segunda-feira, julho 07, 2014

"Crescimento de 2% do PIB é padrão normal", diz Fernando Nogueira Costa

Jornal Brasil Econômico

O economista da Unicamp critica a comparação do Brasil aos emergentes. Para ele, o país deve ser comparado aos que já têm indústria madura, onde o desempenho da economia está em média em 2% ao ano

Ana Paula Grabois
ana.grabois@brasileconomico.com.br


Economista da Unicamp, Fernando Nogueira Costa é otimista com os rumos que o país tem tomado e diz que o crescimento em torno de 2% é normal e comparável ao dos países maduros. Ex-professor no Doutorado da presidenta Dilma Rousseff, ele defende uma visão de longo prazo para os projetos e investimentos em curso no Brasil, citando que o pré-sal deverá tornar o país o sexto maior produtor mundial de petróleo.

Ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal e ex-diretor executivo da federação nacional das instituições bancárias, a Febraban, Nogueira Costa critica as avaliações negativas do mercado — que qualifica de “alarmismo ilusório” de motivação eleitoral. E chama os economistas-chefes dos bancos privados de “bobos da corte”: “Eles são mais realistas que o próprio rei, vendem muito mais ideologia do que o silêncio. E chega nessa época, ficam fomentando o alarmismo”.

Como o sr. vê a atual situação da economia brasileira, com baixo crescimento e juro em patamar alto de 11%

Historicamente, a taxa de juro não é alta, se olharmos o juro real, de cerca de 4,5%. Sobre a economia, de 2020 a 2022, quando o Brasil comemorar o bicentenário (da independência), haverá condições para o crescimento sustentado em longo prazo e vamos entrar na próxima década em ótimas condições. Vivemos uma fase de investimentos que darão resultado em longo prazo. É uma fase de maturação de investimentos.
Em infraestrutura?

Não, falo do marco histórico do pré-sal.

Isso vai demorar um pouco para dar resultado

Já em 2018, no máximo em 2020, a Petrobras já produzirá 4 milhões de barris/dia. Com os outros produtores, chegará a 5,2 milhões de barris/dia. O Brasil vai caminhar nesse investimento desde agora, na próxima década e na década dos anos 30 deste século, e se tornará o sexto maior produtor de petróleo do mundo. Qualquer pessoa que tomar decisão econômica, seja pessoa física ou jurídica, tem que olhar o longo prazo. Não pode ficar olhando a campanha eleitoral, o curto prazo, que não vai tomar decisões para a frente. Esse é um período em que o mercado enxerga com miopia, vê de perto, mas não vê longe. O mercado precifica mal as ações da Petrobras. Para os assalariados, que não são especuladores profissionais, está na hora de comprar essas ações para ter resultado na próxima década, quando terminar o ciclo de vida profissional. Outro investimento fundamental a maturar em 2018, em 2020, é Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, que dará conforto ao crescimento sustentado sem carência de energia. E tem as concessões em curso na logística. Foi muito importante a Copa para ter um pacote de abrangência nacional, como a reforma dos aeroportos. Foi uma oportunidade histórica muita mal compreendida por quem tem visão de curto prazo e politiza excessivamente a economia. Nem politiza, partidariza no mal sentido. Criaram um alarmismo para tirar proveito político.

A Copa deu gás às obras de infraestrutura?

Não tenho a menor dúvida. Reformar e construir estádios em escala nacional dá um sentido de unidade. O Maracanã não tinha uma reforma como essa há 60 anos. O Mineirão também não tinha há muito tempo. No fim de semana, você ficava vendo futebol, o maior evento brasileiro, e admirando os outros países. O custo é relativamente muito baixo, ao contrário do alarmado. O BNDES financiou R$ 3,5 bilhões. Em termos relativos, é muito pouco face ao benefício. E o BNDES financiou R$ 8,5 bilhões em mobilidade urbana. É positivo para sinalizar uma nova fase, existe uma visão de estadista da presidenta Dilma. O resultado não será no mandato dela, será a partir de 2018.
O sr. fala dos resultados desses investimentos?

Sim, são decisões de longo prazo. Os economistas brasileiros e os homens de negócios ficaram muito acostumados com essa visão de conjuntura. Em termos históricos, é um alarmismo falso porque se você observar com isenção, a taxa de inflação está sob controle. Nos últimos quatro anos, ficou dentro da meta e totalmente sob controle. E aí se faz um carnaval político em torno disso.

Mas a inflação em 12 meses está no teto da meta...

Na série temporal da inflação, se olharmos o que foi no passado, está sob controle e caiu muito abaixo da média histórica. É um patamar muito baixo.

O sr. vê um exagero sobre a questão do controle de preços?

É óbvio que é por causa da campanha política, centrada para derrubar o governo. É uma união de forças para tentar vencer as eleições. O problema é o que, na economia, se chama de profecia autorrealizável. Você contamina as expectativas diariamente. Os empresários que não enxergarem com isenção, que não virem no longo prazo a oportunidade que é investir no país, acabam adiando as decisões e o resultado, no curto prazo, fica ruim. Passamos por um período muito mais difícil por causa dessas decisões paralisadas, em vez de investir.

O pessimismo, que o sr. diz ter fundo eleitoral, contaminou os empresários?

Sim, contaminou. As pessoas não têm coragem de falar. Um aspecto extremamente importante do livro do Thomas Piketty (“O capital no século 21”) é que ele mostra, em série históricas, que os países capitalistas maduros crescem muito pouco. O crescimento no mundo, historicamente, é muito baixo. Ter um crescimento do PIB de 2% ao ano é o padrão normal. Só que é desonestidade intelectual, em muitos casos, comparar com China ou Índia.

Qual seria o nosso parâmetro de comparação?

Estamos muito mais próximos de capitalismos maduros, Europa e Estados Unidos, do que dos países emergentes. O Brasil já passou desse patamar da indústria nascente. O Brasil foi o país que, até 1980, mais cresceu no século 20. Pela taxa média, foi mais de 10% ao ano. Desde então, foram duas décadas perdidas. Depois, teve algum período de taxas maiores após de anos de recessão. Foi a 7,5% em 2010, mas houve uma recessão em 2009. Em 2004, estava tendendo a 6% e o Banco Central freou e acabou crescendo 5,71%. Em 2003, tinha ocorrido a freada para arrumação e foi de 1,5%. O crescimento da renda per capita no mundo foi menor que 2% ao ano, segundo o Piketty. Isso com concentração da riqueza. Ele diz que a renda do capital cresce muito mais do que a renda das pessoas, cerca de seis ou sete vezes mais. Porque o crescimento da renda do trabalho é muito baixo.

O sr. acha que essa é uma questão esquecida na discussão econômica?

O debate no Brasil está há vários anos extremamente pobre porque essa coisa do tripé é uma bobagem. Qualquer manual de macroeconomia fala que há quatro instrumentos de política econômica. Então, qualquer política econômica de qualquer ideologia vai usar os quatro: política monetária, política cambial, política fiscal e controle de capital. Não tem mais o que fazer. Se você reduzir o debate a isso, ter que subir mais um pouco os juros ou ter que baixar mais o câmbio, é de uma pobreza intelectual tremenda e que perde essa perspectiva histórica, que é estratégica.
O crescimento baixo de hoje não tem nada de anormal?

É um padrão de crescimento que vai se sustentar no longo prazo. Não voltaremos a ter as taxas dos anos 50, ou do milagre econômico. Se forçar a economia a ir nesse ritmo de maior crescimento, de 5%, 7% ao ano, provavelmente vai ter inflação. E aí vai frear. A opção, adotada nos outros países, é manter a economia estabilizada, sem inflação, com taxa de desemprego baixo. Por que crescer muito? Qual é a lógica de demanda, de crescimento, de rendas altas? Geralmente é porque se quer taxa de desemprego baixa.

E já estamos com essa taxa baixa.

As mudanças estruturais, que o país está construindo com efeitos extremamente benéficos para a qualidade de vida, vão se consolidar na próxima década. E se faz esse alarmismo de curto prazo — se faz agora e vão fazer em 2018. Em toda época eleitoral, se faz um alarmismo ilusório.

Quais mudanças estruturais?

A diversificação setorial. Com a industrialização anterior, no pós-guerra, o Brasil se tornou uma economia altamente diversificada entre os países emergentes, com uma estrutura muito mais sofisticada do que a grande maioria desses países. E o Brasil está caminhando para se tornar um capitalismo maduro. A grande mudança estrutural que vai pegar na próxima década e nas seguintes é que o Brasil vai se tornar uma economia de petróleo. Um produtor e exportador de petróleo. Bem administrado, isso tende a resolver os problemas de balanço de pagamentos. Com a legislação já aprovada, vai se criar um fundo social com a riqueza soberana, com base nesse petróleo, e vai se dar uma oportunidade de melhorar a qualidade da educação e da saúde, não é só a quantidade. A quantidade, já estamos enfrentando. Isso tudo não se resolve em um governo, mas terá condição de se resolver a longo prazo. E com a continuidade dos programas de financiamento, o déficit habitacional deve acabar até 2030.

Ou seja, é preciso enxergar no longo prazo?

Falta essa visão de longo prazo no debate. Ano eleitoral é um ano de oportunidade para se discutir o país. O que tem que ser colocado, e a imprensa tem um papel chave nisso, é a visão de longo prazo. Vai aprovar quem vai cuidar apenas da estabilização ou quem vai investir no longo prazo? Isso é uma decisão a ser tomada. Se quer baixar a inflação de 6% para 3,5% ao ano, isso vai aumentar a taxa de desemprego. Nessa onda de demagogia política, a pessoa não é honesta intelectualmente em falar isso, porque vai provocar desemprego se baixar a inflação para 3,5%. No que a sociedade vai se beneficiar disso? Vai beneficiar quem tem emprego garantido, quem tem renda, quem tem poder de compra. É o tipo de coisa que não se fala.

Como sair desse cenário de expectativas de menos consumo e investimento?

É o que chamei de profecia autorrealizável, a pessoa mente, mente, acha que aquilo é verdade e passa a tomar decisão com base em mentira.

Isso se reverte após a eleição?

Lembre-se da experiência da eleição de 2002. O que se dizia era que ou o José Serra se elegia, ou seria o caos. Esse era o refrão durante todo o ano: “O Lula vai ser uma catástrofe, vai haver fuga de capital”. Sou testemunha ocular porque participei do governo desde janeiro de 2003.

Como vice-presidente da Caixa?

Exatamente. Eu lembro que, na Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), os banqueiros eram muito reticentes. Eu era representante da Caixa na Febraban. Imediatamente depois de arrumada a casa, começamos a conceder crédito. Começamos com o crédito consignado e o único banco que acompanhou foi o BMG. Quando o Banco Santos quebrou e os bancos privados foram comprar a sua carteira, viram que era um excelente negócio. Tínhamos feito as reformas para fazer a retomada do crédito imobiliário, paralisado desde 2004. A partir de 2005, deslanchou o crédito imobiliário e quebramos todos os recordes. Quando se assume um governo fora dessa pressão política, da eleição, e se faz políticas públicas acertadas, se colhe resultado. Ninguém achava possível acabar com a miséria no Brasil. O país já está caminhando para isso. Mas não é fazer demagogia e falar que isso se resolve em quatro anos. Nenhum problema secular vai acabar em quatro anos, nem em oito ou dez. Estou otimista porque, na próxima década, boa parte dos problemas estará caminhando para ser solucionada.

A confiança foi retomada após a posse do então novo governo?

No segundo semestre de 2003, o crédito direcionado — operações do BNDES, crédito imobiliário da Caixa e crédito agrícola do Banco do Brasil — cresceu mais que os recursos livres. Geralmente, os bancos públicos fazem também o crédito de recursos livres , mas os bancos privados têm mais peso. Quando o crédito cresce, a economia começa a funcionar e, com a demanda de crédito, os bancos privados vão atrás. Então você consegue retomar a economia e aumenta a confiança.

O mercado reage negativamente à reeleição de Dilma. Há algo que constitua um risco em um eventual segundo mandato?

Isso é pura ideologia. Conheço os meus colegas, a minha corporação. Também convivi com banqueiros durante quatro anos e meio na Febraban. Os economistas-chefe são os bobos da corte, são mais realistas que o próprio rei, eles vendem muito mais ideologia do que o silêncio, eles são os mais ideólogos. E chega nessa época, eles ficam fomentando o alarmismo. É uma coisa puramente ideológica porque eles protegem a escola deles. Eles querem derrubar a Dilma porque a Dilma não é da escola deles. Fui professor da Dilma no Doutorado da Unicamp. Claramente, eles estão derrubando uma escola de pensamento. O problema é que não é só ideologia. Os empregadores e a mídia ficam muito impressionados com as opiniões deles e passa a ser uma profecia que se autorrealiza. Isso é o mais grave: tomar decisões equivocadas baseadas em ideologia.

Vai mudar algo se a Dilma for reeleita?

Acho que vai. É necessário rejuvenescer os quadros de governo, dos ministérios.

O ministro Guido Mantega sairia da Fazenda?

É uma questão de geração. Até os próprios ministros que estão no governo desde o início do governo Lula estão desgastados pessoalmente. Politicamente, é uma coisa que chamamos de fadiga material. Faz parte da vida reconhecer que uma geração passou e que tem que abrir espaço para uma nova geração. Tem quadros novos que podem perfeitamente assumir. Por exemplo, o Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda). Tem experiência, passou por lá, é um quadro novo, supercompetente, pode assumir. O próprio Tombini (Alexandre Tombini, presidente do Banco Central) é um quadro novo e competente. Tem nomes dentro do PT, dos aliados, do mundo acadêmico. Posso falar por mim, posso me aposentar da Unicamp, mas já tem professores que eu formei, uma outra geração muito competente, que está assumindo responsabilidades e que tem plenas condições de trabalhar em governo. Dentro do próprio governo houve muita contratação de profissionais extremamente competentes nesse período, no Ipea, no Banco Central, nos bancos públicos, e que podem assumir. Acho que vai haver uma troca de gerações. Pelo que eu conheço da Dilma e de pessoas que ela respeita, eu acho que vai haver. É natural, não vejo com espanto, está na hora. Qualquer pessoa sensata percebe que está na hora de trocar. O ministro Guido Mantega já quebrou o recorde de permanência no cargo e superou a do ex-ministro Pedro Malan. É preciso novas ideias, novos discursos. Tem que entender que a Dilma tem essa visão de estadista, de que o ponto de chegada não vai ser em 2018, vai ser em 2022. Eu tomo isso como simbólico. O Brasil tem que estar no bicentenário como a quinta maior economia do mundo, produtora de petróleo, com recursos para investir em educação e em saúde e aproveita ainda o bônus demográfico até 2030 e que pode esticar até 2040.
Haveria alguma mudança ou ajuste na condução da política de um eventual segundo mandato?

Se espera e foi criado um certo consenso de que os preços dos combustíveis vão subir mais. No cenário mundial, há algo que todo mundo sabe, mas ignora no debate: ainda estamos em uma conjuntura de crise mundial, a maior crise desde 1929. E vai durar muitos anos a crise na Europa, e os Estados Unidos vão levar tempo para retomar a economia. A China e a Índia são outro caso, com mercados internos imensos. A China está fazendo uma coisa que a Índia ainda não fez e que o Brasil fez até os anos 60, a urbanização. A população urbana ultrapassou a população rural na China um ano ou dois anos atrás. No Brasil, isso ocorreu em 1970. É outro tipo de economia. E a China tem 400 milhões de consumidores, o maior mercado interno mundial. Não dá para comparar com outros países. Comparar o Brasil com o Chile não tem o menor sentido também, é uma economia grande e outra pequena. E se pegar economias grandes, como Estados Unidos, Brasil, e pegar o porte que vai ser a China, daqui a pouco os Estados Unidos vão estar pequenos, porque não crescem. Esse tipo de debate é o que antigamente se chamava de abordagem estruturalista, de quais são as mudanças estruturais importantes que vão dar um crescimento sustentado com decisões tomadas já no presente, mas com reflexo na próxima década.

O sr. vê algum tema que a Dilma possa mudar em um eventual segundo mandato?

Ela e todo o governo que assumir vão tentar manter taxa de desemprego baixa e a inflação sob controle. E ainda bem que a taxa de desemprego ainda está muito baixa. O crescimento habitacional está excelente em termos históricos e esse vai se manter. Depois que passar essa grita, basta ter uma retomada externa que o Brasil — o maior produtor e exportador de alimentos do mundo — vai dar uma retomada na exportação. E tem muito fôlego ainda para consumo no Brasil, porque ainda virá mais mobilidade social. Tem espaço para expandir largamente o mercado interno. Outro equívoco no debate, tanto em economia quanto em política e sociedade, é ser extremamente voltado aos centros metropolitanos. As opiniões são emitidas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já morei anos nas duas cidades, as frequento e hoje moro em Campinas. Essa visão ultrapessimista de que a qualidade de vida está horrorosa, dos engarrafamentos, é dessas cidades. E vai melhorar porque vai ter investimento em infraestrutura e metrô. Mas isso não é a vida que predomina no resto do país. Todas as capitais têm um trânsito infernal, mas as metrópoles não chegam à metade da economia brasileira. Há críticas ao financiamento de veículos, mas somos um país que é metade da América do Sul. São 5,6 mil municípios, com um potencial de crescimento extraordinário no interior. Há interiorização do desenvolvimento, regiões desenvolvidas em São Paulo, em Minas.

A redução da desigualdade vai continuar?

Esse debate é equivocado. O livro do Piketty mostrou isso. Aconteceu algo extremamente importante, que foi a redução da desigualdade da renda do trabalho. Mas a desigualdade de riqueza, em nenhum país do mundo, seja capitalista ou socialista, se resolveu. O 1% dos mais ricos cada vez mais concentra riqueza. É preciso continuar com políticas públicas para diminuir a desigualdade de renda. Nos EUA e na China, a ênfase é de igualdade de oportunidades, de o cidadão ter condição de melhorar o padrão de vida através principalmente de uma educação maciça de qualidade. Não vai significar que ele vai enriquecer e todo mundo vai ficar igual. Na história humana, sempre tiveram os poderosos e isso nunca diminuiu. Quando diminuiu, houve duas guerras mundiais, uma grande depressão e uma hiperinflação na Europa.

Para o nível de pobreza que o Brasil tinha, as políticas sociais foram importantes?

Para aumentar a sociedade de consumo, é importante diminuir a desigualdade da renda e dar mobilidade social. Outra coisa é discutir se isso vai dar justiça social em termos de igualdade de propriedade, de riqueza. A sociedade vai mudando em qualidade à medida que vai conquistando direitos civis, políticos, sociais. Eu acho que o século 21 vai ser de conquista de direitos econômicos. Porque o capital de origem trabalhista, dos fundos de pensão, está se tornando cada vez mais importante no mundo capitalista. Os partidos de origem trabalhista, criados a partir de sindicatos, estão ficando cada vez mais importantes. A social-democracia europeia e nórdica deu as melhores condições de vida do mundo por causa de vários partidos socialistas e sociais-democratas de origem trabalhista. Isso leva, em longo prazo, a mudanças qualitativas, não é uma revolução súbita, como foi a revolução na Rússa ou na China. É uma mudança ao longo do tempo, não sei se neste ou no próximo século. Baseado na experiência histórica, as conquistas dos direitos vão aumentar cada vez mais.

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