terça-feira, setembro 02, 2008

A mídia e o projeto de nação

Evaristo Almeida

No jornalismo brasileiro é notória a falta de um projeto de nação. Por interesses ideológicos e mercantis a mídia brasileira sempre se atrela aos interesses dos Estados Unidos e dos demais países centrais. Na cobertura de fatos internacionais como, por exemplo, a guerra na Geórgia, não há uma investigação isenta.

A impressão que passa é que os jornalistas brasileiros nem sabem nem onde se localiza esse país. Simplesmente reproduzem o que ditam as agências internacionais, de forma acrítica.

O mesmo ocorre na Colômbia, onde os direitos humanos são sistematicamente violados pelo governo de Álvaro Uribe. Mas a mídia brasileira só tem olhos críticos para Chávez da Venezuela. O presidente colombiano é o queridinho da mídia brasileira, mesmo com eliminação sistemática de sindicalistas e jornalistas nesse país. Focam as FARCs, mas “esquecem” dos grupos paramilitares.

A mídia brasileira quando fala da questão palestina é sempre com um viés pró Israel, mesmo quando esse país bombardeie cidades palestinas indefesas, ou metralhe mulheres desarmadas, como aconteceu não faz muito tempo.

Na verdade, no Brasil não há liberdade de imprensa. O que é publicado é a visão de mundo das famílias Marinho, Frias, Mesquita e outras que monopolizam os meios de comunicação.

O jornalista no Brasil é um operário que aluga o corpo da cabeça para cima para defender as teses dos donos dos meios de comunicação. Alguns fecham com a idéia de mundo dessas famílias, outros se subordinam para sobreviver como alguém que trabalha com parafusos e não idéias. O jornalista Raymundo Costa é daqueles que escrevem de acordo com o dono do jornal. A sua coluna no “Valor Econômico” de 02/09/08 deixa isso bem claro. Ele defende a idéia de que São Paulo é um latifúndio tucano e o artigo é feito sob encomenda para que Serra entre na campanha pela prefeitura paulistana. O articulista “esquece” que o PT já governou e governa muitas das maiores cidades do Estado. É o artigo sob “encomenda”.

Aliás, a cobertura da Folha de São Paulo (dos Frias) e do Estado de São Paulo (dos Mesquitas) é francamente favorável aos candidatos conservadores Alckmin e Kassab. Quando colocam uma foto da candidata Marta Suplicy, a impressão que passam é que escolhem a pior foto possível. E sempre trabalham o texto de forma desfavorável à candidata. Eles não dão a informação de maneira objetiva, fatual; mas distorcida, de forma a ajudar os candidatos conservadores e prejudicar a candidatura progressista.

Também o que esperar dessas famílias, que junto com a Marinho, ajudaram a organizar e apoiaram o golpe de Estado de 1964? O grupo Folha ainda cedeu as peruas da empresa para transportar presos políticos para serem torturados e muitas vezes, mortos.

Na década de 1990 esses grupos defenderam ardorosamente a privataria. Foram os arautos do neoliberalismo no Brasil. Muitos se locupletaram com esse apoio. Eles não podem ouvir falar de um projeto autônomo de nação. Quaisquer iniciativas dessa natureza convocam a Miriam Leitão, o Carlos Sardenberg e outros para combater essa idéia. Esses tentam passar a imagem de neutros, racionais, para enganar o leitor, ouvinte ou telespectador. Ninguém é neutro em canto nenhum. Eles são pagos para fazer o serviço que realizam.

Quando a Noruega usa o petróleo descoberto em suas águas para o bem-estar do seu povo, está certo. Agora, se o Brasil diz que vai fazer o mesmo o que dizem os “comentaristas”? Que não pode, não está certo, pois o petróleo é do “mercado”. Quem é o “mercado”, as multinacionais?

Os Estados Unidos puderam usar o ouro da Califórnia e o petróleo do Texas para se desenvolverem. No Brasil o ouro das Minas Gerais desenvolveu a Inglaterra. Agora cabe a essa geração defender o petróleo que está no pré-sal. Ele deve, a despeito de muitos jornalistas brasileiros, ser usado para o bem-estar de TODOS os brasileiros. Nada mais justo que os recursos obtidos de sua exploração sejam usados para desenvolver o país, acabando com o déficit social que existe na saúde, educação e habitação. Com ele podem ser melhorados os meios de transportes das metrópoles brasileiras e o meio ambiente.

Um projeto de nação precisa evitar o tipo de sabotagem que mídia brasileira faz contra o povo brasileiro. Não é à toa que em reportagem do ano de 2003, um espião estadunidense, fala textualmente na revista Carta Capital que os Estados Unidos pagam para muitos jornalistas brasileiros defenderem as suas teses. Afinal fica mais barato do que mandar os “marines”.

O Brasil precisa construir um projeto de nação soberana. Para isso precisa atentar para os inimigos que internamente defendem as posições do inimigo.

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