quarta-feira, julho 17, 2013

A imprensa brasileira, a economia e a política

Evaristo Almeida*

O objetivo desta pauta é discutir como a grande imprensa brasileira, chamada de Partido da Imprensa Golpista – PIG, por Paulo Henrique Amorim, trabalha com a economia.

Claramente que os comentaristas econômicos, os quais denomino de “palpiteiros econômicos”, usam mais ideologia neoliberal para tratar da economia brasileira do que da racionalidade econômica.

Ideologia neoliberal é aquela contra o trabalhador e o Brasil. Eles defendem a idéia de um país para apenas um terço da população que estaria incluída e os outros dois terços seriam competência das “forças de mercado”. Se tiver emprego bom, se não, a causa é o mercado. A renda se não subir é porque o mercado não comporta salários melhores.
Dessa forma decisões que dependem muito da política ficariam relegados a um ente que é uma aberração criada pelos grupos dominantes, que são as forças de mercado.

Os palpiteiros econômicos defendem ainda juros altos, por que beneficia a subelite brasileira. O conceito de subelite é de um grupo dominante num país, mas que não está dentro do projeto desta nação.
Esse grupo está atrelado ao projeto de nação dos Estados Unidos, da Europa e do Japão. O povo brasileiro para eles é apenas para criar “mais valia” da qual se apropriam.

Dessa forma os interesses da subelite brasileira não são os mesmos do povo brasileiro. Eles são vassalos de interesses de outros países. E os seus governos são fantoches a serviço desses povos.

A existência dos palpiteiros econômicos é justamente para legalizar uma situação esdrúxula como a que o Brasil viveu até 2003. Um país rico, que produz muita riqueza, mas com um povo pobre e vivendo à míngua.

Atualmente apostam no terrorismo inflacionário para tentar derrubar a Presidenta da República. Forçaram com o tomate e desde 2011 o assunto foi tratado de forma como se o país estivesse numa hiperinflação.
E, pelas últimas pesquisas, eles têm conseguido pautar o medo da volta da inflação no povo brasileiro. Assim como do desemprego.

É o ditado “água mole em pedra dura”...

Os palpiteiros econômicos são uniformes, todos eles escrevem e falam o mesmo texto, seguem a mesma linha definida pela oposição. Eles só estão lá porque fazem esse serviço.

Alguém com outra visão da economia não é contratado porque o objetivo não é a verdade fatual e sim criar um clima propício a volta do PSDB ao governo federal em 2014.

A oposição conta com esse grupo de “comentaristas econômicos” a seu favor, onde se destacam Miriam Leitão e Carlos Sardenberg na Globo e quem escreve os cadernos de economia nos jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e revista Veja.

Assim como tem os “comentaristas políticos” como Cristina Lobo, Eliane Cantanhêde, Merval Pereira e outros que nunca criticam o PSDB. Tratam esse partido como se nele só tivessem imaculados. O contrário acontece com o PT, partido atacado diariamente por eles.

Fato notável foi a definição de “pibinho”, ao Produto Interno Bruto de 2012. O mundo passando pela maior crise econômica desde 1929, em que o normal seria juros altos, desemprego em massa, crise cambial e outras desgraças porque passaram o país no período do Fernando Henrique Cardoso e mesmo com a reação brasileira contrária ao que aconteceu nos anos 1990, a crítica foi sistemática ao governo federal.

O que deveria ser elogios ao fato do governo federal ter conseguido manter o quase pleno emprego, diminuir a taxa de juros e controlar a inflação foi dado como fracasso.

Assim é importante desmascarar os interesses daqueles que fingem ser comentaristas de economia. Estão a serviço do grande capital, da oposição ao governo federal e contra os trabalhadores brasileiros.
Quem já viu algum “comentarista econômico” defender a jornada de 40 horas semanais? Imposto sobre grandes fortunas? Melhoria do salário mínimo? Porque eles nunca falam em desenvolvimento social e econômico? Porque nunca elogiaram a política exitosa de reconstrução da indústria naval brasileira? Porque foram contra a baixa dos juros faz pouco tempo? Porque praticam o terrorismo inflacionário que é um crime contra a economia popular? Porque nunca criticaram as somas vergonhosas pagas pelos governos brasileiros as 20 mil famílias mais ricas do país, via juros? Porque não comentam sobre os juros bancários no Brasil, muito acima do restante do planeta?

E lembrar que durante todo o mandato fantoche do Fernando Henrique Cardoso e sua política econômica nefasta que só trouxe dissabores e miséria ao povo brasileiro, teve a complacência e o apoio enfático dos "comentaristas econômicos" que hoje pregam o caos.

Essas são só algumas considerações que devemos levar em conta quando estivermos lendo um jornal, revista ou assistindo o que escrevem e dizem os palpiteiros econômicos.

•Evaristo Almeida - Mestre em Economia Política pela PUC-SP

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