sexta-feira, maio 28, 2010

A estratégia de defesa dos EUA





Por Luiz Guilherme Menezes Lopes
Uma pequena observação sobre as estratégias de defesa dos EUA

A política externa norte-americana começou a se tornar mais clara esta semana, e isso se deve ao anúncio da nova doutrina de segurança nacional dos EUA. No relatório, está expresso a idéia de que o pentágono reconhece a existência de outras nações capazes de também lidar com os problemas que envolvem a segurança e a paz mundial. Além dos EUA, Rússia, França e Inglaterra, julgam também, a China e a índia, que segundo eles, farão parte do grupo das potências mundiais no futuro, também como nações capazes de exercer políticas de alcance mundial, a ponto de tornar mais equilibradas as ações que visam a segurança e a paz no planeta.

Hoje, ironicamente, podemos constatar que os EUA exercem pressão internacional para evitar que outros países venham a desenvolver no futuro armas atômicas, mas, se voltarmos a um período do passado não muito distante, podemos constatar, também, que eles fecharam os olhos para o desenvolvimento das armas nucleares israelenses, e que, só agora, com a divulgação das pesquisas do historiador norte-americano Sasha Polakow-Suransky, podemos ter acesso às provas que documentam a existência de tais artefatos em Israel. O governo norte-americano começa a cair em contradição. Sua política externa sempre esteve voltada para os seus interesses, como também para os de alguns aliados viscerais, entre os quais, Inglaterra, Israel, Canadá, Japão e Austrália. Obviamente, existem outros aliados dos ianques no mundo, entretanto, sem a importância desses aí relacionados.

Voltando ao teor do relatório da nova doutrina de segurança dos EUA, tenho que revelar que eles tratam o Brasil como um país importante, mas jamais o tratam como potência do futuro, e de alcance global, e sim, apenas e simplesmente como nação de segundo escalão, comparável em poder e em alcance à Indonésia e África do Sul. Neste aspecto, podemos conceber a idéia de que está implícita a estratégia dos EUA de impedir que o Brasil possa alçar vôos mais altos, e a prova cabal disso que estou afirmando é a recente proposta de instalação de várias bases militares na Colômbia. Os norte-americanos já estão em território colombiano, e continuarão exercendo pressão com o propósito de construir mais bases na América do Sul, pleiteando permissões em países como a Bolívia, Paraguai e Peru.

As bases militares norte-americanas pelo mundo afora, que chegam quase a 1000, estão instaladas em regiões próximas ou limítrofes dos territórios dos seus “supostos e potenciais inimigos ou rivais”, e que, para aumentar a capacidade estratégica de suas tropas, políticos norte-americanos buscam argumentos dos mais diversos teores para conseguirem mais construções militares nos territórios periféricos e circunvizinhos dos países alvos. A proximidade de suas bases dos territórios dos seus rivais pode ser traduzida como economia de guerra, uma vez que estando mais próximas, haverão de conseguir uma redução do esforço de guerra, diminuindo o consumo de combustíveis para aeronaves e para carros de combate; com menor esforço e know-how tecnológico, em função de poderem ser utilizados mísseis de curto e médio alcance; e em virtude de também favorecer a cadeia e os itinerários de suprimento, em função de sua tropas estarem localizadas nas regiões próximas dos seus objetivos. Quanto mais próximas dos inimigos estiverem as bases, tanto menos custosa a guerra será. Essa é a estratégia de guerra dos EUA.

O governo do Brasil, através do seu competente corpo diplomático e por meio das relações comerciais estabelecidas com os países fronteiriços, tenta de todos meios fazer a política da boa vizinhança com os países sul-americanos, e reside exatamente aí, a justificativa da ajuda que temos concedido a países como o Paraguai, Bolívia e Peru no campo energético. Esses países devem ser tratados com todo o cuidado, em razão da premissa de que eles podem ser comprados a qualquer momento pelos ianques. Então, temos que trazê-los para nós.

Somente como ilustração, posso dizer que, da mesma forma que o traficante se aproxima dos pobres para cooptá-los como mulas para o tráfico, também os EUA se aproximam dos países mais pobres para os cederem espaço aéreo e território, e para permitirem também a construção de bases militares. Não podemos deixar que sejam cooptados, e para isso, temos que ajudá-los como países irmãos, e trazê-los para nós.

O governo brasileiro tem agido bem, entretanto, deve ser mais agressivo na política da boa vizinhança, de forma que consiga trazer esses países menores e periféricos para o campo da nossa estratégia de defesa, a fim de que possamos dissuadir militarmente para evitar a invasão ianque.

Autor: Luiz Guilherme Menezes Lopes – militar inativo, historiador e adesguiano/SC

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