão a capacidade de resistência iraniana. Pelo contrário, se foram aprovadas e aplicadas, liberarão automaticamente o governo do Irã de qualquer controle ou restrição, diminuirão o controle norte-americano e da AIEA, acelerarão o programa nuclear iraniano e aumentarão a probabilidade de um ataque israelense. Porque os Estados Unidos já estão envolvidos em duas guerras, e não é provável que a OTAN assuma diretamente esta nova frente de batalha, a despeito do anti-islamismo militante, dos atuais governos de direita, da Alemanha, França e Itália.
6) Por fim, o jornal "O Globo" foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
terça-feira, maio 25, 2010
Presidente da Telebrás diz que operadoras
Presidente da Telebrás diz que operadoras
privadas falharam na banda larga popular
Executivo diz que as empresas "sempre reclamaram"
André Sartorelli, do R7.Texto: ..
Banda larga é cara e chega a 50% das cidades
Telebrás é aposta de Lula para a banda larga
..Rogério Santanna, presidente da Telebrás - empresa estatal reativada pelo governo para gerenciar o Plano Nacional de Banda Larga - criticou nesta terça-feira (25) o serviço de internet rápida oferecido pelas operadoras privadas. Durante o Conip 2010 (Congresso de Inovação e Informática na Gestão Pública), em São Paulo, ele disse que a criação do Plano aconteceu também porque as empresas privadas por si só não popularizaram a oferta de internet a preços acessíveis.
- Procure o pacote de banda larga a R$ 29 no site da Telefônica para ver se é fácil de achar. As companhias não vão canibalizar seu próprio negócio.
Mesmo assim, ele diz que o governo continua disposto a discutir com as empresas para atender aos interesses público e privado.
- O choro é livre. As operadoras sempre reclamaram. Isso já era esperado, mas elas [as empresas privadas] devem achar seu espaço no processo [de implantação do plano].
Santanna era secretário de logística e tecnologia do Ministério do Planejamento e um dos principais porta-vozes do governo durante a elaboração do plano.
O PNBL foi lançado oficialmente em 5 de maio e tem o objetivo de popularizar a internet rápida no país, principalmente nos locais em que não há atuação das companhias telefônicas privadas.
Até 2014, o governo pretende triplicar o acesso à internet por banda larga no país e quadruplicar o número de domicílios com o serviço disponível numa velocidade igual ou superior a 512 kbps. A ideia é saltar dos atuais 12 milhões de domicílios para 40 milhões, baixando o preço do serviço para apenas R$ 15, nos casos em que sejam adotados incentivos fiscais.
Nos casos em que os incentivos não sejam adotados, a expectativa do governo é que o preço fique entre R$ 29 e R$ 35, valor que varia em função da cobrança ou não de ICMS.
Com esse perfil, a expectativa é de que 35,2 milhões de domicílios tenham acesso à banda larga. Atualmente, o país tem apenas 12 milhões de domicílios com acesso, na velocidade máxima de 256kbps, a preços que variam de R$ 49 e R$ 96.
Santanna justificou a recriação da Telebrás e voltou a dizer que a estatal não servirá como cabide de empregos.
- Será uma companhia enxuta. Dizem que terá 500 cargos de confianças, mas esse número deve ser a quantidade máxima de funcionários totais.
Questionado sobre a velocidade de 512 kbps ser ainda limitada para o que se espera de um serviço eficiente de banda larga, o executivo falou que as diretrizes do plano foram feitas a partir da realidade brasileira e explicou que a Telebrás deve estabelecer padrões para o modem, de forma que se permita controlar essa velocidade.
- Isso já é feito em escolas públicas. Não dá para ser como é hoje em que o cliente recebe apenas 10% da velocidade contratada.
O presidente da Telebrás disse que as definições do PNBL não são exageradas e as metas devem ser cumpridas. Para ele, o maior desafio foi aprovar o plano junto ao governo. Os próximos passos são o preparo da rede de fibras óticas.
O plano definiu que as redes do Sudeste e Nordeste terão prioridade por serem, respectivamente, as regiões com estrutura já muito bem estabelecida e com maior necessidade de expansão devido à demanda dos municípios nordestinos, os mais afetados pela escassez de internet rápida.
No final de abril, o governo anunciou que a ideia de levar banda larga a 300 cidades ainda neste ano foi revista. O número apresentado é de cem cidades. O objetivo de atingir 23 capitais passou para 17 e os pontos públicos, que seriam 150, ficarão em cem.
A justificativa é que a redução foi necessária porque não haverá nenhuma complementação dos recursos já disponíveis para o Plano Nacional de Banda Larga, além dos R$ 280 milhões disponibilizados para a Telebrás no final de 2008 e das verbas disponíveis nos ministérios para a inclusão digital.
Sem medo de crescer
Amir Khair[1]
Desde 2004 vem ocorrendo uma estratégia de desenvolvimento econômico baseada na utilização mais intensa do potencial de consumo do País. Contribuem para isso os aumentos do salário mínimo, políticas de distribuição de renda, crédito consignado e política agressiva dos bancos oficiais na oferta de crédito a taxas de juros mais baixas. Isso levou à percepção de que o País poderá atravessar um longo período de crescimento econômico próximo a 5% ao ano. Essa percepção está levando as empresas locais e do exterior a investirem aproveitando as oportunidades criadas pela elevação do consumo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2004 a 2008, o crescimento anual médio do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo foi 4,8%. Em 2009 recuou 0,2%. Para manter essa média de 4,8% o crescimento neste ano teria que ser de 10,1%. Os dados preliminares do Banco Central (BC) para o primeiro trimestre apontam para um crescimento anualizado de 9,9%. As previsões são menores nos próximos trimestres, resultando num crescimento entre 7% a 8% para 2010.
Como não estamos acostumados com crescimentos desta ordem é natural que surjam preocupações com uma retomada da inflação. Para tentar esfriar o consumo, o BC já iniciou o processo de elevação da Selic e o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) ampliou o corte inicial das despesas orçamentárias para R$ 31,8 bilhões, incluindo o corte recém anunciado de R$ 10 bilhões.
Creio que o impulso da demanda não será contido pela ação do BC e do MPOG. Fora o investimento que está bombando, o que impulsiona o crescimento econômico é o consumo, sendo as famílias responsáveis por 75% dele e o governo 25%. Vejamos cada um desses componentes.
1. Consumo das famílias - o que comanda o consumo das famílias é a massa salarial e a oferta de crédito. A massa salarial responde ao nível de emprego que poderá crescer acima de dois milhões no saldo de novos trabalhadores com carteira assinada neste ano, e os rendimentos médios deverão apresentar ganhos acima da inflação.
A oferta de crédito pode atingir uma expansão de 20% neste ano e as taxas de juros ao consumidor, dado o alto spread bancário, se descolaram da Selic, ou seja, ela pode subir, mas as taxas na ponta do consumo não se mover. Por trás disso está o interesse do sistema financeiro em ofertar crédito seguindo o exemplo dos bancos oficiais que obtiveram bons lucros com ampliação de mercado.
Portanto, não creio que se possa contar com redução do consumo das famílias.
2. Consumo do governo – representa 25% do consumo total, dos quais 57% do governo federal. Os 43% das despesas dos Estados e Municípios acompanham normalmente a evolução das receitas, que estão subindo em níveis semelhantes às do governo federal: 12% acima da inflação. Portanto, Estados e Municípios ao invés de contribuírem para diminuir a pressão do consumo, irão aumentá-la. Mas digamos conservadoramente, que sejam neutros. No governo federal existe forte engessamento do orçamento, devido a vinculações constitucionais ligando despesas a receitas, além, de compromissos incompressíveis com a Previdência Social, ameaçada pelo Congresso de mais despesas com os reajustes de aposentadorias e fim do fator previdenciário. Assim, no máximo 10% da despesa pode ser comprimida sem afetar os investimentos. Nessas condições a contribuição do setor público seria de apenas 1,4% do consumo total. Caso os Estados e Municípios utilizem integralmente sua arrecadação para despesa, por se tratar de ano eleitoral, a participação do setor público seria anulada.
A conclusão que se poderia tirar é que, essa política de por o pé no freio, é inócua e o risco é ter uma inflação tendendo ao limite superior da meta de 6,5%. Não creio, no entanto, que isso vá ocorrer.
O pressuposto para a conclusão de que a inflação tenderá ao limite superior da meta é a de que a oferta interna não conseguiria acompanhar a velocidade de expansão do consumo. Há que considerar, no entanto, que segundo o IBGE, de 2004 a 2009, o PIB cresceu 4,0% na média por ano, o consumo 4,6% (5,2% nas famílias e 3,2% no governo). O diferencial entre produção e consumo foi coberto pelo crescimento de 10,5% nas importações. Mas, o importante é que os investimentos, de olho na expansão do consumo das famílias, cresceram 6,3%, portanto, estão contribuindo para elevar a capacidade de produção do País e permitir a ampliação da oferta interna.
De fato, o nível de utilização da capacidade instalada, usado nas análises como sinalizador de risco inflacionário, se ultrapassar um nível que consideram perigoso, não parece preocupar, pois segundo dados da Confederação Nacional da Indústria atingiu na média deste primeiro trimestre 81,6%, a mesma do período 2004/2008, período de bom crescimento econômico.
Mas se as empresas contribuem para elevar a oferta, o BC tem trabalhado na direção oposta à redução da inflação. O nível elevado da Selic e seu anunciado crescimento atuarão sobre as decisões do setor privado, que ao calcular a taxa de retorno de seu investimento podem constatar que vale mais a pena postergá-lo, usando sua disponibilidade financeira em aplicações em títulos do governo federal. Assim, pode ser afetada parte do potencial de investimentos do setor produtivo, criando problemas futuros de redução de oferta e, portanto, de inflação.
Há que considerar, também, que a elevação da Selic, cria um gasto adicional de governo e eleva a demanda. Para os aplicadores que ganham com essa elevação, há um aumento do consumo pelo efeito riqueza.
Sob o aspecto da formação das expectativas, o BC ao agir de forma conservadora, prevendo a formação de uma inflação futura, pode induzir os agentes econômicos a se antecipar ao cenário da inflação projetada, com consumidores antecipando compras e empresas tentando remarcar preços. É a contra-teoria das expectativas, que pode estar ocorrendo quando existe um BC considerado como um dos mais conservadores do mundo.
Felizmente, além dessas considerações de caráter interno, tem-se uma situação ímpar no mundo devido à crise. Neste e nos próximos anos se terá uma mega oferta internacional de bens e serviços devido à estagnação nos países desenvolvidos e sua pressão para exportação, facilitada pela depreciação estrutural de suas moedas. Além disso, a China aumentará a pressão para colocar produtos em mercados emergentes, como compensação parcial das perdas de exportação aos países desenvolvidos. Assim, não faltarão produtos do exterior para atender eventuais faltas de produtos produzidos localmente. E o que é importante, com qualidade e preços competitivos.
Crescimento maior neste ano é natural dada a fraca base de comparação, o que não se repetirá em 2011. Portanto, não creio que se terá ameaça de inflação por falta de produção ou de oferta externa neste e nos próximos anos. Pelo contrário, é a política de expansão do consumo que torna viável o crescimento em níveis mais elevados e sustentáveis, reduzindo custos de escala para as empresas, estimulando a produtividade e atiçando a competitividade. É daí que brotam os lucros para a poupança necessária aos investimentos, uma vez que 90% deles vêm das empresas.
Finalmente, face aos riscos crescentes de uma crise europeia mais séria, é melhor tirar logo o pé do freio e colocá-lo no acelerador. Sem medo de crescer.
sábado, maio 22, 2010
sexta-feira, maio 21, 2010
De como exercer a ousadia moral
Por Mauro Santayana
Velha teoria explica as guerras generalizadas como inevitável irritação da História: as situações envelhecem e se tornam insuportáveis, para estourar nos conflitos sangrentos. Alguns as veem como autorregeneração do mundo, ao contribuir para o equilíbrio demográfico. Outros a atribuem à centelha diabólica que dorme no coração dos homens e incendeia o ódio coletivo. O mundo finará sem que entendamos a fisiologia do absurdo. Para os humanistas, são repugnantes os massacres coletivos tanto como os assassinatos singulares.
De qualquer forma, a História tem como eixo a tensão permanente entre guerra e paz; entre a competição e o entendimento; entre o egoísmo que se multiplica no racismo e a solidariedade internacional. Uma coisa é inegável: quando os mais fortes querem, não lhes faltam argumentos trôpegos para justificar a agressão. La Fontaine soube reduzir esse comportamento no diálogo entre o lobo e o cordeiro. Quando o lobo quer, os filhos são responsáveis por falsas culpas dos pais e as águas sobem os rios.
É interessante registrar, no episódio da questão do Irã, algumas dúvidas que assaltam o homem comum. A primeira delas – e devo essa observação a um amigo – é a do direito de os possuidores das armas atômicas decidirem quem pode e quem não pode desenvolver a tecnologia nuclear. Mais ainda, quando o árbitro maior é o governo do país que a usou criminosamente, ao arrasar, sem nenhuma razão tática ou estratégica, duas cidades inteiras e indefesas do Japão. Reduzidas as dimensões do absurdo, podemos aceitar como lícitas as associações criminosas, como as dos narcotraficantes dos morros. Possuidores de bom armamento, impõem sua lei às comunidades e constroem sua própria legislação, cobram tributos e exigem obediência, sob a ameaça dos fuzis e da tortura. Chegaremos assim a uma sociologia política, abonada indiretamente por Weber e outros, que admite todo poder de facto, sem discutir sua legitimidade ética.
O momento histórico é de grande oportunidade para a Humanidade – e de grande perigo, também. A República dos Estados Unidos é um lobo ferido em suas entranhas. Por mais disfarcem o choque, a eleição de Barack Hussein Obama lanhou as glândulas da tradição conservadora da Nova Inglaterra. A águia encolheu suas asas. A maioria dos estados e, neles, a maioria dos eleitores, decidiu por um homem mestiço, filho de pai negro e mãe branca, nascido em uma colônia dissimulada em estado, o Havaí; e que passou o período mais importante da formação, o da adolescência, na Ásia: na Indonésia muçulmana e no arquipélago em que nasceu.
No inconsciente coletivo, os Estados Unidos já sentem a decadência, que se acelerou com o neoliberalismo. Eles poderão administrá-la com inteligência, integrando-se em uma Humanidade que necessita, com urgência, de novos parâmetros e de nova tecnologia, capazes de preservar a natureza, hoje em acelerada erosão, ou entrar em desespero. Se entrarem em desespero, conduzirão o mundo a nova guerra, mas isso não parece provável, diante da crescente consciência antibélica de seu povo.
Por enquanto os falcões parecem contar com a Europa e com a China, no caso do Irã. Mas não há, nos horizontes movediços de hoje, país suficientemente forte, capaz de impor-se aos demais. A Europa desce a ladeira, com sua bolsa de euros de barro, e a União Europeia se encontra ameaçada de fragmentação. A China é uma nebulosa impenetrável. O capitalismo financeiro descolou-se de qualquer compromisso ético, se é que o teve um dia. O sistema se torna mais selvagem quando se vale dos instrumentos tecnológicos de operação universal e instantânea.
É nesse momento que a presença do Brasil começa a impor-se no cenário internacional. Não temos armas atômicas, não dispomos de exércitos numerosos e bem equipados, mas somos chamados a manter o bom-senso, e manter o bom-senso é exercer a ousadia moral.
Digam o que disserem os quislings domésticos, o Brasil ganhou o respeito do mundo ao buscar a paz no Oriente Médio. Se contribuirmos para evitar o conflito, nosso será o mérito; se não houver o êxito, fica, na História, o testemunho de um esforço destemido e honrado – e não menos meritório.
quinta-feira, maio 20, 2010
ineficácia da Selic
Amir Khair[1]
Análises que abordam a política econômica avaliam as perspectivas para o País com relação à inflação, despesas governamentais, contas externas e crescimento econômico.
Uma visão vê com apreensão os desdobramentos do elevado consumo, a ritmo chinês, que não será atendido pela expansão da produção, causando inflação, déficits externos e, como as despesas governamentais tendem a crescer, especialmente em ano eleitoral, restaria como única saída, uma ação incisiva da autoridade monetária, impondo um freio ao crescimento da demanda via elevação da Selic. São contra qualquer restrição ao ingresso de capitais externos.
Outra visão vê no crescimento da demanda o indutor do crescimento econômico, que pode ser atendido pela oferta interna e externa sem causar inflação. A elevação das despesas públicas será inferior ao das receitas, devido ao maior crescimento econômico. A preocupação é com a elevação do déficit externo e as despesas com juros nas contas públicas pela elevação da Selic. Para combater o que consideram excesso de apreciação cambial, propõem a redução gradual da Selic para níveis internacionais e restrições ao ingresso de capitais externos em aplicações especulativas (ações e títulos), via elevação do IOF e/ou tempo mínimo de permanência desses ingressos.
Quanto à política cambial parece haver visões diferentes. Ao Banco Central interessa o câmbio apreciado, pois é uma boa âncora para a inflação. Ao Ministério da Fazenda e às empresas o câmbio deveria ser depreciado para ampliar exportações, reduzir importações e déficit externo.
Minha avaliação é que sob o aspecto fiscal, este ano deve ser melhor do que 2009, pois naquele ano o governo teve que atuar de forma contracíclica, ampliando suas despesas e sofreu perda de arrecadação. Várias análises estimam o resultado primário melhorando de 2,0% do PIB em 2009, para 2,5% neste ano. Essa melhora de 0,5 ponto percentual do PIB pode ser estimada em R$ 18 bilhões. Para o governo o superávit primário atingirá 3,3% do PIB e, nessas condições, o ganho fiscal atingiria R$ 46 bilhões.
É possível que ocorra uma elevação neste ano na despesa do governo federal em até R$ 13 bilhões (um Bolsa Família) caso a Selic cresça para 11,75% até o final de 2010. E mais, caso mantida nesse nível até o final de 2011, a gastança adicional seria de R$ 40 bilhões, o que vai na contra mão do esforço fiscal de contenção das despesas públicas.
A elevação da Selic beneficia os que aplicam em títulos do governo federal, amplia no mesmo montante suas despesas e prejudica todos os contribuintes que terão que pagar as perdas com a arbitragem nas aplicações pelos estrangeiros em títulos federais, considerada uma das melhores em rentabilidade, liquidez e segurança do mundo.
O mais grave, no entanto, é que a Selic não parece ser o instrumento adequado para conter a demanda, entre outras, por três razões: 1) pelo elevado spread bancário; 2) pelo descolamento com as taxas de juros ao consumidor e; 3) paradoxalmente, por elevar a demanda.
1ª razão: num país com taxa de juros básica de 1% e spread de 3%, portanto, com taxa ao consumidor de 4%, uma elevação na taxa básica de um ponto percentual (pp), mantido o spread, elevaria a taxa de juros ao tomador em 25% (5 dividido por 4). Aqui a taxa ao consumidor em março foi 41%. Um aumento na Selic de um pp, admitindo a manutenção do spread causaria um acréscimo na taxa de juros ao consumidor de 2,4% (42 dividido por 41), ou seja, o elevado spread praticamente anula a eficácia da política monetária.
2ª razão: O que impacta a demanda não é a Selic, mas os juros cobrados pelos bancos ao consumidor, que vêm caindo, apesar da perspectiva de aumento na Selic, já precificada pelo mercado. Entre dez/08 até o final de março deste ano a Selic caiu 5 pontos percentuais e a taxa de juros pessoa física caiu 17. Este descolamento é devido à política dos bancos oficiais de ampliar a oferta de crédito a taxas de juros mais baixas, à troca de empréstimos com taxas de juros mais elevadas pelo empréstimo consignado e à maior competição bancária para recuperar mercados perdidos pelos bancos privados durante a crise.
3ª razão: uma elevação da Selic aumenta a despesa do governo com juros, da mesma forma que um aumento no custeio e/ou no investimento. Isso eleva a demanda, tencionando a inflação.
Como a inflação neste primeiro trimestre foi atípica, e os fatores que a causaram estão cessando, não será surpresa se o Copom for elevando a Selic e a inflação for caindo a partir de maio, bem antes do tempo necessário, segundo o Banco Central, de 6 a 9 meses para surtir efeito a política de elevação da Selic.
O que comanda a demanda é a forte elevação da oferta de crédito e da massa salarial, que são causa e consequência da elevação do consumo. Portanto, também não será surpresa se a elevação da Selic não afetar o crescimento econômico, que se for até 8%, não será exagerado face à fraca base de comparação de 2009, quando retrocedeu 0,2%. A conferir.
quarta-feira, maio 19, 2010
Insistência em sanções revela natureza agressiva dos EUA
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, veio a público nesta terça-feira (18) para insistir mais uma vez na aplicação de sanções contra o Irã, por causa do programa de energia nuclear conduzido pelo país persa. A administração Obama procura assim retirar a importância das negociações que conduziram o Irã a fechar um importante acordo no último fim de semana com o Brasil e a Turquia sobre a questão nuclear.
Há cerca de oito meses a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) propôs de forma vaga ao governo iraniano a troca de urânio levemente enriquecido por combustível nuclear processado fora do Irã, uma proposta que teve o patrocínio dos Estados Unidos e seus aliados.
Leia também: Acordo sobre transferência de urânio do Irã será ampliado
O Irã reclamou que a AIEA não detalhou o acordo, nem dialogou sobre as quantidades de urânio envolvidas na troca e o local onde seriam realizadas, impedindo concretamente a assinatura de um acordo entre as duas partes, pois não teria salvaguardas que garantissem a entrega de combustível.
Postura do "não vi e não gostei"
Hillary mantém a pressão, brandindo as mesmas ameaças de sanções, e mais uma vez procura envolver Rússia e China no apoio às medidas contra o Irã.
“Esse anúncio" disse Hillary, "é a resposta mais convincente aos esforços ocorridos em Teerã nos últimos dias que poderíamos dar" bradou Hillary. A tal resposta revela de maneira esclarecedora que os Estados Unidos se negam a realizar qualquer tipo de diálogo com o Irã. Não há novidade nisso, na história da política externa americana. É uma manobra já utilizada em outras ocasiões, contra outros países que não se submetem ao jugo americano.
Ao longo dos últimos 20 anos, os Estados Unidos tem feito soçobrar de forma ininterrupta todos os esforços pela paz na Península Coreana, agindo de maneira semelhante ao modo como age contra o Irã.
Motivada pelas consequências econômicas negativas da perda dos seus parceiros de comércio do bloco soviético e de uma sequência de terríveis tempestades e secas, a Coreia do Norte procurou há mais de uma década normalizar as relações com os EUA.
Esta aproximação envolveria a remoção das sanções que Washington mantém contra Pyongyang há mais de cinquenta anos (embora algumas tenham sido levantadas parcialmente pela administração Bill Clinton) bem como o apoio dos EUA à admissão da Coreia do Norte em instituições multilaterais (o que Washington impede de todas as formas).
Diante das negativas dadas pelos Estados Unidos, restou para a Coreia do Norte apenas uma coisa que obrigaria os americanos a dialogarem: os receios de Washington em relação ao seu programa nuclear. Assim, de forma decidida, o governo norte-coreano jogou a sua carta nuclear. O Acordo "Quadro de 1994", que pôs termo à primeira crise nuclear da península, representou um início limitado mas promissor de melhores relações.
A RPDC prometeu congelar e desmantelar o seu programa nuclear. Em troca, o governo estadunidense concordou em fornecer novos e menos ameaçadores reatores baseados em água leve, pôr fim ao embargo e normalizar as relações.
No entanto, como é natural no imperialismo americano, os EUA quebraram seu compromisso. Apostando que as dificuldades econômicas levariam a RPDC a um colapso, a administração Clinton fez poucos esforços para vencer a oposição de um Congresso hostil à normalização ou para assegurar a construção dos novos reatores dentro dos prazos acertados.
Além disso, e graças em parte aos esforços da Coreia do Sul – e em particular ao histórico encontro entre o presidente sul-coreano Kim Dae Jung e o presidente norte-coreano Kim Jong Il em Pyongyang em junho de 2000, seguido quatro meses mais tarde pela visita da secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, a Pyongyang – uma melhoria real das relações entre as duas nações parecia possível.
No entanto, as administrações Bush e Obama fizeram tudo, até o momento, para sabotar estes progressos. Bush repudiou o "Acordo Quadro", criticou o sul coreano Kim Dae Jung pelos seus esforços no sentido da reconciliação e declarou a sua determinação em derrubar o governo da RPDC, que foi incluída no seu infame "eixo do mal".
Obama falou grosso, quando a RPDC realizou testes com mísseis considerados "ameaçadores". "As tentativas da Coreia do Norte de desenvolver armas nucleares, bem como seu programa de mísseis balísticos, constituem uma ameaça à paz e à segurança internacionais", trombeteou Obama em 2009.
Caminho contra Irã é semelhante
Em 23 de outubro de 2009, as agências anunciavam que os Estados Unidos aprovavam a proposta nuclear da AIEA para o Irã. Segundo nota reproduzida pelo vetusto "O Estado de S.Paulo", da mesma data, "os Estados Unidos aprovaram hoje a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para encerrar o impasse em torno do programa nuclear iraniano, informou a Casa Branca".
Dizia a nota que o regime americano dava o sinal verde à proposta do ex-diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, por meio de uma declaração do porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Mike Hammer. O acordo não foi viabilizado porque nenhuma outra negociação foi conduzida com o Irã, que pretendia algumas salvaguardas para garantir o sucesso do acordo.
Em abril deste ano Philip Crowley, porta-voz da diplomacia americana, declarou que os Estados Unidos ainda se interessavam pelo acordo de troca de urânio por combustível, "continuamos dispostos a propô-la se o Irã estiver interessado".
As salvaguardas seriam a troca do urânio em território iraniano e a especificação de quantidades e porcentagem de enriquecimento. Ainda, o Irã pretendia comprar urânio para enriquecê-lo.
Sem urânio
As atuais reservas do mineral estão praticamente esgotadas no país, segundo o consultor brasileiro da AIEA, Leonam dos Santos Guimarães. "Há muito tempo que o Irã trabalha com a mesma quantidade de combustível. Eles têm um estoque limitado, resultado de extração de uma pequena mina, hoje esgotada, e de compras passadas", comenta.
"Entre outubro e agora, eles simplesmente não tiveram como aumentar seu estoque, até porque ninguém vendeu urânio ao Irã nesse tempo. Não dá para gerar urânio a partir de nada. É verdade que o urânio que eles têm pode ter sido mais enriquecido, mas a quantidade não tem como aumentar. Esse argumento insinua a possibilidade de o Irã continuar a fabricar uma arma nuclear com um estoque de urânio escondido, mas isso é totalmente falso", opina o consultor, em entrevista dada ao site Opera Mundi.
Atitudes incoerentes
Antes da reunião entre os três países — Brasil, Irã e Turquia — no último fim de semana, a chancelaria americana martelou na mídia que o Irã "não desejava dialogar" nem "mudar de postura". Fontes do governo americano chegaram a dizer que seria a "última chance" do Irã na questão.
Hillary fez questão de destratar os esforços pelo diálogo e pela diplomacia, afirmando na última sexta-feira que "a conversa entre o presidente Lula e o presidente [russo] Medviédev em Moscou ilustrou a montanha que os brasileiros estão tentando escalar. Eu disse a meus colegas em muitas capitais do mundo que eu acredito que não teremos nenhuma resposta séria dos iranianos até que o Conselho de Segurança aja".
O acordo obtido por Lula com o Irã demonstrou que, por meio do diálogo sincero, é possível escalar qualquer montanha, desde que exista vontade política para isto. O Irã demonstrou que está aberto à diplomacia e à negociação honesta, enquanto os Estados Unidos, ao insistirem na aplicação de sanções, mostram claramente seu empenho de destruir a soberania do Irã, com o que estão provocando e alimentando tensões e crises na região do Oriente Médio, com reflexos em todo o mundo.
Da redação, com agências
Como o partido da mídia brasileira se torna exército contra Dilma
Não há nessa afirmação nenhuma surpresa. Foi assim nas cinco eleições diretas anteriores, após o ciclo militar, marcadas por uma constante: a presença do PT na disputa com um candidato competitivo.
Por Maurício Dias, no site da CartaCapital
Esse é o fator que tem desequilibrado o jornalismo brasileiro no momento do mais importante ritual das democracias políticas.
Recentemente, o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara, propôs, esperançoso, a criação de um “conselho de autorregulamentação”, com o objetivo de obter “um equilíbrio no comportamento da mídia”.
“Isso impede a partidarização ou cobertura dirigida, principalmente quando o processo eleitoral é polarizado”, observou o parlamentar.
Não há conselho igual a esse em lugar nenhum do mundo. É verdade. Mas, também, em lugar nenhum do mundo vinga uma mídia — jornal, revista, radio e televisão — dirigida por uma única orientação: o candidato do PT não pode vencer.
Não se trata aqui de contestar posições políticas mais ou menos conservadoras de todos os grandes veículos de comunicação. Mas, sim, de lamentar a inexistência de pluralismo de informação, da diversidade de opinião que permita ao leitor julgar, avaliar e decidir.
Seria possível repetir o que Annita Dunn, diretora de Comunicações da Casa Branca, disse sobre a Fox News: “Ela opera praticamente (...) como o setor de comunicações do Partido Republicano”.
A senhora Dunn chora de barriga cheia. Lá, bem ou mal, existe diversidade. Por aqui a imprensa brasileira, como admitiu Judith Brito, presidente do Conselho Nacional de Jornais (CNJ), está “tomando de fato a posição oposicionista, já que a oposição está profundamente fragilizada”.
Essa afirmação leva água para o moinho daqueles que, crentes no discurso da isenção e da imparcialidade, chegam à beira de um compreensível desespero e a um passo de injustificáveis reações autoritárias. A proposta de monitoramento da imprensa é uma delas.
“Há certa resistência, da parte dos jornalistas, em admitir a legitimidade da análise de mídia. Ainda são poucos os observatórios e analistas, e os próprios meios dedicam pouco espaço ao tema, as exceções confirmando a regra pelo barulho que provocam — como foi o caso da reportagem de CartaCapital sobre o episódio da divulgação das fotos do dinheiro apreendido pela Polícia Federal, em 17 de outubro.” Essa é a constatação do estudo sobre a imprensa nas eleições de 2006, feito pelo Instituto Doxa, do Iuperj, sob orientação do cientista político Marcus Figueiredo.
Naquele ano, em busca da reeleição, Lula enfrentou um problema que Figueiredo aponta com coragem e clareza: “Os grandes jornais de circulação nacional, no Brasil, adotam um híbrido entre os dois modelos de pluralismo: formalmente, no discurso ético de autoqualificação diante dos leitores, procuram associar-se aos conceitos e rituais de objetividade do jornalismo americano, como é possível constatar nos slogans, diretrizes oficiais, manuais de redação, cursos de jornalismo. No entanto, na produção do impresso diário, o que vimos são diferenças no tratamento conferido aos candidatos, de amplificação de certos temas negativamente associados a Lula, contraposto à benevolência no tratamento de temas espinhosos relacionados aos seus adversários”.
E tudo tende a se repetir, em versão piorada e ampliada, com Dilma Rousseff na medida em que a eleição de 2010 se avizinha.
Altamiro Borges: mídia oculta os crimes dos ruralistas
A Agência Câmara noticiou nesta semana que a Polícia Federal ouviu os depoimentos de três ex-diretores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entidade vinculada aos ruralistas, suspeitos de fraudes em licitações que causaram rombo de R$ 10 milhões aos cofres públicos.
Por Altamiro Borges, em seu blog
A mídia hegemônica, que clamou pela instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) contra o MST, simplesmente evitou tratar do assunto. Ela faz alarde contra as entidades ligadas à reforma agrária, mas silencia totalmente sobre as falcatruas dos barões do agronegócio.
A reportagem revela que o esquema foi descoberto durante a “Operação Cartilha”, desencadeada em fevereiro passado. “Um dos ouvidos, segundo informações da PF, foi indiciado por formação de quadrilha e fraude em licitação. A Polícia Federal não revelou os nomes dos ouvidos e nem quem foi indiciado. Prestaram depoimento ao delegado Irene Pereira, esposa do deputado federal Homero Pereira (PR) e outros dois ex-diretores do Senar. Sendo que ela foi indiciada”. Irene e outros cinco executivos sob investigação sigilosa faziam parte da alta gerência do Senar.
Desvio para a campanha eleitoral?
A “Operação Cartilha” foi solicitada pela Controladoria-Geral da União para apurar o desvio de materiais destinados ao Programa de Formação Rural do Senar. A CGU estima que o prejuízo ao erário seja de R$ 9.926.601,41. “Investigações da PF indicam que contratações de entidades sem fins lucrativos visavam, na realidade, favorecer empresas do ramo gráfico de Brasília”. Inúmeras contratações foram executadas sem licitações e com preços superfaturados. Há suspeitas de que o dinheiro seria desviado para as campanhas eleitorais de candidatos vinculados aos ruralistas.
Esta não é a primeira, nem será a última, denúncia envolvendo os barões do agronegócio, que se travestem de “paladinos da ética” e lideram a histeria contra os subsídios públicos concedidos às entidades vinculadas à reforma agrária. O Senar, administrado pelas federações estaduais filiadas à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pela fascistóide Kátia Abreu, gerencia milhões de reais dos cofres públicos sem qualquer transparência. Levantamento recente confirma os seguintes valores doados às entidades ruralistas para a “qualificação dos produtores rurais”:
- Senar/Acre – R$ 978.854,63
- Senar/Alagoas – R$ 778.188,26
- Senar/Amazonas – R$ 663.270,90
- Senar/Amapá – R$ 426.151,81
- Senar/Bahia – R$ 2.171.477,38
- Senar/Ceará – R$ 3.782.325,73
- Senar/Distrito Federal – R$ 352.188,11
- Senar/Espírito Santo – R$ 411.689,98
- Senar/Goiás – R$ 1.634.195,00
- Senar/Maranhão – R$ 1.670.632,30
- Senar/Minas Gerais – R$ 11.274.446,00
- Senar/Mato Grosso do Sul – R$ 1.752.641,00
- Senar/Mato Grosso – R$ 3.813.263,87
- Senar/Pará – R$ 1.517.276,68
- Senar/Paraíba – R$ 184.633,07
- Senar/Pernambuco – R$ 400.000,00
- Senar/Piauí – R$ 345.638,43
- Senar/Paraná – R$ 6.710.444,31
- Senar/Rio de Janeiro – R$ 1.105.468,25
- Senar/Rio Grande do Norte – R$ 318.511,33
- Senar/Roraima – R$ 502.979,08
- Senar/Rondônia – R$ 1.047.509,27
- Senar/Rio Grande do Sul – R$ 4.817.230,00
- Senar/Santa Catarina – R$ 2.838.636,77
- Senar/Sergipe – R$ 609.533,90
- Senar/São Paulo – R$ 9.625.122,90
- Senar/Tocantins – R$ 650.523,70.
Kátia Abreu sob suspeição
Este enorme volume de recursos, porém, geralmente não é destinado à formação dos produtores. Ele serve, inclusive, para o pagamento de altos salários aos dirigentes das entidades ruralistas – o que é ilegal. A Federação da Agricultura de São Paulo, por exemplo, já foi condenada a devolver um milhão de reais, desviados para o pagamento de diárias dos seus dirigentes. As entidades dos ruralistas do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul também já estão sob investigação.
No caso da federação dos ruralistas do Tocantins, presidido por Kátia Abreu entre 1995-2005, as suspeitas são ainda mais graves. O Tribunal de Contas da União (TCU) já questionou a prestação de contas do Senar e até convocou Kátia Abreu para esclarecimentos. O caso é tão sinistro que a própria CNA, antes da eleição da senadora para sua presidência, decretou intervenção na unidade do Tocantins.
A sujeira parece ser brava. Mas a mídia prefere ocultar os crimes dos ruralistas – inclusive porque Kátia Abreu é sondada para ser vice na chapa do demo-tucano José Serra.
segunda-feira, maio 17, 2010
Pedágios: O paulista paga mais
Evaristo Almeida
O Estado de São Paulo tem 21.000 quilômetros de rodovias estaduais. Desses 5.215 estão sob concessão privada. Cerca de 25% das rodovias do Estado estão pedagiadas. São 18 concessionárias que exploram o serviço, em 237 praças de pedágio .
Quando comparadas as tarifas pagas em São Paulo com as pagas nas concessões federais, nas rodovias da Flórida, do Estado de Nova Iorque e da Itália, fica patente que os preços dos pedágios paulistas estão entre os mais caros do mundo.
Nas concessões federais, realizadas em 2007, a diferença entre os pedágios de São Paulo e os federais, chega a ser 10 vezes maior, como no caso do preço do pedágio cobrado na Rodovia Anchieta com a Rodovia Fernão Dias. Enquanto no primeiro, o custo por quilômetro para o usuário é de R$ 0,159 na rodovia federal é de apenas R$ 0,0157.
Na rodovia Florida’s Turnpike , o preço por quilômetro rodado é de R$ 0,076, enquanto a média nas rodovias paulistas é de R$ 0,111, ou 46% superior ao da rodovia estadunidense.
Na rodovia New York State Thruway, o preço por quilômetro é de R$ 0,0508, enquanto na média as rodovias paulistas são 118% maiores do que a desse estado dos Estados Unidos .
A Itália tem 654.676 quilômetros de rodovias, desses 5.689 estão sob concessão privada, o que representa 0,86% do total de rodovias.
A concessionária Autostrade Per Italia, é a maior concessionária da Europa, com 3.413,4 quilômetros de rodovias, 12% de toda rede européia . Ela tem 60% das concessões italianas.
O custo por quilômetro para rodar nas rodovias sob concessão dessa empresa é de 0,05710 euros, o equivalente a R$0,1340 . Na média as rodovias italianas são 20% mais caras do que as paulistas, mas individualmente, as rodovias Anchieta (R$0,159), Imigrantes (R$0,152) e Castello Branco (R$0,145) são mais caras do que as rodovias italianas, a Bandeirantes (R$0,135) e a Anhanguera (R$0,132) tem valores próximos aos da Itália. O detalhe é que a concessionária italiana construiu com recursos próprios a sua rede de rodovias, conforme consta no seu sítio , o mesmo não ocorrendo nas paulistas.
Quando o pedágio incide sobre veículos de carga, os pedágios paulistas são mais caros dos que os italianos. Na classe 5 italiana, que é a maior tarifa cobrada, que abrange veículos de 5 a 8 eixos, a tarifa de montanha que é a mais cara, custa € 0,1624 ou R$ 0,3813 por quilômetro. Na média as rodovias paulistas custam R$ 0,6660 (R$0,111 x 6), ou 74% maior para um caminhão de 6 eixos. Na Rodovia Anchieta esse custo é de R$ 0,952, ou 149% maior, na Imigrantes o custo é de R$ 0,912, na Castello Branco R$ 0,87 e na Bandeirantes R$ 0,81. Somente no Rodoanel trecho oeste o preço é inferior aos das rodovias italianas.
Para se ter uma idéia do que isso representa, um caminhão com 6 eixos, que sai de Bari e vai até Milano, percorrendo 874,5 quilômetros, paga € 121,90 ou R$ 286,06. Um caminhão similar, partindo de São Paulo e fazendo o percurso de ida e volta, o que dá 880 quilômetros até São José do Rio Preto, deixa R$ 710,40 nos pedágios paulistas. Em São Paulo para percorrer uma distância equivalente, se paga duas vezes e meia mais do que na Itália.
Isso demonstra que no Estado de São Paulo, há redução da produtividade no frete, o “custo São Paulo”, pois um caminhão paga pedágio mais caro do que nas rodovias italianas. Isso indica que o consumidor paulista e brasileiro é mais penalizado do que o italiano, pois o preço do frete é repassado para o custo das mercadorias. Se for levar em conta a renda média da população italiana, que é em média três vezes superior à paulista, esse peso fica ainda maior .
Outro dado importante é que menos de 1% das rodovias italianas são pedagiadas e que é a concessionária quem constrói a rodovia para depois cobrar pedágio. Em São Paulo 25% da malha está sob concessão, as rodovias foram construídas com recursos públicos, oriundos de impostos e o Estado ainda cobra ônus por essa concessão que é repassada ao usuário, embutido na tarifa. Assim, o paulista paga duas vezes; para construir e usar a rodovia.
Pelos dados comparativos fica evidenciado de que em São Paulo, o pedágio está entre os mais caros do mundo.
Com a palavra o responsável pelo Programa Estadual de Desestatização - PED, Geraldo Alckmin, que implantou esse modelo no Estado de São Paulo em 1998 e José Serra, cujas concessões no ano de 2008, mantiveram as tarifas de pedágio caras.
NOTAS
Texto feito para ser apresentado na reunião do Setorial Nacional de Transportes do PT, o que acabou não ocorrendo por falta de agenda.
Coordenador do Setorial de Transportes e Mobilidade Urbana do PT.
O Estado de São Paulo tem 248.209,426 km², com uma população de 42.068.063, segundo dados da Fundação Seade.
O método, inclusive utilizado pelo IPEA, para definir o número de pedágios é contar as praças bidirecionais como dois, visto que cobra a tarifa nos dois sentidos e as praças monodirecionais, como um. Por esse método e segundo dados divulgados pela Artesp, São Paulo tem 237 praças de pedágio atualmente. Esse número não é estático, visto que novas praças continuam a ser abertas. No Estado de São Paulo são 133 pontos de cobrança de pedágio, sendo 102 bidirecionais e 31 monodirecionais.
Tanto a Florida’s Turnpike, como a New York State Thruway, são geridas por empresas estatais. Pelo visto nos Estados Unidos não há o preconceito demonstrado contra empresas estatais, pelo PSDB, DEM e a grande imprensa brasileira. Pelo visto, os estadunidenses, seguem a máxima de Mao Tsé Tung, “não importa a cor do gato, o que importa é se ele caça ratos”.
A renda per capita dos Estados Unidos, segundo dados do PNUD no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009, são de US$ 45.592,00, dados de 2007, enquanto a brasileira é de US$ 6.855,00. Se levarmos em conta que, segundo a Fundação Seade, o PIB per capita paulista de 2007 foi 60% maior do que o brasileiro, a renda per capita paulista por esses critérios é de US$10,968,00 ou 4 vezes inferior à estadunidense.
A Itália tem uma área de 301.302 Km², com uma população de 59,9 milhões (2009).
A Europa tem cerca de 28.445 quilômetros de rodovias pedagiadas.
O euro a R$ 2,3467 em relação ao Real, cotação de venda do dia 11/04/2010.
Segundo a concessionária “Il pedaggio autostradale è l’importo che Il Cliente è tenuto a pagare per l’uso dell’autostrada. Proventi dei pedaggi servono alle società Concessionarie, Che hanno construito le autostrade c’ proprie risorse finanziarie, per recuperare gli investimenti già effettuati e per sostenere spese di ammodernamento, innovazione, gestione e manutenzione della rette.” In http://www.autostrade.it/il-pedaggio/index.html?initPosAra=4
Segundo dados de 2009, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, que leva em consideração a Paridade do Poder de Compra – PPC, a renda per capita italiana é de US$ 35.396,00 enquanto a brasileira é de US$ 6.855,00. Se levarmos em conta que segundo a Fundação Seade o PIB per capita paulista de 2007 foi 60% maior do que o brasileiro, a renda per capita paulista por esses critérios é de US$10,968,00.
A única experiência de cobrança de pedágio em que a concessionária construiu todo um trecho, foi na Marginal da Rodovia Castello Branco. A empresa construiu 10,9 quilômetros em ambos os sentidos da rodovia. A cobrança era de R$ 6,50, o que dava R$ 0,5963, ou quatro vezes e meia mais cara do que o pedágio na Itália. O governo do Estado, para contemplar a concessionária, reduziu o preço da tarifa, mas cobrando na via expressa da rodovia, o que desrespeita o contrato. Antes só uma parcela que passava pelas marginais pagava pedágio, atualmente todos pagam. Respeito aos contratos só quanto é a favor da modicidade tarifária.
domingo, maio 16, 2010
Imagina se um magistrado alemão elogia o nazismo
"A ditadura militar foi um mal necessário", frase de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Imagino se um magistrado alemão dissesse que o nazismo tenha sido um mal necessário, qual a reação da imprensa e do povo alemão. Aqui no Brasil a grande imprensa brasileira, pela reação parece concordar com a frase do ministro do STF, mesmo porque eles apoiaram o golpe de estado de 1964. Nenhum comentarista se atreveu a criticar o ministro.E o povo brasileiro, ao contrário do alemão, desconhece os fatos desse período tão nefasto para o país. Pessoas foram presas, torturadas e mortas.Esses são os ovos da serpente que assombram o Brasil rotineiramente.
sábado, maio 15, 2010
A sub-elite brasileira: entreguismo e vassalagem
Evaristo Almeida
O Brasil nunca teve uma elite no sentido stricto sensu. Elite é a parcela da população que detém o poder político, econômico e ideológico e tem um projeto de nação. Como os japoneses que construíram um país a partir da Dinastia Meiji, os estadunidenses, que protegeram seus mercados para se desenvolverem, os coreanos que investiram pesado em educação.
No país, esse projeto só apareceu em épocas muito restritas, como as compreendidas entre os anos 1930 e 1964e assim mesmo incompleto. No passado, por força da colonização, sempre se atrelou os destinos do Brasil e do povo brasileiro à potência imperial dominante. Após a independência nosso país se uniu automaticamente á Inglaterra onde ficou até o século XX, substituindo esse país pelos Estados Unidos.
Perdemos por falta de um projeto de nação uma grande oportunidade histórica, com a independência do país. Deveríamos ter abolido a escravidão, universalizado a educação, implantado universidades e indústrias para que o país se modernizasse. Ao invés disso o império manteve o acordo com os latifundiários. que viviam do trabalho escravo, houve poucos avanços na industrialização e na educação.
Com a abolição da escravatura, de novo outra chance de desenvolvimento foi perdida, com a não incorporação da população negra ao país. Preferiram importar mão-de-obra européia. O Brasil deveria ter feito uma reforma agrária para que os negros tivessem terra, ter universalizado a educação e ter incentivado a industrialização, que já estava incipiente.
No período entre as décadas de 1930 e 1964, enfim o país implanta um projeto de nação. Indústrias são criadas, leis trabalhistas, universidades e uma consciência de nação. Mas não investimos pesado na educação e na luta contra a desigualdade social.
O golpe de 1964 barra essa força desenvolvimentista do país. As reformas de base, preconizadas no governo João Goulart, que previa reforma agrária e universalizar a educação, entre outras, poderia ter transformado o Brasil nesse período em desenvolvido. Foi o que fez a Coréia, implantado a reforma de base deles lá e se desenvolvendo. Aqui, por força dos Estados Unidos, condutor do golpe, aliados a civis reacionários e militares golpistas, impediram que o país se desenvolvesse.
Os militares então no poder, no período 1964 a 1985 implantaram um modelo de desenvolvimento subalterno. Não investiram maciçamente em educação. Não distribuíram terra e principalmente aumentaram a enorme desigualdade social no período.
Com a redemocratização e o pacto por cima, o Brasil, com a crise da dívida externa, por força do rearranjo feito pelos Estados Unidos, triplicando a sua taxa de juros, o país ficou à deriva. Todo nosso esforço foi para pagar a dívida externa. O Estado brasileiro ficou numa posição passiva perante o mundo e com uma inflação galopante.
Nesse período, por incrível que pareça houve grande avanço social, por força da criação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores, da Teologia da Libertação da Igreja Católica, com as Comissões Eclesiais de Base - CEB’s, Comissão Pastoral da Terá – CPT e Comissão Indigenista Missionária – CIMI. Também houve criação de outras centrais sindicais, o renascimento do Partido Comunista do Brasil – PC do B, o Partido Democrático Trabalhista - PDT, O Movimento dos Trabalhadores sem Terra - MST, o Movimento dos sem Teto, entre outras organizações sociais que conseguiram pautar as necessidades da população e lutar pelos seus direitos.
No período da redemocratização não emergiu nenhum projeto de nação. A inflação galopante destruía a renda do povo brasileiro. O projeto de nação ficou distante no governo Collor e foi destruído no período dos tucanos de 1995 a 2002.
Nesse período houve a entrega do patrimônio público aos interesses estrangeiros, fim de qualquer estratégia nacional de desenvolvimento social e econômico. O projeto era de fora para dentro. A política econômica foi pautada pelo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.
O Brasil ficou do jeito que os Estados Unidos e os países desenvolvidos sempre sonharam. De quatro. Quebramos três vezes, desemprego e violência urbana aumentaram de forma exponencial. Abrimos mão de sermos nação e todas as nossas iniciativas vinham prontas de fora para dentro.
Foi nessa época que emergiu a sub-elite brasileira. Ela sempre existiu, mas com os PSDB eles puderam colocar em prática todos os seus programas. O conceito de sub-elite nesse artigo é o de parcela minúscula da população que detém o poder político, econômico e social, mas é vassala dos interesses estrangeiros no Brasil e não tem nenhum compromisso com esse país. Esse grupo não tem um projeto de desenvolvimento social e econômico. Ele se pauta pelo pensamento dominante das elites estadunidense, européia e japonesa.
Esse sub-grupo foi implantado em toda a América Latina, com Menen na Argentina, Fujimori no Peru, Carlos Salinas de Gortari no México, Pinochet no Chile,entre outros de menor expressão. Foi mais destrutivo do que as ditaduras implantadas pelos Estados Unidos no continente.
A grande imprensa brasileira foi o grande divulgador das ideias desse sub-grupo, visto que ela conjura ideologicamente e financeiramente com ele. Jornais como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, a revista Veja, as Organizações Globo, que agrega o jornal O Globo, a Rede Globo e a CBN, martelaram dia e noite que era preciso reduzir o Estado Brasileiro, privatizar, reduzir o salário do funcionalismo público, destruir a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Jogaram o Brasil numa das maiores crises sociais e econômicas, prometendo paraíso. É só consultar as publicações no período. A academia também foi afetada, com a implantação do pensamento neoliberal, que dava suporte intelectual à sub-elite brasileira.
Não houve nenhum projeto educacional, que melhorasse a qualidade da educação brasileira, quebraram a educação superior pública e a auto-estima dos brasileiros. As políticas implantadas foram trágicas, mas mesmo assim não fizeram mea culpa, pelo contrário continuam defendendo esse modelo.
Com o governo Lula houve a recuperação da nação. O Brasil cresceu, distribuiu renda, recuperou o respeito internacional e está construindo um projeto de nação, com desenvolvimento social e econômico. Todos os indicadores melhoraram, mais de vinte milhões de brasileiros deixaram a pobreza e trinta milhões entraram na classe média. Universidades públicas foram criadas. As empresas públicas nunca estiveram tão sólidas. Não só pagamos o FMI, como emprestamos para essa organização multilateral. Pagamos o Clube de Paris e o país avança para acumulara US$ 300 bilhões de divisas externas. O brasileiro hoje tem confiança no futuro. É um projeto biófilo, pois preserva a vida.
É óbvio que a sub-elite brasileira, por não possuir um projeto de nação e nenhum compromisso com o povo brasileiro, não está contente. Assim como a nação imperial que desaprova qualquer projeto soberano de país.
Querem o retorno da vassalagem do período do Fernando Henrique Cardoso. O projeto deles é representado por José Serra e agrega as forças mais reacionárias desse país, junto com os barões da grande imprensa.
Querem a volta do não-projeto de nação. Da passividade do povo brasileiro. É o projeto necrófilo, pois gera violência, desesperança e morte. O Estado de São Paulo é o exemplo acabado dele. Depois de 16 anos de governos tucanos e de Serra, o Estado está como um paquiderme inerte. A educação piorou, a violência aumenta a cada dia, não há projeto de desenvolvimento regional. E a imprensa finge que ele é o maior estadista que existe. Há a fábula do rei que está nu. O povo brasileiro precisa enxergar que criaram um simulacro de Serra. É só comparar a sua passagem pelo Ministério do Planejamento no governo FHC, da Saúde, prefeito e governador de São Paulo. É pura mediocridade.
O Brasil já perdeu várias chances de ser um país desenvolvido social e economicamente, com a Inconfidência Mineira, a Abolição, a Proclamação da República e o projeto implantado a partir dos anos 1930 e cerceado com o golpe de estado de 1964.
Temos uma nova oportunidade nesse ano de 2010. O povo brasileiro escolherá se quer um país soberano, ativo internacionalmente, com riqueza para todos os brasileiros, no projeto representado pelas forças progressistas, liderado pelo Partido dos Trabalhadores.
Ou se seremos uma colônia, nossas riquezas exploradas pelas transnacionais em detrimento dos brasileiros, aumento da miséria, violência, da passividade internacional. As forças que representam esse atraso são as mesmas que ajudaram a dar o golpe em 1964. A grande imprensa, interesses estrangeiros e partidos conservadores que representam a sub-elite brasileira. A mesma que vive dos juros fartos pagos pelo Estado, mas se diz amante do “estado mínimo”.
Não há meio termo. As esperanças nesse país foram construídas pelas forças populares e destruídas por essas que querem o passado e representam interesses exógenos. Aconteceu isso na cidade de São Paulo. O governo da Marta construiu a esperança e Serra destruiu os projetos emancipadores e hoje a cidade não tem luz própria.
O projeto que o Brasil está construindo é para o povo brasileiro ser a elite desse país e não para uma minoria, que quer por os grilhões novamente na nossa gente.
O Brasil nunca teve uma elite no sentido stricto sensu. Elite é a parcela da população que detém o poder político, econômico e ideológico e tem um projeto de nação. Como os japoneses que construíram um país a partir da Dinastia Meiji, os estadunidenses, que protegeram seus mercados para se desenvolverem, os coreanos que investiram pesado em educação.
No país, esse projeto só apareceu em épocas muito restritas, como as compreendidas entre os anos 1930 e 1964e assim mesmo incompleto. No passado, por força da colonização, sempre se atrelou os destinos do Brasil e do povo brasileiro à potência imperial dominante. Após a independência nosso país se uniu automaticamente á Inglaterra onde ficou até o século XX, substituindo esse país pelos Estados Unidos.
Perdemos por falta de um projeto de nação uma grande oportunidade histórica, com a independência do país. Deveríamos ter abolido a escravidão, universalizado a educação, implantado universidades e indústrias para que o país se modernizasse. Ao invés disso o império manteve o acordo com os latifundiários. que viviam do trabalho escravo, houve poucos avanços na industrialização e na educação.
Com a abolição da escravatura, de novo outra chance de desenvolvimento foi perdida, com a não incorporação da população negra ao país. Preferiram importar mão-de-obra européia. O Brasil deveria ter feito uma reforma agrária para que os negros tivessem terra, ter universalizado a educação e ter incentivado a industrialização, que já estava incipiente.
No período entre as décadas de 1930 e 1964, enfim o país implanta um projeto de nação. Indústrias são criadas, leis trabalhistas, universidades e uma consciência de nação. Mas não investimos pesado na educação e na luta contra a desigualdade social.
O golpe de 1964 barra essa força desenvolvimentista do país. As reformas de base, preconizadas no governo João Goulart, que previa reforma agrária e universalizar a educação, entre outras, poderia ter transformado o Brasil nesse período em desenvolvido. Foi o que fez a Coréia, implantado a reforma de base deles lá e se desenvolvendo. Aqui, por força dos Estados Unidos, condutor do golpe, aliados a civis reacionários e militares golpistas, impediram que o país se desenvolvesse.
Os militares então no poder, no período 1964 a 1985 implantaram um modelo de desenvolvimento subalterno. Não investiram maciçamente em educação. Não distribuíram terra e principalmente aumentaram a enorme desigualdade social no período.
Com a redemocratização e o pacto por cima, o Brasil, com a crise da dívida externa, por força do rearranjo feito pelos Estados Unidos, triplicando a sua taxa de juros, o país ficou à deriva. Todo nosso esforço foi para pagar a dívida externa. O Estado brasileiro ficou numa posição passiva perante o mundo e com uma inflação galopante.
Nesse período, por incrível que pareça houve grande avanço social, por força da criação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores, da Teologia da Libertação da Igreja Católica, com as Comissões Eclesiais de Base - CEB’s, Comissão Pastoral da Terá – CPT e Comissão Indigenista Missionária – CIMI. Também houve criação de outras centrais sindicais, o renascimento do Partido Comunista do Brasil – PC do B, o Partido Democrático Trabalhista - PDT, O Movimento dos Trabalhadores sem Terra - MST, o Movimento dos sem Teto, entre outras organizações sociais que conseguiram pautar as necessidades da população e lutar pelos seus direitos.
No período da redemocratização não emergiu nenhum projeto de nação. A inflação galopante destruía a renda do povo brasileiro. O projeto de nação ficou distante no governo Collor e foi destruído no período dos tucanos de 1995 a 2002.
Nesse período houve a entrega do patrimônio público aos interesses estrangeiros, fim de qualquer estratégia nacional de desenvolvimento social e econômico. O projeto era de fora para dentro. A política econômica foi pautada pelo Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.
O Brasil ficou do jeito que os Estados Unidos e os países desenvolvidos sempre sonharam. De quatro. Quebramos três vezes, desemprego e violência urbana aumentaram de forma exponencial. Abrimos mão de sermos nação e todas as nossas iniciativas vinham prontas de fora para dentro.
Foi nessa época que emergiu a sub-elite brasileira. Ela sempre existiu, mas com os PSDB eles puderam colocar em prática todos os seus programas. O conceito de sub-elite nesse artigo é o de parcela minúscula da população que detém o poder político, econômico e social, mas é vassala dos interesses estrangeiros no Brasil e não tem nenhum compromisso com esse país. Esse grupo não tem um projeto de desenvolvimento social e econômico. Ele se pauta pelo pensamento dominante das elites estadunidense, européia e japonesa.
Esse sub-grupo foi implantado em toda a América Latina, com Menen na Argentina, Fujimori no Peru, Carlos Salinas de Gortari no México, Pinochet no Chile,entre outros de menor expressão. Foi mais destrutivo do que as ditaduras implantadas pelos Estados Unidos no continente.
A grande imprensa brasileira foi o grande divulgador das ideias desse sub-grupo, visto que ela conjura ideologicamente e financeiramente com ele. Jornais como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, a revista Veja, as Organizações Globo, que agrega o jornal O Globo, a Rede Globo e a CBN, martelaram dia e noite que era preciso reduzir o Estado Brasileiro, privatizar, reduzir o salário do funcionalismo público, destruir a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Jogaram o Brasil numa das maiores crises sociais e econômicas, prometendo paraíso. É só consultar as publicações no período. A academia também foi afetada, com a implantação do pensamento neoliberal, que dava suporte intelectual à sub-elite brasileira.
Não houve nenhum projeto educacional, que melhorasse a qualidade da educação brasileira, quebraram a educação superior pública e a auto-estima dos brasileiros. As políticas implantadas foram trágicas, mas mesmo assim não fizeram mea culpa, pelo contrário continuam defendendo esse modelo.
Com o governo Lula houve a recuperação da nação. O Brasil cresceu, distribuiu renda, recuperou o respeito internacional e está construindo um projeto de nação, com desenvolvimento social e econômico. Todos os indicadores melhoraram, mais de vinte milhões de brasileiros deixaram a pobreza e trinta milhões entraram na classe média. Universidades públicas foram criadas. As empresas públicas nunca estiveram tão sólidas. Não só pagamos o FMI, como emprestamos para essa organização multilateral. Pagamos o Clube de Paris e o país avança para acumulara US$ 300 bilhões de divisas externas. O brasileiro hoje tem confiança no futuro. É um projeto biófilo, pois preserva a vida.
É óbvio que a sub-elite brasileira, por não possuir um projeto de nação e nenhum compromisso com o povo brasileiro, não está contente. Assim como a nação imperial que desaprova qualquer projeto soberano de país.
Querem o retorno da vassalagem do período do Fernando Henrique Cardoso. O projeto deles é representado por José Serra e agrega as forças mais reacionárias desse país, junto com os barões da grande imprensa.
Querem a volta do não-projeto de nação. Da passividade do povo brasileiro. É o projeto necrófilo, pois gera violência, desesperança e morte. O Estado de São Paulo é o exemplo acabado dele. Depois de 16 anos de governos tucanos e de Serra, o Estado está como um paquiderme inerte. A educação piorou, a violência aumenta a cada dia, não há projeto de desenvolvimento regional. E a imprensa finge que ele é o maior estadista que existe. Há a fábula do rei que está nu. O povo brasileiro precisa enxergar que criaram um simulacro de Serra. É só comparar a sua passagem pelo Ministério do Planejamento no governo FHC, da Saúde, prefeito e governador de São Paulo. É pura mediocridade.
O Brasil já perdeu várias chances de ser um país desenvolvido social e economicamente, com a Inconfidência Mineira, a Abolição, a Proclamação da República e o projeto implantado a partir dos anos 1930 e cerceado com o golpe de estado de 1964.
Temos uma nova oportunidade nesse ano de 2010. O povo brasileiro escolherá se quer um país soberano, ativo internacionalmente, com riqueza para todos os brasileiros, no projeto representado pelas forças progressistas, liderado pelo Partido dos Trabalhadores.
Ou se seremos uma colônia, nossas riquezas exploradas pelas transnacionais em detrimento dos brasileiros, aumento da miséria, violência, da passividade internacional. As forças que representam esse atraso são as mesmas que ajudaram a dar o golpe em 1964. A grande imprensa, interesses estrangeiros e partidos conservadores que representam a sub-elite brasileira. A mesma que vive dos juros fartos pagos pelo Estado, mas se diz amante do “estado mínimo”.
Não há meio termo. As esperanças nesse país foram construídas pelas forças populares e destruídas por essas que querem o passado e representam interesses exógenos. Aconteceu isso na cidade de São Paulo. O governo da Marta construiu a esperança e Serra destruiu os projetos emancipadores e hoje a cidade não tem luz própria.
O projeto que o Brasil está construindo é para o povo brasileiro ser a elite desse país e não para uma minoria, que quer por os grilhões novamente na nossa gente.
Vejam como os tucanos da Argentina destruiram o país
COMENTÁRIO E & P
"Como pode um poder extraordinário como a mídia ficar nas mãos de idiotas para fazer um país de idiotas?" Pergunta um indignado argentino ao ver o resultado do neoliberalismo implantado naquele país. Também não nos esqueçamos que um dos mentores, além de Menem, foi Domingos Cavallo, que estudou em Harvard nos Estados Unidos.Como Cavallo, muitos brasileiros foram adestrados nas escolas de economia dos Estados Unidos, como Gustavo Franco no governo tucano de FHC, que quebrou o país com sua política de câmbio valorizado. Galbraith escreveu que tinha dó de ver tantas mentes aprendendo modelos, cuja aplicação não era possível nem nos Estados Unidos, imaginando o estrago que aqueles jovens economistas iriam fazer em seus países. A China quando mandou estudantes para estudar lá, teve o cuidado de que esses alunos fossem estudar matérias exatas e biológicas e não economia. A América Latina deveria fazer uma moção de repúdio às universidade de economia estadunidenses, principalmente Harvard e Chicago. Nas décadas de 1960 e 1970, os Estados Unidos destruiram a América Latina fomentando golpes de estado em todos os países. Na década de 1990, a destruição foi maior, ao formar os economistas que iriam destruir a economia do continente, gerando desemprego e fome para milhões de latinos americanos. Tudo em nome da liberdade e da democracia. A mesma que querem implantar no Irã.
terça-feira, maio 11, 2010
A voz do dono, o dono da voz e os donos de tudo
A capa e o conteúdo do jornal O Globo de hoje revelaram a Serra o que um dia, num único jornal do sistema, pode fazer à sua candidatura. Não que seja diferente ao que fazem dúzias de vezes com Dilma, mas foi, como dizia uma música dos anos 60, “a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.
Acostumado a mandar demitir repórteres com telefonemas, Serra perdeu a paciencia com “os comunistas do Dr. Roberto” do século 21. “Dos meus comunistas, cuido eu”, teria dito “o mais velho”, em plena ditadura, ao “ministro da justiça” (assim mesmo, entre aspas e em minúsculas) Armando Falcão. Embora não sejam mais comunistas e o Dr. Roberto não esteja mais aí, Serra mexeu num vespeiro, muito maior que o cada vez mais frágil jornal O Globo. Mexeu na Globo, no centro de comando da elite brasileira.
Embora a Miriam Leitão tenha ficado publicamente apatetada e se contido – a vingança, como dizia o personagem do Chico Anísio, “será maligna”. A edição do jornal impresso de hoje, que reproduzo aí ao lado, já mostra isso. A foto de um Serra que parece doente, alquebrado, sendo seguro na escada como um inválido que não se sustenta é o tipo de maldade atroz que ele, pela primeira vez, tem de encarar no jornal.
O título é de uma clareza solar. Traduzido, quer dizer: Serra, este é o Serra que queremos. Oposição, não pseudolulista. O império não quer almas pela metade, ele quer a vassalagem incondicional. Ele quer alguém que se ajoelhe em seu altar, renegue e maldiga sua fé passada e proclame sua conversão em alto e bom som, como fez FHC em 1995, ao dizer, já em seu discurso de posse, que vinha para destruir a “Era Vargas” e entregar, como nunca se entregara nem na ditadura, o Brasil aos grupos econômicos daqui e de fora.
Lá dentro do jornal, coube a Lord Merval Pereira colocar a coisa em letras explícitas: fala em ressurreição do ranzinza e de Serra ser o “centralizador” e “mais intervencionista do que Dilma”. Ao lado, seguia a ironia fotográfica, com uma grande foto de Dilma sorridente, ao lado de Antonio Palloci, o “homem de confiança” do mercado nos primeiros tempos do Governo Lula.
Serra tem sorte de que o Dr. Roberto não esteja mais aí, para não correr o risco de sofrer mais um dos “castigos” que gosta de impor aos “insolentes”: ser “demitido” com um telefonema.
Mas vai ter de fazer seus atos de contrição, ficar comportadinho e parar de achar que é alguém com direito a ter posições próprias e pessoais, mesmo que sob a fantasia que os marqueteiros lhe desenharam.
Serra tem que exorcizar de vez suas convicções do passado, sepultar o antigo Serra que pensava no papel do Estado, no desenvolvimento, que, inconformado com a morte que a traição lhe deu, brota em espasmos como o de ontem. Não se lhe exige apenas o papel de agente da direita, querem a conversão completa ao papel que assumiu. De Fausto não se queria parte, mas tudo.
Dante Aligheri escreveu na sua Divina Comédia que, nos umbrais do Inferno havia talhada uma frase: Abandona toda esperança, vós que entrais.
A gauchada, que não leu Dante, se expressa mais claramente: “não te fresqueia, guri”.
Do blog
www.tijolaco.com
domingo, maio 09, 2010
Veja o vídeo dos 8 anos de atraso do PSDB
Serra, o lobo em pele de lobo
Em comemoração aos 20 anos da Constituição, completados no último dia 5 de outubro, a assessoria do DIAP faz um resgate histórico dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, período que culminou com a promulgação da Carta Cidadã, quando o Departamento produziu a publicação "Quem foi Quem na Constituinte". Conheça quem foi José Serra...
1) -Votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;
2) -Votou contra garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;
3) -Votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;
4)- Votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;
5) -Negou seu voto pelo direito de greve;
6) -Negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;
7)-Negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;
8)-Negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;
9 -Negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;
10) -Negou seu voto pela garantia do salário mínimo real;
Fonte: DIAP -- “Quem foi quem na Constituinte”
sábado, maio 08, 2010
Com Serra e Alkcmin São Paulo pôde menos
O vídeo expôe bem as vísceras dos tucanos. Se fingem de bons moços, do "bem", mas quando são desmascarados são autoritários e fogem como ratos. Cadê a liberdade de imprensa?
Almirante João Cândido: O Dragão do Mar Reapareceu
COMENTÁRIO E&P
E assim, de novo o Almirante João Cãndido está de volta ao mar. O dragão do mar reapareceu, agora nas águas de Pernambuco. Simboliza um projeto de nação que quer se libertar dos grilhões impostos pelos Estados Unidos e demais países desenvolvidos, junto a uma sub-elite corrompida e vassala deles. Essa sub-elite tem como arma a grande imprensa, que atua contra o povo brasileiro. Querem um Brasil subverniente, atrelado aos interesses do capital financeiro. Um Brasil que fica de quatro e tira os sapatos para entrar em Nova Iorque, como Celso Lafer, então chanceler de Fernando Henrique Cardoso fez. Um Brasil com as maiores desigualdades de renda e destribuição de renda, que só aumentou quando Serra foi ministro do planejamento, um Brasil sem perspectivas, sem futuro. É o que Paulo Freire chamaava de politica necrófila, pois só aumenta a violência, principalmente nas periferias desempregadas. O Estado de São Paulo e a cidade de São Paulo são exemplos gritantes dessa política. Administradas ambos pelos demo-tucanos, não há um só projeto estruturante. Eles são bons de factóides, como a do Kassab que quer derrubar o minhocão. E apoiado pela Folha de São Paulo, que fez um editorial, com essa falácia. Não há projeto, recursos orçamentários nem nada. Essa falácia é para ajudar José Serra, que está atrelado ao Kassab, como Maluf estava ao Pitta. E Kassab tem jogado Serra para baixo. Então entra a grande imprensa para dar uma forcinha. Não duvido, que se Kassab, no seu delírio, dizer que vai revogar a lei da gravidade, se ajudar Serra, a Folha faz um editorial apoiando. É o ridículo que chegou esse jornal, que perdeu eleitores progressistas e atualmente a maior parte são conservadores. Não é á toa que a enquete da Folha dá a preferência para Serra. As pesquisas das SS nazistas davam Hitler como preferido. É essa a importância do Almirante João Cândido voltar a navegar. É a estima do brasileiro, é a política biófila do Lula, que distribuiu renda, sonhos e perspectivas. Vamos ganhar as eleições de 2010, mesmo com o TSE acatando todas do PSDB e negando as do PT. Em 2006, Marcos Aurélio de Mello, não anunciou que Lula tinha ganho. Não sei se para melar o jogo ou outra manobra. Mas o povo brasileiro está atento e saberá cobrar do TSE uma postura republicana. A nossa luta é muito ampla, são mais de 500 anos de briga. Não é fácil, mas junto com o Almirante João Cândido renasce as nossas esperanças.
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