quinta-feira, abril 29, 2010

Serra é preparado ou dizem que ele é preparado?



E & P

Os jornalistas da grande mídia estão tentando pautar na televisão, rádio, internet e jornais a falácia de que Serra é mais preparado do que Dilma. Lembra aquela história de um rei que estava a se vestir de ouro, mas na verdade foi vítima de um golpe e uma criança no ombro do pai, grita que o rei está nu. A grande imprensa brasileira está tentando, junto com a coordenação de campanha tucana, implantar o mesmo golpe. Simplesmente não comparam Serra com indicadores do seu governo, pautam que ele é preparado e pronto. Não ligam o fiasco da segurança no Guarujá ao governo tucano, a péssima posição que o Estado de São Paulo ocupa na educação, a inauguração de obras inacabadas, como o Rodoanel e a Nova Marginal, colocando em risco a vida dos motoristas; a inauguração de maquetes, a promessa de inaugurar obras que não saíram, como a linha 4 –Amarela do Metrô, estações da linha 5 – Lilás e 6 – Laranja, além da linha 17-Ouro. Na crise de 2009 Serra se revelou um governador amedrontado, não tomou medidas fiscais para enfrentar a crise, pelo contrário torceu por ela, pois em todas suas aparições públicas, ele dizia que 2010 seria um ano catastrófico, junto com a grande imprensa. Tudo o que o candidato do PSDB diz é trabalhado de forma acrítica pelo jornalismo brasileiro. A gafe de destruir o Mercosul mostrou um candidato despreparado em política internacional. Se o Serra dizer que a Terra é quadrada e o Sol gira em torno dela, a Folha vai ouvir “especialistas” que refutarão Galileu Galilei, e tentará reativar a teoria de Ptolomeu, a Globo fará um Globo Repórter Especial, com as novas “descobertas” da astronomia de que a Terra é quadrada e gira em torno do Sol, o Estadão dirá que a Inquisição estava certa e que a teoria de que é a terra que gira em torno do Sol é coisa do PT, MST e dos esquerdistas do mundo. Na internet, os blogs apócrifos tucanos repetirão ad nauseam que a Terra é quadrada. A Veja colocará uma capa com Serra e uma imagem da Terra quadrada, é o “astrônomo competente”.
Preparo do Serra:
Senador Constituinte – Reprovado pelo DIAP por votar contra os interesses dos trabalhadores
Ministro do Planejamento do governo FHC –Brasil quebrou três vezes e ficou de joelhos perante o FMI e o mundo
Ministro da Saúde do governo FHC – Acabou com equipes contra a dengue no país inteiro, o que fez com que o país naquele ano tivesse a maior epidemia de dengue da sua história. Para o Garotinho em 2002, Serra achava que tinha de vacinar o mosquito. Se apropriou de programas que não foram seus como os genéricos e contra a AIDS.
Prefeito de São Paulo – Acabou com os programas implantados pela prefeita Marta Suplicy como o Interligado dos transportes, que não foi completado, pois os corredores de ônibus e terminais não foram construídos, o Vai e Volta, que transportava crianças para a escola, chegou a levar mais de 100.000 alunos por dia, o Renda Mínima que tinha quase 300.000 famílias recebendo um salário mínimo, a Guarda Civil Metropolitana, o que acabou com a segurança, entre outros.
Governo de São Paulo – Não desassoreou o rio Tietê, o que fez com que o Estado sofresse as piores inundações, principalmente o Jardim Pantanal, não investiu em educação, pagando os piores salários e tendo os piores resultados do Brasil, pelo contrário mandou a polícia descer a lenha nos professores; não investiu em segurança, o policial paulista é um dos que ganham menos, e a situação no Estado é de medo coletivo; a infraestrutura é precária, principalmente no transporte metropolitano, em que trens, metrôs e ônibus estão superlotados e implantou os pedágios mais caros do Brasil e do mundo o que encarece o transporte de mercadorias consumidas pela população.

Serra é preparado ou dizem que ele é preparado?

quarta-feira, abril 28, 2010

MÚSICA -Todo errado - Caetano Veloso e Jorge Mautner:

Manifesto dos Trabalhadores Urbanitários

Contra a Privatização do Saneamento
25/04/2010



A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal, Presidida pelo Senador Fernando Collor de Mello, apresentou quatro (4) Projetos de Lei que tratam direta ou indiretamente da prestação dos serviços de saneamento.


O principal deles, e que ataca frontalmente o setor, é o PL nº96/10. Trata-se, sem dúvida nenhuma, de mais uma investida do setor privado contra os avanços obtidos pelo setor nos últimos anos, sobretudo, no que se relaciona a celebração de contratos de programa, conforme preconizado na Lei 11.107/05, Lei de Consórcios Públicos, em seu artigo 13.


Caso o Projeto seja aprovado, não será mais permitida a celebração de contratos, sem licitação, entre municípios e operadores públicos de saneamento. Isso afetará claramente as Companhias Estaduais de Saneamento, justamente em um momento em que vencem a maioria dos contratos de concessão.


Os trabalhadores do setor de saneamento, que tem sua história marcada pela luta contra a privatização, não aceitarão mais essa tentativa, orquestrada pelos defensores do neo-liberalismo, que acordam dos eu berço esplendido, para impingir uma derrota dessas proporções à sociedade brasileira.


Todos sabem o que significou as privatizações dos serviços públicos no Brasil e no mundo, na maioria dos casos, piora na qualidade da prestação dos serviços, aumento de tarifas e precarização do trabalho. O saneamento esta ligado à saúde pública, necessita de investimentos em áreas carentes, que não interessa ao setor privado. Além do mais, os artigos 14 e 16 do PL em questão, já preparam o terreno para atuar nas regiões metropolitanas, onde se concentram as maiores arrecadações tarifárias.


A agenda do setor hoje, colocada pala sociedade e apoiada pelo governo Lula é outra, mais investimentos para o saneamento, regulamentação da Lei 11.445/07, elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico, criação e fortalecimento dos instrumentos de controle social.


Já derrotamos, junto com a Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental, outras tentativas desse tipo. Não mediremos esforços para superar mais esse desafio.


Contra o PL 96/10
Pela universalização do acesso dos serviços de saneamento
Em defesa do serviço público com qualidade e controle social

terça-feira, abril 27, 2010

Vídeo assustador: Serra previu que 2010 ia ser uma catástrofe




Esse é o administrador "preparado" que quer acabar com o Brasil. As gafes do Serra: acabar com o Mercosul, criar um ministério para segurança, dizer que responder ao Mercadante é falar do atraso, dizer que a gripe suina era pega do porquinho, jogar a polícia contra os professores, convidar o Arruda para vice, dizendo vote num careca e ganhe dois, entre outras

GEOPOLÍTICA - EUA preparam arma do "fim do mundo" não nuclear



Em uma recente entrevista dada ao jornal americano The New York Times, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, revelou que sua administração deu sinal verde para o estudo e desenvolvimento de um novo tipo de conceito de ataque militar, sem o uso de armas nucleares mas com o mesmo poder destrutivo. Tal conceito chama-se Prompt Global Strike, um sistema de ataque com mísseis e armamento "convencional" que pode atingir qualquer ponto do planeta em até uma hora.

Apoio político e financeiro ao projeto não falta. Robert Gates, o secretário da Defesa, revelou na emissora americana ABC que a administração já abraçou o Prompt Global Strike. Prova disso são os US$ 250 milhões que Obama pediu ao Congresso para explorar a tal alternativa, que combina tecnologia militar e aeroespacial de ponta. John McCain, candidato presidencial republicano em 2008, também já manifestou o seu apoio a um programa que tem tanto de "caro como de essencial".

As reservas relativas à nova geração dos mísseis Trident, inicialmente pensados para incorporar o "Prompt Global Strike", fez com que muita gente no Departamento de Defesa se virasse para alternativas. A resposta deverá ser um míssil cujo projeto chama-se X-51: uma arma que os radares de Pequim e Moscou teoricamente não confundirão com um míssil nuclear.

Utilizando tecnologia espacial da NASA, esta será a única arma não nuclear capaz de atingir velocidade de Mach-5 (5.793 quilômetros por hora) e que utiliza os efeitos brutais da velocidade hipersônica para destruir os alvos com a força cinética aliada a uma ogiva "convencional".

De acordo com o Pentágono, este sistema não estará operacional antes de 2015 e o mais provável é que o seu desenvolvimento se prolongue até 2020. De acordo com a ficção científica militar americana, essa arma pode ser lançada de um bombardeiro B-52 e seria capaz de estilhaçar uma central nuclear iraniana ou norte-coreana, destruir um navio carregado de armamento no Oriente Médio ou ainda explodir o esconderijo de Bin Laden — que os Estados Unidos desistiram de encontrar há muito.

Tudo isso com cinematográfica "precisão extrema", em poucos minutos e com uma potência localizada equiparada à de uma bomba nuclear. E tão "humanitária" que não "sujaria" o ambiente ao redor, como acontece com a radiação emitida em uma explosão atômica.

Pentágono prevê ativação até 2015

O Pentágono espera posicionar uma primeira versão da nova arma em 2014 ou 2015. Mas mesmo segundo os prazos mais otimistas, um conjunto completo de mísseis, ogivas, sensores e sistemas de controle só deverá entrar para o arsenal entre 2017 e 2020, muito depois de Obama ter deixado o governo.

O planejamento do PGS está sendo chefiado pelo general Kevin P. Chilton da Força Aérea, o mais alto oficial do Comando Estratégico das Forças Armadas e o homem encarregado pelo arsenal nuclear americano. Na administração Obama, a nova parte do trabalho do general Chilton é conversar a respeito de "alternativas convencionais".

Falando a partir da Base Offutt da Força Aérea, o general Chilton descreveu como a capacidade convencional oferecida pelo sistema proposto daria ao presidente "mais opções".

"Hoje, nós podemos apresentar algumas opções convencionais ao presidente para atacar um alvo em qualquer parte do globo, variando de 96 horas a várias horas, talvez quatro, cinco ou seis horas", disse Chilton.

"Isso, contudo, não seria rápido o bastante", destacou, "caso chegasse um dado do setor de inteligência sobre uma movimentação de terroristas da al-Qaida ou o lançamento iminente de um míssil".

"Se o presidente quiser agir contra um alvo em particular mais rapidamente do que isso, a única coisa mais rápida que temos é uma resposta nuclear", disse.

O que é

O Prompt Global Strike (PGS) é uma iniciativa militar americana que pretende desenvolver um sistema capaz de desferir um ataque militar convencional em qualquer parte do mundo em apenas uma hora, do mesmo modo que um ataque militar nuclear pode ser realizado atualmente com mísseis balísticos.

Como declarado pelo general americano James Cartwright, "hoje, a menos que se decida pelo uso de armas atômicas, gasta-se dias, talvez semanas", até que um ataque militar com forças regulares possa ser lançado.

O objetivo desse sistema é prover de capacidade rápida de ataque convencional a partir do território dos Estados Unidos contra qualquer parte do globo terrestre em um caso de emergência ou conflito. O sistema PGS será implementado para complementar as outras partes do sistema estadunidense de agressão global, com um sistema que pode desferir um ataque contra qualquer lugar do planeta ou do Espaço em até 60 minutos.

O sistema é visto pela administração Obama como um meio de reduzir o arsenal nuclear e os gastos envolvidos nele, enquanto mantém capacidade idêntica de destruição. Entretanto, esse sistema é capaz de, ao ser acionado, ativar os sistemas de defesa nucleares de Rússia e China, o que teria feito a administração Bush engavetar o projeto.

Ainda não estão claros os detalhes técnicos e as precauções que deverão ser tomadas para assegurar a esses países que o míssil lançado não carrega ogivas nucleares. Alguns técnicos militares sugerem mísseis de trajetória de baixa altitude ou até inspeção dos sítios de lançamento por russos e chineses.

A tecnologia desse sistema preocupa tanto outras nações que a administração Obama acabou cedendo às exigências da Rússia para que os Estados Unidos desativem um míssil nuclear para cada míssil PGS. Essa disposição foi tratada no último acordo fechado entre EUA e Rússia, assinado por Obama e Medviédev em Praga.

Em 11 de abril, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, indicou que o país já possui capacidade para desferir um ataque pelo Prompt Global Strike. O tratado assinado entre russos e americanos em 8 de abril não distingue armas nucleares de convencionais, significando que cada míssil do sistema PGS ou ogiva nuclear será considerado para os limites de armamento estipulados no acordo. Entretanto, o Departamento de Estado dos EUA declarou que isso não deve interferir nos planos de desenvolvimento do PGS, já que não ultrapassaria o limite estabelecido.

Da redação, com agências

segunda-feira, abril 26, 2010

SAQUE - Venda de estatais paulistas pela turma do PSDB

Clique em cima do título para acessar a matéria no blog original


MEMÓRIAS DO SAQUEIO: VENDA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO PAULISTA FOI DE R$ 79,2 BI ENTRE 1997 E 2010.


(Os governos Covas, Alckmin e Serra venderam de forma contínua o patrimônio público paulista.

do Transparência SP
Desde 1997, os governos que ocupam o Palácio dos Bandeirantes têm se comprometido com metas pouco divulgadas, contidas no “Acordo da Dívida” assinado entre FHC e Covas. São elas: a venda patrimônio público, o aumento das receitas próprias, a redução das despesas com o funcionalismo público, o corte dos investimentos e o bloqueio das operações de crédito.
Toda esta equação aponta para o chamado “Estado Mínimo”.
No caso da venda do patrimônio paulista, precisamos contar de forma detalhada esta história, uma verdadeira “memória do saqueio”, como no caso do excepcional filme argentino, que relata as peripécias desastrosas da política neoliberal de Carlos Menen.
São Paulo não ficou atrás no que se refere à dilapidação do patrimônio público.
Durante o período de 1997 a 2000, as metas fixadas para receitas com a venda de ativos eram de R$ 15,2 bilhões, em valores nominais, mas as metas realizadas superaram os R$ 22,4 bilhões, também em valores nominais.
O primeiro ciclo de privatizações inicia-se em projetos de construção e operação de menor envergadura do setor elétrico e de saneamento (Canoas I e II e a Estação de Tratamento de Água em Cajamar), ou ainda em setores considerados não prioritários para o poder público - como o turístico –, mas rapidamente atinge empresas estatais de setores considerados estratégicos.
Em 1997, com a transferência da Fepasa e da Ceagesp para a União, o programa atinge importantes setores de transporte ferroviário e abastecimento do Estado. Ainda em 1997, com a alienação de participação da Sabesp, Elektro e Eletropaulo e a privatização da CPFL, a venda de patrimônio público atinge os setores de saneamento e energia.
Em 1998, iniciou-se a concessão de serviços das rodovias paulistas para empresas privadas, com a correspondente cobrança de pedágios. Foram nove lotes (Anhanguera/Bandeirantes, Imigrantes/Anchieta, Raposo Tavares/Castelo Branco, Região de Ribeirão Preto, Região de Batatais, Região de São João da Boa Vista, Região de Bebedouro, Região de Araraquara e Região de Jaú), privatizando-se a malha rodoviária mais eficiente e de maior qualidade do país.
Em 1999, a privatização da COMGÁS, da CESP Paranapanema e da CESP Tietê deram seqüência ao processo de venda de patrimônio público em setores estratégicos. No mesmo ano houve a transferência do Banespa para a União, por cerca de R$ 2 bilhões. Anos mais tarde, este mesmo banco seria vendido ao Grupo Santander por mais de R$ 7 bilhões.
Em 2000, fechou-se o primeiro ciclo de privatizações, com a concessão de mais três lotes do sistema rodoviário (Região de Itapetininga, Região de Itapira e Região de Itu) e da Área 3 (Sul) de gás canalizado.
No período de 2001 a 2004, as receitas realizadas com a alienação de ativos (cerca de R$ 1 bilhão) ficaram abaixo das metas estipuladas no programa de ajuste fiscal para o período, que eram de R$ 2,5 bilhões. Mesmo assim, o governo paulista seguiu alienando participações da SABESP em 2002 e 2004, durante o governo Alckmin.
De 2005 a 2010, durante os governos Alckmin e Serra, realiza-se o segundo ciclo de privatizações. Neste período foram vendidas a ‘Nossa Caixa Seguros e Previdência’, o Banco Nossa Caixa e a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), além das concessões das rodovias D. Pedro I, Carvalho Pinto/Airton Senna, Raposo Tavares e Marechal Rondon.
Vale lembrar que a venda da Nossa Caixa deu-se no auge da maior crise econômica e financeira mundial dos últimos 80 anos.
Considerando todas as modalidades de venda de ativos - privatização, concessão de serviços, alienação de participações, alienação de controle, alienação de imóveis e transferência para a União -, os últimos governos do Estado de São Paulo terão arrecadado mais de R$ 79,2 bilhões até 2010 (em valores atualizados pelo IGP-DI).
Neste período, a venda de patrimônio público rendeu R$ 46,1 bilhões durante o primeiro governo Covas (1995 a 1998), R$ 18,4 bilhões durante o governo Covas/Alckmin (1999 a 2002), R$ 4,3 bilhões durante o governo Alckmin (2003 a 2006) e R$ 10,4 bilhões durante o governo Serra (2007 a 2010).



RELEMBRANDO: Vale do Rio Doce


Alguns números - Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) “vendeu” a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) por apenas R$ 3,3 bilhões. Curiosamente a avaliação dos auditores privados e do próprio Governo davam a Vale um preço de R$ 93 bilhões, ainda assim um valor muito abaixo do real. Só para se ter uma idéia do crime, em 1996, um ano antes da venda, o lucro, só o lucro oficial da CVRD foi R$ 13,4 bilhões. Não é valor de patrimônio. É só lucro. E mais: três meses depois da venda por R$ 3,3 bilhões, o lucro da Vale já era superior aos R$ 4 bilhões. O Governo FHC deu a CVRD um território de exploração de minério superior ao tamanho do Estado do Rio Grande do Sul.
A companhia, na época da venda, já era a maior produtora de ferro do mundo e a segunda maior mineradora do planeta em variedade de minérios. A Vale possui as maiores minas de ouro de toda América Latina. Ela também tem enormes reservas de Urano, que a lei diz que o seu uso deve ser da União. A CVRD detém quase toda malha ferroviária do País. Isto é, este transporte está quase totalmente privatizado. A empresa controla ainda 54 grandes empresas que abrangem portos e navios graneleiros. Hoje, avalia-se que seu patrimônio supera os R$ 200 bilhões e possui um lucro anual superior aos R$ 70 bilhões. Imagine isso investido de verdade em educação, saúde, segurança, etc...

http://transparenciasaopaulo.blogspot.com/2010/04/memorias-do-saqueio-venda-do-patrimonio.html

Economês:O IGP da Fundação Getúlio Vargas




Do Valor
IGP perde importância na salada de índices
João Villaverde, de São Paulo
26/04/2010

Não é missão fácil acompanhar a inflação no Brasil. Não porque os preços ora sobem muito e, pouco depois, perdem ímpeto. Mas porque há uma miríade de índices, que se intercalam durante a semana, apontando tendências em diferentes segmentos da economia. Instituições públicas, privadas e sindicais calculam, cada uma, seu índice. Algumas produzem mais de um. A sopa de IGP-10, IGP-M, IGP-DI, IGP-OG, INPC, IPCA, IPC-Fipe, IPC-S, IPC-c1, IPC-3i, INCC, ICV, ICV-M e outros menos votados constitui um dos cenários mais diversificados de índices inflacionários do mundo.

Criados, em boa parte, para fazer frente à escalada inflacionária dos anos 80, aos poucos vão perdendo espaço nas contas públicas e contratos privados, mas continuam assustando os economistas com suas rápidas oscilações.

Caso simbólico, o Índice Geral de Preços (IGP), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), chegou a ser um dos indicadores de inflação mais importantes da economia brasileira, que corrigia desde títulos públicos até preços de produtos no supermercado, passando por contratos de aluguel e condomínio.

Entre o fim dos anos 80 e os primeiros anos da década de 90, o IGP era utilizado – e defendido – pelos agentes que desconfiavam dos índices calculados pelo Estado. O índice da FGV, na época, simbolizava inclusive a “eficiência” da iniciativa privada, em contraposição ao Estado em crise moral e econômica agravada pelas seguidas trocas de moeda e moratórias da dívida externa.

O tempo passou e o fim da hiperinflação foi, aos poucos, diminuindo a utilização do IGP na economia. O governo não emite mais títulos corrigidos pelos IGPs desde dezembro de 2006 e, neste ano, são os contratos entre indivíduos e empresas que expõem o esquecimento do índice: depois de acumular leve alta de 1,9% nos 12 meses terminados em março, o IGP-M foi amplamente ignorado nos novos contratos de aluguel firmados em São Paulo. Segundo levantamento do Secovi-SP (sindicato da habitação), o aluguel de novos contratos residenciais subiu 10% em março.

Para Gian Barbosa, analista de inflação da Tendências Consultoria Integrada, o IGP recebe mais atenção nas “semanas fracas” – quando há poucos indicadores sendo divulgados. O cenário mais comum, no entanto, é dos diferentes índices de preços brasileiros se acumulando. Toda semana um índice é divulgado e, a cada duas semanas por mês, cerca de cinco índices são anunciados.

Um analista de mercado, doutor em economia em São Paulo, avalia que a salada de índices é “um terror”. “Numa semana sai o IPC-S, seguido da primeira prévia do IGP-M. Pouco depois, temos o IGP-10 e novo IPC-S, que são seguidos da segunda prévia do IGP-M, que sai junto do IPCA-15. Ao final temos o IGP-M fechado e mais IPC-S, além do ICV do Dieese. Depois que o mês termina, ainda saem o IGP-DI e o IPCA do mês anterior”, diz o economista, que acompanha indicadores há 20 anos. Para ele, o IGP “acaba por constituir-se no mais discutível”. O economista avalia que o índice vem perdendo espaço “onde ainda guardava relevância”: nas tarifas públicas e nos contratos de aluguel e condomínio.

Apurado desde 1944 pela FGV, o IGP-DI (Disponibilidade Interna) configura a alta de preços no atacado, no varejo e na construção civil, com diferentes pesos, ao longo do intervalo de 30 dias de um mês. Para fazer frente à explosão da inflação nos anos 80, a FGV desmembrou o IGP em uma série de intervalos, como forma de facilitar a mensuração e consequentemente correção de contratos, para não deixar resíduos inflacionários que acarretassem perdas aos credores. Assim, surgiram o IGP-10 – apurado entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte – e o IGP-M, que calcula a alta entre o dia 21 de um mês e o dia 20 do mês seguinte. O IGP-M, além disso, também pode ser “antecipado”: a FGV divulga duas prévias (1P e 2P) entre os dias 10 e 20 do mês.

Mais famoso entre os índices não-públicos, o IGP é criticado pelo peso desigual que dá aos fatores. “Não faz sentido misturar atacado, varejo e construção civil e, ainda por cima, dar pesos distintos entre eles”, afirma Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. No índice, a FGV leva em conta o Índice de Preços no Atacado (IPA), que representa 60% do IGP, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que pesa 30%, e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com os 10% restantes. Por vezes, uma alta forte no custo da mão de obra na construção civil pode causar impacto sobre o IGP, ainda que os preços de matérias-primas e bens industrializados estejam comportados. “O correto seria um índice que levasse em conta apenas as oscilações no atacado”, avalia Borges, para quem “isolar” o IPA como um índice por si só seria “o mais justo”.

Para captar as variações de preços no varejo, que atingem os consumidores brasileiros, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tornou-se o “índice oficial” de inflação. É o IPCA que baliza a política de metas de inflação do governo, alvo da política monetária do Banco Central e da política fiscal dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Mas mesmo o IPCA não está sozinho. Criado exatamente 40 anos antes, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apura alta no varejo paulistano e ainda hoje é usado por analistas de bancos e consultorias para antecipar movimentos mais amplos, que depois serão registrados no IPCA.

Entre janeiro de 1939 e 1968, o IPC-Fipe era calculado pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo. Passou à Universidade de São Paulo (USP) e, a partir de 1973, à Fipe. O índice é divulgado toda segunda-feira, apresentando a variação de preços na semana anterior.

A alta de preços na cidade de São Paulo conta ainda com o Índice do Custo de Vida (ICV), calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese). Tanto o ICV quanto o IPC-Fipe, ainda que restritos ao município de São Paulo, servem de termômetro para o IPCA. No mês passado, o IPC-Fipe acumulou alta de 0,34%, enquanto o ICV atingiu 0,47%. O IPCA, divulgado pouco depois, bateu em 0,52%.

No entanto, nem o IPC da Fipe, o ICV do Dieese ou o IPC da FGV causam o impacto que a “família” dos IGPs causa entre os analistas de mercado, o governo e o noticiário. Ainda sobrevive no mercado a ideia de que elevações no IGP serão revertidas em altas no IPCA e, consequentemente, sensibilizar a política de metas inflacionárias. Entre os economistas, essa percepção ganhou teoria própria: o IPCA estaria “grávido” do IGP.

A análise dos resultados de ambos, nos últimos anos, evidencia certo descompasso entre os índices. Em 1999 e 2002, anos de crise interna – maxidesvalorização do real e turbulências político-eleitorais, respectivamente – o IPCA teve variações elevadas: 8,9% e 12,5%, nessa ordem. O IGP-DI, no entanto, atingiu valores muito superiores. Em 1999, bateu em 20%, e em 2002 alcançou 26,4%. Da mesma forma, no ano passado, a crise mundial provocou deflação de preços global, diante da queda no consumo. O IPCA recuou dos 5,9% registrados em 2008 para 4,3%, em 2009. O mergulho do IGP foi ainda mais violento, ao passar dos 9,1% apurados em 2008 para -1,73% no ano passado.

A percepção, entre os economistas, é que a estabilidade de preços ocorreu de maneira perceptível no IPCA, que chegou a alcançar 2.477,1% em 1993 e hoje oscila entre 4% e 5% ao ano. Com o IGP, por outro lado, a estabilidade pós-1994 é muito menos “suave”, como as variações recentes demonstram – o IGP-M, segundo preveem as cerca de cem instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central no boletim Focus, deve saltar da deflação de 2009 para valores superiores a 8% neste ano.

Para Borges, da LCA, o Brasil é o único país do mundo que usa índice de inflação híbrido, com média ponderada de varejo, atacado e construção civil. “Trata-se de uma jabuticaba esotérica. No resto do mundo calcula-se um índice para varejo, outro para atacado e outro ainda para o produtor. Aqui, no IGP, varejo e atacado são misturados, com pesos diferentes. E ainda tem construção civil no meio. Não tem lógica nenhuma.”

“Ele muda sua utilização na economia, mas é sempre requisitado pelo mercado”
De São Paulo
26/04/2010

Coordenador da área macroeconômica do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) desde 2002, o economista Salomão Quadros avalia que a função do Índice Geral de Preços (IGP) mudou ao longo dos seus 66 anos de existência, mas “ele sempre foi requisitado pelo mercado”. O índice já foi utilizado como deflator do Produto Interno Bruto (PIB) entre os anos 1960 e o início da década de 1980, além de indexador de contratos públicos e privados, como aluguéis. Nos últimos anos, porém, o índice descolou-se do IPCA, utilizado pelo Tesouro como deflator do PIB e pelo Banco Central no regime de metas de inflação. Enquanto o IPCA oscilou próximo a 4,5%, o IGP-M chegou a bater em 9,2%, em 2008, antes de recuar a -1,72%, no ano passado. Hoje, o mercado já trabalha com taxas de 8% para 2010. Essa oscilação causa desconforto entre os economistas. Quadros, em entrevista ao Valor, defende o índice.

Valor: A grande crítica que se faz ao IGP é que ele une atacado, varejo e construção civil num único índice, dando pesos diferentes a cada um. Por que isso ocorre?

Salomão Quadros: Estamos falando de um índice tradicional, usado desde 1944, que foi deflator do PIB entre as décadas de 1960 e 1980. Se pegarmos uma série longa dos componentes do PIB, veremos pesos semelhantes ao que usamos, quer dizer, 60% para o atacado, 30% para consumo e 10% para construção civil. São valores que oscilam próximos a esse peso. Não temos planos de revisar isso.

Valor: No ano passado, o IGP-M fechou pela primeira vez desde sua criação em 1989 em deflação. No entanto, não há notícias de contratos que usam o índice terem sido reajustados para baixo. O que acha disso?

Quadros : Em mais de 80% dos casos, os aluguéis são reajustados pelo IGP-M. Momentaneamente, em casos de IGP-M muito alto no acumulado em 12 meses, o proprietário pode aceitar um reajuste menor. Depois, numa época de queda muito forte, o inquilino pode devolver, acordando em reajustes maiores. Não há estatística que comprove a incidência, mas é possível verificar no mercado que o IGP-M é muito usado.

Valor: Tarifas públicas, como de transporte coletivo, telecomunicações e energia elétrica, estão usando uma cesta de índices, não mais concentrando seu reajuste no IGP-M. O governo também não emite mais títulos corrigidos pelo índice. Ele está perdendo força?

Quadros : As pessoas sempre acham que os IGPs estão perdendo força. Quando ele deixou de ser o índice deflator do PIB, no começo dos anos 1980 [quando foi criado o IPCA], os economistas falavam que ele estava em baixa. Poucos anos depois, com as crises do setor público e a hiperinflação, a criação do IGP-M foi importante para correção de contratos e defesa contra a perda de poder da moeda. Com a estabilização, em 1994 e 1995, voltou-se a falar em perda de força, mas então ele passou a ser usado como hedge cambial, até a adoção do câmbio flexível, em 1999. Desde então, continua a corrigir contratos públicos e privados. Ele muda sua utilização na economia, mas, com a mesma fórmula, é sempre requisitado pelo mercado.

Valor: Mas se o índice ainda é muito utilizado, por que então mudar a fórmula do IPA, que corresponde por 60% do IGP-M, que deixa de ser uma pesquisa no atacado para um índice sobre o produtor?

Quadros: Porque esse é o modelo mais comum no resto do mundo. É hora de partir para algo como um índice de preços ao produtor, porque esse é o caminho. Contratamos um consultor americano, que cuidava do IPP dos EUA, para nos ajudar a implementar a mudança. O nome IPA continua o mesmo, mas a mudança já está valendo para as duas prévias de abril do IGP-M.

Valor: Trata-se de um índice caro de se produzir?

Quadros: Estamos falando de uma equipe de mais de 300 pessoas, em sete capitais (SP, RJ, BH, Porto Alegre, Salvador, Recife, Distrito Federal). Até 2005, eram 12 capitais, mas resolvemos enxugar para diminuir custos, algo que, no entanto, não acarretou em perda de eficiência dos índices, que continuaram muito significativos.

Valor: Há descolamento entre os IGPs e os índices públicos, como IPCA e INPC?

Quadros: Se pegarmos o IPC, que corresponde por 30% do IGP e que pode ser facilmente comparado ao IPCA, veremos que eles estão, curiosamente, inclusive, iguais. Nos 12 meses terminados em março, tanto o IPCA quanto o IPC da FGV acumularam 5,17%. Isso pode mudar, mas serve para mostrar que não há grande descolamento. (JV)

“Estamos falando de uma jabuticaba que mistura tudo”, diz economista
De São Paulo
26/04/2010

Quando começou, o ano de 2010 foi logo caracterizado pelos economistas de bancos e consultorias como oriundo de um passado inflacionário benigno. A redução de preços verificada nos índices em 2009, graças aos efeitos recessivos da crise mundial, serviria para “amenizar” reajustes elevados em contratos públicos, aluguéis e salários. O Índice Geral de Preços-M (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) desde 1989, atingiu, no ano passado, sua primeira deflação – fechou a -1,72%.

No início do ano, no entanto, os reajustes sazonais de transporte público e material escolar, somados a pressão nos preços de alimentos, fizeram o IGP-M saltar. Apenas no primeiro trimestre do ano, o índice acumulou alta de 2,78%. O salto, três meses após a deflação histórica, ligou o sinal de alarme dos economistas e reanimou o debate quanto a controle de inflação.

“O IGP ainda tem muito efeito nos noticiários porque deixa todos assustados com seus pulos rápidos. A política de metas é feita com o IPCA, mas na hora do susto logo começam a calcular qual pode ser o repasse do atacado ao varejo”, afirma Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. O problema, diz, é que o IGP não transmite apenas as variações no atacado.

“Estamos falando de uma jabuticaba”, diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. “É um índice que pega atacado, mistura com varejo e, de lambuja, ainda junta com alta nos preços de material de construção e de salários dos trabalhadores da construção civil”, afirma.

Calculado desde 1944, o IGP cresceu e formou família. Além do IGP-DI, são divulgadas duas prévias do IGP-M, além do IGP-OG e do IGP-10. A FGV ainda desmembra o INCC, que responde por 10% dos IGPs, e o IPC, divulgado semanalmente. Esses produtos são vendidos aos bancos e consultorias, que passam a ter acesso a pesquisa completa realizada pela instituição. Segundo fontes do mercado, os pacotes custam entre R$ 20 mil e R$ 60 mil ao ano, podendo alcançar cifras próximas a R$ 100 mil.

Para o economista Ricardo Braule Pinto, ex-chefe do Departamento de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o momento de alterar a ponderação do IGP “já passou”. O economista carioca, já aposentado, conversou com o Valor sobre “o índice que é como a ‘Voz do Brasil’: ninguém gosta, mas está há décadas no ar”, em referência ao programa radiofônico público que vai ao ar diariamente. O programa teve sua primeira transmissão em julho de 1935, durante o governo de Getúlio Vargas. Para o economista, “todo mundo reclama do IGP, mas poucos fazem alguma coisa para mudá-lo, então ele continua com as mesmas distorções de sempre”.

As mudanças anunciadas pela FGV, que transformou o Índice de Preços no Atacado (IPA), que responde por 60% do IGP, em índice de preços ao produtor “atenuam”, avalia Pinto, os “erros do IGP”, mas, segundo ele, “ainda é preciso entender que não faz nenhum sentido um índice que junta fabricantes de carros e de autopeças, de modo que as montadoras produzem e sofrem inflação ao mesmo tempo”.

O IBGE prepara o lançamento de um índice semelhante ao PPI americano, que computa os preços ao produtor. São 1,6 mil empresas cadastradas em 12 capitais – as mesmas representadas no IPCA -, que responderão à pesquisa de preços do governo.

Segundo Alexandre Brandão, coordenador do futuro Índice de Preços ao Produtor (IPP), cerca de 1,1 mil empresas já estão regularizadas e respondendo a pesquisa. “É um trabalho lento, de levantamento de companhias e formulação de produtos. Esperamos ter tudo funcionando até o fim do ano”, afirma Brandão. Para ele, o país “prescinde” de um índice com este perfil. “Nos EUA são apenas dois índices: o PPI, ao produtor, e o CPI, do varejo. Aqui, temos uma série de indicadores de varejo e atacado, e nenhum de preços ao produtor”, afirma.

Da mesma forma, a FGV, que implantou a alteração do IPA neste mês, se baseou na experiência americana com o PPI. De acordo com Salomão Quadros, chefe da área dos IGPs, a FGV teve como consultor Irwyn Getuk, que tocava a apuração do PPI americano até se aposentar, em 2005. No IBGE, são cerca de 20 pessoas trabalhando no índice. Na FGV, mais de 300 na equipe de índices. Desde 2005, quando passou por mudanças para “enxugar custos”, a FGV diminuiu o número de capitais pesquisadas para a elaboração dos índices: de 12 para sete. (JV)

sábado, abril 24, 2010

MÚSICA : saudoso Gozaguinha

A esperança e o preconceito: as três batalhas de 2010

Simone de Beauvoir disse que “a ideologia da direita é o medo”. O medo foi o grande adversário de todas as campanhas de Lula. Desta vez, o fato de Lula ser governo desfaz grande parte das ameaças que antes insuflavam o temor entre os setores populares. O grande adversário dessa campanha não é mais o medo; tampouco é Serra, candidato de poucas alianças, sem programa e que esconde seu oposicionismo no armário. O grande adversário são os que estão por trás do tucanato e o utilizam como recurso político de uma guerra elitista, preconceituosa, autoritária e desigual. O artigo é de Arlete Sampaio.

Arlete Sampaio, na Carta Maior


A campanha de 2010 não é apenas uma, mas pelo menos três grandes batalhas combinadas. Uma disputa política, dos que apóiam as conquistas do governo Lula contra aqueles que sempre as atacaram e agora se esquivam de dizer o que pensam e o que representam. Uma disputa econômica, dos que defendem o protagonismo brasileiro e sabem da importância central do estado na sustentação do crescimento, contra os que querem eletrocutar nossas chances de desenvolvimento com a proposta de “choque de gestão” e de esvaziamento do papel do estado. Finalmente, uma disputa ideológica entre, de um lado, a esperança de um país mais justo, igualitário e sem medo de ser feliz, contra, do outro lado, a indústria da disseminação de preconceitos.

Na disputa política, a popularidade do presidente Lula criou uma barreira que a oposição prefere contornar do que confrontar. Serra não quer aparecer como aquilo que ele realmente é: o anti-Lula. O mesmo anti-Lula que ele próprio foi em 2002 e que Alckmin fez as vezes, em 2006. Daí a tentativa de posar como “pós-Lula”. A oposição irá para a campanha na vergonhosa condição de fingir que não é oposição, que concorda com o que sempre atacou, que quer melhorar o que tentou, a todo o custo, destruir. Os eternos adeptos da ideia de que o Brasil não pode, não dá conta e não consegue, agora, empunham o discurso de que o Brasil pode mais.

Diante do fato de que alguém precisa assumir o impopular ataque ao governo e ao presidente, para alvejar a candidatura governista, surgiram duas frentes. A mais aberta e declarada é realizada pela imprensa mais tradicional, a que tem relações orgânicas com o grande empresariado brasileiro e com uma elite política que a ela é comercialmente afiliada.

Na ânsia de conseguir, contra Dilma, o que não conseguiu em 2006 contra Lula, esta imprensa tomou para si a tarefa de tentar derrotar ambos. Para tanto, tem enveredado em um padrão autoritário que significa um retrocesso claro até se comparado a seu comportamento na época da ditadura. Naquela época, a ditadura era a justificativa de suas manchetes. Hoje, não. Se não fosse pela democracia e pela mídia regional e alternativa, a situação seria igual à vivida quando era mais fácil ter notícias fidedignas a partir da imprensa internacional do que pela grande imprensa brasileira.

Um exemplo: o tratamento dado à participação do presidente Lula na cúpula nuclear em Washington. Dois dos mais tradicionais jornais brasileiros (Estadão e Folha) deram manchetes idênticas (“Obama ignora Lula…”), numa prova não de telepatia, mas de antipatia. Um editorial (“O Globo”, 14/4) chegou a dizer que “Lula isola Brasil na questão nuclear”. Se contássemos apenas com esses jornais, teríamos que apelar à Reuters, ao Wall Street Journal, ao Financial Times ou à Foreign Policy para sabermos que a China mudou de posição por influência do Brasil e declarou oficialmente sua opção pelo diálogo com Teerã.

Seria demais pedir que se reproduzisse, por exemplo, o destaque dado à cúpula dos BRICs, que no jornal Financial Times e na revista Economist foram bem maiores do que o conferido à cúpula de Washington. Até hoje, porém, o fato de nosso país estar galgando a posição de polo dinâmico da economia mundial, de modo acelerado, é visto com desdém pelos que não acreditam que o Brasil pode mais.

A questão nuclear teve a preferência porque cai como uma luva à tentativa de trazer para 2010 a questão do terrorismo, além de demonstrar a relação que existe entre as campanhas anti-Dilma, declaradas e mascaradas. A questão do terrorismo é um curioso espantalho invocado pelos próprios corvos (para usar uma imagem apropriada ao lacerdismo que continua vivo na direita brasileira e em parte de sua imprensa). A diferença sobejamente conhecida e reconhecida entre guerrilha e terrorismo e o fato de que os grupos armados brasileiros sempre se posicionaram contra o terrorismo como forma de luta política são esquecidos. Durante a ditadura, os grupos armados eram acusados de terroristas pela mesma linha dura que arquitetava explodir um gasoduto no Rio e bombas no Riocentro para inventar terroristas que, de fato, não existiam. A parte da imprensa que, por conta própria, reedita o autoritarismo faz jus ao título de “jornalismo linha dura”.

No campo da política econômica, a batalha será igualmente ferrenha e desigual, apesar dos feitos extraordinários de Lula. Seu governo é de fato o primeiro na história do País a conseguir combinar crescimento econômico, estabilidade (política e econômica) e redução das desigualdades. Segundo estudos, o Brasil conseguiu avançar em termos sociais em ritmo mais acelerado do que o alcançado pelo estado de bem-estar social europeu em seus anos dourados. Mesmo isso não tem sido suficiente para abalar a aposta de alguns setores da elite econômica de que a principal tarefa a ser cumprida é a de tornar o Brasil o país com o estado mais acanhado dentre os BRICs. São os que querem o Brasil mirando o Chile, e não a China, em termos econômicos. Para alguns, que sempre trataram o Brasil como um custo em sua planilha, não importa o tamanho do país, e sim o tamanho de suas empresas.

O que se vê até o momento não é nada diante do que ainda está por vir, dado o espírito de “é agora ou nunca” da direita em sua crise de abstinência. Os ataques declarados são amenos diante da guerra suja que tem sido travada via internet, por mercenários apócrifos que disseminam mensagens preconceituosas.

Dilma é “acusada” de não ter marido, de não ter mestrado, de não ter sido parlamentar. As piores acusações não são sobre o que ela fez, mas sobre o que ela não fez. As mais sórdidas são comprovadas mentiras, como a de ter sido terrorista.

Simone de Beauvoir disse que “a ideologia da direita é o medo”. O medo foi o grande adversário de todas as campanhas de Lula, e ele foi vencido em duas, dentre cinco. Desta vez, o fato de Lula ser governo desfaz grande parte das ameaças que antes insuflavam o temor entre os setores populares. O grande adversário dessa campanha não é mais o medo; tampouco é Serra, candidato de poucas alianças, sem programa e que esconde seu oposicionismo no armário. O grande adversário são os que estão por trás do tucanato e o utilizam como recurso político de uma guerra elitista, preconceituosa, autoritária e desigual.

A oposição cometeu o ato falho de declarar que “o país não tem dono”, mostrando que ainda raciocina como na época em que vendeu grande parte do patrimônio público e tratou o Brasil como terra de ninguém. Mas, por sorte, o país tem dono, sim. É o povo brasileiro. E, mais uma vez, é apenas com ele que contaremos quando outubro vier.

Arlete Sampaio é médica, foi vice-governadora do DF (1995-1998), deputada distrital (2003-2006) e secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, na gestão de Patrus Ananias (2007-2009).
Matéria no
http://www.viomundo.com.br

quinta-feira, abril 22, 2010

Campanha eleitoral de 2010




Começou a campanha eleitoral de 2010 e o pleito promete se não o mais disputado, um dos aguerridos da história brasileira.
De um lado um projeto de nação exitoso de crescimento econômico, distribuição de renda, melhoria das condições da população e de soberania nacional . É o projeto do governo Lula representado pela candidata Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores.
Para se contrapor a esse projeto nacional, com manutenção da desigualdade social, baixo crescimento econômico e social e subordinação aos países estrangeiros especialmente os Estados Unidos e aos organismos multilaterais, como o FMI foi apresentada candidatura do José Serra e os demo-tucanos.
O Brasil mudou de patamar desde 2003, sendo um país mais aberto e democrático, melhorando a vida de todos os brasileiros. Mais de 11 milhões de empregos criados. O país obteve respeito internacional e hoje se senta entre as grandes potências.
Os oitos anos dos tucanos como governantes do Brasil, 1995-2002, foram de retrocesso democrático, com aprovação da emenda da reeleição, destruição de empregos, o país quebrou três vezes, privatização de todo sistema de comunicação e parte do elétrico, tentativa de destruição da Petrobras e do Banco do Brasil. O Brasil e o povo brasileiro viveram de joelhos.
Nos projetos e discursos a oposição não tem propostas viáveis para o país. Ficou os sete anos tentando destruir o governo Lula, juntamente com a grande imprensa, que fizeram parceria com a oposição dos demos-tucanos-pepistas. Inclusive de forma irresponsável acabaram com a CPMF que financiava a saúde.

O candidato José Serra

José Serra perdeu as eleições de 2002 para o presidente Lula. Em 2004, junto com a grande imprensa venceu uma bem sucedida administração petista da cidade de São Paulo.
Os recursos utilizados por Serra foram a apropriação dos feitos da prefeita, como CEU, Vai e Volta e Bilhete Único, dizendo vamos “ampliar e melhorar”, o que está bom a gente mantém, mas corrige o que está errado. O candidato Serra não apresentou nenhum programa de governo. Ao mesmo tempo, junto com a grande imprensa, especialmente o jornal Folha de São Paulo, e a Rede Globo, no noticioso SPTV, trataram de desidratar a prefeita. Tudo o que acontecia de errado, mesmo na segurança que é de responsabilidade do Estado, culpavam a prefeita. Até a vida pessoal dela foi invadida pela Folha, que deslocava um repórter 24 horas para espioná-la.
O CEU, que representou um instrumento amplo de inclusão social, foi tachado pela Folha de São Paulo de forma pejorativa como “escolão”.
O candidato assinou em cartório que não deixaria a prefeitura até o término do mandato, mas após fazer um governo opaco em São Paulo, cujo mérito foi desmontar o que a prefeita Marta Suplicy tinha construído, Serra sai candidato e com apoio da grande mídia se elege governador de São Paulo.
Governando desde 2007 o Estado de São Paulo, José Serra governou junto com a grande imprensa brasileira. As notícias ruins para Serra sumiram das páginas dos jornais, revistas e televisões. Não havia liberdade de imprensa, pois jornalista que se atrevesse a fazer matéria negativa em que aparecesse o nome do governador perdia o emprego.
Em troca Serra torrou fortunas com a mídia. Adquiriu grandes lotes de assinaturas de jornais e revistas como a Nova Escola, patrocina através da Sabesp o SPTV da Rede Globo e vários programas da rádio Eldorado, do grupo Estado de São Paulo, através da Imprensa Oficial e da Sabesp, além dos comerciais oficiais que chegaram a ser a principal fonte de receita das empresas de comunicação em São Paulo.
Além dos interesses financeiros que une Serra às famílias midiáticas, estão também os ideológicos- partidários. O programa do PSDB é o mesmo da grande imprensa. Eles querem o retorno da agenda neoliberal, com privatizações, ajuste fiscal, subordinação aos países e organismos estrangeiros, controle dos salários dos servidores públicos e dos trabalhadores em geral, criminalização dos movimentos sociais e tratamento das questões sociais como caso de polícia, como Serra fez no governo de São Paulo. A greve dos professores do Estado é prova disso.

Aliás, um governo pífio, em que não cumpriu a maioria das promessas e num gesto desesperado inaugurou uma série de obras inacabadas como o Rodoanel e a Nova Marginal.
O candidato Serra chegou inclusive a inaugurar uma maquete de uma pnte, fato inusitado no mundo político.

O papel da grande imprensa

A grande mídia já mostrou a que veio a Folha de São Paulo falsificou uma ficha da Dilma, inventou um seqüestro, manipula matérias e pesquisas do Datafolha. A revista Veja faz oposição cotidiana ao governo federal e está usando a capa com o Serra para fazer propaganda para esse candidato. Ele está em vários sítios, como propaganda para a revista Veja, forma dissimulada de fazer campanha antecipada. A Rede Globo tem dado espaço amplo para o Serra nos seus telejornais, enquanto critica o governo Lula até nos programas humorísticos, como Casseta e Planeta. O ponto alto foi usar a frase de campanha do Serra em propaganda da emissora.
Todos os jornais quase nunca colocam foto da Dilma e quando o fazem para ilustrar a matéria, usam a pior possível. As matérias são sempre que a candidata errou, como está no Valor Econômico de hoje (22/04). O objetivo deles é desidratar a candidata e sempre ligá-la com fatos negativos. Os comentaristas desses jornais são sempre contra a Dilma.

A estratégia de campanha de Serra

A forma de Serra agir é conhecida por todos, destruir a reputação do candidato adversário, fazendo com que a sociedade o odeie, como contraponto ele sai como vítima, até adotando slogam como do “bem”. Isso tudo só é possível com a ajuda da grande imprensa, que age em conjunto com a candidatura da oposição. Até os jornalistas que cobrem a campanha agem como espiões do Serra. A impressão que passa é que a pauta é a mesma para todos os jornais, inclusive as fotos usadas são as mesmas.
Uma série de emails apócrifos estão infestando na internet, com mensagens desqualificando a candidata petista. Desde terrorista até ladra com uma série de informações mentirosas espalhadas por internautas para destruir a honra da candidata. Essa é uma forma de tentar desidratar a candidata. Quem está passando esses emails até agora ninguém sabe, mas valeria a pena a Polícia Federal fazer uma investigação apurada.
O Serra tenta passar a imagem de que já ganhou e foi eleito presidente da República. Ele quer passar a imagem de que não perde. As pesquisas vantajosas nessa etapa de campanha é importante para o candidato, por isso a histeria do PSDB com a pesquisa Sensus, que coloca a candidata Dilma empatada com o Serra.

Para neutralizar Serra

É preciso que os partidos da coligação que apóiam a Dilma Rousseff se unam numa estratégia de informação de campanha. Precisa neutralizar o poder influente da grande mídia que é o único ponto de apoio de Serra. Serra só saiu candidato com o apoio dos barões da mídia, como aconteceu em 2004 e 2006. Sem o apoio da imprensa José Serra já teria se aposentado politicamente em 2004. Ele só venceu a Marta pelo apoio intensivo que teve da imprensa, a Folha chegou a fazer um editorial rogando que ele saísse candidato.
O Partido dos Trabalhadores precisa neutralizar os possíveis dossiês e tentativa de destruir o Partido que seguirá em etapa posterior pela grande imprensa, em conluio com a oposição. Eles devem estar preparando uma grande jogada, para tentar desqualificar o Partido.
Jamais achar que a eleição está ganha e manter o perfil psicológico centrado na vitória. A campanha adversária usa até horóscopo para tentar quebrar a moral da campanha petista.
Serra não é imbatível, mas vai precisar de uma grande união das forças progressistas desse país, para continuar crescendo e evitar o retrocesso que ele representa, junto com a elite predadora que o apóia.
As experiências das campanhas de 2004, 2006 e 2008 devem ser bem estudadas, inclusive com psicologia social.
Temos tudo para continuar avançando e construindo o Brasil dos nossos sonhos, basta que aprendemos com as lições do passado e nos empenhemos em vencer o projeto de retrocesso que representa o candidato tucano José Serra.

quarta-feira, abril 21, 2010

Homenagem aos 50 anos de Brasília




Comentário E & P
A construção de Brasília foi um feito para o povo brasileiro. Ela permitiu que o país se voltasse para o interior do país, criando estradas e integrando o país como um todo. Juscelino teve muita dificuldade em tirar a capital do Rio de Janeiro. Somente um presidente fora do eixo Rio-São Paulo poderia ter feito tal proeza. Um presidente fluminense não teria coragem para tal empreitada e um presidente paulista não teria o empreendimento necessário, aliado à tradicional má vontade dos governantes paulistas para com o Brasil. Eles se pautam mais para o exterior do que para o país. Também é emblemático nessa data nacional, a comemoração do mártir da independência. Os inconfidentes tinham a pretensão de abolir a escravatura, instituir o ensino público e criar universidades e fábricas que se tivesse vingado, o teria colocado o Brasil entre os países desenvolvidos. Essa nação caminha para ser um grande país com um povo que usufrua de suas riquezas. Esse projeto é representado pelo governo Lula e a vitória da Dilma Rousseff é essencial para que caminhemos rumo ao desenvolvimento. José Serra e os demos-tucanos representam o Joaquim Silvério dos Reis no século XXI, cujo objetivo é manter o país na pobreza e dependente das nações desenvolvidas. Foi isso que o Serra disse ao querer acabar com o Mercosul e com o a lei do pré-sal.Construir uma nação não é tarefa das mais fáceis, as resistências internas e externas são muito fortes. Levou Getúlio a dar um tiro no peito. Por isso que Brasília é emblemática. Sua construção é a vitória do povo brasileiro.

Evaristo

Entrevista Mino Carta e a imprensa brasileira





Qual o partido político da mídia brasileira ?

O partido do status quo,o partido do reacionarismo, do conservadorismo.
Do “que tudo fique como está”.

Incomoda estar à frente de uma revista que, para alguns segmentos da população brasileira, é declaradamente petista?

A mim não incomoda, porque tudo diz respeito à minha consciência. Eu sei que ela não é petista. Aliás, nunca fui filiado ao PT. Agora, as pessoas falam porque não lêem. Quem fala isso evidentemente não acompanha a revista. A Carta Capital critica o governo também. A única diferença é que a revista é a favor do desenvolvimento, do progresso, da democracia e de certos valores que o resto da mídia não cultiva.

Este ano, a Carta Capital vai declarar – como fez nas eleições passadas – apoio ao PT ?

Certamente. Eu acho que, em primeiro lugar, a importância disso é moral. Aos jornalistas é preciso pedir honestidade. Até hoje, a mídia brasileira alegou uma imparcialidade absolutamente falsa, que não tem nada a ver com a verdade dos fatos – com aquilo que eu chamo de a verdade factual. A revista diz: “Olha, é sim. Nós somos a favor, porque achamos este candidato melhor”. Mas, nem por isso sonegaremos informações ou – pior ainda – mentiremos em relação à campanha do outro candidato. A nossa revista é aberta para ouvi-lo, lutaremos até a morte para que ele possa dizer o que pensa. Mas, preferimos o outro porque no nosso entendimento é melhor. Isso é uma prática comum no jornalismo dos países civilizados. Nos Estados Unidos os grandes veículos fazem isso.

O que falta à imprensa brasileira para alcançar essa “maturidade” ?

Falta o progresso, que leva efetivamente a uma democracia autêntica, falta o desatrelamento dessas organizações midiáticas, mais ou menos monopolistas, que têm ligação umbilical com o poder e os donos do poder. O que não se conquista de um dia para o outro.

Em entrevista recente ao jornal A TARDE, o antropólogo Roberto DaMatta afirmou que o intelectual brasileiro teve de se virar do avesso, pois sempre “acusou a direita de ser a dona do poder e viu a esquerda subir ao poder e fazer a mesma coisa que a direita fez”. O senhor concorda?

É uma simplificação hipócrita. Eu acho que o PT no poder mostrou lados que realmente o aparentam com outros partidos que comandaram no passado. Isso, ao meu ver, é algo absolutamente inegável. Mas, resta saber o que é a “esquerda” brasileira. Acho que esquerda, no Brasil, não existe, é obra de ficção.Ou ele (Roberto DaMatta) é burro ou é hipócrita, não há muita alternativa. Cadê a esquerda brasileira ? Onde está ? Arnaldo Jabor é esquerda ? Ele diz que é. Posso enumerar uma quantidade grande de pessoas que não são é de nada.

O próprio DaMatta atribui à crítica cultural brasileira uma certa mediocridade. O que o senhor acha dos suplementos de cultura e revistas especializadas em crítica cultural do País?

Revistas de cultura eu não conheço. Eu folheio os suplementos de cultura brasileiros e acho medíocres, assim como todo o jornalismo brasileiro. Se você se der ao trabalho de pegar meia dúzia de jornais diários importantes publicados mundo afora e os confrontar com os nossos jornais, você vai botar a mão no cabelo. São ridículos. Além de serem mal impressos, sujam as mãos, são jactanciosos. Além de tudo, existe o assalto diário à Língua Portuguesa.

O que falta a estas publicações? Profissionais qualificados ou é um problema editorial ?

Conhecimento de mundo. A nossa, vamos chamar assim, burguesia-aristocracia”, que é bem representada nos nossos jornais, é de uma mediocridade absoluta e aterradora. É muito ignorante. Sem falar o que são as nossas universidades.
Você entra numa universidade e ouve meia dúzia de perguntas mais ou menos óbvias. Veja, por exemplo, as meninas (estudantes de comunicação da UFBA que participaram da entrevista coletiva) há pouco me perguntaram a respeito da censura. O Brasil ainda acredita que houve censura contra a imprensa. Mas não houve! Houve para alguns, que eram os corajosos, e só.

Como vê futuro do mercado editorial de revistas diante da popularização da internet ?

A internet pode, se bem usada – e essa é outra questão –conviver com outras publicações. Mas eu não acho que a internet está sendo bem usada. Está afastando as pessoas do convívio humano. Eu não chego perto do computador, porque sei que se eu me descuidar ele me engole. Tem uma bocarra dentuça que vai me mastigar inexoravelmente.

E por que a internet não está sendo bem usada?

Porque as pessoas estão atrás de besteiras. É claro que é um instrumento extraordinário nas mãos de uma pessoa culta, que vai visitar os museus, as bibliotecas, se interessar por coisas significantes. Mas é um instrumento na mão de covardes, que ofendem na internet se escondendo por trás de codinomes.

Entre os grandes veículos de comunicação do País, só Folha de S.Paulo tem ombudsman. A imprensa brasileira ainda não aprendeu a exercer autocrítica ?

Isso é ridículo. A Folha é um jornal partidário. Ombudsman, se existisse lá, deveria meter o pau todo dia no jornal. Ele trai os conceitos tradicionais que regem o jornalismo. Ombudsman não existe. Eu não conheço ombudsman do Guardian, do La Reppublica. Não tem (risos). É uma mania de grandeza de quem não chegou lá em hipótese alguma, nem chegará em cem anos.

Que impactos a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo deve ter na qualidade do que é produzido?

Eu não acho que vá mudar nada, infelizmente. A esta altura eu at égostaria que o diploma tivesse algum significado. Mas não tem. Não se aprende nada numa escola de jornalismo. As boas escolas de jornalismo que existem nos Estados Unidos não existem na Europa, onde há cursos de pós-graduação. São faculdades muito ricas onde o que se ensina é a prática. O curso de jornalismo de Cornell edita uma revista semanal em papel fantástico, um jornal diário. Quem estuda lá, aprende a fazer como se estivesse numa redação, que é o que interessa. Jornalistas de qualidade têm que ter lido muito e bem a grande literatura de língua inglesa, por exemplo. Precisa ler muito para aprender a escrever.

O que o fato de a Veja ser a revista mais lida e a Globo ser a emissora de TV mais assistida dizem sobre a sociedade brasileira ?

Que ela é muito atrasada, vulgar e primária. Pensa o que é a Veja ? A Globo? São duas coisas lamentáveis. Acho que a imprensa brasileira dá medo. A esses colunistas que insistem em publicar o seu besteirol eu imagino o que diria Stanislaw Ponte Preta no seu FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País). A Argentina tem uma imprensa melhor, até porque é diversificada, tem posturas diferentes. Aqui ela é uma só.

E o que mudou na Veja na sua época e nos dias de hoje?

Quando eu saí de lá, fui substituído por uma equipe disposta a “fechar” com o governo, com posturas, a meu ver, lamentáveis. Mas era uma equipe competente. Hoje é um desastre total. É um bando de facínoras. A Abril está nas mãos de um grupo sul-africano que era a favor do Apartheid. Na Carta Capital, a gente sabe escrever, lida bem com o vernáculo. A gente não omite, não mente.



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Teimosia, arrogância e indolência na campanha de 2010

Mauro Carrara

Meu Deus! Chega de “mimimi”, garotada. Quem não sabia? Quem foi pego de surpresa pela operação Tempestade no Cerrado? Quem imaginava céu de brigadeiro na voo de Dilma ao Planalto?

Há décadas, o roteiro de destruição de reputações é o mesmo. E a reação da cúpula de comunicação do PT, o partido sem mídia, é sempre a mesma. Mistura teimosia, arrogância e indolência. Invariavelmente, dá com os burros n’água.

Erudina, por exemplo, fez excelente trabalho na prefeitura de São Paulo, mas foi duramente fustigada pelos jornalões.

O Estadão, por exemplo, pagava um repórter para buscar, durante 24 horas, informações que a prejudicassem.

Alberto Luchetti Neto, sujeito de cultura e talentos limitados, aproveitou a oportunidade e virou peixe grande na imprensa. Fez amigos poderosos.

Pouco depois, virou diretor executivo da Rádio Bandeirantes. Mais tarde, dirigiu o programa do Faustão, na Globo.

Os fatos oferecem uma ideia de como a direita brasileira valoriza o trabalho tático de destruição de imagens. Erundina não fez seu sucessor, e os barões paulistas consideraram ter contraído uma dívida eterna com Luchetti.

Anos depois, Marta Suplicy realizou belas obras à frente da prefeitura paulistana, mas também sofreu pesadíssimo bombardeio da imprensa elito-fascista da Capital.

Em 2008, havia uma memória popular residual dos benefícios obtidos durante a gestão da petista. E, assim, a loura ocupou, de cara, o topo das pesquisas de opinião por meses e meses.

Bastou o primeiro lugar temporário para que os teimosos, arrogantes e indolentes desenhassem a trilha de mais um fracasso eleitoral.

Negligentes, não foram capazes de erigir uma barreira midiática de proteção à candidata. E, assim, todos os rótulos negativos foram novamente (e facilmente) colados à petista, pintada na Internet como “perua”, “vagabunda”, “ladra”, “adúltera” e “incompetente”.

O sandeu Kassab pôde então nadar de braçada, e ganhou de goleada, até mesmo na periferia, tradicional reduto vermelho.

Há várias semanas, denunciamos a deflagração da operação “Tempestade no Cerrado“, logo após o encontro dos barões da imprensa no Instituto Millenium.

Afinal, tudo vazou de imediato nas redações. Os editores foram obrigados a adestrar cada repórter para a ação destrutiva em curso.

Também avisamos sobre a fábrica de “hoaxes” graeffista. E, de lá para cá, dezenas e dezenas de pessoas foram arregimentadas para divulgar peças difamatórias na Internet.

O rapaz do “xerox”, aqui perto de casa, no Brás, já recebeu uma dessas bombas virtuais.

Até a mulher da quitanda já leu. Ela não tem Internet, mas uma sobrinha tratou de imprimir o texto que aponta Dilma como “assaltante de bancos” e “prostituta de guerrilheiros”.

Paralelamente, até os entes minerais já sabiam que a grande imprensa mandaria às favas qualquer escrúpulo, antecipando a campanha serrista. E está aí, na propaganda institucional da Globo (suspensa) e na capa escandalosa de “Veja”.

E, dessa forma, sem qualquer oposição organizada, as forças reacionárias vão colando tudo que há de ruim à imagem de Dilma Rousseff. Vai virando outra Marta…

Há um padrão repetitivo de erros nas ações estratégicas de comunicação do PT e de seus aliados. E são cinco:

- No poder há 7 anos, a esquerda não foi capaz de criar um jornal eclético, multitemático, dirigido às massas ou à classe média leitora. Até os confusos comunistas italianos têm; aqui, não temos nada.

- Tampouco há um portal de Internet, também eclético e multitemático, capaz de difundir a versão correta dos fatos políticos e divulgar as conquistas do governo Lula. A juventude de classe média, por exemplo, é altamente conectada, mas tem a pior visão possível da esquerda.

- 90% dos conteúdos da chamada “blogosfera lulista” circulam dentro dos próprios redutos da esquerda. As denúncias, correções e defesas raramente chegam ao povo votante. Temos de valorizar esses guerreiros midiáticos, mas os resultados, em termos midiáticos, são extremamente modestos.

- Não existe uma ação planejada e efetiva de caça aos difusores de calúnias na Internet. Aparentemente, a esquerda não tem advogados, desconhece a lei e considera inevitável a ação dos criminosos virtuais.

- O PT e seus aliados continuam com medo da imprensa monopolista. Não a denunciam, não a desmascaram. Vergonhosamente ajoelhados, reagem com vagas lamúrias, dirigidas aos próprios algozes. São incapazes de se comunicar diretamente com a população, de modo a desmascarar os barões midiáticos.

Vale lembrar ainda que pouquíssimos militantes têm feito a lição de casa. Entre os comentaristas dos sites dos grandes jornais, a malta reacionária está sempre em vantagem.

Em média, para cada comentário favorável a Dilma Rousseff e Lula, há 10 contrários.

Prova que não temos um Graeff do bem. E que nossos batalhões também são indisciplinados e, muitas vezes, preguiçosos.

Se o destino de Dilma pode ainda ser diferente daquele de Marta, há que se produzir uma mudança no curso das ações de comunicação e propaganda.

Se a candidata não pode ser estigmatizada, é preciso que essa operação de iluminação informativa comece agora, e já.

E esse trabalho de defesa estratégica precisa urgentemente gerar saber político extensivo. Precisa impactar o sujeito do xerox e a senhora da quitanda.

E chega de “mimimi”!

http://brasilmostraatuacara.blogspot.com/2010/04/teimosia-arrogancia-e-indolencia-na.html

terça-feira, abril 20, 2010

Manipulaçãdo da Veja



A Veja, última flor do fascio, como define Mino Carta, é uma revista publicada pela Editora Abril. Recentemente, José Serra, então governador de São Paulo adquiriu uma grande quantidade de assinatura dessa revista para as escolas estaduais. Se fosse de outro partido, os tucanos estariam entrando no STF questionando a lisura dessa compra. Em troca Serra ganha a revista na sua campanha, assim como estão os jornais O Estado de São Paulo, cuja rádio Eldorado está recheada de propaganda oficial, a Folha de São Paulo e a Rede Globo que está faturando muito com a propaganda do governo de São Paulo. Clareamente a imprensa brasileira está comprada. Ela une interesses financeiros ao ideológico partidário, visto que partilham da mesma ideologia demo-tucana.

segunda-feira, abril 19, 2010

Selicão



Amir Khair

Na próxima reunião do Copom a Selic será aumentada em novo ciclo de elevação da já mais alta taxa básica de juros do mundo. A “justificativa” usada pelo mercado financeiro e Banco Central é que a demanda vem crescendo acima da oferta. Para avaliar essa afirmativa a pergunta que deve ser respondida é: como está crescendo a oferta interna e externa para atender a expansão da demanda? Segundo os órgãos representativos do setor industrial, a oferta pode acompanhar, sem problemas, a elevação da demanda. Além disso, o que eventualmente faltar pode ser atendido pelas importações em franca expansão. Essa questão precisa ser respondida e justificada antes de qualquer decisão do Copom.


A elevação da Selic irá beneficiar aos que aplicam em títulos do governo federal e prejudicar no mesmo montante as despesas com juros do governo federal. Irá prejudicar todos os contribuintes que terão que pagar as perdas com a arbitragem nas aplicações pelos estrangeiros em títulos do governo federal.


Será que o aumento da Selic é a ferramenta adequada para conter a demanda? Não parece, entre outras, por duas razões:


1) pela magnitude do spread bancário no País;

2) pela influência sobre os juros na ponta do tomador pessoa física.

Spread - Num país com taxa de juros básica de 3% e spread de 4%, portanto, com taxa ao consumidor de 7%, uma elevação na taxa básica de 1,0 ponto percentual (pp), mantido o spread, elevaria a taxa ao tomador em 14,3% (8 dividido por 7). No Brasil a taxa ao consumidor em fevereiro foi 41,9%. Um aumento na Selic de 1,0 pp, admitindo a manutenção do spread causaria um acréscimo na taxa de juros ao consumidor de 2,4% (42,9 dividido por 41,9), ou seja, o impacto relativo nos juros ao consumidor é muito menor.

Juros ao consumidor – o que impacta a demanda não é a Selic, mas os juros cobrados pelos bancos ao consumidor, que vêm caindo, mesmo com a perspectiva de aumento na Selic, já precificada pelo mercado.

A Selic em dez/08 estava em 13,75% e a taxa de juros pessoa física 57,9%. De lá para cá a Selic caiu 5,0 pp e os juros na ponta 16,0 pp (57,9 menos 41,9). A razão para este descolamento está na política adotada pelos bancos oficiais de ampliação de oferta de crédito a taxas de juros mais baixas do que as ofertadas pelo setor bancário privado, na troca que as pessoas estão fazendo de empréstimos com taxas de juros mais elevadas pelo empréstimo consignado e, consequentemente, pela maior competição bancária para recuperar mercados perdidos pelos bancos privados durante a crise para os bancos oficiais.


Como a inflação neste primeiro trimestre foi atípica e os fatores que a causaram estão rapidamente cessando, não será surpresa se o Copom for elevando a Selic e a inflação for caindo a partir de abril, portanto, muito antes do tempo necessário, segundo o Banco Central, de 6 a 9 meses para surtir efeito a política de elevação da Selic.

O elevado nível da Selic e as subidas previstas desestimulam os investimentos das empresas de pequeno e médio porte e causam rombos nas contas do governo federal. Essas empresas ficam desestimuladas a investir, pois enfrentam risco maior de mercado do que as grandes, e têm maiores dificuldades em obter boas taxas de empréstimos. Assim, suas disponibilidades financeiras, quando ocorrem, são direcionadas para aplicar em títulos do governo federal, que têm boa rentabilidade e liquidez imediata. As empresas de maior porte têm maiores facilidades em obter boas fontes de financiamento para investimentos (BNDES, empréstimos externos, lançamento de debêntures, bolsa de valores e recursos próprios), têm melhor visão estratégica e olham as perspectivas de consumo, decidindo seus investimentos com base no fluxo de caixa descontado para vários anos à frente, a taxas de desconto do seu ramo de negócios. Assim, pouco dependem da Selic para decisões de investimentos.

A Selic causa danos às contas fiscais federais, que são sempre deficitárias. A estimativa deste dano pode ser feita a partir do valor da dívida em títulos do governo federal e sua composição.

A dívida em títulos do governo federal ao final de fevereiro foi de R$ 1.398 bilhões, sendo de R$ 526 bilhões em títulos atrelados à Selic, que representaram 37,7% desta dívida. Os juros devidos só pela Selic correspondem a 8,75% de R$ 526 bilhões = R$ 46 bilhões.

O mercado estima que a Selic vá ficar a partir do final do ano em 11,25% e permanecer neste nível durante todo o ano de 2011. Os juros com esta nova Selic correspondem a 11,25% de R$ 526 bilhões = R$ 59 bilhões. Assim, o aumento anual pela elevação em 2,5 pontos percentuais na Selic (11,25 menos 8,75) daria R$ 13 bilhões (59 menos 46).

No entanto, subindo a Selic, após alguns meses sobem todas as demais taxas de juros da dívida em títulos (pré-fixados e com correção por índices de preços), pois os investidores comparam as rentabilidades sempre com a proporcionada pela Selic.

Supondo que os juros destes títulos acompanhem o crescimento da Selic, a elevação das despesas com juros da dívida total em títulos seria de R$ 35 bilhões (R$ 13 bilhões dividido por 37,7%). Na realidade o valor seria maior, pois foi mantida inalterada a dívida em títulos de fevereiro e ela deverá crescer substancialmente com a elevação dos juros.


O dano total das despesas com juros no setor público atingiu a média anual de 7,5% nos últimos 15 anos conforme demonstrativo:


Não conheço país que tenha sido tão prejudicado pelas despesas com juros do que o nosso. Se por um lado a nossa economia tenha desperdiçado estes vultosos recursos por tanto tempo, por outro, quem vier a conduzir a política econômica poderá consertar isso, abrindo espaços para uso destes recursos para o desenvolvimento econômico e social do País.

sexta-feira, abril 16, 2010

O incômodo 1964




Do Valor
1964 o ano que insiste em ficar
Por Maria Inês Nassif, de São Paulo
16/04/2010

O passado recente insiste em se intrometer no presente – e essa é a razão pela qual não se pode dizer que 1964 é um ano que tenha terminado. O livro “O que Resta da Ditadura: a Exceção Brasileira”, organizado por Edson Teles e Vladimir Safatle (Boitempo Editorial), nega ao passado recente a condição de passado. O que restou está entranhado na vida brasileira. Sua memória transcende os relatos pessoais dos que sofreram nos paus de arara e nas cadeiras do dragão do regime militar – instrumentos de suplício da Inquisição moderna e de sua procura por bruxos subversivos – ou daqueles que viram sumir nas dobras de um regime duro um ente querido. Transcende o indivíduo que sofreu a agressão e não teve direito ao reconhecimento ou ao luto e convive no mesmo espaço que seu algoz, aquele que suprimiu dele o direito ao luto e à memória. Vai além da sociedade que sofreu também uma agressão coletiva e não se livrou de leis, da forma de organização do Estado ou mesmo de um aparato militar moldados à imagem e semelhança do velho regime.

“Existe uma fantasia nacional de que, se não se olhar para trás, as coisas vão desaparecer. É como dizia o Pentateuco: se olhar para trás, vira estátua de sal. E fica claro que a ditadura militar criou um sistema que moldou muito claramente o presente”, afirma Safatle. Não à-toa, na terceira página do livro reina, solitária, a frase de George Orwell, em “1984″: “Quem controla o passado, controla o futuro”. Ela diz quase tudo. “O passado não é coisa que se esquece, mas que se elabora. A impossibilidade de elaboração causa uma série de problemas fundamentais que moldam a imperfeição de nosso sistema democrático”, diz o filósofo.

O livro é produto de debate promovido em 2007 pela USP, com a participação de cientistas políticos, sociólogos, filósofos, psicólogos, economistas e críticos de arte. Foi uma tentativa de mapear, de forma ampla, as heranças da ditadura. Demorou dois anos para virar livro.


A época do seminário era a do pós-crise aérea, quando, em reação à tentativa do governo de desmilitarizar o controle dos voos comerciais, oficiais incumbidos desse serviço abandonaram seus postos, num ato claro de insubordinação, sem que jamais tenham sido punidos por isso. Segundo o cientista político Paulo Ribeiro da Cunha, da Unesp – que escreveu um capítulo (“Militares e anistia no Brasil”) em que analisa a forma como a corporação militar lida com seu próprio passado -, embora os oficiais tenham abandonado as salas de controle, foram os subordinados os punidos: 34 controladores foram processados, 80 suboficiais e sargentos foram afastados de suas funções ou transferidos e as perseguições foram “inomináveis”. Na história brasileira, conta Cunha, as anistias dentro das Forças Armadas tiveram um corte ideológico e social: apenas beneficiaram movimentos à direita e oficiais, jamais a esquerda militar e os de baixo na escala hierárquica.

Nas vésperas do lançamento do livro, dois anos depois, outro incidente militar: a ofensiva contra o III Programa Nacional de Direitos Humanos, em dezembro do ano passado. “Reagiram basicamente quatro setores: a Igreja, os militares, os grandes proprietários de terra e setores fundamentais da imprensa. Foram os quatro setores que fizeram o golpe de 64. Valeria perguntar por que essa coincidência”, afirma Safatle. A imprensa, diz, poderia assumir a postura que teve no final da ditadura. “A ausência da imprensa no processo de revisão do passado fragiliza essa posição.”

As formas de controle da velha ordem sobre o que Safatle chama de “nossa democracia imperfeita” saltam nas páginas do livro. O cientista social Jorge Zaverucha, numa análise do arcabouço legal pós-85, chega à conclusão de que a Constituinte de 1988, sob forte pressão militar, acabou sendo cópia da Constituição de 1967 da ditadura e da emenda de 1969, no que diz respeito aos conceitos de segurança nacional. “Os militares podem dar golpe de Estado amparados por um preceito constitucional”, afirma Zaverucha. É o que define o artigo 142 da Constituição de 1988, que dá às Forças Armadas o poder de garantir “a lei e a ordem”, se chamadas por um dos poderes. “O presidente do Senado, José Sarney, pode pedir a intervenção militar”, exemplifica Safatle.

O fato de se ter “perdoado” os militares sem exigir da parte deles reconhecimento de seus crimes, segundo a psicanalista Maria Rita Kehl, produz “a naturalização da violência como grave sintoma social” – no inconsciente social, um esquecimento imposto é da ordem do “recalque”, que produz manifestações sintomáticas, entre elas a própria permanência da tortura no cotidiano. “A tortura resiste como sintoma de nossa displicência histórica”, escreve.

Outra questão extensamente colocada no livro é a legitimidade da anistia – perdão autoimposto, cujos termos são um enorme impedimento para o acerto de contas com o passado. Para Safatle, de todos os lados que se olhe a anistia brasileira é ilegítima, embora tenha sido estabelecida com amparo de um arcabouço legal que, trazido da ditadura, permite até golpes de Estado “legais”.

A lei de anistia de 1979, imposta pelo presidente-general João Figueiredo a um Congresso fragilizado, não resiste a uma interpretação mais criteriosa, afirma o filósofo. Segundo o artigo 1º , parágrafo II da lei 6.683, “excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal”. Os que se opuseram ao regime militar pelas armas, portanto, ficaram de fora da anistia e cumpriram pena. “Muitos permaneceram presos depois da lei”, lembra Safatle. Tiveram apenas a pena reduzida por um novo texto da Lei de Segurança Nacional. Essa exclusão do texto da anistia, por si só, tornaria passíveis de julgamento os que, do lado do regime, cometeram terrorismo de Estado, sequestraram opositores e atentaram contra a pessoa humana nas câmaras de tortura. “Essa interpretação da lei derruba a teoria dos dois demônios”, afirma Safatle. Segundo essa teoria, a anistia jogou o manto do perdão sobre os “demônios” da esquerda que combatia o regime e os “demônios” do Estado. Os únicos “demônios” que não foram punidos, no entanto, foram os que estavam protegidos pelo aparelho de Estado.

Outro argumento usado pelos militares para se opor à responsabilização de seus agentes é o de que os abusos contra os direitos da pessoa humana foram feitos para evitar um golpe de esquerda. “Não houve nenhum caso de grupo de esquerda que tenha pegado em armas antes do golpe de 1964″, afirma Safatle.

O filósofo coloca na mesa mais um argumento para refutar a tese de que o regime torturou e matou no combate ao terrorismo: segundo ele, o terrorismo não existiu. “Não houve ataque contra a população civil.” O único caso em que houve uma vítima civil, o atentato no aeroporto de Guararapes, não foi assumido por nenhum grupo organizado. Ainda assim, na opinião de Safatle, as oposições, mesmo armadas, exerciam o legítimo direito à resistência.

“Faz parte da noção mais liberal da democracia a ideia de que toda ação contra o Estado ilegal é uma ação legal. Isso é John Locke, não é Lenin. Para Locke, é legal matar o tirano numa situação de ausência de legalidade”, diz Safatle. “Quando pessoas questionam a luta armada contra a ditadura, estão questionando um princípio que é fundamental para a democracia liberal: o direito à resistência. Claro que devemos criticar o projeto de sociedade que a luta armada tinha, mas jamais colocá-la no mesmo lugar dos torturadores.”.

A redefinição do mapa energético da Europa

Do Portal Luís Nassif
Do Blog de Marco Fernandes
Nord Stream: Russos e Alemães Alteram o Mapa Energético da Europa

Quando fala-se em petróleo, pensamos de forma automática no Oriente Médio, onde localizam-se as maiores reservas de hidrocarbonetos do planeta, e a Arábia Saudita foi efetivamente, durante longos anos, o seu maior exportador. Como assim, foi? Não é mais? Não é mais. Desde agosto do ano passado, essa invejável posição pertence à Rússia, que vinha acelerando a sua produção de forma constante no curso da última década. Além disso, os russos já eram há muito tempo os maiores exportadores mundiais de gás natural. Cerca de um terço do gás consumido na Europa é comprado dos russos, e constitui-se em um item fundamental no aquecimento das residências, no frio inverno europeu. O gás chega até os países compradores através de longas tubulações subterrâneas, construídas à época da antiga União Soviética.

Com o fim do império soviético, uma série de problemas – antes inexistentes – passou a ocorrer. Ao adquirir a tão sonhada independência, os antigos satélites soviéticos, que antes recebiam o gás a preços subsidiados e quase simbólicos, tiveram que adaptar-se à dura realidade capitalista, e desviar importantes recursos de sua frágil economia, para pagar preços de mercado pelo produto, como todo mundo. Atrasos de pagamento passaram a ser freqüentes e foram, por alguns anos, administrados com uma certa leniência por Moscou.

Em 2005, porém, a paciência russa chegou ao fim. Irritada com a contumaz inadimplência da Ucrânia, cujo débito estava atingindo patamares inéditos, a Rússia exigiu o pagamento imediato da dívida. Além de não pagar suas contas, acusavam os russos, a Ucrânia estaria secretamente desviando para si própria parte do gás destinado a outros países (80% do gás destinado à Alemanha, França, etc. passa por território ucraniano antes de chegar até lá). O bate-boca prolongou-se durante todo o verão, e depois pelo outono, de 2005. Em janeiro de 2006, no auge de um inverno especialmente rigoroso, o pior aconteceu: os russos fecharam as torneiras, causando uma crise sem precedentes no abastecimento de gás de toda a Europa. Para não congelarem, os alemães acabaram arcando com o calote ucraniano, e o fornecimento foi restabelecido em poucos dias.

Sem disposição para sofrer prejuízos desta monta a cada inverno, a Alemanha passou a trabalhar ativamente na busca de uma solução para o problema. O remédio mais viável foi acelerar a implantação de uma antiga proposta russa – o Nord Stream – que prevê a construção de duas tubulações gêmeas no leito do mar Báltico, através das quais o gás chegaria sem intermediários até a Alemanha. Um gigantesco consórcio foi constituído, tendo como parceiros majoritários a mega-estatal russa Gazprom, e as alemãs BASF e E.ON, com um orçamento previsto da ordem de € 15 bilhões.

Como era de se prever, o anúncio da empreitada provocou uma enxurrada de protestos. Acostumados ao fluxo de trilhões de metros cúbicos de gás passando com pouco ou nenhum controle por seus territórios, os primeiros a reclamarem foram obviamente a própria Ucrânia, além da Polônia, Bielo-Rússia, Eslováquia e República Tcheca. O ministro da defesa polonês, Radosław Sikorski, chegou ao extremo de comparar a iniciativa ao infame Pacto Nazi-Soviético de 1939. Os Estados Unidos logo juntaram-se aos críticos do projeto, acusando-o de ser “uma manobra do Kremlin destinada a exercer pressão política sobre o Leste Europeu, através da ameaça de cortar-lhes o fornecimento sem afetar o abastecimento da rica Europa Ocidental”. Ironicamente (sabendo-se que são um dos maiores poluidores do planeta), os americanos destacaram ainda os “riscos potenciais de um desastre ambiental no mar Báltico, caso ocorram vazamentos na tubulação submarina.”

A despeito da choradeira, as fases iniciais da implantação do Nord Stream já tiveram início, e a Alemanha deverá receber as primeiras entregas de gás pelo novo sistema ao fim de 2011. Desde o ano passado, as garantias de segurança ambiental oferecidas por russos e alemães foram aprovadas pelos Parlamentos da Finlândia, Suécia e Dinamarca, que autorizaram a passagem dos tubos por suas respectivas plataformas continentais. E na sexta-feira passada o Presidente da Federação Russa, Dmitry Medvedev, aplicou simbolicamente a solda aos primeiros tubos instalados no terminal de Vyborg, no noroeste da Rússia.

O Nord Stream poderia ser usado como a arma de pressão política denunciada por seus críticos? Certamente que sim. Da mesma forma em que os Estados Unidos podem usar sua maciça presença militar nas regiões produtoras do Golfo Pérsico, para impedir o acesso de qualquer um que brinque com eles.

quinta-feira, abril 15, 2010

Lula está errado sobre o Irã?

Não são poucas as matérias, na imprensa nacional e internacional, que tratam de apontar para suposto isolamento do governo brasileiro na discussão sobre sanções contra o país dirigido por Mahmud Ahmadinejad.

Por Breno Altman*, no Opera Mundi
Mesmo setores progressistas torcem o nariz com a insistência do presidente Lula em defender uma saída negociada com os iranianos. Afinal, não se pode afirmar que o regime dos aiatolás corresponda aos paradigmas democráticos, humanistas e laicos que fazem parte dos valores de esquerda.

Mas a questão da qual não se pode fugir é a que propósitos servem os recentes movimentos de pressão contra o Irã, cuja vilanização já se assemelha àquela que precedeu a invasão do Iraque. Novamente uma nação que se opõe à hegemonia imperialista é acusada de estar desenvolvendo armas de destruição em massa. Outra vez começam a rufar os tambores de guerra.

O principal patrocinador da escalada contra a gestão Ahmadinejad são os Estados Unidos. Claro que os discursos de Obama e Hillary são recheados de alusões à liberdade. Não é novidade: o apoio aos golpes militares na América Latina e a guerra contra o Vietnã, para citar dois exemplos, também foram levados a cabo em nome da defesa do “mundo livre”.

Tampouco há surpresa nas razões efetivas que condicionam a política da Casa Branca. Foram-se os dias da destemperança bélica de Bush, mas sob a fala aveludada e cosmopolita de Barack Obama continuam vivos os mesmos pressupostos geopolíticos. Como diz a sabedoria popular: o lobo troca o pelo, mas não perde o viço.

O primeiro dos grandes motivos estratégicos é a velha disputa pelo controle das fontes de energia, na qual o Oriente Médio continua como principal teatro de operações. A desestabilização do Irã e sua eventual transição para a esfera de influência norte-americana, como se passou com o Iraque, significariam formidável aporte aos recursos petrolíferos sob tutela da grande potência.

Mais do que bloquear o acesso de Teerã à produção de energia nuclear, o que importa para Washington é asfixiar um governo hostil a seus interesses, seguindo a lógica político-militar que preside suas atitudes desde 2001. Os EUA, até então, delegavam sua presença naquele canto do mundo à máquina guerreira de Israel e às alianças com administrações árabes que lhes eram afáveis. Nos últimos dez anos, no entanto, trocaram essa política pela intervenção direta.

Essa nova orientação, contudo, não é o mesmo que abandonar ao léu os velhos amigos. Derrotar o regime islâmico da antiga Pérsia significaria sensível mudança no equilíbrio regional de forças. O Estado sionista deixaria de ter qualquer contendor militar à altura. As frações mais radicalizadas da resistência palestina perderiam seu principal aliado. Os governos árabes pró-americanos teriam maior tranquilidade com o possível arrefecimento das correntes islâmicas internas. Pois aí está a segunda razão para a ofensiva contra Ahmadinejad.

A terceira, mas não menos relevante, tem alcance mundial. Diz respeito à ordem nuclear forjada após o final da União Soviética. Mais do que hegemonia econômica e cultural, o colapso do sistema socialista criou a chance de uma inédita supremacia militar para os EUA, cujo epicentro é o controle sobre o arsenal atômico e seus processos de fabricação.

O cerco contra o Irã é concomitante aos esforços da Casa Branca para rever o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Esse documento, datado de 1968, estabelece o monopólio das armas nucleares nas mãos de cinco países: EUA, Rússia, França, China e Grã-Bretanha. Os demais signatários renunciam ao desenvolvimento da energia atômica para fins militares. Entre essas assinaturas não estão as de Paquistão, Índia e Israel.

Os limites atualmente prescritos pelo TNP, porém, são insatisfatórios para os EUA e eventualmente outras nações, pois não coíbem o desenvolvimento completo da tecnologia nuclear ou a comercialização de urânio enriquecido pelos países que estão fora do clube da bomba. Esse desconforto levou à convocação da Cúpula sobre Segurança Nuclear, reunida em Washington dias 12 e 13 de abril.

Sua preparação foi marcada por dois eventos vendidos como “históricos” pela mídia. Um deles foi o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, em inglês), firmado no dia 8 de abril entre Rússia e EUA, pelo qual cada uma das potências reduziria para 1.550, até o ano de 2017, suas ogivas nucleares operacionais. O acordo, no entanto, não estabelece cortes ou limites para milhares de bombas armazenadas, atendendo exigência da indústria militar norte-americana e seu lobby parlamentar. Não apenas é tímida a redução do arsenal nuclear, como permanece intacto seu processo de renovação e substituição.

O outro acontecimento, no dia 6 de abril, foi a divulgação, pelo governo norte-americano, de sua nova política de defesa nuclear. Apesar do alarde de que os EUA não reagiriam com ataques atômicos a agressões com armas convencionais, químicas ou biológicas, ou contra países que não possuem arsenal nuclear, ficou estampado no pronunciamento que seriam abertas exceções contra nações que não fossem signatárias do TNP ou que supostamente o estivessem violando.

Ambos movimentos foram calculados para criar um clima positivo na reunião de cúpula, embalando-a com promessas e gestos pacifistas. De quebra, a Casa Branca conseguiu a boa vontade da Rússia na questão iraniana, em troca do compromisso de manter desnuclearizados os países de seu entorno. O mesmo aceno é feito à China quanto à sua zona de influência, além de outras compensações econômicas.

São passos que têm como um de seus principais propósitos a conquista de adesões ao protocolo de revisão do TNP, que amplia os poderes da Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica). A agência passaria a controlar o comércio mundial de urânio enriquecido, mesmo para fins pacíficos, além de ter o direito de visitas intrusivas, sem negociação prévia, a países suspeitos. O monopólio atômico, na prática, seria estendido também ao uso não militar da energia nuclear, que estaria submetido a um sistema internacional de licenças e controles.

E o que tem o Brasil a ver com tudo isso?

O presidente Lula declarou que o país não será signatário desse protocolo, por considerar uma violação à soberania nacional e um obstáculo ao desenvolvimento do país. Também reafirmou sua convicção contra o caráter discriminatório do TNP, que em nome da paz preserva o desequilíbrio militar entre as nações.

Com viagem prevista para Teerã em maio, o mandatário brasileiro voltou a se pronunciar contra novas sanções aos iranianos. Essa postura não é ditada apenas pela agenda comercial, importante na estratégia de diversificação de mercados. Tem a ver, fundamentalmente, com uma razão de Estado.

A adoção de punições adicionais ao Irã, em uma escalada que a agressão militar como horizonte, significaria reforço à jurisprudência que considera a autodeterminação dos Estados nacionais um direito subordinado a hipotéticos e indivisíveis interesses mundiais, geralmente auto-representados pela principal potência militar. Por dentro ou por fora das instituições internacionais, a depender de suas possibilidades e conveniências.

Afinal, o Irã não está envolvido em nenhum conflito armado com seus vizinhos ou buscando sobrepujar, pela força, direitos de outros povos. Ao contrário de Israel, país nuclear clandestino, cuja política belicista e de opressão contra os palestinos desrespeita seguidos acordos e resoluções internacionais.

Não é preciso, de fato, muito tutano para calcular o alcance dessa concepção favorável à intervenção preventiva. A quais ameaças estaria submetido o Brasil, digamos, no caso de eventual escassez de água no hemisfério norte tornar esse bem um objeto de desejo e necessidade dos tais “interesses mundiais”? Ou que destino estaria reservado à América Latina se, por exemplo, viesse a constituir um bloco militar autônomo?

A posição do presidente Lula sobre o Irã pode até ser minoritária, mas expressa a resistência dos que defendem, contra a institucionalidade de um império, uma ordem mundial baseada na união soberana e igualitária de nações livres.


*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do Opera Mundi