O discurso do Obama ao receber o Prêmio Nobel da Paz foi uma declaração de guerra ao mundo.
Na verdade nunca tive grandes esperanças no Obama e escrevi sobre isso num texto que acredito se poder encontrar pela internet: "Habemos Obama?" onde tentava demonstrar que mesmo havendo em Obama toda aquela boa-vontade que discursava ao mundo, não deixaria de ter de seguir os ditames do sistema, caso eleito fosse.
Eleito foi, mas continuou insistindo no discurso, no entanto me impressionou a comoção internacional por sua vitória, o envolvimento de esperanças em todo o mundo pela posse do discurso de paz. E iludi-me achando que essa manifestação mundial garantiria a boa-vontade do Obama, mesmo que em realidade não existisse, pois demonstrava-se ali que o mundo se cansara de acreditar na conversa fácil de defesa da liberdade, manutenção da democracia, princípios cristãos e outras tantas e tão repetidas justificativas para a manutenção da guerra. Tolo, acreditei que o sistema do império se conteria perante evidência do anseio global.
Obama continuou fazendo seus discursos, como o da abertura da ONU há poucos meses, em que sustenta que os Estados Unidos não interferirão nos conflitos regionais e que as nações teriam de resolver sozinhas seus problemas.
Estas falas associadas a crise financeira do próprio Estados Unidos, me deram a impressão que sim, que poderíamos esperar por melhores relações entre as nações e provável maior boa vontade dos líderes mundiais.
Quando se criticou os organizadores do Nobel pela premiação de alguém que ainda nada fizera pela paz, pensei em escrever algo explicando o que eu entendera como um prêmio para uma idéia de Paz e não para a pessoa do Obama em si. Um prêmio pela esperança de paz que ele fez representar-se para o mundo.
Quando se deu o golpe de Honduras, imaginei que as forças do sistema imperial estariam desafiando Obama. Demonstrando que estão presentes e mantêm seus poderes de imposições de regimes e quadrilhas ditatoriais nos países do continente. Nas declarações que fez sobre o conflito entre sionistas e palestinos, o imaginei acuado por pressões dos maiores financistas mundiais.
Por tanto agradeço o discurso do Obama em seu discurso pelo Nobel da Paz. Os fundamentos da honraria há muito têm me parecido pouco confiáveis, afinal não se a concedeu para pacifistas como Mahatma Gandhi e se a outorgou a senhores da guerra como Henry Kissinger e Shimon Perez. Mas o discurso de guerra do Obama define com absoluta exatidão o que realmente se trata esse Prêmio e a organização ou instituição que o outorga. Não resta mais nenhuma dúvida.
Tampouco resta alguma dúvida sobre o nível de respeito do Império às aspirações e símbolos da humanidade ou à própria humanidade em si. Ao presente ou ao futuro da espécie.
Obama não deixou restar qualquer sombra dúvida: daqui pra frente, todo indicado que aceitar o Nobel da Paz é, antes de tudo, um hipócrita assumido.
Mais importante que isso, o discurso de Obama, melhor do que qualquer fala de Bush, Nixon, Kissinger, Eisenhower, Roosevelt, General MacArthur, Moshe Dayan, Ariel Sharon e outros senhores da guerra, esclareceu de forma muito nítida que cada cidadão desse mundo, durante muitas gerações, já poderá nascer com uma certeza inequívoca: pertencemos todos a uma espécie ameaçada por um violento e mortal predador, o mais perigoso inimigo natural da espécie humana: os Estados Unidos.
Raul Longo
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