Evaristo Almeida
Outro dia discutindo com uma coxinha no banco, ela me falou sobre o valor do dólar, acusando Dilma de ter perdido o controle sobre a moeda. Eu lhe disse que o câmbio atual perto de R$ 4,00, deveria estar acima de R$ 7,00 se fosse seguir a taxa que foi entregue ao governo Lula em 2003.
Como nós não temos imprensa que presta, salvo os blogueiros sujos e uma ou outra publicação, os jornalistas coxinhas empregados das oligarquias midiáticas, trabalham contra o país e o governo ao não explicarem o porquê da variação cambial.
Quando Lula pegou o governo no início do ano de 2003, o câmbio estava muito alto por conta das políticas econômicas desastrosas do governo Fernando Henrique. Para quem não lembra a taxa de juros Selic estava em torno de 25% ao ano e o juro real em 11%.
A economia brasileira estava totalmente desestruturada, devendo ao Fundo Monetário Internacional, taxa de risco país acima dos dois mil pontos, alta taxa de desemprego, entre outras desgraças que afligiam o povo brasileiro.
Vamos ao câmbio, as empresas brasileiras estavam fortemente alavancadas em empréstimos em dólar em 2003, vamos imaginar que elas contraíram as dívidas com o dólar valendo R$ 2,00. Um empréstimo de US$ 100 milhões é igual a R$ 200 milhões. Quando o câmbio dobra e vai a R$ 4,00, do dia para a noite a dívida dobra e vai a R$ 400 milhões.
Se essa taxa persistisse muitas empresas brasileiras quebrariam e afundariam ainda mais a recessão.
O governo Lula tomou medidas duras que restabeleceram a confiança na economia brasileira que foram exitosas, fazendo com a economia reagisse e aos poucos a taxa cambial foi caindo, salvando dezenas de empresas, de empregos e fazendo uma das mais fantásticas retomadas econômicas da nossa história.
No ano de 2008 houve uma das mais graves crises econômicas do capitalismo, conhecida como subprime, que quebrou a economia dos Estados Unidos e espalhou o medo pelo mundo inteiro e atingindo fortemente a Europa.
Essa crise, de início ficou restrita ao coração do capitalismo mundial, acabou sendo conduzida aos países emergentes quando afetou a capacidade dos Estados Unidos e da Europa comprarem da China, o que fez com a economia chinesa reduzisse o seu crescimento, afetando as chamadas commodities, principalmente petróleo, soja e minério, que afetou fortemente as economias emergentes como a brasileira.
Outro fato importante foi o aumente da base monetária dos Estados Unidos, que jogou trilhões de dólares na economia para reanimá-la.
Esse processo desvalorizou o dólar e valorizou quase todas as moedas do mundo, inclusive a nossa, afetando a nossa capacidade de exportação.
Nesses anos todos usamos muito o fator cambial como medida para segurar os preços, o que também foi um erro grave da política brasileira nos últimos 20 anos, com exceção no período do final do governo Fernando Henrique, onde o mercado jogou a taxa cambial para a estratosfera, como descrito no início desse artigo.
Com a crise mundial e o fim da injeção de dólar no mercado mundial, o natural é que o dólar se valorizasse como ocorreu.
E o mundo ainda aguarda um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, o que pode elevar ainda mais a taxa cambial.
Mesmo levando em conta a desvalorização que ocorreu, a taxa cambial brasileira, se fosse levado em conta a inflação brasileira no período, subtraindo a inflação estadunidense, a taxa atualmente seria de R$ 7,00.
O câmbio mexe muito com a classe média, pois com a valorização cambial acabou a festa para comprar bugigangas na Flórida. Os turistas brasileiros estavam entre os que mais gastavam nos Estados Unidos.
O mercado interno também tinha sido invadido por produtos estrangeiros, quebrando o balanço de pagamentos do país.
O Brasil não pode de novo cair na armadilha de valorização cambial, como foi principalmente no período de decretação do Plano Real. Isso quebrou a indústria brasileira, pulverizando milhões de empregos de qualidade.
A China manteve o Yuan em 8 por dólar durante 30 anos e com isso se transformou na indústria do mundo.
A desvalorização cambial que ocorreu nesse início do ano é mais do que bem vinda para o Brasil, já estamos exportando bens industriais, mantendo empregos nessas empresas.
O câmbio é coisa muito séria e apesar de frustrar os passeios da classe média na Disneyworld pode ser elemento importante na retomada do crescimento econômico, fator importante para todos os brasileiros e brasileiras.
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