segunda-feira, setembro 28, 2009

Emir Sader: Dilma enfrentou a ditadura militar e Serra fugiu







DUAS TRAJETÓRIAS DISTINTAS

Em que mãos você gostaria que estivesse o Brasil? Qual o verdadeiro diploma que cada um tem e que conta para construir um país justo, soberano e humanista?

Nas horas mais difíceis se revela a personalidade – as forças e as fraquezas – de cada um. Os franceses puderam fazer esse teste quando foram invadidos e tinham que se decidir entre compactuar com o governo capitulacionsista de Vichy ou participar da resistência. Os italianos podiam optar entre participar da resistência clandestina ou aderir ao regime fascista. Os alemães perguntam a seus pais onde estavam no momento do nazismo.


No Brasil também, na hora negra da ditadura militar, formos todos testados na nossa firmeza na decisão de lutar contra a ditadura, entre aderir ao regime surgido do golpe, tentar ficar alheios a todas as brutalidades que sucediam ou somar-se à resistência. Poderíamos olhar para trás, para saber onde estava cada um naquele período.

Dois personagens que aparecem como pré-candidatos à presidência são casos opostos de comportamento e daí podemos julgar seu caráter, exatamente no momento mais difícil, quando não era possível esconder seus comportamentos, sua personalidade, sua coragem para enfrentar dificuldades, seus valores.

José Serra era dirigente estudantil, tinha sido presidente do Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia da USP. Já com aquela ânsia de poder que seguiu caracterizando-o por toda a vida, brigou duramente até conseguir ser presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e, com os mesmos meios de não se deter diante de nada, chegou a ser presidente da UNE.

Com esse cargo participou do comício da Central do Brasil, em março de 1964, poucas semanas antes do golpe. Nesse evento, foi mais radical do que todos os que discursaram, não apenas de Jango, mas de Miguel Arraes e mesmo de Leonel Brizola.

No dia do golpe, poucos dias depois, da mesma forma que as outras organizações de massa, a UNE, por seu presidente, decretou greve geral. Esperava-se que iria comandar o processo de resistência estudantil, a partir do cargo pelo qual havia lutado tanto e para o qual havia sido eleito.

No entanto, Serra saiu do Brasil no primeiro grupo de pessoas que abandonou o país. Deixou abandonada a UNE, abandonou a luta de resistência dos estudantes contra a ditadura, abandonou o cargo para o qual tinha sido eleito pelos estudantes. Essa a atitude de Serra diante da primeira adversidade.

Por isso sua biografia só menciona que foi presidente da UNE, mas nunca diz que não concluiu o mandato, abandonou a UNE e os estudantes brasileiros. Nunca se pronunciou sobre esse episódio vergonhoso da sua vida.

Os estudantes brasileiros foram em frente, rapidamente se reorganizaram e protagonizaram, a parir de 1965, o primeiro grande ciclo de mobilizações populares de resistência à ditadura, enquanto Serra vivia no exílio, longe da luta dos estudantes. Ficou claro o caráter de Serra, que só voltou ao Brasil quando já havia condições de trabalho legal da oposição, sem maiores riscos.

Outra personalidade que aparece como pré-candidata à presidência também teve que reagir diante das circunstâncias do golpe militar e da ditadura. Dilma Rousseff, estudante mineira, fez outra escolha. Optou por ficar no Brasil e participar ativamente da resistência à ditadura, primeiro das mobilizações estudantis, depois das organizações clandestinas, que buscavam criar as condições para uma luta armada contra a ditadura militar.
No episódio da comissão do Senado em que ela foi questionada por ter assumido que tinha dito mentido durante a ditadura – por um senador da direita, aliado dos tucanos de Serra -, Dilma mostrou todo o seu caráter, o mesmo com que tinha atuado na clandestinidade e resistido duramente às torturas. Disse que mentiu diante das torturas que sofreu, disse que o senador não tem idéia como é duro sofrer as torturas e mentir para salvar aos companheiros. Que se orgulha de ter se comportado dessa maneira, que na ditadura não há verdade, só mentira. Que ela o senador da base tucano-demo estavam em lados opostos: ela do lado da resistência democrática, ele do lado da ditadura, do regime de terror, que seqüestrada, desaparecia, fuzilava, torturava.

Dilma lutou na clandestinidade contra a ditadura, nessa luta foi presa, torturada , condenada, ficando detida quatro anos. Saiu para retomar a luta nas novas condições que a resistência à ditadura colocava. Entrou para o PDT de Brizola, mais tarde ingressou no PT, onde participou como secretária do governo do Rio Grande do Sul. Posteriormente foi Ministra de Minas e Energia e Ministra-chefe da Casa Civil.

Essa trajetória, em particular aquela nas condições mais difíceis, é o grande diploma de Dilma: a dignidade, a firmeza, a coerência, para realizar os ideais que assume como seus. Quem pode revelar sua trajetória com transparência e quem tem que esconder momentos fundamentais da sua vida, porque vividos nas circunstâncias mais difíceis?

segunda-feira, setembro 21, 2009

CANAL LIVRE (?):JORNALISMO DE VELHACOS

CANAL LIVRE (?):JORNALISMO DE VELHACOS

Ontem, dia 20 de setembro, o Ciro Gomes detonou o PIG. Demonstrou que o boris casoy é uma vergonha para a imprensa. Jornalista mediocre que não sabe o que diz. O Ciro várias vezes deu aulas ao dito "jornalista" que teve de ficar calado ouvindo. O boris casoy falou mal de Chávez e de Lula, mas se calou quando Ciro Gomes citou Álvaro Uribe. Sim, o governante colombiano que aparentemente tem envolvimento com o narcotráfico e está entregando a Colombia para ser uma colônia dos Estados Unidos, de bandeja. O Uribe que está ganhando no tapetão um terceiro mandato, assim como Fernando Henrique Cardoso ganhou, Coisa que boris não cita, pois para o dito "jornalista", políticos de direita pode fazer de tudo. Nunca ele será criticado pelo boris. Não ouvi o boris proferir uma palavra pelo Kassab ter reduzido uma refeição para as creches. é óbvio, com o dinheiro que boris ganha, ninguém de sua família precisa usar creche pública. Nem mesmo por ter transformado São Paulo em Nápoles do lixo. Ele só cita que é uma vergonha quando não é da linha reacionária que defende. casoy nunca vai falar mal do Serra. Alstom? Simplesmente o "jornalista" faz-se de desentendido. Quanto ao Mitre este nem vou comentar. Agora o telles deveria respeitar a figura do Presidente Lula. Esse mesmo presidente que recebeu os mais variados prêmios do mundo inteiro. O mais recente do Woodrow Center. O imbecil desse jornalista chamou o presidente de caudilho. O melhor presidente que este país já teve! Respeitado pelo mundo inteiro! Quem ele acha que é? Respeito Telles é bom. Respeite o presidente. O Obama falou que Lula é o cara! O fhc ia pelo mundo pegando papeizinhos de doutoris honoris causa e era orgulho dos apresentadores do Canal Livre. Pelo visto o respeito desses jornalista é pela mediocridade e por quem entrega o país. Esses jornalistas do Canal Livre não entendem nada de economia e de desenvolvimento econômico. São pelo estado mínimo sem nem saber o que isso significa para a população que fica sem serviços públicos decentes. É a imbecilidade geral. E ganham uma fortuna. Talvez por isso, por refletirem o que pensa a elite brasileira. Essa elite vassala, que é subverniente aos interesses estrangeiros. O jornalismo brasileiro é muito ruim. Falta caráter e ética aos jornalistas, que estranhamente as cobram dos políticos. Pela Conferência de Comunicação para que todos possam ter liberdade de expressão e não ter de suportar um monte de babacas se passando de intelectuais. Chega de ver repetido ad nausean o que pensa a elite brasileira na voz de seus muitos ventríloquos. Para construirmos um país decente e com desenvolvimentos social e econômico é preciso melhorar muito a comunicação social do Brasil. Esses jornalistas não servem ao país e sim aos seus senhores. Muito bem Ciro, deu uma aula de cidadania e bons modos aos três, que ficaram com caras de pateta. É ISSO.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Entrevista VALOR: Lula propõe uma “Consolidação das Leis Sociais”

Entrevisa impredível do melhor Presidente que esse país já teve!





Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais pisaram no breque de forma desnecessária


Lula: “A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população”



Claudia Safatle, Maria Cristina Fernandes, Cristiano Romero e Raymundo Costa, de Brasília - VALOR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende mandar ao Congresso ainda este ano um projeto de lei para consolidar as políticas sociais de seu governo. A ideia é amarrar no texto da lei uma “Consolidação das Leis Sociais”, a exemplo do que, na década de 50, Getúlio Vargas fez com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Diz que, para este projeto, não vai pedir urgência. “É bom mesmo que seja discutido no ano eleitoral”.

Faz parte dos planos do presidente também para este ano encaminhar ao Congresso um projeto de inclusão digital. “Será para integrar o país todinho com fibras óticas”, adiantou.

Na primeira entrevista concedida após a grande crise global, Lula criticou as empresas que, por medo ou incertezas, se precipitaram tomando medidas desnecessárias e defendeu a ação do Estado. “Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária”.

Ele explicou porque está insatisfeito especialmente com a Vale do Rio Doce, a quem tem pressionado a agregar valor à extração de minério, construir usinas siderúrgicas e fazer suas encomendas dentro do país, em vez de recorrer à importação, como tem feito. “A Vale não pode ficar se dando ao luxo de ficar exportando apenas minério de ferro”, diz ele. Hoje, disse, os chineses já produzem 535 milhões de toneladas de aço por ano, enquanto o Brasil, o maior produtor de minério do mundo, produz apenas 35 milhões de toneladas. “Isso não faz nenhum sentido.”

O presidente defendeu a expansão de gastos promovida por seu governo, alegando que o Estado forte ajudou o país a enfrentar a recente crise econômica. “A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população.”

Rechaçou a eventualidade do “risco Serra”, aludido por algumas autoridades de seu governo face às veementes críticas do governador de São Paulo, José Serra (PSDB) à política monetária. “É uma cretinice política. É tão sério governar um país da magnitude do Brasil que ninguém que entre aqui vai se meter a fazer bobagem, vai ser bobo de mexer na estabilidade econômica e permitir que a inflação volte”.

A falta de carisma da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata à sua sucessão em 2010 não é , para ele, um obstáculo eleitoral. “Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato. Jânio Quadros tinha carisma e ficou só seis meses”. O principal ativo de Dilma, na opinião de Lula, é a “capacidade gerencial” da ministra. “E mulher tem que ser dura mesmo, para se impor entre os homens.”

Lula contou que já desaconselhou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a se candidatar ao governo de Goiás. “Eu já disse pro Meirelles. Eu sinceramente acho que o Meirelles não devia pensar em ser candidato a governador, coisa nenhuma. Mas esse negócio tem um comichão…”

O risco de os esqueletos deixados por planos de estabilização de governos passados se transformarem em pesado fardo para o Tesouro Nacional preocupa o presidente. Segundo ele, se o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar as ações contra bancos baseadas em supostos prejuízos causados por planos econômicos, uma conta que supera os R$ 100 bilhões, os bancos vão acionar judicialmente a União para bancar que ela banque essa despesa.

Na entrevista ao Valor, concedida na manhã de ontem em seu gabinete no Centro Cultural do Banco do Brasil, o presidente falou por uma hora e meia. Fumou cigarrilha na última meia hora da entrevista e não se recusou a falar de seu futuro político quando deixar a Presidência. “Gostaria de usar o que aprendi na Presidência para ajudar tanto a América Latina quanto a África a implementar políticas sociais, mas primeiro preciso saber se eles querem, porque de palpiteiro todo mundo está cansado”. Sobre uma nova candidatura em 2014, o presidente foi direto: “Se Dilma for eleita, ela tem todo direito de chegar em 2014 e falar ‘eu quero a reeleição’. Se isso não acontecer, obviamente a história política pode ter outro rumo”.

Valor: Passado um ano da grande crise global, a economia brasileira começa a se recuperar. Além do pré-sal, qual a agenda do governo para o pós crise?

Luiz Inácio Lula da Silva: Ainda este ano vou apresentar uma proposta sobre inclusão digital. E, também, uma proposta consolidando todas as políticas sociais do governo.

Valor: Inclusive, o Bolsa Família, o salário mínimo?

Lula: Todas. Vai ter uma lei que vai legalizar tudo, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Será uma consolidação das políticas públicas para sustentar os avanços conquistados. Tudo o que foi feito, até as conferências nacionais, porque nós só temos legalizada a da saúde.

Valor: Mas o governo ainda não conseguiu sequer aprovar a política de valorização do salário mínimo?

Lula: A culpa não é minha. Mandei (para o Congresso) já faz um ano e meio. Sou de um tempo de dirigente sindical que, quando a gente falava de salário mínimo, as pessoas já falavam logo de inflação. Nós demos, desde que cheguei aqui, 67% de aumento real para o salário mínimo e ninguém mais fala de inflação. O projeto que nós mandamos é uma coisa bonita. É a reposição da inflação mais o aumento do PIB de dois anos atrás. Quero consolidar isso porque acho que o Brasil tem que mudar de patamar.

Valor: O senhor vai pedir urgência?

Lula: Não. É ótimo que dê debate no ano eleitoral. Quando eu voltar de viagem, vou ter uma reunião com todos os ministros da área social e vamos começar a trabalhar nisso.

Valor: E a inclusão digital?

Lula: Esta eu quero mandar também este ano. Será para integrar o país com fibras óticas. O Brasil precisa disso. Eu dei 45 dias de prazo, ontem, para que me apresentem o projeto de integração de todo o sistema ótico do Brasil.

Valor: O que mais será feito?

Lula: Uma proposta de um novo PAC para 2011-2015, que anunciarei em janeiro ou fevereiro. Porque precisamos colocar, no Orçamento de 2011, dinheiro para a Copa do Mundo, sobretudo na questão de mobilização urbana. E, se a gente ganhar a sede das Olimpíadas, já tem que ter uma coisa mais poderosa nisso.

Valor: Só para a parte que lhe cabe no pré-sal, o BNDES diz que vai precisar de uma capitalização de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional. O senhor já autorizou a operação?

Lula: Acabamos de dar R$ 100 bilhões ao BNDES e nem utilizamos ainda todo esse dinheiro. Para nós, o pré-sal começa ontem. Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, pedi aos empresários que constituíssem um grupo de trabalho para que possamos ter dimensão do que vamos precisar nos próximos 15 anos entre infraestrutura, equipamentos para construção de sondas, plataformas, toda a cadeia. Não podemos deixar tudo para a última hora e isso vai exigir muito dinheiro. Esse problema do BNDES ainda não chegou aqui, mas posso garantir que não faltará dinheiro para o pré-sal.

Valor: O governo pensa numa política industrial para o pré-sal, voltada para as grandes empresas nacionais. Fala-se em ter empresas “campeãs nacionais”. Isso vai renovar o parque industrial e as lideranças empresariais do país?

Lula: Certamente aumentará muito o setor empresarial brasileiro. Precisamos aproveitar o pré-sal e criar, também, um grande polo petroquímico. Não podemos ficar no sexto, sétimo lugar nesse setor. Pedi para o Luciano Coutinho (presidente do BNDES) coordenar um grupo de trabalho para que a gente possa anunciar em breve um plano de fomento à indústria petroquímica no Brasil. E pedi para os empresários brasileiros se prepararem para coisas maiores. Vamos precisar de mais estaleiros, diques secos, e isso tem que começar agora para estar pronto em três a quatro anos. Sobretudo, temos que convencer os empresários estrangeiros a investir no Brasil, construindo parcerias.

Valor: É por essa razão que o senhor está irritado com a Vale?

Lula: Não estou irritado com a Vale. Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de usinas siderúrgicas no país. Todo mundo sabe o que a Vale representa para o Brasil. É uma empresa excepcional, mas não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro. Os chineses já estão produzindo 535 milhões de toneladas de aço e nós continuamos com 35 milhões de toneladas. Daqui a pouco vamos ter que importar aço da China. Isso não faz nenhum sentido. Quando a gente vende minério de ferro, custa um tiquinho.

Valor: E não paga imposto porque o produto não é industrializado…

Lula: Não paga imposto. Tudo isso eu tenho discutido muito com a Vale porque eu a respeito. Quando ela contrata navios de 400 mil toneladas na China, é de se perguntar: ´e o esforço imenso que estou fazendo para recuperar a indústria naval brasileira?´

Valor: Mas a Vale não é uma empresa privada?

Lula: Pode ser privada ou pública. O interesse do país está em primeiro lugar. As empresas privadas têm tantas obrigações com o país como eu tenho. Não é porque sou presidente que só eu tenho responsabilidade. Se quisermos construir uma indústria competitiva no mundo, vamos ter que fortalecer o país.

Valor: Os custos não são importantes?

Lula: Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu! Estou fazendo uma discussão com a Vale, já fiz com outras empresas, porque quando queremos importar aço da China, os empresários brasileiros não querem. Mas quando eles aumentam seus preços, eu sou obrigado a reduzir a alíquota (de importação) para poder equilibrar. Eu sei a importância das empresas brasileiras, ninguém mais do que eu brigou neste país para elas virarem multinacionais. Porque, cada vez que uma empresa se torna uma multinacional, ela é uma bandeira do país fincada em outro país.

Valor: As empresas não importam porque lá fora é mais barato e tecnologicamente mais avançado?

Lula: Não sei se tecnologicamente é mais avançado. Pode ser mais barato. Quando começamos a discutir com a Petrobras a construção de plataformas, ela falava ´nós economizamos não sei quantos milhões´. Eu falava ´tudo bem, e os desempregados brasileiros? E o avanço tecnológico do país? E a possibilidade de fazemos plataformas aqui e exportar?´ Em vez de apenas importar, vamos convencer as empresas de fora que nós temos demanda e que elas venham construir no Brasil. Não estamos pedindo favor. Talvez o Brasil seja, daqui para a frente, o país a consumir mais implementos para a construção de sondas e plataformas.

Valor: O governo pensa em reduzir os custos de produção no Brasil?

Lula: Temos, no momento, uma crise econômica em que o custo financeiro subiu no mundo inteiro. Desde que entrei, e considerando a extinção da CPMF, foram mais de R$ 100 bilhões em desonerações. Eu já mandei duas reformas tributárias ao Congresso. As duas tiveram a concordância dos 27 governadores e dos empresários. Mas as propostas chegam no Senado e, como diria o Jânio Quadros, tem o ´inimigo oculto´ que não deixa que sejam aprovadas.

Valor: Como o senhor vê o papel do Estado pós crise?

Lula: O Estado não pode ser o gerenciador, o administrador. O Estado tem que ter apenas o papel de indutor e fiscalizador. Então, (o Estado) leva uma refinaria para o Ceará, um estaleiro para Pernambuco. Se dependesse da Petrobras, ela não gostaria de fazer refinarias.

Valor: Por que há ociosidade?

Lula: Na lógica da Petrobras, as suas refinarias já atendem a demanda. Há 20 anos a empresa não fazia uma nova refinaria. Agora, o que significa uma nova refinaria num Estado? A primeira coisa que vai ter é um polo petroquímico para aquela região. Este é o papel do governo. O governo não pode se omitir. A fragilidade dos governantes, hoje, é que eles acreditaram nos últimos dez anos que os mercados resolviam os problemas. E agora, quando chegou a crise, todos perceberam que, se os Estados não fizessem o que fizeram, a crise seria mais profunda. Se o Bush (George, ex-presidente dos Estados Unidos) tivesse a dimensão da crise e tivesse colocado US$ 60 bilhões no Lehman Brothers antes de ele quebrar, possivelmente não teríamos a crise de crédito que tivemos. Então, a Vale entra nessa minha lógica.

Valor: Depois da conversa com o senhor, a Vale vai construir as siderúrgicas?

Lula: Ela precisa agregar valor às suas exportações. Se ela exportar uma tonelada de bauxita, vai receber entre US$ 30 e US$ 50. Se for um tonelada de alumínio pronto, vai vender por US$ 3 mil. Além disso, vai gerar emprego aqui, vai ter que construir hidrelétrica para ter energia. Não pode ter só o interesse imediato pelo lucro porque a matéria prima um dia acaba e, antes de acabar, temos que ganhar dinheiro com isso. A Vale entende isso.

Valor: Então ela se comprometeu?

Lula: Basta ver a propaganda dela nos jornais. Faz três anos que venho conversando com a Vale. O Estado do Pará reclama o tempo inteiro, Minas Gerais e o Espírito Santo também. A siderúrgica do Ceará não foi proposta por mim. Foi proposta em 1992. Há condições de fazer? Há. Há mercado? Há. Temos tecnologia? Temos. Então, vamos fazer.

Valor: Entre reduzir a carga tributária, desonerando a folha de pagamentos das empresas, e aumentar o salário do funcionalismo, o senhor ficou com a segunda opção. Por quê?

Lula: Primeiro porque a desoneração é baseada no nervosismo econômico, no aperto de determinado segmento. O Estado tem que ter força. No Brasil, durante os anos 80, se criou a ideia de Estado mínimo. O Estado mínimo não vale para nada. O Estado tem que ter força para fazer as políticas que fizemos agora, na crise, com a compreensão do Congresso. Não pense que foi fácil tomar a decisão de fazer o Banco do Brasil (BB) comprar a Nossa Caixa em São Paulo.

Valor: Por quê?

Lula: As pessoas diziam: ´Ah, o presidente vai dar dinheiro ao Serra e o Serra é candidato´. Mas não dei dinheiro para o Serra. Comprei um banco que tinha caixa e para permitir que o BB tivesse mais capacidade de alavancar o crédito. Quando fui comprar (via BB) 50% do Banco Votorantim, tive que me lixar para a especulação. Nós precisávamos financiar o mercado de carro usado e o Banco do Brasil não tinha ´expertise´. Então, compramos 50% do Votorantim, que tem uma carteira de carro usado de R$ 90 bilhões. Vocês têm dimensão do que foi ter uma Caixa Econômica Federal, um BNDES ou um BB na crise? Foi extremamente importante. A Petrobras apresentou estudo mostrando que deveria adiar o cronograma dos investimentos dela de 2013 para 2017.

Valor: Durante a crise?

Lula: É. Convoquei o Conselho da Petrobras para dizer: ´Olha, este é um momento em que não se pode recuar´. Até no futebol a gente aprende que, quando se está ganhando de 1 x 0 e recua, a gente se ferra.

Valor: E funcionou?

Lula: Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária. Aquele famoso cavalo de pau que o (Antonio) Palocci (ex-ministro da Fazenda) dizia que a gente não podia dar na economia, alguns setores empresariais deram por puro medo, incerteza. Essas coisas nós conversamos muito com os empresários, no comitê acompanhamento da crise. Agora não vai ter mais comitê de crise, mas sim de produção, investimento e inovação tecnológica. Estou otimista porque este é o momento do Brasil.

Valor: Por exemplo?

Lula: As pessoas estão compreendendo que fazer com que o pobre seja menos pobre é bom para a economia. Ele vira consumidor. Eles vão para o shopping e compram coisas que até pouco tempo só a classe média tinha acesso. Os empresários brasileiros precisam se modernizar.

Valor: A política de valorização do funcionalismo dificilmente poderá ser mantida por seu sucessor e nenhum dos candidatos tem ascendência sobre o movimento sindical que o senhor tem. Não é uma bomba relógio que o senhor deixa armada para o próximo governo?

Lula: Vocês acham que o Estado brasileiro paga bem?

Valor: O senhor acha que ainda ganha mal?

Lula: Você tem que medir o valor de determinadas funções no mercado e dentro do governo. Sempre achei que o pessoal da Petrobras ganhava muito. O Rodolfo Landim, quando era presidente da BR, há uns quatro anos, ganhava R$ 26 mil. Ele entrou na minha sala e disse: ´Presidente, tive convite de um empresário, estou de coração partido, mas não posso perder a oportunidade da minha vida´. Então, ele deixa de ganhar R$ 26 mil por mês e vai ganhar R$ 200 mil com dois anos de pagamento adiantado. Quanto vale um bom funcionário da Receita Federal, do Banco Central, no mercado? O que garante as pessoas ficarem no Estado é a estabilidade, não o salário.

Valor: Mas essa política de valorização salarial do funcionalismo é sustentável?

Lula: Como é que a gente vai deixar de contratar professores? Vou passar à história como o presidente que mais fez universidades neste país. Ontem, completamos a 11ª (das quais, duas foram iniciativa do governo anterior). Ganhamos do Juscelino Kubitschek, que fez dez. Teve governo que não fez nenhuma. E ainda há três no Congresso para serem aprovadas.

Valor: O senhor considera que o Estado hoje está arrumado?

Lula: A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população. E ainda falta muito para chegar à perfeição.

Valor: O senhor foi vítima em 2002 do chamado “risco Lula”. Hoje, já há quem fale em “risco Serra”. Existe mais risco para o país com o Serra do que com a Dilma?

Lula: Nunca ouvi falar de ´risco Serra´ (risos). Posso falar de cátedra. Sofri com o ´risco Lula´ desde 1989. Em 1994, eu tinha 43% nas pesquisas em março e o que eles fizeram? Diminuíram o mandato para quatro anos e proibiram mostrar imagem externa no programa eleitoral. As pessoas pensam que esqueci isso. Quando chegaram as eleições para a prefeitura (em 1996), revogou-se a lei e todo mundo pôde mostrar imagens externas. Quando eles ganharam, aprovaram a reeleição. Então, essa coisa de ´risco Lula´ eu conheço bem.

Valor: É possível voltar a acorrer?

Lula: Espero que minha vitória e meu governo sirvam de lição para essas pessoas que ficam dizendo: ´o Lula era risco, agora o Serra é risco, a Dilma é risco, a Marina é risco, o Aécio é risco´. É uma cretinice política! Porque é tão sério governar um país da magnitude do Brasil que ninguém que entre aqui vai se meter a fazer bobagem. Quem fez bobagem não ficou. Todo mundo sabe da minha afinidade com os trabalhadores, da minha preferência pelos mais pobres. Entretanto, sou governante dos ricos também. E tenho certeza de que eles estão muito satisfeitos porque ganharam muito dinheiro no meu governo. Mais do que no governo ´deles´. Como pode um companheiro como a Dilma, o Serra, a Marina, todos que têm história, ficar sujeito a essa história de risco? E sabe por que não tem risco? Porque, se depois fizer bobagem, paga. Você pode ter visão diferente sobre as coisas, isso é normal. E agora mais ainda porque quem vier depois de mim.

Valor: Por quê?

Lula: Porque há um outro paradigma. Em cem anos a elite brasileira fez 140 escolas técnicas. Como é que esse torneiro mecânico faz 114? Estamos criando um paradigma. Fui ao Rio Maranguapinho (no Ceará) um dia desses. Estamos colocando lá R$ 390 milhões para fazer saneamento básico. Em Roraima são R$ 496 milhões para fazer saneamento e dragagem. Você sabe quanto o Brasil inteiro gastou em 2002 em saneamento?

Valor: Quanto?

Lula: R$ 262 milhões. Então, estamos colocando num bairro de Fortaleza o que foi colocado no Brasil inteiro naquele ano.

Valor: O senhor diria que pelo menos nos três fundamentos básicos da economia - superávit primário, câmbio flutuante e regime de metas - ninguém vai mexer porque foram testados na crise?

Lula: Para mim, inflação controlada é condição básica para o resto dar certo. Porque na hora que a inflação começar a crescer, os trabalhadores vão querer muito mais reajuste, os empresários também e a coisa desanda. Então, é manter a inflação controlada, a economia crescendo, permitir o crescimento do crédito. O Banco do Brasil sozinho hoje talvez tenha todo o crédito que o Brasil tinha em 2003.

Valor: Isso é bom ou ruim? Entre os anos 80 e 90, houve péssima gestão nos bancos estaduais, que acabaram quebrando…

Lula: Mas aí a culpa não é do banco. É irresponsabilidade da classe política. Os governantes transformaram os bancos públicos em caixa 2 de campanha. Emprestar dinheiro para amigo? Isso acabou. Não acho que ninguém que entre aqui vai ser bobo de mexer na estabilidade econômica e permitir que volte a inflação. Porque, se isso acontecer, o mandato é de apenas quatro anos.

Valor: A capacidade administrativa da ministra Dilma Rousseff, apesar do seu pouco carisma, e a confiança que o senhor tem em seu trabalho são suficientes para fazer dela uma candidata?

Lula: Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui. Estou dizendo que para governar este país é preciso um conjunto de qualidades. E a primeira qualidade é ganhar eleição. Tem que ter muita humildade, determinação do projeto que vai apresentar. Tem que provar que é capaz de gerenciar. Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha essa capacidade gerencial da Dilma. Às vezes as pessoas falam ´ela é dura´. Mas é que a mulher tem que ser mais dura mesmo.

Valor: Por quê?

Lula: Porque numa discussão política, para você se impor no meio de 30 ou 40 homens, é assim. A Dilma é muito competente. Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio. Houve no país um avanço qualitativo nas disputas eleitorais. O Fernando Henrique e eu já fomos um avanço extraordinário. Fico olhando e vejo que não tem um único candidato de direita. Isto é uma conquista extraordinária de um Brasil exuberante. É evidente que Serra tem discordância da Dilma e vice-versa, mas ninguém pode acusar um e outro de que não são democratas e não lutaram por este país.

Valor: Qual é a diferença entre eles?

Lula: Vai ter. Se for para fazer (um governo) igual não tem disputa. E, aí, o povo vai escolher por beleza… Não sei se serão só os dois. Mas são candidatos de qualidade.

Valor: Privatizar ou não privatizar pode ser a diferença?

Lula: Não.

Valor: Por que o senhor é contra a privatização?

Lula: Tudo aquilo que não é de interesse estratégico para o país pode ser privatizado. Agora, tudo o que é estratégico, o Estado pode fazer como fez com a Petrobras e o Banco do Brasil.

Valor: A Infraero é estratégica?

Lula: O Guido (Mantega, ministro da Fazenda) foi determinado a fazer um estudo sobre a Infraero, para ver se ela vira uma empresa de economia mista. O que nos interessa é que as coisas funcionem corretamente. Pedi ao Jobim (Nelson, ministro da Defesa) estudar o processo de concessão de um ou outro aeroporto para gente poder ter um termômetro, medir a qualidade de funcionamento. O que é estratégico no aeroporto é o controle do espaço aéreo e não ficar pegando passaporte de passageiros.

Valor: O senhor, então, não é contra a privatização por princípio?

Lula: Eu sou muito prático. Entre o meu princípio e o bom serviço prestado à população, fico com o bom serviço.

Valor: Quando o senhor falou dos candidatos, não mencionou Ciro Gomes.

Lula: O Ciro é um extraordinário candidato. De qualquer forma o PSB tem autonomia para lançar o Ciro candidato.

Valor: O senhor é o presidente mais popular da história do Brasil. No entanto, este Congresso é um dos mais desmoralizados. Por que o PT fracassou na condução do Congresso?

Lula: Você há de convir que a democracia no Brasil funciona com muito mais dinamismo que em qualquer outro lugar do mundo. O PT elegeu 81 deputados em 513 e 12 senadores em 81. A gente precisa dançar mais flamenco do que em qualquer país do mundo. Você vai ter que ter mais jogo de cintura. Exercitar a democracia é convencer as pessoas, é sempre mais difícil.

Valor: Por quê?

Lula: O Congresso é a única instituição julgada coletivamente. Se não teve sessão você fala: ´Deputado vagabundo que não trabalha´. Agora, nunca cita os que estiveram lá, de plantão, o tempo inteiro. Quando era constituinte, eu ficava doido porque ficava trabalhando até as duas, três horas da manhã. O Ulysses (Guimarães) ficava uma semana sem votar. Quando ele começava a votar, aquilo varava a noite. No dia seguinte, pegava o jornal, que dizia ´sessão não deu quórum porque os deputados não foram trabalhar´. Mas havia lá 200 em pé. Toda vez que vou a debates com estudantes, em inauguração de escolas, eu falo isso: ´Se vocês não gostam de política, acham que todo político é ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o perfeito que vocês querem está dentro de vocês´.

Valor: O senhor disse que o Brasil deve comemorar o fato de não ter candidatos de direita na eleição presidencial. Por que depois de tantas tentativas de aproximar PT e PSDB, isso não deu certo?

Lula: Porque na verdade nós somos os principais adversários.

Valor: Em São Paulo?

Lula: Em São Paulo e em outros lugares. Há uma disputa.

Valor: A aliança PT-PSDB é impossível?

Lula: Acho que agora é impossível.

Valor: Como o senhor avalia sua relação com a oposição, sobretudo no momento em que se discute o marco regulatório do pré-sal?

Lula: Essa oposição teve menos canal com o governo. Certamente o DEM e o PSDB pouco tiveram o que construir com o governo. Possivelmente quando eles eram governo, o PT também construiu poucas possibilidades. O projeto do pré-sal tal, como ele foi mandado, não é uma coisa minha. O trabalho que fizemos foi, sem falsa modéstia, digno de respeito, tanto é que o Serra concorda com o modelo. O Congresso tem liberdade para mudar.

Valor: A oposição diz que o governo pediu urgência para usar o projeto de forma eleitoreira. A urgência era exatamente por quê?

Lula: Porque precisamos aprovar o mais rápido possível para dizer ao mundo o que está aprovado e começar a trabalhar. Acho engraçado a oposição dizer isso. A oposição votou em seis meses cinco emendas constitucionais no governo Fernando Henrique Cardoso.

Valor: O senhor volta com o pedido de urgência, se for o caso?

Lula: Depende. Atendi ao pedido do presidente da Câmara, Michel Temer. Vamos votar no dia 10 de novembro. Isso me garante. Termino o mandato daqui a um ano. Serei ex-presidente, nem vento bate nas costas. Não é para mim que estou fazendo o pré-sal. O pré-sal é para o país.

Valor: O que o senhor pretende fazer depois que deixar o governo?

Lula: Não sei. A única coisa que tenho convicção é que não vou importunar quem for eleito.

Valor: Todo mundo tem medo que o senhor volte em 2014…

Lula: Medo? Acho que deveria ter alegria, se eu voltasse. Na política a gente tem de ter sempre o bom senso. Vamos supor que a Dilma seja eleita presidente da República…

Valor: E se ela perder a eleição? O senhor vai se sentir pressionado pelo PT a disputar em 2014?

Lula: Vou trabalhar para o povo votar favoravelmente, mas, se votar contra, vou ter o mesmo respeito que tenho pelo povo. Se ela for eleita, tem todo o direito de chegar a 2014 e falar ´eu quero a reeleição´.

Valor: E se ela não for eleita?

Lula: Não trabalho com essa hipótese, mas obviamente que, se não acontecer o que eu penso que deve acontecer, a história política pode ter outro rumo.

Valor: Parece que está consolidada a percepção de que o país terá câmbio apreciado por um bom tempo. O senhor teme uma desindustrialização?

Lula: O nosso objetivo é industrializar o máximo possível. O Palocci disse uma frase que é simples e antológica: ´o problema do câmbio flutuante é que ele flutua´. Obviamente que nós já estamos discutindo isso. Trabalhamos com a hipótese de que vai entrar muito dólar no Brasil. Precisamos trabalhar isso com carinho. Em contrapartida, também estamos avançando na questão de fazer trocas comerciais nas moedas dos países. Não preciso do dólar para fazer comércio com a China, a Índia, a Rússia. Podemos fazer comércio com nossas moedas e com as garantias dos bancos centrais. Esta é uma coisa nova que já começamos a discutir. Na última reunião dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), foi constituído um grupo de trabalho para pensar sobre isso. Não é possível você tratar da economia com teoricismo, de que você acha que hoje pode tomar uma decisão para evitar que alguma coisa aconteça daqui a dez anos. Esta crise econômica mundial mostrou isso. Hoje é unanimidade mundial que o Brasil é o país mais preparado para enfrentar isso. Nunca tivemos nenhum plano econômico. Cada vez que tinha uma crise vinha um e apresentava um plano. Quebrava. Os bancos hoje estão sendo processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma dívida de mais de R$ 150 bilhões, por causa dos planos Bresser e Verão.

Valor: Os bancos pediram ajuda ao governo?

Lula: Não é que o governo vai ajudar. O governo é o responsável. O governo fez a lei. Eles cumpriram a lei. Se eles perderem no STF, sabe o que vai acontecer?

Valor: A conta vai para o Tesouro.

Lula: Eles vão acionar a União. Obviamente que é isso. E quem fez os planos está dando palpites nas economias. Este é o dado. Também peço a Deus que eu não deixe nenhum esqueleto para meus sucessores. Por isso, estou mais tranquilo para tomar as decisões, mais meticuloso, para fazer as coisas. Eu fico imaginado, quando eu não estiver mais aqui dentro, o que é que um ex-presidente pode esperar do país. Que um venha e faça mais do que ele. Porque isso é o que vai fazer o país ir para a frente. Somente uma figura medíocre é capaz de torcer para o cara não dar certo. Porque, quando não dá certo, eu não vi nenhum político ter prejuízo. Ele pode perder a eleição, mas não tem prejuízo. Agora, o povo pobre é que paga a conta, se a política não der certo.

Valor: Qual vai ser o discurso da sua candidata?

Lula: Vamos deixar a candidata construir. Mas eu acho o seguinte: o que eram as campanhas passadas? Quem vai controlar a inflação, o salário mínimo de US$ 100, não era isso? Isso acabou. Não se fala mais em FMI, não se fala mais em salário mínimo de US$ 100, não se fala mais em inflação.

Valor: Mas no FMI o senhor vai falar?

Lula: Vou falar porque agora somos credores do FMI.

Valor: A França se tornou nosso parceiro prioritário em detrimento dos EUA?

Lula: Não sei porque não pensaram nisso antes. A França é o único país europeu que faz fronteira com o Brasil. São 700 quilômetros de fronteira. Isso é uma vantagem comparativa da relação com a França. Nós sempre teremos uma excelente relação com o EUA. Sempre teremos uma belíssima relação com a Europa. Mas isso não atrapalha que nós tenhamos relações bilaterais estratégicas com outros países. Acho que os Estados Unidos precisam ter um olhar para a América Latina mais produtivo, mais desenvolvimentista.

Valor: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai sair para se candidatar ao governo de Goiás?

Lula: Sinceramente, o Meirelles não devia pensar em ser candidato a governador, coisa nenhuma. É que esse negócio (fazer política) tem um comichão…

Governo prevê criar mais de 1 milhão de vagas

Arnaldo Galvão, de Brasília - VALOR

O governo contabilizou, em agosto, a criação de 242.126 empregos formais, resultado de 1,45 milhão de admitidos e 1,21 milhão de dispensados. Foi o melhor desempenho mensal desde setembro de 2008, mês que teve a criação de 282.841 vagas. Em agosto do ano passado, antes do agravamento da crise, o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi de 239.123 postos. Em 2009, essa foi a primeira vez que um mês superou o mesmo mês de 2008. Além disso, de outubro do ano passado, quando os primeiros efeitos da crise econômica global começaram a ser sentidos com mais força, até julho deste ano, havia um deficit de 196,5 mil vagas formais no Brasil. Com o resultado de agosto, a conta se reverteu: no período, acabaram sendo criadas 44,6 mil vagas.

A recuperação dos empregos contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) também teve, em agosto, mais postos criados na indústria, com saldo de 66.564 vagas entre contratações e demissões. Esse ritmo ficou muito acima das 17.354 vagas geradas em julho no setor, confirmando a melhora do emprego no segmento que mais demitiu no auge da turbulência.

Os números animaram o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Ele disse que, no mês que vem, deve elevar sua atual previsão de saldo de 1 milhão de empregos em 2009. Quando comentou o cenário que espera para 2010, disse que serão criadas mais de 1,8 milhão de vagas. Em 2008, apesar da crise mundial, o saldo foi de 1,4 milhão. Considerando o período que vai de janeiro a agosto, o Caged tem saldo de 680.034 vagas, praticamente um terço do resultado dos mesmos oito meses em 2008.

De acordo com os números do Caged, o maior número de empregos criados em agosto foi no setor de serviços (85.568). Em segundo lugar, veio a indústria, com 66.564 postos. O comércio criou 56.813 vagas, a construção civil contribuiu com 39.957 empregos e a administração pública gerou 3.305 postos. O único setor com saldo negativo no mês passado (11.249 empregos) foi a agropecuária, influenciada pela entressafra na região Centro-Sul.

Outro sinal da reação do emprego no país, segundo Lupi, é o desempenho do segmento de serviços de instituições financeiras. Em agosto, pela primeira vez no ano, o saldo foi positivo (845 vagas) entre contratações e demissões.

A retomada da geração de empregos na indústria significa, para Lupi, que os estoques estão “quase a zero” no setor. Ele também criticou a reação “exagerada” dos empresários que, segundo imagina, poderiam ter evitado muitas demissões no fim de 2008 se confiassem mais na força do mercado interno e no impacto do aumento do salário mínimo na economia. Como exemplo, citou a “insensível” indústria automobilística. “Vão pagar um preço por isso. Pagaram para demitir e, agora, terão de pagar para contratar mais do que esperavam”, criticou.

O segmento industrial que mais criou empregos em agosto foi o de alimentos, com 22.614 vagas. Em seguida, vêm têxtil (9.238), calçados (8.974), metalúrgico (5.982) e químico (5.866). A única área com perda de postos de trabalho, em agosto, foi a de borracha, fumo e couros, com saldo negativo de 2.567 vagas. A análise do Caged nos oito meses compreendidos entre janeiro e agosto mostra que o maior número de empregos foi criado no setor de serviços, com 348.658 vagas. Em ordem decrescente, aparecem construção civil (151.537), agricultura (147.108), comércio (51.171), administração pública (36.286), serviços industriais de utilidade pública (6.319), indústria (-60.559) e extração mineral (-486).

O economista Christian Travassos, da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, afirmou que a variação positiva do emprego no setor de serviços foi de 3,4% em 12 meses, ficando em 2,8% este ano. Segundo ele, isso mostra a pujança do mercado interno. “A maior parte são serviços do dia a dia da população, setores ligados ao mercado interno que menos sofreram com a crise econômica.”

Lupi comentou que suas expectativas são muito boas para o Caged, especialmente no comércio e na construção. No caso do comércio, disse que o setor está iniciando um período muito aquecido, até o começo de dezembro, com a preparação das vendas do fim do ano. Na construção, o ministro ressaltou que o ritmo já é forte, mas ficará ainda mais intenso com o crescente impacto do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

A força da retomada do emprego no país pode ser comprovada, segundo Lupi, com os números do Estado de São Paulo. Em agosto, foram criadas 77.983 vagas, com destaque para os setores de serviços (27.882), comércio (24.482) e indústria (11.183).

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, disse que a criação de 242 mil empregos formais em agosto é um sinal claro da recuperação da economia brasileira. Na sua avaliação, os números mostram que o governo conseguiu manter o emprego em plena crise. “O aumento de postos de trabalho anunciado mostra que efetivamente o país está saindo da crise e que a questão mais relevante e mais cara para o nosso governo, que é a sustentação do mercado de trabalho e da massa salarial está ocorrendo.”

Para Machado, a recuperação no emprego também indica que o país continuará a crescer nos próximos meses. “Isso nos enche de orgulho e de expectativa de que o país continuará no rumo do crescimento, permitindo que cada vez mais brasileiros possam ingressar no mercado de trabalho e ter uma vida melhor e mais saudável.”

No estoque de 32,67 milhões de empregos celetistas em agosto, o maior peso é do setor de serviços, com 13,08 milhões de pessoas trabalhando. Em seguida, vêm indústria (7,33 milhões), comércio (7,12 milhões), construção (2,08 milhões), agropecuária (1,7 milhão), administração pública (813,5 mil), serviços industriais de utilidade pública (360,32 mil) e extração mineral (172,38 mil). (Com agências noticiosas)

Postado por Luis Favre
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Tags: CAGED, carteira assinada, carteira de trabalho, Crescimento, crise, desonerações, emprego, governo Lula, impostos, Lula, mercado interno, vagas
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Quem paga o exército de jornalistas anti-Lula?

Esse texto corre na internet. Observando a postura dos jornalistas brasileiros torna muito verossímil o que o autor escreve.

Segundo o JIBRA, grupo de jornalistas brasileiros refugiados na Irlanda, grandes empresas ligadas ao PSDB e DEM pagariam mais de cinco milhões de reais por mês a pelo menos 76 jornalistas e políticos brasileiros.
Rogério Mattos Costa, de Madrid
O julgamento e a absolvição de Antonio Pallocci pelo STF, deixa no ar uma questão: quem irá recompor a imagem pública do ex-ministro? Ele sai absolvido ou sua absolvição, terá lhe servido como uma nova condenação? A julgar pela foto da capa da FOLHA, mostrando alquebrado e triste o principal acusador desmentido pelo julgamento, dá uma idéia. Se depender da mídia, Francenildo, o caseiro-milionário continuará tendo razão. E o ministro da fazenda que herdou e governou as finanças brasileiras na época em que os juros eram de 26,5% e o risco país andava pelos 4000 pontos e o dólar perto dos R$4,00, será o grande culpado.
O Partido da Mídia - Que a mídia brasileira tornou-se num tipo de partido político, quase ninguém mais duvida. O Paulo Henrique Amorim criou até uma sigla: PIG, o Partido da Imprensa Golpista. Segundo ele, nunca, em tempo algum, teria existido tamanha unanimidade dos grandes órgãos de comunicação de massas com relação a um governante. Parece até algo feito e traçado no plano espiritual, algo como a “transmissão de pensamento”, tamanha é a coordenação entre os artigos e manchetes de jornais que em tese, deveriam ser concorrentes entre si. Um fenômeno quase paranormal. Lula é criticado e xingado diariamente por 10 em cada 10 jornais, rádios, TVs e sites de internet do Brasil.
Nesse exato momento em que escrevo essa matéria, um exercito de pelo menos 5.500 outras jornalistas ( pelo menos um em cada município brasileiro) estarão escrevendo e publicando matérias contra o presidente, seu governo, seus ministros ou seu partido. Parece até que existe uma coordenação central, um Comitê Diretor, de onde saem as idéias e argumentos, tão similares e repetitivos eles são. Houve dias em que a falta de imaginação foi tanta que três jornais tiveram a mesma manchete. As chamadas “crises” são feitas a partir de pequenos fatos, que de repente, avolumam-se de tal forma que parece que o governo vai cair.
Quando uma “crise” fabricada acaba por ser desmentida, ela de repente some das manchetes. E em seu lugar entra outra crise, numa sucessão monótona de casos e primeiras páginas que nunca são provadas, nem nunca desmentidas.
O chamado “Mensalão”foi o de maior repercussão. Um caso típico de sobra de caixa dois de campanha, transformado em “distribuição de propinas para os deputados do PT e demais partidos da base aliada votarem a favor das projetos de Lei de interesse do governo no congresso”.Depois tivemos casos jocosos como os da embriaguez do presidente; a estrela de flores vermelhas plantadas nos jardins do Palácio da Alvorada pela Dona Marisa; o papel de bala que Lula deixou cair no chão e que virou capa da Folha de São Paulo, a caixa de whisky que Fidel Castro em pessoa teria mandado cheia de dólares para a campanha do PT num jatinho de um amigo do dono da Veja, etc.,etc.
Teve ainda o caso do caseiro milionário Francenildo, o dossiê que a Dilma teria mandado fazer contra as despesas do FHC e que saiu do gabinete de Álvaro Dias; o caso da dona Denise Abreu da pista estragada em Congonhas e do incêndio do avião da TAM e a tragédia do avião da GOL, ambas atribuídas pela TV Globo, várias vezes, diretamente ao presidente. Sem falar na famosa “fazenda do filho do Lula” que ninguém jamais disse onde é, mas circula até hoje na internet, tendo como fundo uma foto nada mais nada menos do que a do prédio principal de uma famosa escola de engenharia agronômica no interior de São Paulo.
Existe mesmo o PIG ? Há uma central que coordena tudo isso? O que é o JIBRA? Em 2006 circulou pela internet uma série de textos assinados por um grupo de jornalistas brasileiros residentes em Londres, chamado JIBRA, Jornalistas Independentes do Brasil, que seriam considerados “malditos”. Segundo os próprios, eles saberiam de muitas coisas relativas à mídia. Coisas que os fariam alvo, inclusive, de assassinato. Tanto assim que teriam, após o inexplicável assassinato de um jovem brasileiro chamado Jean Charles, que trabalharia como Office-boy para o grupo, mudado para a Republica da Irlanda. Existindo ou não esse grupo, estando ele no Brasil, na Irlanda ou na Inglaterra, suas denúncias tem sentido. Nesse artigo, num dos textos mais conhecidos, o grupo JIBRA fornece nomes, números das contas bancárias e valores dos subornos e propinas pagos pelo PSDB e empresas aliadas, a conhecidos jornalistas brasileiros. Que aliás, nunca desmentiram essas informações...
O Texto do JIBRA: os jornalistas que “comeriam na mão” como disse o Serjão...
Há tempos, pede-se a abertura da Caixa Preta da imprensa brasileira. Nenhum cidadão razoavelmente inteligente pode acreditar que a violenta campanha para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja realizada por jornalistas somente seduzidos pela doutrina neoliberal e conservadora difundida pelos quadros intelectuais da elite brasileira. Há muito dinheiro correndo nos túneis subterrâneos do Golpe de Estado em curso no Brasil. Boa parte desse dinheiro se destina a abastecer os jornalistas e formadores de opinião recrutados pelo Grupo Rio. Investigações independentes, realizadas de Setembro de 2005 a Março de 2006, revelam que pelo menos 76 pessoas, entre jornalistas e outras personalidades, foram agraciados por suas contribuições ao Golpe de Estado.
Certamente, há os que nada cobram, que se juntam à sedição por motivos particulares ou por investirem em benefícios futuros. Os bancos Nossa Caixa, Bank of Boston e Santander Banespa tem sido os principais canais de repasse para a maior parte desses profissionais de duplo emprego. Quem são os jornalistas empenhados em instaurar o terror no País. A legião de colaboradores do Golpe de Estado se divide em três frentes diferentes na mídia: 1) Jornalistas da grande imprensa; 2) Blogueiros e articulistas "independentes"; 3) Formadores de opinião (analistas políticos, artistas, etc...). Os primeiros tratam de ecoar tudo que é supostamente negativo no governo do Presidente Lula. Exageram, ofendem, instauram suspeitas e, a todo custo, recorrem ao moralismo rasteiro para provocar indignação nos cidadãos. É o caso do jornalista Ricardo Noblat.
Os segundos são utilizados geralmente para divulgar informações falsas, parte da estratégia de terror utilizada na desestabilização do País. Por serem menos facilmente enquadráveis, realizam o trabalho sujo de poluição informativa. É o caso de Claudio Humberto. Os terceiros são cooptados das mais diferentes formas, nem sempre presenteados com dinheiro. Na farsa midiática, servem para criar uma ilusão de caos institucional, de decepção geral e indignação contra o governo. É o caso do ator Lima Duarte, tradicionalmente ligado ao tucanismo; de um conhecido humorista; do deputado Fernando Gabeira; do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de Roberto Busato, a quem foi prometido o cargo de Ministro da Justiça em eventual futuro governo do PSDB-PFL; do "oabista" Orlando Maluf Haddad, cuja má índole é equivalente a sua capacidade de acumular patrimônio; e da analista de assuntos políticos Lucia Hipólito.
Como ganhar dinheiro fácil – Para alguns desses jornalistas e formadores de opinião, o ofício sempre foi uma prática de comércio apartada de valores morais ou de condutas éticas. É o caso do "empoado" Augusto Nunes, do Jornal do Brasil, e de Eurípedes Alcântara, da revista Veja.
O segundo esteve inúmeras vezes nos Estados Unidos, sempre participando de simpósios do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa para jornalistas latino-americanos alinhados com as políticas de Washington. Logicamente, Alcântara sempre foi retribuído por suas ações no sentido de desmoralizar qualquer projeto ou personalidade da esquerda no Brasil. Outros jornalistas têm servido com fidelidade aos articuladores do Golpe de Estado, como o blogueiro Fernando Rodrigues e o articulista Merval Pereira. A norma é simples. Negar ou criticar qualquer sucesso da administração de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os sucessos na Educação, como o Prouni, e na promoção social, como o Bolsa Família, devem ser ignorados ou tratados com ironia ácida. Toda suspeita deve ser concebida como verdade. Tudo que representar dano à reputação do presidente e de seu partido deve ser ampliado, se possível em tom de indignação cívica. No plano das alianças, referências à Venezuela e a Hugo Chávez devem ser sempre negativas.
Os comentaristas e analistas seguem a mesma cartilha (um conjunto informal de orientações conhecido como Bola7), produzida sob coordenação do publicitário Paschoal Fabra Neto. É o caso de Luciano Dias, do IBEP, aluno obediente do Grupo Rio. Vale acompanhar seu torto pensamento, expresso no UOL (serviço do Internet do jornal Folha de S. Paulo).
"De acordo com Dias, é irrelevante se o caseiro foi ou não comprado para desmentir Palocci."
http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasi… O jogo das contas bancárias milagrosas – Ricardo Noblat, Fernando Rodrigues, Claudio Humberto, Augusto Nunes, Merval Pereira, Otavio Cabral, Lucia Hipólito, Luciano Dias, Lilian Witte Fibe, Mauro Calliari, Eurípedes Alcântara, Mario Sabino, André Petry, Diogo Mainardi, entre outros, não citados porque se beneficiam de nossas incertezas, figuram entre os alegres ganhadores da loteria do golpe. Cabe aos bons jornalistas, descobrir quem os tem premiado.
* Para facilitar o trabalho, apresentamos alguns dados fundamentais de quanto cada um ganhou, respectivamente: R$ 76 mil entre 10/2005 e 03/2006; R$ 234 mil entre 07/2005 e 03/2006; R$ 450 mil entre 08/2005 e 03/2006; R$ 34 mil entre 07/2005 e 03/2006; R$ 906 mil entre 06/2005 e 03/2006; R$ 54 mil (em 10 parcelas) entre 05/2006 e 02/2006; R$ 111 mil entre 08/2005 e 03/2006; R$ 432 mil entre 10/2005 e 03/2006; R$ 454 mil entre 10/2005 e 03/2006; R$ 32 mil entre 08/2005 e 03/2006; R$ 321 mil em 12/2005; R$ 98 mil entre 07/2005 e 03/2006; R$ 132 mil entre 10/2005 e 03/2006; R$ 42 mil entre 10/2005 e 03/2006.
Interessante é que idêntico sistema de compra seletiva de jornalistas e comunicadores tem sido registrado na Venezuela, no Paraguai e, mais recentemente, no Peru. A comparação nas metodologias nos permite deduzir que há uma inteligência operativa internacional por trás dos projetos de desestabilização de governos.
* Dados obtidos sem conhecimento do governo federal, a partir de esforços de reportagem de ex-integrantes do Prime Suspectz, hoje voluntários do JIBRA. Quem compra os jornalistas – O sistema criado pelo PSDB e pelo PFL para a compra de jornalistas é antigo. Seu idealizador foi o falecido ministro Sérgio Motta, o Serjão, responsável por enorme série de falcatruas no reinado de Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, a imprensa "comia na mão se farto fosse o grão". Serjão fez escola, gerando uma série de articuladores de "contratos" com a imprensa. Hoje, alguns militam nas fileiras de José Serra. Outros, no bando do ex-governador alquimista da Opus Dei.
Pode-se dizer que boa parte das compras de jornalistas efetuadas na grande imprensa teve como articulador o diretor financeiro do Instituto Sérgio Motta, Vladimir Antonio Rioli. Ex-sócio de José Serra, parceiro do ex-prefeito na prática costumeira do delito, Rioli é conhecido por sua folha corrida. Rioli, já condenado pela Justiça Federal, tem sido tradicional interlocutor tucano em negociações com a Editora Abril, de Roberto Civita, e o Grupo Folha, de Otávio Frias.
Details: Processo 2002.34.00.029731-6.
Outro esforçado negociador tucano tem sido o jornalista Reinaldo Azevedo, da revista "Primeira Leitura", cuja meta particular tem sido qualificar-se como porta-voz da direita brasileira. Ainda que intelectualmente limitado e dono de texto raso e confuso, Azevedo tem sido reverenciado pelos reacionários brasileiros, a ponto de merecer referência no site Mídia Sem Máscara, do filósofo "neonazista" Olavo de Carvalho. No mundo das transações subterrâneas, Azevedo é conhecido pela avareza. Espírito disciplinado de militante, procura pagar pouco por textos de interesse da cúpula tucana.
A ala dos alquimistas teve em Roger Ferreira seu mais destacado negociador. O ex-assessor de comunicação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, atuou às claras nas grandes redações, a ponto de ser chamado de "trintinha", numa alusão ao preço padrão pago por matérias especiais do interesse de seu chefe.
Roger Ferreira, citado no dossiê elaborado pelo ex-gerente de marketing do banco Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior, coordenava o esquema do Palácio dos Bandeirantes para beneficiar com verbas de publicidade uma série de emissoras de rádio e TV, além de jornais e revistas. Ferreira foi ainda interlocutor do governo paulista em tratativas com representantes do grupo Cisneros (Venezuela) no Brasil. A corporação mantém uma parceria comercial com o Grupo Abril, que publica Veja.
De acordo com o deputado estadual Afanásio Jazadji, do PFL, o governador Alckmin chegou a negociar pessoalmente projetos inescrupulosos para dourar sua imagem pública.
A reação da cidadania – Os fatos estão devidamente expostos, "mastigadinhos", como dizem os brasileiros. Cabe aos cidadãos de bem, especialmente aos jornalistas que escaparam da sedução criminosa, reagir e reinstaurar o paradigma da ética nas relações triangulares entre governo, mídia e sociedade. O JIBRA, esteja onde estiver, continuará trabalhando para levar a informação exclusiva, nua e crua ao povo do Brasil.
E assim encerra-se o texto do JIBRA.
Se o prezado leitor ainda guarda alguma dúvida de que um verdadeiro exército de jornalistas recebe milhões de reais por mês para produzir matérias e escândalos contra o presidente Lula, experimente apenas pesquisar na internet com as palavras de Sérgio Motta, que dizia sobre a imprensa que “comia na mão se fosse farto o grão”. Já quanto a quem são os pagadores desses milhões, fica nosso apelo para tentarmos juntos descobrir, identificar e mostrar aos milhões de eleitores que podem estar sendo influenciados dia e noite por esse dinheiro.
Uma pista pode ser o trabalho de Eva Golinger, advogada venezuelano-americana que descobriu que usando recursos repassados pelo Departamento de Estado, universidades americanas pagaram “bolsas de estudos” aos diegos mainardis , lucias hipollitos e noblats daquele país. As provas ela conseguiu na biblioteca do Congresso dos EUA, todas autenticadas, com nomes, contas bancárias e valores repassados a cada jornalista, comentarista, especialista,”consultor” que aparecia todos os dias na TV pregando o golpe de estado contra o presidente eleito pelos venezuelanos.Estamos diante de um novo tipo de golpe: o midiático-financeiro. E é preciso pesquisar mais sobre ele. E cada um de nós pode ajudar, pesquisando no Google ou em outros mecanismos de busca sobre os nomes aqui relacionados. Ajude o Brasil a identificar os seguidores de Domingos Fernandes Calabar, do padre Manoel Moraes e do tristemente célebre Joaquim Silvério dos Reis. E conte para a gente e para os seus amigos o que você achou, enviando os resultados para o blog de sua preferência. Vamos identificar esse pessoal e suas fontes de dinheiro fácil e sujo.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Brasil gera 242 mil empregos formais e tem melhor resultado para agosto em 17 anos





A economia brasileira abriu 242.126 postos de trabalho com carteira assinada em agosto, no melhor desempenho mensal deste ano e na melhor leitura para o mês desde o início da série histórica iniciada em 1992.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto registrou a criação de 242.126 empregos formais, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Esse saldo líquido positivo é resultado de 1,457 milhão de contratações e 1,215 milhão de demissões.O saldo líquido representa um crescimento de 0,75% em relação ao estoque de empregos de julho. Em julho, foram criados 138.402 empregos.

Os dados da Caged superaram as expectativas do próprio presidente Lula que na última segunda-feira (14) estimou que a geração de empregos com carteira assinada em agosto bateria recorde com mais de 150 mil postos.

De janeiro a agosto, foram criados 680.034 postos de trabalho e, nos últimos 12 meses, 328.509 vagas. De janeiro a agosto, a geração de vagas teve crescimento de 2,13% em relação ao estoque de postos de dezembro do ano passado.

O destaque do mês é a recuperação da indústria, onde a criação líquida de postos nesse segmento somou 66.564 - também o melhor resultado do ano para a indústria.

O setor de Serviços continua a liderar a geração líquida de postos de trabalho, com 85.568 vagas no mês. Seguem-se Comércio, com 56.813, e Construção Civil, com 39.957.

O último resultado do Caged registrou a criação de 138.402 vagas formais em julho de 2009, o melhor saldo registrado no ano e o quarto maior da série histórica, segundo dados do cadastro.

EVITAR A BIPOLARIZAÇÃO ( RUSSIA E EUA ) EM QUESTÕES ESTRATÉGICAS ESSE É PRINCIPAL MOTIVO

Esses comentários foram postados no sítio Terra. Faltou o nome do autor que não aparece no sítio.


Para o Brasil mais que Caças de Combate , que são a ponta de lança para defesa e apoio logístico para os Helicópteros de transporte , (fora que compramos 36 , ou seja depois da linha de montagem pronta serão quantos as forças armadas acharem convenientes ). Toda a tecnologia será passada até mesmo os códigos abertos !!!

A questão é que eles não farão transferência de tecnologia !!! O Iraque tinha uma esquadrilha de primeiro mundo de Migs 29 ( Muito superiores aos F 18 ) , mas não saíram do chão porque não tinham como dar manutenção e peças suficientes ... Mais que comprar Aviões , como bens duráveis e com expectativas de uso de no mínimo 20 anos , é ter como mantê-los voando , operacionais e acima de tudo eficientes !!!

Os americanos publicaram em nome do governo uma carta de intenções , mas não tem nada votado no congresso e não transferirão tecnologia de armamentos ( Você Compraria uma Moto sem motor ??? )
e ainda fazendo exigências em troca de parte da exploração do pré-sal eles venderiam armas ao Brasil.

O Modelo Sueco , ainda é protótipo e não nos atende em médio prazo ( Devido ao aumento das tensões que estamos identificando em nossas fronteiras ) Bases Americanas na Colômbia e exercícios conjuntos da Venezuela e Rússia pelo mar ..

O governo da França , irá comprar aviões cargueiros que estão sendo desenvolvidos pela EMBRAER
Gerando emprego para Brasileiros e desenvolvendo a Industria Nacional ... Além disso a fabricante fará o mesmo preço que cobram do governo Francês ...

Prioridade é ter sob sua tutela a operação dos radares !!! É prioridade !!! O sistema de radares que é terceirizado e quem nos presta serviço são Americanos ... Mostrou-se mal gerido , falho ou na pior da hipóteses com um atraso na atualização de no mínimo 1 Hora ... Eu acho que é de propósito !!! Mas teoria da conspiração a parte , o que motiva meu comentário são dois fatos ...

FATO 1 : No acidente em que um Avião que saiu da Colômbia e um '' Jornalista '' americano( Pelo meu modo de ver jornalista vai em vôo comercial não em jatinho particular ... mas o cara se apresentou como jornalista , então ... ) mais dois pilotos bateram em um avião de passageiros brasileiros , o jatinho não aparecia no radar , apareceu somente depois do choque ...

FATO 2 , no acidente em do vôo 447 Air France , os radares franceses identificaram o sumiço do avião e somente 45 minutos depois os radares que prestam serviço para o Brasil , atualizaram e perceberam que o Avião havia desaparecido ... Será mesmo que existe aviões invisíveis ou é apenas uma tramóia ???

Não podemos permitir que o País , que já nos presta um mal serviço , de monitoramento via satélite da nossa maior riqueza , que e a Amazônia , nos forneça também aviões de caça ... Seria como dar a chave do tesouro para o bandido !!! Não estou chamando ninguém de vilão , apenas usando uma simbologia !!!

Pensem nisso !!!

Os Americanos estão tomando uma surra no Afeganistão e no Iraque depois que a guerra sem os benefícios de orçamentos ilimitados e sem a economia especulativa para financiar sua máquina de Guerra !!! Ao invés de ir para guerra e destruir dois países , porque não investiram em prospecção de petróleo em águas profundas , afinal de contas iria ficar mais barato que os gastos para a guerra ??? Sabe porque não optaram por essa opção ??? Porque iria demorar muito e a sede deles pelo OURO NEGRO é imediata !!!

Se aprendemos alguma coisa com os conflitos recentes , Vietnã , Malvinas , Irã X Iraque , Líbano , Afeganistão ( URSS E DEPOIS EUA ) Iraque . Mais que estratégias de bombardeio e preciso uma estratégia de combate para ocupação e suporte as tropas !!! E um sistema de Inteligência ( Satélites , com tecnologia nossa ou transferida ) mas que seja feito por brasileiros e para brasileiros

Pergunte a qualquer pessoa com o mínimo de informação a respeito e concordarão comigo !!

Algo no ar além dos aviões de combate

A recente decisão do governo brasileiro sobre a compra dos aviões Rafale da francesa Dessault aviação levantou muita poeira e deixo no ar algumas questões tão interessantes quanto inadiáveis.

Não resta dúvida de que há uma pequena corrida armamentista na América do Sul. O Chile andou modernizando sua frota de blindados, a Venezuela andou fechando acordos com a Rússia e a Colômbia deixou a região com os cabelos em pé de guerra com sua cessão de bases militares para os Estados Unidos, ou pelo menos para a presença de militares norte-americanos. Um pouco antes disso tudo já houvera o embroglio do veto dos Estados Unidos à venda de aviões da Embraer para a Venezuela, por usarem tecnologia norte-americana.

Diante de tudo isso não é surpreendente que o Brasil tenha buscado outra fonte de tecnologia para suas forças armadas. A França, desejosa de empurrar a Dessault para cima nesta época bicuda de crise, apareceu como uma hipótese razoável.

A justificativa para tal medida que, na verdade, vai envolver as três armas, envolve tanto a Amazônia, quanto o controle sobre o Atlântico, ainda mais em tempo de “o pré-sal é nosso”. Deve-se lamentar a corrida armamentista, ainda que de pequena monta diante do que ocorre em outros quadrantes, mas deve-se reconhecer que este é o mundo em que vivemos. Dos quatro países do BRIC, o Brasil é o único de relevância militar menor, para não dizer insignificante, fora de suas fronteiras, embora tenha mostrado grande mobilidade do Atlântico quando da crise provocada pela tragédia do avião da Air France.

Mas o aspecto mais relevante de tudo isso aponta para o futuro. A impressão que se tem, de fora da caixa-preta das decisões estratégicas, é que “alguém”, “algum grupo”, no interior do Estado brasileiro tomou a pulso reordenar alinhamentos estratégicos tradicionais, afastando-nos mais dos Estados Unidos e nos aproximando mais... de nós mesmos, e de uma posição mais independente em todos os planos.

Entre as criticas que li, descontando aquelas de que estamos nos afastando de nosso “leito tradicional” (será o esplêndido?), qual seja, o do alinhamento continental, a mais chamativa foi a de que o Brasil não deveria “contribuir” para a disputa geopolítica na região, e deveria “dar o exemplo” de buscar a auto-suficiência militar.

Não sei muito bem o que essa “auto-suficiência” pode querer dizer, mas é certo que o Brasil não inventou, recentemente, a nova disputa geopolítica na região, que envolve, além dos Estados Unidos, pelo menos a Rússia, a China e a União Européia. Também não se trata de considerar que a América do Sul é um eterno “reformatório para menores”, pois não se trata de “dar ou não dar exemplos”, mas sim de garantir a soberania nacional.

Durante algumas décadas houve um paciente esforço, inclusive nas academias, de convencimento de que tudo o que remontava a “nacional” pertencia à sucata da história. Além disso não ser pertinente do ponto de vista cultural, do ponto de vista político não só as questões ligadas a esse conceito permaneceram relevantes de todos os pontos de vista, como a recente crise financeira trouxe à tona a política nacionalista que as potências – tanto a maior como suas coadjuvantes de segundo grau – nunca deixaram de seguir, embora pregassem que os outros deveriam deixa-las de lado.

E a questão da soberania brasileira têm uma importância continental sim, pois da posição brasileira depende o equilíbrio na América do Sul, para dizer o mínimo. É pena que assim seja, mas uma razoável força militar dissuassória no Brasil é essencial para que se diminua a chance de conflitos armados no continente, conflitos que não interessam a ninguém.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.

JORNALISMO DE ESGOTO




A capa da Folha de hoje sintetiza bem o jornalismo de esgoto praticado por esse jornal. Manchete “Governo quer taxação maior na poupança”. Enquanto isso o outro componente do PIG, o Estadão deu a seguinte manchete “Poupança acima de R$ 50 mil deve ter taxa”. O objetivo do jornalismo do otavio frias é de terrorismo. Para a população que lê a manchete do jornal na banca fica a falsa impressão que TODOS serão taxados e não uma minoria. Também o que esperar desse jornal que emprestou peruas para trucidar brasileiros na ditadura militar? Já o outro jornal que também tem o conteúdo do rio Tietê é o Valor Econômico. Na edição de ontem 15/09/09, os jornalistas Raymundo Costa e Daniel Rittner fizeram uma reporcagem. Deu capa do jornal do PIG “Grandes obras do PIG vão ficar para sucessor de Lula”. Nessa matéria os “jornalistas” acusam o governo federal de fazer obras eleitoreiras que não andam por causa do TCU e da licença ambiental. E pior colocam que falta de sintonia com Serra travou Ferroanel. Em nenhum momento os “jornalistas” buscam ouvir o governo federal. ao contrário ouvem Ronaldo Caiado do DEM. É claramente uma matéria inviesada feita de acordo com os desejos dos tucanos, especialmente José Serra. Outra matéria idêntica foi publicada na semana passa na Folha de São Paulo. O objetivo deles é desmoralizar o PAC. Se o PAC não anda como todo dia o Lula inaugura obras do PAC? Está ai uma boa pergunta aos colonistas do PIG. A falta de vergonha e ética desses jornais fica evidente quando eles falam das obras do Serra sem citar que são eleitoreiras. Somente as obras do Lula são eleitoreiras. Outro dia o jornal Valor Econômico fez uma ampla matéria sobre as obras do Serra. Falta coragem ou caráter aos jornalistas de taxá-las de eleitoreiras? O jornalismo brasileiro além de azia dá nojo. Não é à toa que perderam a credibilidade e leitores.

terça-feira, setembro 15, 2009

Frase

“Hoje poderia ser afirmada aqui que acabou definitivamente a empáfia nesse país. Aquela empáfia que tinha o governante, que achava que sabia tudo, do ministro da Fazenda que fazia um pacote atrás do outro, acabou a empáfia dos empresários que achavam que o Estado não valia mais nada, e eu penso que acabou a empáfia de uma parte da imprensa que achava que achava que com suas manchetes podia criar o clima que quisesse na sociedade.”

Luiz Inácio Lula da Silva

Depois de vencer a crise, Brasil precisa avançar no mercado externo, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (15) que a crise financeira está vencida no Brasil e que agora é preciso vencer as dificuldades de avançar no mercado externo. A afirmação foi feita durante discurso na reunião extraordinário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
“Na época da crise tínhamos que dizer, vamos vencer essa crise, e acho que vencemos essa crise. A única coisa que temos é uma certa dificuldade no mercado externo.”
Lula disse que o governo, no entanto, não irá abrir mão da responsabilidade fiscal e do controle da inflação. “Ela não vai volta, porque toda vez que ela volta ele desgraça a vida desse país”.
O presidente ainda fez uma analogia entre a crise e uma doença. Segundo ele, a infecção passou e “ agora não é mais [preciso] dar antibiótico, e sim, vitamina.”
Políticas e Estado
Lula afirmou durante a reunião do CDES que irá consolidar as políticas sociais de seu governo para que sejam transformadas em políticas de Estado. A intenção, segundo ele, é que um projeto com esse propósito seja enviado ao Congresso Nacional ainda este ano.
“Vou fazer a consolidação das políticas sociais que criamos nesse país para transformar em política de estado. A quantidade de política que fizemos demonstram parte do sucesso desse momento que estamos vivendo. Tem que se andar daqui para frente, não pode andar pra trás”, disse.
Lula citou o Bolsa Família e disse que, se o programa deixar de existir, o dinheiro que hoje é pago aos beneficiários poderá ser usado, por exemplo, para a construção de uma ponte ou estrada. “Isso é mais importante do que levar comida na boca de milhões de pessoas?”
Lula informou que em breve fará uma reunião com ministros da área social para construir o projeto e que é preciso enviar ao Congresso ainda este ano para que a ação não seja considerada eleitoreira.

Prego no caixão neoliberal

José Paulo Kupfer

A quebra do lendário banco de investimento americano Lehman Brothers, em 15 de setembro do ano passado, não determinou apenas a data histórica do início da mais recente crise econômica global. Não só em razão de sua extensão e profundidade, mas, sobretudo, pela incapacidade dos economistas de prever e evitar o desastre que se anunciava há anos, o “crash de 2008” decretou também o fim de uma era de crenças na eficiência dos mercados, em sua autorregulação e na racionalidade absoluta dos indivíduos na tomada de decisões econômicas.

Terminou um tempo aprazível em que foi possível acreditar no fim das incertezas no funcionamento do mercado. Como já se soube outras vezes na história econômica, sabe-se de novo agora que “eficiência”, “autorregulação” e “racionalidade”, as bases da construção teórica agora em xeque, são apenas utopias, às quais, se talvez fosse o caso de persegui-las, jamais deveria ter sido o caso de entregar-se tão integralmente a simples abstrações.

A hegemonia do pensamento neoliberal, tão aplastrante, terminou sem que tivesse aparecido uma construção alternativa para tomar o seu lugar. Mas a crise, como é típico das crises, cumpriu o seu papel. Ao rasgar o estatuto ortodoxo e abrir os braços para a mais agressiva intervenção estatal de que se tem notícia, zerou o jogo. O sonho de um sistema econômico que funcionasse sem levar em conta a História, como os demais de mesmo teor em outros campos do conhecimento, acabou escoando pelo ralo da própria.

Vinha de longe esse sonho. Suas primeiras manifestações podem ser localizadas há quase 60 anos, em paralelo à consolidação do sistema de bem-estar social que prevaleceu na superação da Grande Depressão e das conseqüências da II Guerra Mundial. Estão na base do monetarismo de Milton Friedman, da escola de Chicago, e na busca das “taxas naturais” de desemprego – nunca, diga-se logo, devidamente comprovadas pela realidade –, a partir das quais a economia funcionaria, em qualquer lugar ou circunstância, sem atritos inflacionários.

Expressa pela erupção de surtos inflacionários, mesmo em ambiente de baixo crescimento, a crise dos anos 70, forjada pelo descontrole fiscal dos gastos do governo americano com a guerra do Vietnã e pelas disfunções do sistema de proteção social desenvolvido na Europa, encontrou, nas formulações de Friedman e seguidores, a construção teórica conveniente para uma nova era econômica. Em meio a um tempo de estagflação, o keynesianismo, teoria econômica que tirara o mundo da depressão dos anos 30, com a introdução de um “regente” governamental para a orquestra do mercado, deu lugar ao ressurgimento das idéias neoclássicas. Eram, no fundo, as mesmas com as quais não se conseguiu evitar o crash de 1929, mas com roupagem renovada.

Menos intervenção de governos e mais ação de bancos centrais, suprindo o mercado do volume de dinheiro suficiente para evitar crises – eis, em resumo, a receita subscrita pela nova hegemonia do pensamento econômico. O reaganomics, com corte de impostos para os ricos, e o tatcherismo, com a privatização de empresas e cortes nos gastos com proteção social, serão as expressões políticas que darão sustentação à construção teórica emergente.

É nesse terreno bem adubado por uma crescente financeirização da economia que consumidores e contribuintes se transformaram, antes de mais nada, em investidores. Apoiados pelas facilidades trazidas pela informática, complexos sistemas de prevenção de riscos e precificação de ativos espraiaram-se das formulações financeiras para o funcionamento geral da economia.

No mundo das finanças eficientes e das equações de risco, é natural que o ensino da economia e a pesquisa na área tenha se deslocado de um lugar político e filosófico para um outro, comportamental e matemático. A economia se aproxima da psicologia e não é por coincidência que, justamente nesse período, psicólogos ganharam o Prêmio Nobel de Economia.

É paradoxal, no entanto, que o apogeu da teoria do fim das incertezas e das expectativas racionais coincida com a eclosão da maior sucessão de crises econômicas em séculos. Nas últimas três décadas, os mercados foram abalados por turbulências de grande monta em pelo menos meia dúzia de vezes.

O crash de 2008 – que, na verdade, começou em 2007 –, a mais geral e profunda de todas as muitas crises ocorridas desde os anos 80 do século passado, foi o prego no caixão dessa construção teórica, que se arvorava a única “científica”, mas é tão ideológica quanto qualquer outra e, como qualquer outra, incapaz de, isoladamente, evitar o pior. Os sabichões da “ciência revelada” continuarão a arrotar sabedoria, mas sua credibilidade vale muito menos do que deverá valer o dólar daqui para frente.

Um ano depois da eclosão da crise, ainda não é possível saber que nova construção econômica emergirá para tentar evitar as próximas crises. Uma hipótese desejável é a de que, no campo da economia política, a política volte a ter uma dimensão que a economia havia sufocado.


http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/

terça-feira, setembro 01, 2009

O Discurso do Presidente Lula no Pré-Sal

"Minha querida companheira Marisa Letícia,
Excelentíssimo senhor presidente do Senado, José Sarney,
Excelentíssimo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer,
Ministra Dilma Roussef, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República; ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, em nome dos quais cumprimento todos os ministros aqui presentes,
Quero cumprimentar todos os governadores que vieram ao lançamento do pré-sal,
Quero cumprimentar as autoridades dos Superiores Tribunais aqui de Brasília,
Quero cumprimentar os nossos amigos senadores e deputados que estão presentes,
Quero cumprimentar os membros do corpo diplomático,
Quero cumprimentar os prefeitos aqui presentes,
Em nome dos empresários eu gostaria de cumprimentar o nosso companheiro José Sérgio Gabrielli, presidente da nossa gloriosa Petrobras,
E o Luciano Coutinho, presidente do BNDES,

Minhas amigas e meus amigos,

Hoje é um dia histórico.

O governo está enviando ao Congresso Nacional sua proposta do marco regulatório para a exploração de petróleo e gás no chamado pré-sal.

Estou seguro de que, nos próximos meses, os deputados e senadores, recolhendo também as contribuições de governadores e prefeitos, aperfeiçoarão as propostas do governo, trabalhando com responsabilidade, espírito público, compromisso com o país e, sobretudo, muita visão de futuro.

Estou seguro também de que o povo brasileiro entrará de corpo e alma nesse debate tão importante para o destino do Brasil e para o futuro dos nossos filhos.

Porque esse não é um assunto apenas para os iniciados e especialistas. Nem é tampouco um tema que deva ficar restrito somente ao parlamento. Ao contrário, ele interessa a todos e depende de todos.

Por isso mesmo, quero convocar cada brasileiro e cada brasileira a participar desse grande debate. Trabalhadores, donas de casa, lavradores, empresários, intelectuais, cientistas, estudantes, servidores públicos, todos podem e devem contribuir para que tomemos as melhores decisões.

Minhas amigas e meus amigos,

O chamado pré-sal contém jazidas gigantescas de petróleo e gás, situadas entre cinco e sete mil metros abaixo do nível do mar, sob uma camada de sal que, em certas áreas, alcança mais de 2 mil metros de espessura.

Não se pode ainda dizer, com certeza, quantos bilhões de barris o pré-sal acrescentará às reservas brasileiras. Mas já se pode dizer, com toda segurança, que ele colocará o Brasil entre os países com maiores reservas de petróleo do mundo.

Trata-se de uma das maiores descobertas de petróleo de todos os tempos. E em condições extremamente importantes: as reservas encontram-se num país de grandes dimensões, de grande população e de abundantes recursos naturais. Um país que conta com um regime político estável e instituições democráticas em pleno funcionamento. Um país pacífico que faz questão de viver em paz com seus vizinhos. Um país que possui uma economia sofisticada, com um parque industrial diversificado, uma agropecuária de ponta e um setor de serviços moderno. Um país que, tendo dado passos importantes na superação das desigualdades sociais, encontrou seu caminho e está maduro para dar um salto no desenvolvimento.

Como já disse em outra oportunidade, o pré-sal é uma dádiva de Deus. Sua riqueza, bem explorada e bem administrada, pode impulsionar grandes transformações no Brasil, consolidando a mudança de patamar de nossa economia e a melhoria das condições de vida de nosso povo.

Mas o pré-sal também apresenta perigos e desafios. Se não tomarmos as decisões acertadas, aquilo que é um bilhete premiado pode transformar-se em fonte de enormes problemas. países pobres que descobriram muito petróleo, mas não resolveram bem essa questão, continuaram pobres.

Outros caíram na tentação do dinheiro fácil e rápido. Passaram a exportar a toque de caixa todo o óleo que podiam e foram inundados por moedas estrangeiras. Resultado: quebraram suas indústrias e desorganizaram suas economias. E, assim, o que era uma dádiva transformou-se numa verdadeira maldição.

Para evitar esse risco, desde o primeiro instante, determinei à comissão de ministros que preparou o marco regulatório do pré-sal que trabalhasse em cima de três diretrizes básicas.

Primeira: o petróleo e o gás pertencem ao povo e ao Estado, ou seja, a todo o povo brasileiro. E o modelo de exploração a ser adotado, num quadro de baixo risco exploratório e de grandes quantidades de petróleo, tem de assegurar que a maior parte da renda gerada permaneça nas mãos do povo brasileiro.

A segunda diretriz é de que o Brasil não quer e não vai se transformar num mero exportador de óleo cru. Ao contrário, vamos agregar valor ao petróleo aqui dentro, exportando derivados, como gasolina, óleo diesel e produtos petroquímicos, que valem muito mais. Vamos gerar empregos brasileiros e construir uma poderosa indústria fornecedora dos equipamentos e dos serviços necessários à exploração do pré-sal.

A terceira diretriz: não vamos nos deslumbrar e sair por aí, como novos ricos, torrando dinheiro em bobagens. O pré-sal é um passaporte para o futuro. Sua principal destinação deve ser a educação das novas gerações, a cultura, o meio ambiente, o combate à pobreza e uma aposta no conhecimento científico e tecnológico, por meio da inovação. Vamos investir seus recursos naquilo que temos de mais precioso e promissor: nossos filhos, nossos netos, nosso futuro.

Ao examinar os projetos de lei que estamos enviando hoje ao Congresso, depois de tanto trabalho e estudo, vejo com satisfação que eles estão em perfeita sintonia com essas diretrizes.

Minhas amigas e meus amigos,

Uma mudança importante no marco regulatório será a adoção do modelo de partilha de produção no pré-sal e em outras áreas de potencial e características semelhantes. É uma mudança absolutamente necessária e justificada.

Estamos vivendo hoje um cenário totalmente diferente daquele que existia em 1997, quando foi aprovada a Lei 9.478, que acabou com o monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e instituiu o modelo de concessão.

Naquela época, o mundo vivia um contexto em que os adoradores do mercado estavam em alta e tudo que se referisse à presença do Estado na economia estava em baixa. Vocês devem se lembrar como esse estado de espírito afetou o setor do petróleo no Brasil. Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro – mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa. Em vez de Petrobras, com a marca do Brasil no nome, a companhia passaria a ser a Petrobrax – sabe-se lá o que esse xis queria dizer nos planos de alguns exterminadores do futuro.

Foram tempos de pensamento subalterno. O país tinha deixado de acreditar em si mesmo. Na economia, campeava o desalento. O Brasil não conseguia crescer, sofria com altas taxas de juros, de desemprego, e juros estratosféricos, apresentava dívida externa elevadíssima e praticamente não tinha reservas internacionais. Volta e meia quebrava, sendo obrigado a pedir ao FMI ajuda, que chegava sempre acompanhada de um monte de imposições.

Além disso, não produzíamos o petróleo necessário para nosso consumo. Ferida, desestimulada e desorientada, a Petrobras vivia um momento muito difícil. Tinha dificuldades de captação externa e não contava com recursos próprios para bancar os investimentos. Nessa época, é bom lembrar – e a Dilma já falou – o preço do barril do petróleo estava em torno de US$ 19.

Hoje, nós vivemos um quadro é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, os países e os povos descobriram na recente crise financeira internacional que, sem regulação e fiscalização do Estado, o deus-mercado é capaz de afundar o mundo num abrir e fechar de olhos. O papel do Estado, como regulador e fiscalizador, voltou, portanto, a ser muito valorizado.

A economia do Brasil vive também um novo momento. De 2003 a 2008, crescemos em média, 4,1% ao ano. Nos últimos dois anos, nosso crescimento foi superior a 5%. Nesse período, o país gerou cerca de onze milhões de empregos com carteira assinada. O desemprego caiu de 11,7% para 8%, em 2008. Hoje, as taxas de juros atuais são as menores de muitas décadas em nosso país.

Não só pagamos a dívida externa pública, como acumulamos reservas superiores a US$ 215 bilhões. E mais: reduzimos de modo consistente a miséria e as desigualdades sociais. Mais de 30 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e 2 milhões ingressaram... e 20 milhões ingressaram na nova classe média, fortalecendo o mercado interno e dando vigoroso impulso à nossa economia.

O fato é que hoje temos uma economia organizada, pujante e voltada para o crescimento. Uma economia que foi testada na mais grave crise internacional desde 1929 e saiu-se muito bem na prova. Não só não quebramos, como fomos um dos últimos países a entrar na crise e estamos sendo um dos primeiros a sair dela. Antes, éramos alvo de chacotas e de imposições. Hoje, nossa voz, a voz do Brasil, é ouvida lá fora com muita atenção e com muito respeito.

Meus queridos companheiros e companheiras,

Desde o primeiro instante, meu governo deu toda força à Petrobras. Passamos a cuidar com muito carinho do nosso querido dinossauro. Os recursos da empresa destinados à pesquisa e ao desenvolvimento deram um salto de US$ 201 milhões, em 2003, para R$ 960 milhões, em 2008.

A companhia voltou a investir, aumentou a produção, abriu concursos para contratação de funcionários, encomendou plataformas, modernizou e ampliou refinarias, além de construir uma grande infra-estrutura de gás natural e entrar também na era de biocombustíveis.
Deixamos claro que nossa política era fortalecer, e não debilitar, a Petrobras. E a companhia – estimulada, recuperada e bem comandada – reagiu de forma impressionante.

Resultado: a Petrobras vive hoje um momento singular. É o orgulho do país. É a maior empresa do Brasil. É a quarta maior companhia do mundo ocidental. Entre as grandes petroleiras mundiais, é a segunda em valor de mercado. É um exemplo em tecnologia de ponta. Descobriu as reservas do pré-sal, um feito extraordinário, que encheu de admiração o mundo e de muito orgulho os brasileiros. É uma empresa com crédito e autoridade internacionais. Tanto que, nos últimos meses, levantou cerca de US$ 31 bilhões em empréstimos. Seus investimentos previstos até 2013 somam US$ 174 bilhões.

E ainda para ajudar, para completar, o preço do barril de petróleo oscila hoje em torno de US$ 65, mais do triplo do que em 1997.

Em suma, os tempos e o ambiente no mundo são outros. A situação da economia brasileira é outra. O Brasil e o prestígio do Brasil são outros. A Petrobras é outra. E outra também é a situação do mercado do petróleo.

Minhas amigas e meus amigos,

Também não há termos de comparação entre as áreas que vinham sendo exploradas até agora e as áreas do pré-sal.

No pré-sal, os riscos exploratórios são baixíssimos. A taxa de sucesso dos poços operados pela Petrobras na área é de 87%, sendo que nos blocos situados na Bacia de Santos ela é de 100%. Foram 13 poços perfurados. E nos 13 comprovou-se a existência de grandes quantidades de óleo e gás, com excelentes perspectivas de viabilidade econômica.

Nessas circunstâncias, seria um grave erro manter na área do pré-sal, de baixíssimo risco e grande rentabilidade, o modelo de concessões, apropriado apenas para blocos de grande risco exploratório e baixa rentabilidade.

No modelo de concessões, a União, proprietária do subsolo, permite que as companhias privadas procurem petróleo, mediante o pagamento de uma taxa chamada bônus de assinatura. Se elas encontrarem óleo ou gás, podem extraí-lo e comercializá-lo como quiserem. São donas do petróleo arrancado das entranhas da terra, porque, a partir da boca do poço, a União perde os direitos de propriedade, recebendo apenas uma parcela pequena da renda do petróleo, na forma de royalties e participações especiais.

Já no modelo de partilha, que prevalece em todo o mundo em áreas de baixo risco exploratório e grande rentabilidade, a União continuará dona da maior parte do petróleo e do gás mesmo depois de sua extração. Nesse modelo, o Estado não transfere toda a propriedade do óleo para grupos privados, mas fecha contratos para a exploração e a produção em determinada área – diretamente com a Petrobras ou, mediante licitação, no caso de outras companhias.

No modelo de partilha, as empresas são remuneradas com uma parcela do óleo extraído, suficiente para cobrir seus custos e investimentos e ainda proporcionar uma rentabilidade adequada ao risco do projeto. Já o Estado fica com a maior parte dos lucros da exploração e produção de petróleo, parte esta bem superior ao que recebe hoje no regime de concessão. A regra do modelo de partilha é clara: nas licitações, vence a empresa que oferecer a maior parcela do lucro da operação para o Estado e para o povo brasileiro.

Amigas e amigos,

Como no modelo de partilha a maior parte do petróleo, mesmo depois de extraído, continuará a pertencer ao Estado, ela controlará o processo de produção. Assim, ela poderá definir claramente o ritmo de extração, calibrando-o de acordo com os interesses nacionais, sem se subordinar às exigências do mercado. Dessa maneira, ficará mais fácil para o Brasil contornar os riscos inerentes à produção excessiva, que poderia inundar o país de dinheiro estrangeiro, desorganizando nossa economia – aquilo que os especialistas chamam de doença holandesa.

Além disso, poderemos produzir petróleo nas condições que mais convêm ao país. E desse modo poderemos aproveitar a riqueza do petróleo, que Deus nos deu, para produzir mais riqueza ainda com o nosso trabalho.

Dessa forma, consolidaremos uma poderosa e sofisticada indústria petrolífera, promoveremos a expansão da nossa indústria naval e converteremos o Brasil num dos maiores pólos mundiais da indústria petroquímica do mundo.

Trabalhando com essa perspectiva, encomendaremos – e produziremos aqui dentro – milhares e milhares de equipamentos, gerando emprego, salário e renda para milhões de brasileiros.

Minhas amigas e meus amigos,

Para gerir os contratos de partilha e os contratos de comercialização de petróleo e gás, zelando pelos interesses do Estado e do povo brasileiro, estamos criando uma nova empresa estatal na área do petróleo, a Petrosal.

Ela não concorrerá com a Petrobras, já que não participará da prospecção ou da exploração de petróleo e gás. Sua missão é inteiramente diferente. A nova estatal será, isso sim, a representante dos interesses do Estado brasileiro, o olho atento do povo brasileiro, acompanhando e fiscalizando a execução dos contratos firmados na área do pré-sal.

Será uma empresa enxuta, com corpo técnico altamente qualificado, formado por profissionais com experiência comprovada. Em vários países que adotaram o modelo de partilha, empresas com esse caráter revelaram-se imprescindíveis para defender os interesses públicos e nacionais nas negociações e na gestão de contratos e processos complexos e sofisticados como os que caracterizam a indústria petrolífera.
Minhas amigas e meus amigos,

Se vocês estão cansados, imaginem eu. Outra novidade importante é a criação do Fundo Social. Ele será responsável pela administração da renda do petróleo e pela sua aplicação em investimentos seguros e de boa rentabilidade, tanto no Brasil como no exterior.

De um lado, o novo fundo será uma mega-poupança, um passaporte para o futuro, que preservará e incrementará a renda do petróleo por muitas e muitas décadas. Os rendimentos do fundo serão canalizados, prioritariamente, para a educação, a cultura, o meio ambiente, a erradicação da pobreza e a inovação tecnológica. Vamos aproveitá-los para pagar a imensa dívida que o país tem com a educação e para permitir que a aplicação do conhecimento científico seja, na verdade, a nossa maior garantia do nosso futuro.

De outro lado, o novo fundo funcionará, também, como um dique contra a entrada desordenada de dinheiro externo, evitando seus efeitos nocivos e garantindo que nossa economia siga saudável, forte e baseada no trabalho e no talento dos milhões e milhões de brasileiros.

Assim, a renda gerada pela produção do pré-sal será administrada de forma planejada e inteligente. E seu ingresso na economia nacional será dosado de modo a fortalecê-la e a impulsioná-la, jamais a desorganizá-la.
Minhas amigas e meus amigos,

Não poderia deixar de prestar aqui uma sincera homenagem à Petrobras, a sua diretoria e a todo o seu corpo de funcionários.

A descoberta do pré-sal, que coloca o Brasil num novo patamar no cenário mundial, não foi fruto do acaso ou de um golpe de sorte. Ao contrário, ela só foi possível graças ao talento, à competência e à determinação da Petrobras. E também, é claro, graças ao revigoramento da empresa nos últimos anos, à recuperação da sua autoestima e aos investimentos crescentes em pesquisa e prospecção.

Poucas empresas no mundo têm hoje a experiência da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. E nenhuma empresa petrolífera conhece e é capaz de obter resultados tão expressivos em nossa plataforma submarina como ela. Trata-se de um ativo, de um patrimônio de enorme valor, que deve ser bem e de forma extraordinária aproveitado.

Por isso mesmo, a Petrobras terá um status especial no marco regulatório do pré-sal. Será a única empresa operadora nessa província. Outras empresas poderão ter participação, inclusive majoritária, nos consórcios que explorarão os blocos contratados. Mas a operação – vale dizer, a exploração, o desenvolvimento, a produção e a desativação das instalações – estará sempre a cargo da nossa querida e orgulhos Petrobras.

Além disso, as reservas do pré-sal, que pertencem ao Estado e ao povo brasileiro, oferecem uma excelente oportunidade para que a União fortaleça a Petrobras para enfrentar os novos desafios. Nesse sentido, estamos enviando projeto de lei ao Congresso Nacional autorizando a União a promover aumento de capital da companhia. O valor total do aumento de capital será aquilo que a ministra Dilma já falou, de até cinco bilhões de barris equivalentes de petróleo, obviamente, relativos às jazidas contíguas às áreas que a empresa já detém no pré-sal.

Nos termos da lei, os acionistas minoritários que desejarem participar dessa chamada de capital poderão adquirir ações da companhia, o que contribuirá para reforçar economicamente nossa maior empresa nesse momento decisivo.

Se os acionistas minoritários não exercerem integralmente seus direitos de opção, a capitalização promovida pela União implicará aumento da participação do povo brasileiro no capital total da Petrobras.

Minhas amigas e meus amigos,

Nesse momento em que o Brasil discute o melhor caminho para se tornar um grande produtor mundial de petróleo, quero render minhas homenagens a todos os brasileiros que lutaram para que este sonho se transformasse em realidade.

Em primeiro lugar, homenageio os que acreditaram quando era mais fácil descrer. E não deram ouvidos às aves de mau agouro que, durante décadas, apregoaram aos quatro ventos que o Brasil não tinha petróleo. Foram, por isso, chamados de fanáticos e maníacos. Ainda bem que houve fanáticos que nos ensinaram a duvidar dos preconceitos e a ter fé em nossas próprias forças.

Rendo minha homenagem também aos que se insurgiram contra a ladainha que proclamava que, mesmo que o Brasil tivesse petróleo, não teria competência para explorá-lo. E que deveria deixar essa tarefa para o capital estrangeiro. Muitos foram tachados de lunáticos, prisioneiros de uma idéia fixa, como o grande e saudoso Monteiro Lobato, porque teimaram em lutar para que o Brasil explorasse suas riquezas. Benditos lunáticos que ensinaram o país a enxergar longe, em tempos de escuridão, e iluminaram os caminhos dos que vieram depois.

Rendo minha homenagem ainda aos que saíram às ruas em todo o país na campanha do “O Petróleo é nosso”, levando o presidente Getúlio Vargas a instituir o monopólio estatal do petróleo e a criar a Petrobras. Foi uma batalha travada em condições duríssimas. Basta ler os jornais da época, alguns em circulação até hoje, que ridicularizavam a campanha nacionalista. E eu digo: bendito nacionalismo, que permitiu que as riquezas da nação permanecessem em nossas mãos.

Rendo homenagem muito especial, por fim, a todos os que defenderam a Petrobras quando ela foi atacada ao longo de sua história – e ainda hoje – e aos funcionários e petroleiros que se mantiveram de pé quando a empresa passou a ser tratada como uma herança maldita do período jurássico. Benditos amigos e companheiros do dinossauro, que sobreviveu à extinção, deu a volta por cima, mostrou o seu valor. E descobriu o pré-sal – patrimônio da União, riqueza do Brasil e passaporte para o nosso futuro.

Olho para trás e vejo que há algo em comum em todos esses momentos, algo que unifica e dá sentido a essa caminhada, algo que nos trouxe até aqui e ao dia de hoje: é, sinceramente, a capacidade do povo brasileiro de acreditar em si mesmo e no nosso país. Foi em meio à descrença de tantos que querem falar em seu nome... O povo – principalmente ao povo – devemos esse momento atual.

É como se houvesse uma mão invisível – não a do mercado, da qual já falaram tanto, mas outra, bem mais sábia e permanente, a mão do povo – tecendo nosso destino e construindo nosso futuro. Não creio que seja uma coincidência o fato de a Petrobras ter descoberto as grandes reservas do pré-sal justamente num momento da vida política nacional em que o povo também descobriu em si mesmo grandes reservas de energia e de esperança. Num momento em que o país, deixando para trás o complexo de inferioridade que lhe inculcaram durante séculos, aprendeu como é bom andar de cabeça erguida e olhar com confiança para o futuro.

Muito obrigado, companheiros."