terça-feira, maio 07, 2013

FHC E CERRA É QUE “DESINDUSTRIALIZARAM” Isso é obra de FHC, Cerra e Gustavo Franco, sob a desinteressada inspiração do André Lara Rezende.

Do Conversa Afiada

A propósito do único coelho da cartola dos tucanos – entregar, abrir, Petrobrax na veia ! – o Valor (o PiG (*) cheiroso), publicou dois artigos primorosos, de Belluzzo e de Delfim.

Belluzzo defende, como defendeu antes, que a recuperação da indústria depende do câmbio – historicamente sobrevalorizado – e da integração da indústria privada com políticas de Estado.

Por exemplo, a saudável e universal política de “conteúdo nacional”, da Petrobrás (com “as”).

Delfim põe os pingos nos “i”.

Quem desindustrializou foi a política do FHC e do Gustavo Franco, do Real igual a um Dolar.

(Que o Nassif desmontou no “Cabeças de Planilha” e demonstrou como o desatino enriqueceu o André Lara Rezende.)

A FIESP fez um “estudo” que rapidamente se legitimou com uma “reportagem” no jornal nacional: provou que a logística brasileira é a pior do mundo.

Pior do que a do Niger (está na capa do Valor).

A Fiesp se esquece de dizer que o governo Fernando Henrique – em que o Padim Pade Cera era o Grande Planejador – não pavimentou um quilometro de rodovia e sucateou a malha ferroviária.

E mais:

Entregou o porto de Santos ao Daniel Dantas e ferrovia do Nordeste a Benjamin Steinbruch, em troca de um abatimento no Imposto de Renda.

O Padim passou à ofensiva e, quando se relançou à campanha presidencial – leia “Cerra está de volta – ôba ! – e passa com um trator pelo Aécio” – criticou a “desindustrializacao”.

Que ele, o FHC e o Gustavo Franco construiram, tijolo a tijolo, sob a desinteressada inspiração do André Lara Rezende.

Ao Belluzzo:



UM PLANO REAL PARA A INDÚSTRIA?


(…)

É lamentável que perdure a identificação entre ganhos de produtividade e competitividade internacional. Além dos fatores sistêmicos favoráveis como câmbio adequado, custo de capital reduzido e infraestrutura eficiente, a competitividade depende de certas características da estrutura empresarial, particularmente da capacidade de inovação de empresas com estratégias agressivas de conquista de mercados ou da competência de redes de pequenas e médias empresas na ocupação de nichos de mercado.

É bastante reconhecida a necessidade da intervenção do Estado em processos que envolvam externalidades positivas e negativas, informação assimétrica, incerteza, risco elevado e concentração do poder econômico. Entre as externalidades positivas estão a construção de infraestrutura e outros bens públicos, como a geração de conhecimento científico e tecnológico. A existência de assimetria de informação afeta particularmente os mercados de crédito e de capitais e o mercado de câmbio, podendo dar origem não só a alocação ineficiente de crédito, à marginalização de pequenas empresas, bem como ensejar episódios especulativos. A incerteza, por sua vez, além de provocar volatilidade recorrente nos mercados de valores mobiliários, tem, por isso mesmo, efeitos adversos sobre o investimento produtivo, sobretudo aquele que envolve inovação. O risco elevado inibe operações de longo prazo de maturação.

As falhas de mercado até agora analisadas recomendariam apenas a adoção de políticas “horizontais” e minimalistas. As condições de concorrência nas áreas mais dinâmicas da moderna economia industrial impõem, no entanto, intervenções estratégicas e concebidas de forma a abranger cadeias industriais inteiras.

Isso diz respeito às vantagens competitivas construídas pelas empresas em suas relações com fornecedores e clientes. O novo paradigma industrial vem acentuando sobremaneira a importância destas vantagens.

Entre elas devemos destacar:

1) processos cumulativos de aprendizado – “learning by doing” – na produção flexível, no desenvolvimento de produtos;

2) economias de escala dinâmicas (ganhos de volume associados ao tempo e ao aprendizado);

3) estruturação de redes eletrônicas de intercâmbio de dados que maximizam a eficiência ao longo das cadeias de agregação de valor (economia de capital de giro, sobretudo minimização de estoques, de custos de transporte e de armazenagem);

4) novas economias de aglomeração (centros de compras e de assistência técnica e formação de polos de conhecimentos técnicos e gerenciais);

5) economias derivadas da cooperação tecnológica e do co-desenvolvimento de produtos e processos.

A literatura relevante na área de estratégias empresariais (Porter, Drucker) ou no âmbito da economia industrial (Dosi, Freemann, Arcangeli, Zysmann, Tyson, Malerba) reconhece o caráter decisivo desses processos e, sem exceção, observa que conformam um padrão de concorrência radicalmente distinto do paradigma anterior. Este último era baseado em produção padronizada, tecnologia codificada, escalas rígidas, aversão à cooperação. Os autores, em sua maioria, assinalam que a coordenação do Estado foi muito importante para acelerar a mudança de paradigmas, particularmente nas economias que estavam em processo de industrialização rápida.

A nova concepção de políticas industriais ou de competitividade coloca no centro das preocupações a indução daquelas sinergias baseadas no conhecimento e na capacidade de resposta à informação. O novo papel do Estado deve estar concentrado na indução da cooperação, na coordenação dos atores e na redução da incerteza. Sua tarefa não é a de “escolher vencedores”, mas a de criar condições para que os vencedores apareçam.

Ao Delfim:



O CÂMBIO RESSUSCITADO, AFINAL


(…)

Sua destruição (do setor industrial) e a substituição da produção nacional por importações não foi um acidente. Foi fruto de um cuidadoso descaso ideológico da política cambial dos últimos 30 anos. Na média do período 1981-1984 (no momento da grave crise do petróleo) a participação das exportações brasileiras com relação ao mundo era de 1,2%, igual à da Coreia e da China. Durante o primeiro mandato de FHC, uma política cambial alienante levou o país em 1998 à beira do “default”, o que representou séria ameaça à sua reeleição. Esta foi salva graças a um “socorro” do FMI feito às pressas sob a intervenção política intempestiva do governo americano. Chegamos, assim, à dramática queda do valor das exportações para apenas 0,9% do comércio mundial. Para quê? Para esconder “artificialmente” a taxa de inflação!

Em 2012 o Brasil exportou US$ 242,6 bilhões; a Coreia, US$ 548,2 bilhões, e a China, US$ 2,05 trilhões, respectivamente, 10, 20 e 80 vezes mais do que em 1984! A natureza de nossas exportações sugere que com a composição atual elas serão menos elásticas no futuro em resposta ao aumento da renda mundial do que a dos países que exportam produtos industrializados.

(…)

Diante de tal situação e tendo em conta que é social e politicamente impensável realizar uma custosa “desinflação competitiva”, é preciso pôr em prática o que vem sendo sugerido há pelo menos quatro anos e, recentemente, na última conferência da Abimaq: 1º) construir as condições para uma flutuação organizada do câmbio nominal; e 2º) comprometer-se com políticas fiscal, monetária e trabalhista que conduzam à moderação salarial e reduzam seus eventuais efeitos inflacionários.

Essa manobra precisa apoiar-se em cinco verdades: 1ª) que é urgente reconstruir o sistema de tarifas efetivas e, ao mesmo tempo, executar um forte programa de apoio ao aumento da competição na produção dos insumos básicos; 2ª) que câmbio e tarifas são intercambiáveis, como aliás tem insistido o ministro Mantega na OMC; 3ª) que tarifa sobre importação tem o efeito de imposto sobre a taxa de câmbio da exportação; 4ª) que a manobra cambial corta os salários em dólares do setor exportador e aumenta a sua competitividade. Não corta, necessariamente, o salário real interno que depende da taxa de inflação. E, finalmente 5ª) que, para que o câmbio flutuante flutue sem ruído é preciso que a taxa de juros real interna seja, a menos de variações aleatórias, igual à externa.


Em tempo: quando era ministro do Planejamento e queria boicotar o da Fazenda, Pedro Malan, Cerra dizia aos jornalistas que o chamam de “Serra” que o Real não passava de “populismo cambial”. A expressão chegava ao PiG (*) sem a autoria …


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Nenhum comentário: