quinta-feira, outubro 10, 2013

Neoliberalismo: fundamentalismo ou ciência econômica?


Evaristo Almeida*

Os candidatos da oposição foram treinados para falar a mesma língua contra o Estado Brasileiro, os gastos do governo federal com programas de distribuição de renda, a intervenção do Estado na economia e estão defendendo os interesses dos empresários nacionais e internacionais. Já vimos esse filme antes no período 1995 e 2002, em que vigorou o desemprego e a falta de esperança para o povo brasileiro, assim como a perda da soberania nacional. Tudo isso tem um nome, neoliberalismo.

O que é o neoliberalismo?

Para o historiador inglês, Perry Anderson, o neoliberalismo é uma política conservadora com viés economicista, que fracassou onde foi aplicado. O neoliberalismo ganhou ares de fundamentalismo para quem o Estado é o ente a ser combatido, vilão de todos os males, que gasta mal o dinheiro dos contribuintes. Para eles todos os serviços como saúde, educação e outros deveriam ser providos pelo setor privado, mais eficiente, e não deveria haver nenhuma regulação do mercado de trabalho, abolindo todos os direitos trabalhistas.

Dessa forma as empresas poderiam ser melhor competitivas. Também não deveria haver nenhum programa estilo Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Prouni, Pronatec e mesmo os Mais Médicos.
Como começou o neoliberalismo?

Através de um grupo pequeno de economistas da direita, F. A. Hayek que se juntou a Milton Friedman e criou um movimento de reação à social democracia implantada na Europa, isso na década de 1950. Como sabemos a social democracia implantou o “Welfare State” dando direitos sociais à população européia no pós-guerra. Eles tiveram a Universidade de Chicago para desenvolver suas idéias que finalmente foram implantadas assim que Pinochet deu o golpe de estado no Chile em 1973.

Para os neoliberais a democracia não é um valor que deva ser cultivado e aderiram ao governo Pinochet, sendo cúmplices pelas dezenas de assassinatos que ocorreram nesse país.

Privatizaram tudo que puderam, previdência, saúde, educação e jogaram por mais de uma década a população chilena no desemprego e na miséria. O Chile vinha de um longo período de democracia e tinha um padrão de vida compatível com o da Europa. Aniquilaram toda a indústria chilena e transformaram esse país em exportador de cobre, peixe e frutas.

Nunca mais o Chile teve o padrão de vida que sua população tinha até o governo Allende, derrubado pela direita chilena. A oposição foi torturada e assassinada em escala só vista na Argentina para que o neoliberalismo fosse implantado.
Com os governos Ronald Reagan nos Estados Unidos e Margareth Thatcher na Inglaterra, a ideologia neoliberal tomou conta do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e se expande para o mundo.

No Brasil, chega através de jovens doutores que estudaram principalmente nas universidades de Chicago, Harvard e Yale. Eles foram adestrados nessas universidades, assim como muitos jovens de outros países. Esses doutores formados nos Estados Unidos constituíram o núcleo duro dos cursos de economia da PUC-Rio e FGV-Rio.

A imprensa também se tornou neoliberal, pois o neoliberalismo é um pacto dos ricos contra os mais pobres e a grande imprensa brasileira defende os interesses dos mais aquinhoados. Os pobres que se ferrem na visão elitista dela.
O Estado dificulta a exploração máxima dos pobres e o dinheiro que vai para o Bolsa Família, Pronatec, Minha Casa Minha Vida, Prouni e outros ficariam melhor nos bolsos dos ricos.

Afinal, as subelites (são subordinadas a projetos de nação de outros povos) do mundo, a brasileira inclusa, precisam comprar apartamentos em Miami, carros de luxo, roupas de grife e fazer festas homéricas em Nova Iorque.
E esse dinheiro, no Brasil, está indo desde 2003 para os pobres.

Quem são os neoliberais no Brasil?

Todos os partidos de direita, principalmente o PSDB aderiram a doutrina neoliberal. Para os economistas tucanos, sediados na Casa das Garças, é preciso rever as leis trabalhistas, diminuir os gastos do Estado, aumentar o nível de desemprego para aumentar a competitividade das indústrias brasileiras e segurar a distribuição de renda. Isso muitos deles já escreveram ou falaram, principalmente no jornal Valor Econômico. Fazem isso às escondidas, para o povo não saber.

Para João Sicsú, em Os Dez anos que Abalaram o Brasil “ o neoliberalismo dirigido pelo PSDB propõe privatizar e fazer concessões em posições estratégicas para que o estado perca a sua capacidade de organizar o mercado e a sociedade. Desejam um Estado mínimo que abandone os indivíduos na arena da competição, o mercado. Os fortes vencerão e se tornarão ricos. Os demais se transformarão em estatísticas de maus exemplos.

A relação entre setor privado e setor público é decisiva em uma economia de mercad. Nenhum Estado de país com economia de mercado pode prescindir do setor privado - e a recíproca é verdadeira. Portanto, independentemente da forma jurídica adotada, a relação sadia público-privada deve ser estimulada. O que importa, de fato, é o que o Estado mantenha posições em setores estratégicos (energia e sistema financeiro, por exemplo). Nos demais setores , o resultado da relação público-privada deve ser aquele em que a contabilidade monetária e social seja favorável aos usuários mais necessitados dos serviços.”

Qual a importância da política e do Estado para combater o neoliberalismo?

Fica claro que se o Brasil quiser se desenvolver, isso só acontecerá por força do Estado Brasileiro. O mercado livre é uma ficção criada pelos neoliberais.

As políticas do Estado como aumento real do salário mínimo, gastos em programas de distribuição de renda, saúde e educação, ajudaram a melhorar a vida do nosso povo.

Assim como o Bolsa Família, que tirou mais de 30 milhões da miséria, o Prouni, que já formou mais de um milhão de jovens carentes na universidade, o Pronatec, que já colocou mais de seis milhões em cursos técnicos.
O mercado jamais criaria no Brasil uma empresa como a Petrobras, a Eletrobrás ou mesmo a Embraer, que agora está privatizada, mas foi fundada com dinheiro estatal.

Nenhum país se desenvolveu usando apenas o mercado como referência. Para o mercado tirar 3 milhões de pobres e 1 milhão da extrema pobreza não é interessante. O mercado segue a lógica malthusiana, para quem os pobres devem ser deixados à própria sorte, como sempre fez a subelite brasileira.

O mercado puro é a barbárie que violenta um povo inteiro como foi no período governando pelo PSDB de 1995 a 2002. Desemprego, desespero, falta de expectativa e desigualdade social. É isso que as equações matemáticas dos economistas tucanos trouxeram para o país.

É preciso lutar contra essa forma necrófila de enxergar a economia e a política.

É necessário levar essa discussão para a população, pois a campanha de 2014, feita pelo PSDB e pelo PSB, será pela volta do neoliberalismo.

O projeto nacional deve ser preservado, o neoliberalismo é contra a soberania brasileira, como foi no período de 1995 a 2002, em que tivemos um governo fantoche que atendia a interesses estrangeiros.

A política é a única saída e também é preciso encontrar formas democráticas de comunicação, pois a grande imprensa instalada no Brasil defende interesses dos Estados Unidos, da Europa e do Japão. As informações que passam são as que interessam a esse grupo de nações.

E sempre se colocam contra os interesses brasileiros.

É por tudo isso que está sendo proposto a criação do Centro de Estudos em Economia Política Casa dos Galos - CEEPCdG.

O objetivo é desmascarar a forma de encarar a vida puramente egoísta, com uma minoria se locupletando, como sempre fizeram até 2002 e a maioria do povo sem trabalho e sem esperanças.

*Evaristo Almeida - Mestre em Economia Política pela PUC-SP e apresenta o programa Linha Econômica, juntamente com Ricardo Guterman e Eduardo Marques, na Rádio Web Linha Direta do Diretório Estadual do PT-SP.

Um comentário:

Blog do Guth disse...

"neoliberalismo é um pacto dos ricos contra os mais pobres e a grande imprensa brasileira defende os interesses dos mais aquinhoados"
Qué é isso cumpanheiro...
Essa midia golpista me enganou direitinho, pois todos as contas que faço, todos os textos científicos que leio, me mostram cada vez mais que um paiz com liberdade economica favorece os pobres, pois os dão oportunidade de competir, e que um paiz com centralização do poder favorece os "amigos do rei".
O neoliberalismo funciona numa democracia, não é uma proposta de mudança de regime politico como o socialismo, comunismo e afins, apenas uma mudança na politica económica, descentralizando o poder. Isso não quer dizer que teríamos anarquismo, o estado continua atuando, fazendo politicas sócias e principalmente, fiscalizando e intervindo nos excessos.