Na entrevista que deu aos blogueiros, o ex-presidente Lula, quando falou da campanha da oposição contra a Petrobras perguntou: onde está o blog da Petrobras?
Boa pergunta.
O silêncio da companhia nada tem a ver com ser “republicano”, como tanto gostam de dizer os que cultivam a ideia de “neutralidade”.
É, ao contrário, um dever da companhia esclarecer os seus atos.
Está certo que o caso da compra da refinaria de Pasadena está sendo objeto de uma apuração interna e, por isso, a companhia seja “econômica” no que diz sobre o assunto.
Mas a Petrobras ficou “boa de bater”, porque não dá um pio.
As “denúncias” se sucedem e – embora durem apenas uma edição de jornal, por não se sustentarem minimamente – vão criando um clima público que, apesar de não corresponder ao profissionalismo da empresa, afeta sua imagem e os seus negócios.
E, afetando essa imagem, afeta uma posição do Estado brasileiro, que a ela delegou a coordenação de nossa maior riqueza: o pré-sal.
As empresas privadas, inclusive as que têm negócios com a Petrobras, se aproveitam disso e põem as manguinhas de fora.
Ontem, os dirigentes da Total e da Shell, parceiras da Petrobras em Libra, já começaram com a historinha de que o fato de ser a Petrobras ser a operadora exclusiva do campo “vai atrasar” sua exploração.
Claro, estão de olho em controlar as torneirinhas dos poços, coisa que o modelo de partilha adotado por Lula não lhes permite – e faz muito bem em não permitir – e começaram a criticar o conteúdo nacional obrigatório, sugerindo que seja trocado por “investimentos na cadeia produtiva do petróleo”.
Os distintos amigos conhecem, só como exemplo, algum navio que tenha sido encomendado no Brasil pela Total ou pela Shell?
Ninguém duvida da honradez e da capacidade de gestão da presidenta da Petrobras. Ou melhor, ninguém entre os que defendem a Petrobras, porque sua própria imagem é tisnada pela campanha que sofre a empresa, embora alguns ainda procurem lhe tentar com o canto da sereia de que ela pode “flexibilizar” o controle nacional sobre o petróleo.
Sem pretender ensinar exploração petróleo a Graça Foster, permitam-me ensinar-lhe uma regra de comunicação: tudo o que se aforma nos meios de comunicação é tomado como verdadeiro, a não ser em duas situações.
A primeira é quando o receptor da mensagem, por sua experiência pessoal, sabe que os fatos não podem se passar da maneira que foram descritos.
Mas isso só ocorre com uma pequena minoria que, por alguma razão, convive com a empresa e sabe de seu nível de rigidez e controles.
A segunda é quando a mensagem é prontamente rebatida.
O que é dito hoje não pode ser respondido daqui a 200 ou 30 dias, quando ela ou outro dirigente da Petrobras forem ao Congresso, ou ao Tribunal de Contas, ou a qualquer outro fórum institucional de prestação de esclarecimentos.
Tem de ser respondidos imediata, clara, enérgica e afirmativamente.
Como fazia, lembrou Lula, o Fatos e Dados, blog da Petrobras que provocou a fúria da grande imprensa quando lhe quebrou o monopólio da “verdade”.
Lula, quando precisou falar, falou a quem queria ouvi-lo e a grande mídia, querendo ou não, teve de publicar o que disse, sem muita manipulação, porque havia uma entrevista inteira, mostrada a todos e disponível para ser confrontada às versões que sobre ela quisessem publicar.
Negar isso é negar a própria essência da democracia, porque é negar o contraditório.
É esse contraditório que ele pediu, ao perguntar onde estava o blog da Petrobras.
Que, infelizmente, ninguém sabe, ninguém viu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário