terça-feira, dezembro 08, 2009

OS “CONSTRANGIMENTOS” DA MÍDIA

Laerte Braga


Os responsáveis pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO notificaram judicialmente um blogueiro que vinha fazendo campanha na rede mundial de computadores pelo cancelamento de assinaturas do jornal.

Quem vai notificar a FOLHA por ter emprestado os carros/camionetes/caminhões para o transporte de presos políticos à época da ditadura? Eram transportados para sessões de tortura, para “atropelamentos” (eliminação sumária) ou, na melhor das hipóteses – dentre essas anteriores evidente – de uma prisão para outra.

Ou pela falsa ficha policial da ministra Dilma Roussef, já que engajados na campanha de um dos mais perigosos políticos da máfia tucana, o governador José Jânio Serra? O ombudsman da FOLHA, uma espécie de juiz das matérias publicadas pelo jornal numa tentativa aparentemente democrática de corrigir erros, ou informações equivocadas, advertiu a redação que a ficha era falsa e ficou por isso mesmo, punido foi o ombudsman, pois “democracia” ali é de brincadeira, fachada.

A FOLHA na edição de sábado, dia 5 de dezembro, afirmou que o presidente boliviano Evo Morales deve vencer as eleições de hoje, domingo, 6 de dezembro, por maioria, mas deixou no ar aparentes dificuldades sem explicitá-las, só mostrando que há reações em alguns setores do país ao governo de Evo Morales. Não explicou claramente os setores. Os grandes empresários, banqueiros e latifundiários.

Esse tipo de gente não é setor, formam quadrilhas que nem a de Ermírio de Moraes no Brasil por exemplo. Ou a de Eike Batista. Ou a de Daniel Dantas.

Na edição de hoje, domingo, a FOLHA afirma que Evo deve ter uma votação surpreendente por conta dos índices favoráveis de seu governo. Melhorias acentuadas na saúde, principalmente universalização. Fim do analfabetismo, dados favoráveis na economia, mas afirma que a Bolívia está mais dependente do Brasil.

A participação do jornal FOLHA DE SÃO PAULO na ditadura militar, engajada no processo que levou empresários, banqueiros e latifundiários a buscar apoio nos EUA para o golpe de 1964, foi denunciada em A DITADURA ESCANCARADA, do jornalista Élio Gaspari, que hoje é "colonista" do jornal.

Pouco antes do fracassado golpe militar que derrubou o presidente da Venezuela numa quinta-feira, em abril de 2002 e terminou com sua volta ao poder no domingo, debaixo de intensa pressão popular, a rede GLOBO, em comum acordo com o Departamento de Estado, CIA, empresários de comunicação e outras áreas da Venezuela, enviou a jornalista Miriam Leitão àquele país para uma série de reportagens sobre o governo Chávez.

Miriam voltou e já preparando o espírito do abóbora que William Bonner (“quem quer um bom dia diga eu”) chama de Homer Simpson, para a derrubada de Chávez com os chavões de sempre. Democracia, insatisfação popular, economia devastada, tudo resumido em “anseio popular”. As reportagens foram mostradas de segunda-feira a sexta-feira no JORNAL NACIONAL e na última fala de Miriam Leitão lá estava – “os venezuelanos não agüentam mais Chávez ".

Na semana seguinte o golpe e no domingo milhões de venezuelanos se concentraram em frente ao palácio presidencial, à suprema corte e ao congresso para exigir a volta de Chávez. Setores militares leais ao presidente prenderam os golpistas e o golpe que ficou conhecido como o primeiro golpe midiático da história (montado pela mídia em notícias forjadas como se viu no documentário “A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA), terminou com a volta do presidente Chávez que, em agosto, para desgosto de Dona Miriam e dos patrocinadores do golpe, venceu um referendo sobre sua permanência ou não no poder.

Quem vai intimar a GLOBO por mentir deliberadamente, dentro de um processo golpista montado por toda essa estrutura que no Brasil tem a chancela FIESP/DASLU, com braços como PSDB/DEM?

Um dos momentos mais desumanos por jornalismo brasileiro foi protagonizado pela REDE GLOBO, na manhã do dia 12 de julho de 1973. Um avião da extinta VARIG caiu nas cabeceiras do aeroporto de Orly e a bordo estava o extraordinário cantor brasileiro Agostinho dos Santos. A notícia chegou às redações de jornais, revistas, rádios e redes de tevê do Brasil por volta das cinco horas da manhã e o jornal GLOBO/SP enviou uma jornalista à casa do cantor, depois de montar uma operação repugnante.

A moça usaria como pretexto sua presença ali para entrevistar a família sobre a viagem, apresentações na Europa, até que, de repente, assim do nada, chegaria a notícia da morte e a rede transmitiria ao vivo a reação dos familiares de Agostinho dos Santos. Dito e feito.

Como a repercussão ao curso do dia tenha sido a pior possível, à noite, no JORNAL NACIONAL, a emissora desculpou-se e anunciou que a jornalista havia sido demitida. De uma forma solerte parte das imagens exibidas no GLOBO/SP foram mostradas com requintes de um pudor típico de cínicos, de serviçais de um jornalismo mentiroso e colonizado, lógico, para não perder a audiência. O problema não foi o “feito da moça”, que cumpriu ordens do editor, mas a reação.

A REDE GLOBO omitiu a campanha das diretas o quanto pode, o processo de cassação de Collor de Mello até não ter jeito mais e Sarney levar Itamar Franco a Roberto Marinho para tranqüilizá-lo quanto aos interesses do grupo. Tentou fraudar os resultados das eleições de 1982 no Rio em associação direta com a PROCONSULT, uma empresa formada por espertalhões e militares da ditadura (totalizava os votos), enfim, toda a sorte de trapaças nesses anos todos, até porque é uma empresa formada por capitais estrangeiros desde o seu começo e controlada por Washington, pautada pela CNN e FOX duas redes fascistas dos EUA.

Aquelas que acham que Bush devia jogar uma bomba atômica no Irã e acabar de vez com a “ameaça”.

O jornal ESTADO DE MINAS, sobrevivente da organização SPECTRE, quer dizer DIÁRIOS E EMISSORAS ASSOCIADOS (extorsão, chantagem, assassinatos, etc) é hoje um veículo oficial da candidatura Aécio Pirlimpimpim Neves, tudo regado a polpudas verbas e vários jornalistas já foram demitidos por contrariarem interesses do governador que mora no Rio e pretende ser presidente do Brasil.

O que é a revista VEJA? Pura imprensa marrom a serviço dos banqueiros, empresários, latifundiários, é só olhar a nota de empenho do governador de Brasília José Roberto Arruda “comprando” uma entrevista nas páginas amarelas e o número de assinaturas de revistas da editora, ABRIL, feitas pelo político mais asqueroso do País, José Jânio Serra, especialista em chantagens contra adversários, armações e com colaboração de muitos jornalistas inclusive o “intocável” Juca Kfhouri, seu parceiro nos jogos de domingos na sala de tevê do palácio do governo.

VEJA foi desmoralizada anos atrás, quando jornalistas criaram um fato, a vaca que dá leite com sabor de tomate (boimate) direto de suas tetas e, na semana seguinte, desmentiram explicando que assim o fizeram para mostrar que a revista publica qualquer bobagem ou mentira, dentro de uma lógica pautada nos interesses que representa. Devia estar de olho nos anúncios futuros da NESTLÉ, sobre o iogurte que sai direto das tetas da vaca com sabor morango, baunilha, chocolate, o escambau.

Assinar a FOLHA para que? Ler mentiras, notícias distorcidas com aparente tentativa de parecer verdade? Aquela mania de infográfico – que ninguém lê, ou tenta entender – para dar a impressão que estar matando a cobra e mostrando o pau?

Outro dia, o extinto JORNAL DO BRASIL publicou um pequeno caderno sobre a Rússia hoje e falava do fim do mito Stalin. Era o título, o que afirmava o título. Quem fosse ler a matéria, lá estava uma pesquisa dizendo que mais da metade dos cidadãos russos aprovavam, ainda hoje, a idéia que Stalin transformou a antigo União Soviética uma potência mundial. Mais, que aprovavam, concordavam com a idéia.

Sabe que a maior parte dos leitores – é cada vez menor o número de leitores de jornais no Brasil – faz o tal “passar os olhos nas manchetes” e vende as mentiras nas manchetes. E nem estou julgando ou deixando de julgar Stalin, apenas citando o fato. Foi semana passada, edição de quarta ou quinta.

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO recebeu as gravações das conversas de FHC, quando presidente, com o pessoal do Ministério das Comunicações, Mendonça de Barros e Lara Resende, sobre as privatizações do setor de telefonia principalmente a concorrência onde entrava a extinta TELEMAR, da família Jereissati entre outros sócios e ficou na moita. Publicou parte do que não comprometia o presidente de então, FHC (está precisando urgentemente de tratamento psiquiátrico, do contrário morre de invejo/neurose, ou começa a andar nu pelas ruas) e disse, na primeira página que o resto das gravações não seria divulgado, pois eram fatos pessoais e isso não interessava.

Que fatos pessoais? A mãe de Paola Pimenta da Veiga, mulher de Pimenta da Veiga, ex-glamour girl do Pampulha iate Clube em Belo Horizonte, fechando com FHC na cama no palácio das Mangabeiras em BH, a vitória da TELEMAR na concorrência (representava a Andrade Gutierrez, uma das sócias da família Jereissati), a doação para o ínclito presidente, além lógico, da nomeação de Pimenta para o Ministério no lugar de Mendonça de Barros, tudo na disputa de poder com Pedro Malan, um assassino frio, sem emoções, que comandava a outra e a mais forte quadrilha do governo de então.

E tem quem ache a revista PIAUÍ um exemplo de jornalismo maior, ou perda completa da razão ao compará-la com a antiga revista SENHOR. Trem de doido sô, os caras não têm a menor noção nem de jornalismo e nem de História. PIAUÍ é lavagem de dinheiro de filhos de banqueiros num projeto gráfico bem montado destinado a enganar trouxas com linguagem de burguesia consciente. Não existe isso. Mesmo que seja excelente diretor de cinema, um dos da turma.

A mídia, a grande mídia, no Brasil é um exercício lastimável de “quem quer um bom dia diga eu”, na figura medíocre e “pastelizada” de Willian Bonner, uma espécie de escravo modelo que representa seu papel com privilégios, vantagens e excelente remuneração. Nada além disso.

E a FOLHA DE SÃO PAULO é só um jornal que se espremer sai sangue também; O sangue dos torturados, assassinados, estuprados nas prisões da ditadura militar e transportados nos carros da empresa.

Não há porque não cancelar as assinaturas, é um exercício de dignidade pessoal, é respeitar-se a si em primeiro lugar.

Está certo o blogueiro que pede que isso seja feito. E a reação do jornal mostra que esse tipo de denúncia funciona.

Mande a FOLHA DE SÃO PAULO para o espaço. Só não é PASQUIM, porque o conceito da palavra mudou depois do célebre e decisivo O PASQUIM, instrumento fundamental na ridicularização dos nossos generais durante a ditadura militar.

E sobre a GLOBO nem falei da covardia cometida contra TIM LOPES, toda ela contada num livro do notável jornalista, exemplo de integridade, Mário Augusto Jakobskind.

Anos atrás, na segunda metade da década de 50, um grupo de jornalistas padrão William Bonner, Miriam Leitão, Alexandre Garcia, William Waack, Eliane Cantanhêde, Juca Kfhouri, etc, resolveu editar uma revista chamada ESCÂNDALO. Era simples. Em nome da moral, dos bons costumes, da pátria, da democracia, da liberdade, iam aos locais freqüentados por grandes empresários, latifundiários, banqueiros, políticos, locais de lazer digamos assim, tiravam fotografias e na semana seguinte um “corretor” do setor de publicidade ia à empresa, no banco, no latifúndio, atrás do político, mostrava as fotos e pedia um anúncio grande, do contrário publicaria o ESCÂNDALO.

Hoje é mais sofisticado. Àquela época fecharam a revista, prenderam os jornalistas. Hoje compraram e pronto, eles falam o script que vem junto com o envelope do dinheiro. Quando acontece algum acidente de percurso tipo José Roberto Arruda, José Jânio Serra, ou Aécio Pirlimpim Neves, Eduardo Azeredo (terceiro time), ou FHC dando sinais de demência, senilidade, viram a cara para o outro lado ou executam o “aliado”, uma parte do “negócio” para salvar o todo.

Tem Gilmare Mendes no STF DANTAS INCORPORATION LTD para dar habeas corpus. A propósito, os italianos estão nas ruas pedindo a saída de Berlusconi por suas ligações com a máfia e em atentados desse grupo criminoso. Não seria o caso de pedir “extradição”? Cezar Peluzzo, italiano em cortes brasileiras dá o parecer.

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