domingo, março 31, 2013

O desenvolvimento de um país é uma equação política, feita por uma elite, é preciso construí-la

Evaristo Almeida

No regime feudal na idade média havia o processo de vassalagem em que um senhor feudal devia ser fiel ao proprietário mais forte. Ele deveria pagar impostos e se colocar ao lado deste senhor feudal em caso de guerra. Em troca o feudo mais rico e forte mantinha a segurança dos senhores feudais, digamos de segunda linha, mantendo também inalterado os privilégios que esse grupo tinha dentro de uma concepção mais ampla.

Com o advento do capitalismo isso mudou, pois foi criado o conceito de nação que superou a partilha da terra em feudos.
Essa ideia de nação não floresceu automaticamente na Europa e nem nos demais países, mais foi num processo de lutas sociais e econômicas na busca da industrialização, que não foi um processo fácil e linear.

A Inglaterra saiu na frente na industrialização e logo os economistas ingleses criaram teorias econômicas para sacramentar o desenvolvimento industrial inglês, criando a teoria da vantagem comparativa, que pregava que países deveriam produzir bens industriais enquanto outros se especializavam em explorar produtos primários.
Quem mostrou que essa teoria era de interesse nacional da Inglaterra e lutou contra foi o economista alemão Georg Friedrich List, que percebeu que sem proteção do mercado interno nenhuma nação se desenvolveria. Ele foi muito influenciado por Alexander Hamilton, cujo relatório sobre manufaturas, garantiu que os Estados Unidos se desenvolvessem.

Ao longo do tempo vários países foram tomando medidas econômicas e sociais que garantiram o seu desenvolvimento. Países como o Japão, os Estados Unidos, a França, a Alemanha, entre outros.
Mas a busca desse desenvolvimento não foi sem luta política, pois uma parte das chamadas elites locais, educadas segundo os dogmas econômicos e sociais achavam que somente o livre mercado poderia levá-los a se constituírem numa nação rica.

Em várias países foram se constituindo o que chamo de elite, forjada num projeto de nação, com desenvolvimento social e econômico. O Japão com a dinastia Meiji, implantada em 1868 foi um desses. O plano incluiu educar toda a população e investir na industrialização. O Japão nunca leu Adam Smith, nem David Ricardo, economistas ingleses, e muito menos o mais pernicioso de todo, Malthus, que pregava que o pobre deveria ser jogado à própria sorte.
Na América Latina as ideias econômicas liberais sempre foram muitos fortes. O processo de colonização foi ruim para o continente, tanto que nenhum país que foi colônia no sentido clássico conseguiu se desenvolver no mundo. No continente foi implantada uma subelite, um grupo, que apesar de estar no topo da pirâmide social abriu mão de um projeto do desenvolvimento nacional.

Esse é o conceito de subelite que espero desenvolver aqui, é um processo como no regime feudal de vassalagem, sendo leal ao feudo mais forte, hoje representado pelos Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Japão. Em troca esse grupo social se beneficia junto com as demais nações da espoliação do seu povo. O juro alto pago no Brasil aos rentistas é uma forma de benefício à subelite local.
Eles não desejam buscar a hegemonia mundial, melhorando social e economicamente o país em que vivem. Representam os interesses estrangeiros no país. E quando são governos, são apenas fantoches, seguindo diretrizes dos países centrais, principalmente dos Estados Unidos.

Na América Latina esse processo ficou muito claro na década de 1990, em que governos neoliberais eram teleguiados de Washington, seguindo o que mandava o Fundo Monetário Mundial, o Banco Mundial e o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Vide os governos de Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, de Menem, na Argentina e Fujimori no Peru.
A imprensa no continente é parte vital desse esquema de poder entre os países centrais e a subelite. Ela é controlada por interesses exógenos dos povos da América Latina. Assim tanto faz a imprensa brasileira, como a hondurenha, paraguaia, Venezuela, argentina ou outra, a pauta será sempre a mesma. Os governos do mundo que levantarem a cabeça contra o subdesenvolvimento e a exploração dos seus povos, como fez Chávez ou Rafael Correa, são tratados como ditadores, enquanto ditaduras amigas dos Estados Unidos, da Europa e do Japão, nada é dito sobre a falta de democracia.

Eles invertem países democráticos como Venezuela e Equador, que não tem nenhum preso político e os governos são eleitos são pautados por toda a imprensa das Américas como ditaduras, simplesmente porque os países centrais não estão se locupletando em cima desses povos. Enquanto outros países, principalmente árabes que são petromonarquias, recebem um tratamento como se fossem democracias.

Governos progressistas como o de Lula, Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e Evo Morales também são combatidos diuturnamente por uma imprensa que a pretexto da liberdade de imprensa, age segundo o que manda o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Apoiaram o golpe em Honduras e no Paraguai e apoiariam em qualquer outro país, desde que seja para colocar um governo teleguiado por Washington.

No Brasil ao longo da história sempre houve tentativa de se construir uma elite para iniciar o desenvolvimento social e econômico do país. Os inconfidentes foram um deles. A Revolução de 1930 constituiu essa elite, mesmo com o esperneio da subelite, que reagiu através da contrarrevolução paulista de 1932.

Essa elite foi se constituindo com o fortalecimento do trabalhismo no Brasil, em que trabalhadores, empresários, estudantes e políticos constituíram uma força formidável para o projeto de nação. O velho Partido Trabalhista Brasileiro - PTB era quem liderava politicamente esse grupo. A União Democrática Brasileira - UDN era o representante da subelite, querendo subordinar de novo os interesses do Brasil aos dos Estados Unidos e demais países hegemônicos.
De 1930 até o golpe de estado de 1964, o Brasil fez um processo formidável, criando empresas públicas e privadas em vários setores em que o país tinha necessidade. Apesar de Eugenio Gudin, o guru da subelite brasileira, defender a ideia de um país agrário; o Brasil se tornou irremediavelmente industrializado. Criamos a indústria siderúrgica, a naval, a de telecomunicações e a maior e mais odiada pela subelite, pelo que ela representa, a Petrobras.
A Petrobras representa em si um projeto de desenvolvimento nacionaç. Quem controlar a Petrobras terá o poder supremo sobre o Brasil. Se a Petrobras for inteiramente privatizada não haverá governo, mesmo que eleito pelo voto popular que consiga desenvolver o país.

O golpe de 1964 contra João Goulart foi tramado nos Estados Unidos porque o Brasil tinha um projeto de desenvolvimento nacional. O objetivo dos Estados Unidos, junto à subelite local, representada pela empresa Folha de São Paulo, Globo, Estado de São Paulo e outros empresários, com os militares sendo os artificies da carnificina que hora seria implantada aqui, que depois foi no Chile, no Uruguai e na Argentina.

O Brasil já tinha avançado muito, com uma classe operária lutadora por seus direitos, um partido político que era imbatível nas urnas e se aplicado o projeto de reforma agrária, junto com a melhoria da educação e projetos de infraestrutura, como queria João Goulart, hoje poderíamos ter um desenvolvimento compatível com o da Coreia do Sul, que com o apoio dos Estados Unidos aplicaram lá o projeto que seria feito aqui; por medo do comunismo da Coréia do Norte.
O fato é que hoje temos na pirâmide social brasileira, uma subelite, que governou o Brasil do golpe de estado até 2003. Em 2003 o projeto de nação começou de novo a ser reconstruído, com os governos Lula e Dilma.

É isso que a subelite brasileira não tolera, pois por representar os interesses dos países estrangeiros que não querem o Brasil desenvolvido, é capaz de tudo, até de inventar um golpe de estado como o de 1º de abril de 1964.
É isso que temos em 2014, um projeto de nação, formada pela elite trabalhadora e nacionalista brasileira, ou de novo, como em 1964, o aborto desse projeto de país que ora está se consolidando.

Quando Aécio Neves, fala mal da Petrobras, ele está buscando apoio de países estrangeiros, ávidos por nos surrupiar o pré-sal. Aecio e o PSDB se investem de Joaquim Silvério dos Reis, que traiu o país, na Inconfidência Mineira. Serra, segundo o conversa Afiada, já havia prometido dar o pré-sal para a Chevron. Atualmente o PSDB, o DEM e o PPS tem o papel histórico que teve a UDN, no passado. São o braço político atual da subelite brasileira.

E o que representa um projeto nacional de desenvolvimento?

As riquezas e o trabalho dos brasileiros sendo canalizados para o desenvolvimento social e econômico do país. Os povos dos Estados Unidos, da Europa e do Japão, vivem bem porque fizeram isso. Esses países tentam evitar que outros o façam, pois um mundo desenvolvido é um risco à hegemonia deles.
Então para continuarmos construindo um Brasil com igualdade para todos e melhoria de vida é preciso que sejamos essa elite capaz de neutralizar a subelite brasileira e tudo o que eles representam, que são juros altos, desemprego, desigualdade social, violência e um país sem futuro.

Então o conceito de elite dentro do desenvolvimento nacional são as forças capazes de implantar um projeto de desenvolvimento social e econômico do país, independente da sua condição intelectual ou econômica. E a subelite, apesar de ser a parcela mais rica do país, representam as forças retrógradas, que inercialmente, querem manter o país atrasado, subdesenvolvido e pobre. Os compromissos dessas forças não são com o povo brasileiro e sim com nações estrangeiras. São aqueles que vivem falando mal do Brasil e dizendo que esse país não tem jeito. A velha imprensa mercantil brasileira é a imagem e a voz dessas forças.

Um comentário sobre o golpe de 1964, a CIA, a imprensa brasileira e os militares

Comentário postado no Blog da Cidadania

ARTHUR/WALTER

AH, HOJE TEM ANIVERSÁRIO DO GOLPE MILITAR NO BRASIL DE 1964 ORGANIZADO E EXECUTADO PELA A CIA COM MUITO DÓLARES DO IBAD E NÃO FOI NADA DAQUELA BALELA: “A SOCIEDADE FOI NOS QUARTÉIS PARA PEDIR PARA DERRUBAR O JOÃO GOULART PORQUE ELE ERA COMUNISTA!” FICARAM 21 ANOS NO PODER E DESTRUÍRAM A ECONOMIA DESSE PAÍS! QUANDO ELES DERRUBARAM O JANGO DEVÍAMOS AO FMI 3 BILHÕES DE DÓLARES.

DÍVIDA QUE FOI AUMENTADA EM 43 VEZES E COM TANTO DINHEIRO NA MÃO, NÃO DIMINUIU EM NADA A POBREZA E O NÚMERO DE MISERÁEIS DO BRASIL, COMO O LULA FEZ E A DILMA ESTÁ TERMINANDO! EIS A VERDADEIRA HISTÓRIA DESSA DITADURA!

No governo Vargas o general de Exército Ministro da Guerra, hoje chamado ministro do Exército, Estilac Leal, foi contra o pedido dos EUA para mandar tropas brasileiras para a guerra da Coréia e falou com Getuliuo e ele resolveu não enviar. Daquele dia em diante chegou até às forças armadas brasileiras um plano inicial elaborado para enfraquecer o governo nacionalista de Getulio Vargas! O governo dos EUA se aborreceu e afirmou publicamente que não iria mais ajudar o governo Vargas em novos projetos e se iniciou uma guerra silenciosa e nojenta contra o governo de Getulio! Os EUA fizeram uma pressão tão grande para que Getulio demitisse o general Estilac Leal e acabou Getulio demitindo! E foi quando surgiu entre os militares das Forças Armadas, várias a organizações que começaram a operar no final da década de 50.

A conspiração era para desfechar um golpe de Estado a pretexto de combater o comunismo que chegou até o governo João Goulart. Eram militares simpatizantes da UDN e PSD (como o PSDB, DEM e PPS, hoje) partidos que sofriam a ojeriza dos eleitores brasileiros, isto é, não tinham como ganhar uma eleição presidencial e então só restava conspirar para derrubar em um golpe o presidente eleito. Toda aquela onda, pressão diária sistemática da mídia brasileira (sempre vendida) contra Getulio comandada pela pela Tv e jornal Globo e pelo Carlos Lacerda que também fazia parte do plano da CIA e que resultou no suicídio de Getulio Vargas! Tragédia nacional que este ano fará 59 anos. Diante da reação popular de revolta ante a morte de Getulio, os golpistas ficaram com medo e se encolheram. E no governo Juscelino os golpistas voltaram a agir e tentaram aqui e ali, o golpe com insurreições, mas o general Henrique Dufles Teixeira Lott, legalista e nacionalista, ministro da Guerra, estava de ouvidos apurados e olhos bem abertos contra os golpistas. Aí veio o Jânio e sua renúncia e a tentativa dos golpistas de impedir de João Goulart (Jango) assumir a presidência do Brasil. Todavia havia um político nacionalista chamado Leonel de Moura Brizola governador do Rio Grande do Sul, que fez a campanha pela legalidade através das emissoras de rádios (Rede da Legalidade do grupo Miguel Leuzi) e Jango foi empossado, mas em um governo parlamentarista, que depois, através de um plebiscito popular, voltou ao presidencialismo.

Bem, aí piorou, pois veio com toda a força a CIA com o seu plano para derrubar o Jango, que teve como coordenador, o embaixador dos EUA aqui no Brasil, Lincoln Gordon, como executor o assessor militar da embaixada, o então major Vernon Walters. Para isso a CIA recrutou pessoas e entidades, tanto através das organizações criadas para isso como o IPES (Instituto de Pesquisa Social), da ADEP (Ação Democrática Popular) quanto do IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e até diretamente, de inúmeros oficiais dos mais diversos escalões das forças armadas. E com esse bem articulado trabalho de corrupção, inédito na história do Brasil (revelou a CPI DO IBAD), a CIA aliciou militares, empresários, fazendeiros, vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais; senadores, governadores de Estado, jornalistas, profissionais liberais, donas de casa, estudantes, dirigentes sindicais, cardeal, arcebispos, bispos, padres, pastores das igrejas evangélicas, operários e camponeses. Enfim, todas as classes e categorias da sociedade civil brasileira, segundo apurou a Comissão Parlamentar de Inquérito, do IBAD, do IPES e da Cruzada Democrática.

Para conseguir financiamento, inicialmente para impedir a eleição de políticos nacionalistas, foi convocado o americano que vivia no Brasil, Ivan Hasslocher, dono da agência de propaganda S.A. Incrementadora de Vendas Promotion, que de imediato criou o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) no mês de maio de 1959 ainda no governo Juscelino Kubistchek e depois em 1961 foi fundado o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), um dos fundadores era o general Golbery Costa e Silva e ainda, não satisfeitos, fundaram a ADEP (Ação Democrática popular), em 1962 para ajudar a recolher dinheiro dos empresários americanos com negócios no Brasil. Até o início de 1963 foram arrecadados mais de dois bilhões de cruzeiros (muito mais grana do que dois bi hoje)! Até o general Golbery Couto e Silva viajou com milhões de cruzeiros ao Rio Grande do Sul para financiar candidatos antinacionalistas! O IBAD tinha uma conta secreta no Royal Bank que enviava as doações das grandes empresas estrangeiras, principalmente as norte-americanas e algumas poucas brasileiras. Ivan Hasslocher ganhou o apelido de “Goebbels caboclo” (referência ao general Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista, que era encarregado de moldar e irradiar as mensagens nazistas para o povo alemão) e é dele a ideia que a CIA hoje usa na mídia internacional quando quer invadir um país para roubar-lhe suas riquezas, repitir sempre, sempre uma mentira, cem vezes, se preciso for, a favor do governo ou contra os seus inimigos que ela se transformará em verdade para a maioria do povo.

E as doações arranjadas pelo Ivan Hasslochen, arrecadadas no início foi para financiar a campanha eleitoral dos candidatos que não fossem nacionalistas e isso tudo era falado na maior “careta de pau”, sem esconder nada, falando abertamente, que a grana era para financiar políticos, empresários, fazendeiros, banqueiros, profissionais liberais e as diversas lideranças religiosas e associativas, para eleger políticos que não fossem nacionalistas. Segundo o ex-deputado Eloy Dutra, foi cassado depois, que participou da CPI e escreveu o livro “IBAD A Sigla da Corrupção”, Ivan Hasslocher, com o dinheiro arrecadado, selecionou e apoiou cerca de 250 candidatos a deputado federal, 600 deputados estaduais, 8 candidatos a governadores e inúmeros candidatos ao senado.

Um candidato à deputado federal recebia CR$ 1 milhão e 600 mil, um deputado estadual CR$ 800 mil. O grupo IBAD/IPES/ADEP gastou 1 bilhão e 40 milhões de cruzeiros, nos 150 dias que antecederam as eleições de 1962. E posteriormente como os eleitores brasileiros continuaram a votar nos candidatos nacionalistas, isto é, contra os candidatos antinacionalistas. Apesar de tanto dinheiro, perderam a eleição e houve uma grande reviravolta na missão fim do dinheiro arrecadado e ele passou financiar uma estrutura cívico-militar para derrubar o presidente João Goulart, através de um golpe militar! E também era na maior “careta de pau” que os emissários do IBAD/ADEP/IPES, entravam nos quartéis para falar do dinheiro disponível (só com alguns oficiais superiores e generais, porque de capitão pra baixo, em sua maioria eram getulistas, janguistas e nacionalistas). Eles tinham urgência em tirar o Jango do poder! E, infelizmente, eles conseguiram no dia 1º de abril de 1964!

Quando os militares derrubaram o Jango, o general Castelo Branco (quem diria?) foi o escolhido, “à dedo” pela CIA para ser presidente do Brasil! E tão logo os militares assumiram o poder, colocaram em toda a mídia que o governo João Goulart, além de ser comunista e subversivo, havia destruído as finanças do Brasil, pois devíamos 3 bilhões de dólares ao FMI e 3 anos depois o Brasil ditatorial passou a dever 6 bilhões e 6 anos depois a dívida foi à 12 bilhões e para resumir: 21 anos depois, no fim da ditadura militar estávamos devendo 128 bilhões de dólares ao FMI e já havíamos pagos só de juros (sem os 129 bilhões), 280 bilhões de dólares! A ditadura militar aumentou a dívida do João Goulart em 43 vezes! E tem muitos coronéis e generais (a maioria deles eram 1º ou 2º tenentes em 1964, portanto não tinham as informações dos coronéis e generais sobre a organização e o andamento do golpe militar) que dizem por aí que a sociedade foi aos quartéis para pedir para derrubar o João Goulart porque ele era comunista! Que sociedade foi essa que foi nos quartéis chamar os militares para derrubar o João Goulart? Só se foi a sociedade da CIA, do IBAD, do IPES, da ADEP e da Cruzada Militar!

Ivan Hasslocher fez um grande trabalho, pois comandou 80 programas semanais de rádio, arrendou por 90 dias o jornal “A Noite” (era um dos grandes jornais do Rio de janeiro) e a “Ação Democrática”, uma revista mensal com 250 mil exemplares, em papel couchê de ótima qualidade. Era distribuída gratuitamente e “milagrosamente” sem nenhum anúncio publicitário. E Ivan Hasllocher, depois do golpe militar, com medo de represálias, fugiu do Brasil, com a mala cheia de dólares e viveu uma vida nababesca em paraísos fiscais e acabou no seu país de origem milionário (ou bi?) em dólares. O principal “organizador civil” do golpe militar de 1964, morreu em Houston, EUA em maio de 2000, no mesmo mês em que ele fundou a sua entidade golpista no Brasil em 1959. Uma grande parte dos bilhões arrecadados foi para pagar órgãos de imprensa escrita, falada e televisada para desmoralizar o governo João Goulart. Essa dinheirama toda foi para entidades e pessoas em todos os estados do Brasil e para pagar a arregimentação de pessoas, associações neutras, políticas, religiosas e de trabalhadores em todos os movimentos anti-Jango e principalmente para participar das duas marchas do Rio e São Paulo. A “Marcha da Família pela Liberdade” e a fatura foi muito bem paga, porque os organizadores conseguiram arregimentar nas duas marchas quase 3 milhões de pessoas.

Os militares demitiram, cassaram, perseguiram, prenderam, torturaram, desapareceram e mataram tanta gente, mas, como incompetentes que eram (eles sim destruíram a economia do Brasil), deixaram até os seus próprios salários defasarem e foi somente no governo do presidente Lula que melhorou esses salários, isto é, cerca de 50 anos depois. Ah, acabou que o Lula pagou toda dívida do FMI! Até os salários dos militares defasaram durante 21 anos e só vieram a melhorar bastante no governo do operário Lula, quase 45 anos depois! Se os militares golpistas de 1964, tivessem conservado o mesmo nível de salários que o governo do João Goulart lhes dava na época em que foi derrubado do poder, um general de exército (ou almirante de esquadra) estaria ganhando hoje cerca de 31 mil reais. Veja se os militares da Argentina, Chile e de outros países onde houveram ditaduras militares, se eles tiveram os seus salários tão defasados como os militares do Brasil? Foram incompetentes em administrar o país, mas competente em manter o nível de seus salários! E também se a ditadura militar tivesse sido um bom governo para o Brasil e o seu povo, com as centenas de bilhões de dólares que apanharam no FMI, eles teriam acabado com a pobreza e os mais pobres no Brasil seriam classe média média. A ditadura militar teria construído mais de 1.500 Escolas Técnicas e mais de 1.000 universidades públicas.

O ProUni estaria atendendo cerca de 3 milhões de estudantes e o Brasil (em 1970) seria a quarta potência do mundo e os seus presidentes-ditadores teriam recebido vários prêmios internacionais por fazer o bem para o Brasil e para o povo brasileiro mais pobre e miserável (como Lula recebeu pelo que fez)!

Quanto a falação dos amantes da ditadura militar, que criticam os casos de corrupção no governo Dilma, que bom que eles possam falar porque, estamos todos em um regime democrático. No governo deles quem se atreveria a denunciar corrupção seria morto em praça pública! Imaginem alguém denunciar na ditadura militar o escandaloso super-faturamento da construção da Ponte Rio-Niterói, do ministro-coronel Mario Andreazza e principalmente, o maior escândalo no Brasil até hoje de super-faturamento, que foi o da construção da represa de Itaipu que consumiu cerca de 39 bilhões de dólares, o que dava para construir duas represas!

E naquele tempo o dólar era muito mais valorizado do que hoje! Mas como era uma ditadura sanguinária, ninguém podia denunciar nada porque na mídia os senhores ditadores vendiam uma imagem de “santos” e “super-honestos.” Se prendia, se torturava e se matava por muito menos do que isso! Acessem na internet o documentário do jornalista Flavio Tavares “O dia que virou 21 anos” com vídeos feitos pelo governo americano, onde tem até exigência do Lindon Johnson de que todos os partidários do João Goulart deveriam ser presos e surrados, logo após a sua derrubada! O sinal aberto para as perseguições, para cassações, prisões ilegais, para as torturas e mortes na ditadura militar no Brasil! Esse horror de perseguição, prisão e mortes do passado é que o PIG, militares filhos e netos da ditadura e os empresários traidores da pátria querem de volta para enriquecerem mais com a entrega da riqueza do Pré-Sal aos EUA e à União Européia. Já temos a relação das pessoas que de imediato serão, perseguidas, presas, torturadas e mortas. Veja a lista de Schindler do Augusto Nunes, jornalista da revista“Veja…”

O império contra-ataca

Por Eduardo Guimarães

http://www.blogdacidadania.com.br/2013/03/o-imperio-contra-ataca-2/#comment-488394

A esta altura, você já deve estar sabendo – e, se não sabia, agora saberá – que Luiz Carlos Azenha, jornalista-repórter da TV Record e editor do site Viomundo, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a indenizar o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, em 30 mil reais. Segundo a sentença, por Azenha ter movido “campanha insultuosa” contra ele.

Kamel vem obtendo sucessivas – e esquisitíssimas – vitórias na Justiça do Rio, assim como a emissora que o emprega, ao lado de outros grandes veículos de comunicação, conseguiu condenar, no STF, inimigos dessa corrente política que congrega partidos de oposição e impérios de comunicação.

O império da direita midiática no Brasil já conseguiu muito mais. Conseguiu manter o país sob uma ditadura militar durante duas décadas. O império da direita brasileira já conseguiu derrubar um governo legitimamente eleito e, depois, sustentou um regime que, por falta de votos, impediu este povo de escolher seus dirigentes.

A direita midiática, porém, perdeu poder. Hoje, exercita-o investindo contra trabalhadores da indústria da comunicação, mas não consegue mais dar golpes e eleger os governos que quer.

Azenha, ao lado de tantos outros, ajudou a derrotar a Globo em 2006, em 2010 e em 2012 – neste último ano, foi possível impedir o campeão da direita, candidato duas vezes a presidente, de se eleger como prefeito de São Paulo.

A Globo e seus tentáculos, bem como o exército de militantes – quase todos anônimos – que mantêm na internet, dirão que é muita pretensão achar que a blogosfera derrotou o império destro-midiático. Entretanto, as investidas desse império contra blogueiros referenda a tese que tentarão desqualificar.

O diretor da Globo não investiria contra Azenha, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna, Cloaca News e tantos outros blogueiros, ou um colunista da Veja não investiria contra este que escreve, entre tantos outros, se nós não os incomodássemos. Incomodamos, e muito.

O ex-ministro da Secom Franklin Martins explicou, no último encontro de blogueiros progressistas, em Salvador, que o que nossos blogs fazem é visto como um perigo e um incômodo imensos por esses impérios de comunicação.

Para entender como simples blogs podem incomodar tanto esse império midiático que mantém 90% da comunicação de massas na mão de meia dúzia de famílias bilionárias, uma analogia: você sabe, leitor, por que as ditaduras censuram até uma distribuição de panfletos na rua? Sabe por que censuram uma música ou uma peça de teatro?

A comunicação, seja de que forma for feita, é “viral”. A informação esgueira-se por qualquer fresta que deixarem aberta e se espalha em progressão geométrica, mesmo que de forma lenta.

Uma Globo tem o poder da instantaneidade na comunicação. O que sai no Jornal Nacional às 20:31 hs., em questão de minutos já é sabido e consabido em todo território nacional e até no exterior. Contudo, a informação em um simples blog vai circulando devagar, muito devagar, mas sempre, sem parar.

As pessoas recebem artigo que escrevo em seus e-mails, em seus perfis nas redes sociais ou recebem indicação daquele texto ou até daquele blog através de amigos. E os argumentos que eu uso, por exemplo, vão sendo contrapostos à informação instantânea que a Globo, também por exemplo, difundiu.

Quando não existia a internet, esse processo era milhões de vezes mais lento e, ainda assim, assustava os déspotas que precisam falar sozinhos para mentir com “sucesso”.

Em campanhas eleitorais, aliás, a internet é muito mais importante. Por que a audiência em blogs políticos sobe tanto em períodos eleitorais? Porque pessoas pouco ligadas em política vão buscar informações adicionais na internet, já que muita gente já se deu conta de que o noticiário tradicional não conta a história toda.

Entendo as razões que o Azenha alega para encerrar seu site. É um repórter de sucesso, tem uma carreira pela frente e uma família a sustentar. Seu sufocamento financeiro pelas seguidas ações que Ali Kamel move contra si – e nas quais a Globo tem muito interesse – pode fazê-lo perder boa parte de seus bens, amealhados com trabalho honesto.

Além disso, assim como todos os outros blogueiros, Azenha não recebe dinheiro público que o governo Dilma Rousseff despeja aos borbotões nos cofres de uma Globo, que, apesar de ter só 45% da audiência, recebe 60% de todas as verbas publicitárias do governo federal.

É revoltante? Claro. Azenha tem todas as razões plausíveis para desistir de enfrentar esse poder discricionário e antidemocrático? Tem. Mas deve? Aí é outra questão.

Ao contrário do que parece, o império destro-midiático está perdendo o embate. O esforço que vem fazendo desde meados do ano passado, quando iniciou a sua última investida contra o governo Dilma e contra o PT, custou-lhe centenas de milhões de dólares.

Que resultado a Globo obteve com edições inteiras do Jornal Nacional focadas em destruir a imagem do PT? Zero. O PT, em pesquisa recente, aparece com 29% de preferência dos brasileiros – um patamar histórico – e se tornou, em 2012, o partido mais votado do país. E, de quebra, ainda tomou São Paulo do PSDB.

Ainda cabe recurso a Azenha na ação que Ali Kamel venceu contra si em primeira instância. O caso pode chegar ao Supremo Tribunal Federal, que está mudando de perfil. Além disso, mesmo se vier a perder, não tenho a menor dúvida de que boa parte do público da blogosfera se cotizaria e pagaria a indenização por ele.

Não é fácil ser blogueiro. O próprio Azenha relatou, recentemente, os riscos de violência física que este blogueiro corre, já que não conseguirão tirar nada de mim porque não tenho o que tirarem, em termos financeiros.

Há o caso Falha de SP, site do jornalista Lino Bocchini, quem está ameaçado de ter que pagar uma indenização pesada à Folha de São Paulo. Blogueiros que incomodam a direita midiática são assassinados ou espancados por todo o país. É uma “profissão” perigo que requer muita resiliência e coragem.

Todavia, os blogueiros têm um papel histórico. Se não nos deixarmos intimidar, poderemos consolidar a democracia no Brasil minando um poder discricionário e antidemocrático que meia dúzia de famílias bilionárias ainda detêm, mas que diminuiu muito e continuará diminuindo.

Diante de tudo isso, exorto o jornalista – e amigo do peito – Luiz Carlos Azenha a não desistir. Não temos a opção de desistir. Sem dinheiro, sem patrocínio, sofrendo processos e até violência física, estamos ajudando (muito) a mudar o Brasil. A recompensa que receberemos será o agradecimento das gerações futuras, que viverão em um país melhor.

Hipocrisia e mudança histórica


Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Confesso que chego a me comover diante do esforço de tantos comentaristas para condenar a tardia mas bem-vinda emancipação do trabalho doméstico a partir de argumentos invertidos e falaciosos.

O argumento principal é dizer que formalização das relações de trabalho dentro de casa irá gerar demissões em massa.

Parece, então, que se quer impedir o acesso dos trabalhadores domésticos ao mundo do direito porque isso irá prejudicá-los. Quanto altruísmo, não é mesmo?

Vamos combinar que os escravocratas do século XIX, capazes de manter o cativeiro negro até 1888, eram mais diretos em seu ponto de vista.

Diziam, com todas as letras, que a escravidão iria arruinar seus negócios e levar a agricultura a falência. Admitiam seu próprio egoísmo, o que é pelo menos uma forma mais produtiva de travar uma discussão.

Tivemos escravocratas sofisticados, é verdade. O mais conhecido deles, o escritor José de Alencar, chegava a defender a escravidão com o argumento de que ela civiliza povos atrasados e deseducados. Citava o Império Romano como exemplo. A se acreditar em Alencar, seria preciso crer que o cativeiro foi mantido não pelos confortos pessoais e benefícios materiais que assegurava aos senhores – mas pela educação que permitia aos cativos.

Autor romântico, Alencar fez carreira profissional como político do Império.

Em 2013, o debate tem outra natureza. A evolução da economia e das mentalidades após 125 anos de abolição trouxe benefícios evidentes ao país. No plano material, permitiu a industrialização e outras mudanças típicas da civilização moderna.

Mas, acima de tudo, produziu uma revolução cultural ao dizer que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres, qualquer que seja a cor da pele, a origem, o gênero.

Não há dúvida que no pós-1888 varias fazendas foram à falência – seus proprietários eram incapazes de competir numa economia só um pouquinho menos arcaica. Possuíam uma tecnologia tão atrasada e uma visão empresarial tão retrógrada que só podiam garantir suas receitas pela exploração dos trabalhadores como cidadãos de segunda classe – e queriam submeter o conjunto da sociedade brasileira a seu universo retrógrado e sem futuro.

Mas outros brasileiros brancos, menos endinheirados, também tiravam proveito da escravidão. Eram aquelas famílias que mantinham um pequeno plantel doméstico de cativos, os escravos de ganho. Eles eram escalados para fazer pequenos serviços nos centros urbanos – desde vendedores a marceneiros --, retornando para casa com a féria do dia. Em troca, tinham casa, comida e, conforme o patrão, um trocado.

Outra parcela se valia da mão de obra escrava para livrar-se do desconforto do serviço doméstico, uma realidade penosa, desagradável e repetitiva – como sabe qualquer pessoa do século XXI que é obrigada a arrumar, limpar e manter uma residência em ordem.

Se isso já é difícil nos dias de hoje, podemos imaginar como se passava antes da invenção da geladeira, do fogão a gás, do aspirador de pó e outros equipamentos que só puderam ser inventados e viabilizados depois que o trabalhador doméstico, nos países desenvolvidos, já não podia ser explorado como antes.

Foi uma sobrevivência atualizada e perversa desse tipo de trabalho não-remunerado que se eliminou com a aprovação da Emenda Constitucional que garantiu direitos iguais ao serviço doméstico.

Falando sobre aquilo que ninguém fala mas todo mundo enxerga, cabe reconhecer que, durante anos, toda família brasileira, de classe média para cima, sempre foi capaz de se beneficiar muito confortavelmente dessa situação.

Por mais de oitenta anos, a contar da criação das primeiras leis sociais mais importantes, o país passou a assegurar uma vida de conforto para a parcela que vivia na parte de cima da pirâmide social-trabalhista. Para os debaixo, não sobrava nada. Ou melhor: sobrou o sacrifício, a brutalidade, a falta de direitos.

Imagine ao longo dessa História quantos milhões (ou seriam bilhões?) de cafés da manhã foram assegurados – sem que o dono da casa precisasse fazer o menor esforço depois de sair da cama.

Quantas crianças foram socorridas por moças e senhoras prestativas, muitas vezes acordadas no meio da noite, por causa de um resfriado, uma tosse mais alta, ou sabemos lá o que.

Muitas famílias tinham direito a se refestelar em refeições, em qualquer dia da semana, que tinham o caráter de verdadeiros banquetes, graças ao talento e à eficiência de cozinheiras que mal recebiam para pagar a própria comida.

A base dessa situação era uma discriminação odiosa, que só era possível pela exclusão de milhões de brasileiros e brasileiras deixados sem escola, sem assistência, e sem moradia – tudo conspirando, nas políticas públicas e nas decisões privadas, para o conforto de grandes e pequenos patrões.

A mudança da semana passada ajuda a criar brasileiros mais iguais. É uma evolução da cidadania e da civilização.

O país inteiro só tem a ganhar com ela.

O Banco dos BRICS e a nova ordem

Autor: Luis Nassif
Coluna Econômica

O chamado Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é a primeira iniciativa multilateral e interregional de ir além do acordo de Breton Woods – o grande acordo de 1944 que juntou as nações em torno de instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e um conjunto de organizações de apoio ao desenvolvimento.

Cada país deverá contribuir com US$ 10 bilhões para o banco.

Juntos, respondem por 43% da população mundial e dispõem de US$ 4,4 trilhões em reservas de moedas estrangeiras.

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Desde que se criou a designação BRICS, a atuação dos cinco países se resumia a uma reunião anual sem muitos desdobramentos.

Começou a ganhar forma quando, há um ano e meio, a Índia propôs a criação do banco, respondendo a uma demanda dos países emergentes em relação à falta de atuação efetiva dos bancos multilaterais depois de 2008.

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Criar um banco dessa dimensão não é tarefa trivial. Tem que se definir as contribuições ao capital do banco e, principalmente, a estrutura de governança.

Os cinco países têm pontos de interesse comuns, mas também disputas, especialmente em relação ao expansionismo chinês. E o grande instrumento de atuação da China é justamente o Banco da China. Daí a necessidade de identificar no novo banco áreas de atuação que não invadam o espaço do Banco da China.

Na semana passada, o presidente sul-africano Jacob Zuma qualificou a criação do banco como “o alvorecer de uma nova era em um mundo que necessita urgentemente de uma origem mundial mais justa”.

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Um dos pilares do banco será o de incrementar o comércio entre os cinco países, inclusive trabalhando a criação de moedas especiais. Em 2002, os cinco países movimentavam US$ 27 bilhões entre si. No ano passado, o movimento bateu em US$ 282 bilhões. Poderá chegar a US$ 500 bilhões em 2015.

Nesses cinco países, o investimento estrangeiro direto foi de US$ 263 bilhões no ano passado, 20% dos fluxos globais de investimento direto.

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Como primeiro passo, os Ministros das Fazendas e presidentes de Bancos Centrais dos cinco países concordaram com a criação de um fundo de US$ 100 bilhões, para combater crises cambiais.

Entre os primeiros projetos do novo banco, está o corredor rodoviário e ferroviário ligando Durban, na África do Sul, à Tanzânia.

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Em que pese a nova proposta, os BRICS permanecem na frente de batalha nas atuais frentes multilaterais. Brasil, Índia e África do Sul ambicionam assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Há diferenças entre eles. O Brasil, Índia e África do Sul têm regime democrático; China e Rússia, sistemas autocráticos. Além disso, há baixa tradição de investimentos entre os cinco. Apenas 2,5% do que investem se direciona para outros países do grupo, contra 40% que se destinam às economias desenvolvidas, particularmente União Europeia, Estados Unidos e Japão.

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E há também disputas. A África tem se constituído em um território centro de disputa entre os próprios BRICS. A presença mais marcante é da China e também da África do Sul. Mas o Brasil tem ampliado sua participação, valendo-se da enorme afinidade com alguns países africanos, como Nigéria e Angola.

Crescimento dos BRICS e dos desenvolvidos
Entre os analistas internacionais, há certa descrença em relação ao poder atual dos BRICS. As economias da África do Sul e Brasil tem patinado. A Índia já não consegue crescer a taxas de dois dígitos. E, depois do crescimento vertiginoso das últimas décadas, caiu o ritmo de crescimento da China. Mas tudo isso ocorre em um momento em que a economia dos países desenvolvidos não mostra sinais de vida.

O papel deletério da China - 1
Por outro lado, o modelo de expansão chinesa tem provocado muitas resistências.. A exemplo de outras potências, como Holanda, Espanha, Inglaterra e, mais tarde, os Estados Unidos, a China tem tido um papel pouco estimulador para seus parceiros comerciais. Vão longe os tempos do colonialismo britânico, mas permanece a ótica de trocar matérias primas por manufaturas. Terá que aprender a colaborar.

O papel deletério da China – 2
Não há diferença entre a Inglaterra do Tratado de Methuen e a China de hoje. No Tratado, a Inglaterra abriu espaço para a importação de vinhos portugueses, em troca da decisão de Portugal de não aumentar a taxação sobre os produtos ingleses. Em pouco tempo, afogou a manufatura portuguesa com seus produtos, melhores e mais baratos. O desequilíbrio comercial transferiu para a Inglaterra todas as reservas de ouro de Portugal.

A nova Inglaterra
Toda a estratégia inglesa consistia em comprar matérias primas e vender manufaturas. A China repete. E mesmo parceiros comerciais mais adiantados, como o Brasil, não tem conseguido escapar da armadilha chinesa, composta de mão de obra barata, câmbio competitivo e custo ínfimo de capital. Por aqui, o discurso hegemônico da velha mídia continua sendo a de aumentar os juros e evitar qualquer política desenvolvimentista.

Rumos do Brasil e China
Essa é a diferença fundamental. Na China, há o envolvimento de todas as forças – PC, governo, empresas, províncias, funcionalismo público, trabalhadores – em torno de um projeto de desenvolvimento. No Brasil, a maior parte do discurso da mídia é em defesa da elevação de juros, da abertura total do mercado, contra toda forma de inclusão social ou de medidas em favor das atividades produtivas.

O novo Portugal
No século 19, o Barão de Mauá anotava o caráter rentista da economia brasileira, mais interessada em juros do que em produzir. Quase dois séculos depois, há o paradoxo dos comentaristas que mais mencionam o empreendedorismo do Barão, mais criticam a herança colonial portuguesa, serem os mais acendrados representantes dessa praga colonial, o rentismo. São tão anacrônicos quanto a Sé de Braga e posam de modernos.

A manipulação da fala presidencial para justificar os juros

A manipulação da fala presidencial para justificar o aumento dos juros

J. Carlos de Assis*

Há uma maneira simples e direta de manipular o noticiário de imprensa para ludibriar a opinião pública em relação a algum assunto de interesse: esconda-se atrás de uma “fonte” anônima ou, mais especificamente, do “mercado”. Foi o que o sistema Globo fez com notável cinismo na cobertura de uma entrevista da Presidenta Dilma na África do Sul: ela afirmou que era contra sacrificar o crescimento econômico e do emprego em favor de um suposto combate à inflação, enquanto a Globo pôs no ar que ela não considerava o controle da inflação uma prioridade.

A Globo, manipuladora como é, não assumiu de forma explícita a crítica à Presidenta. Disse, sim, que os “mercados”, ansiosos por aumentar os juros a pretexto de combater a inflação, reagiram mal à declaração dela. Normalmente, a emissora teria saído à cata de um economista com interesse próprio em jogo (há tantos) para vocalizar a crítica, escondendo-se atrás dele. Por um dos incidentes normais no jornalismo de tevê – pode ter faltado tempo para repercutir a fala da Presidenta junto a um esbirro do mercado-, recorreu a algum fantasma neoliberal de casa para fazer no escuro o trabalho sujo.

Essa prática de jornalismo de interesses é o que há de mais sórdido na imprensa brasileira. Nesse caso específico, estamos diante de uma conspiração midiática para aumentar a taxa de juros sob o pretexto de combater uma inflação longe de estar fora de controle. Isso é mais comum do que o leitor ou telespectador imagina. Nem é exclusividade nossa: nos Estados Unidos, um colunista do principal jornal financeiro, The Wall Street Journal, foi demitido depois que se provou que anunciava na sua coluna num dia a ação que se valorizaria no dia seguinte!
É muito difícil provar “manipulação”. Mas todos que a sentem sabe do que se trata. A Presidenta Dilma reagiu com rapidez e eficácia. Tinha, a seu favor, um bom número de jornalistas fazendo a cobertura da viagem, o que impedia um segundo nível de manipulação, desta vez truncando as palavras literais dela. É claro que, desmascarado, o sistema Globo não se deu por vencido. Na última sexta-feira o jornal do grupo fez um longo editorial com um titulo fundamentalmente cínico: “Presidente acerta ao esclarecer que combaterá inflação”.

Vamos traduzir o significado do editorial, por partes. Primeiro, segundo o editorialista, a Presidenta “acerta”. Quer dizer, de forma subliminar, antes ela tinha errado. Agora O Globo, com sua autoridade infalível, declara que ela está certa. Segundo, a Presidenta esclarece que combaterá a inflação, e é por isso que ela acerta. Contudo, desde a primeira declaração manipulada, a Presidenta expressou um compromisso com a estabilidade de preços, com a ressalva, porém, de não subordinar isso ao crescimento da economia e do emprego. O jornal omite isso.

Se o editorial do Globo fosse submetido ao mesmo tipo de manipulação a que foram submetidas as declarações presidenciais, poderíamos dizer que estamos diante de um grupo midiático que se comporta como partido político e, pior ainda, como fundo de aplicações financeiras. E isso não está limitado à direção empresarial. Os apresentadoras e comentaristas da Globlo são tão entusiastas do noticiário neoliberal que vomitam sobre a opinião pública, indiferentes ao estrago que provocam (qual seria o custo para a sociedade de uma retomada da elevação da taxa de juros agora?), que é difícil imaginar, pela expressão de seu rosto, pelo tom da voz, pelos esgares que fazem, que são inocentes úteis a serviço dos patrões. São, de fato, inocentes remunerados não só mediante salários, mas comprados por consultorias e palestras!

Contudo, essa situação não tem solução simples. Pode-se impedir monopólios de emissoras de televisão por se tratar de concessões públicas, mas não há como impedir o estabelecimento de redes, mesmo quando não passam de um recurso fictício para encobrir monopólios. Por outro lado, o princípio da liberdade de imprensa e de opinião é um instrumento fundamental para o desenvolvimento da democracia de cidadania ampliada. Além disso, não sei como na prática funcionaria o tal controle social da mídia, como muitos reclamam.

Entretanto, quando governos se sentem manipulados pela mídia, eles têm o recurso do controle das verbas publicitárias. Podem também, mediante o mesmo recurso, estimular a concorrência e apoiar mídias alternativas. Há sempre o risco ideológico – governos não são eternos, e podem mudar de mãos levando nelas os controles. Há o caminho da difusão ampla e da democratização da informação pela internet. Mas melhor é o verdadeiro controle social, ou seja, o da audiência: o noticiário da Globo está manipulando declarações de uma presidenta progressista? Que o povo boicote o noticiário da Globo e os anunciantes que lhe dão suporte financeiro. Não há melhor pedagogia que o corte do dinheiro!

Ah, deixem de fora do boicote as novelas. Elas são de boa qualidade, agradam o público, são um bom produto de exportação do Brasil e em geral são ideologicamente inofensivas.

*Economista e professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros de Economia Política, de “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.

Sem noção de juros, por Francisco Antonio Doria

Sem noção.

A palavra em inglês é clueless. A gente traduz, sem noção. Título de um filme estrelado por Alicia Silverstone, sobre adolescentes peruinhas californianas. Clueless, sem noção. Mas o melhor exemplo de cluelessness, falta total de semancol, é a frase (talvez apócrifa) atribuída a Maria Antonieta: s'ils n'ont pas de pain, qu'ils mangent des brioches, se não têm pão, comam bolinhos. Assim teria respondido ao ver o povo ululante nos portões de Versailles, pedindo comida. Terminou, a pobre, com a cabeça no fundo do cesto da guilhotina - provavelmente sem compreender, sem nunca entender o que estava acontecendo na França revolucionária. Pobre rainha sem noção.

Ou, um exemplo recente: economistas conservadores pregam um aumento na taxa de juros. Para, entre outras coisas, causar desemprego - e assim, supostamente controlar a inflação. Coisa tipo receitar um câncer como meio eficaz de emagrecimento. Sem noção total.

Sem noção mesmo. Em 1936, quando Keynes intitula seu grande livro, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, deixa bem claro qual deve ser o objetivo dos economistas: garantir emprego e trabalho, garantir a paz social, a estabilidade social permitindo que todos tenham uma ocupação que lhes garanta o emprego. Juros, moeda, subordinam-se à busca do emprego para todos. Emprego é ganha pão. É, em essência, o que pediam ao rei e à rainha, infeliz casal sem noção, os revolucionários junto às grades de Versailles em 1789. Economia não é teoria da estabilidade monetária; é engenharia que visa o pleno emprego.

A inflação brasileira de agora é setorial, alimentos e algumas commodities. E não é um fenômeno só brasileiro; vem de fora. Juros altos não vão controlá-la, se a alta de preços vem de fora; juros calculados a partir de uma duvidosa conta de metas de inflação. (Falo mais sobre isso abaixo.) Aliás, a grande inflação brasileira do período 1980-1993 parece tambem ter sido importada. Afetava não só o Brasil, afetava muitos dos países do Terceiro Mundo. E cessou em todos os lugares mais ou menos ao mesmo tempo, ao começar a década de 90 do século passado. Nenhum plano econômico estabilizou a moeda brasileira; todos foram iguais, uma reforma monetária e algumas medidas para segurar a demanda e para baratear custos. Por que um teria funcionado, o Plano Real, enquanto todos os outros fracassaram?

Assim como hoje estamos importando a alta de preços mundial, naqueles anos infelizes importamos, e tambem muitos outros países subdesenvolvidos, a inflação que não acontecia no Primeiro Mundo. Nos exportaram a hiperinflação. Exportação maldita que só terminou quando o Primeiro Mundo deu sinais de que estava entrando em recessão.

Tese herética? Sim. Mas apresentei-a num comentário durante a conferência dos economistas da escola austríaca, a Wirth Conference, em setembro de 2012. E ninguem se assustou… Pois vamos completar o argumento com uma heresia final: por que cessou esse fenômeno global? Porque começou o poço da onda longa de Kondratiev, a onda cujo período alcança 70-80 anos. Na verdade, episódios hiperinflacionários parecem coincidir com o começo da depressão na onda longa de Kondratiev: desde o século XVII, com a inflação das tulipas, na Holanda; passando pelos começos do século XVIII, com a inflação de John Law, na França, e a bolha especulativa da Companhia dos Mares do Sul, na Inglaterra; passando pela crise dos assignats, na França ao fim da Revolução; e chegando à inflação alemã dos anos 1920. As crises inflacionárias se resolvem quando a recessão começa. Faz sentido.

E as metas de inflação? Sugiro que se veja o que escrevemos, José Carlos de Assis e eu, em nosso livro, Universo Neoliberal em Desencanto (Civilização Brasileira, 2011).

Francisco Antonio Doria
COPPE/UFRJ, Programa de Engenharia de Produção

1964 - 40 ANOS DO GOLPE - 1964


Da Folha de São Paulo

Coronel da aeronáutica que sobrevoou tropa do general golpista foi cassado pelo AI-1

Aviador teve oportunidade de atrasar ou abortar golpe
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O aviador Rui Moreira Lima, 84, veterano de combate da Segunda Guerra Mundial, poderia ter atrasado ou mesmo abortado o golpe em 31 de março de 1964 se em vez de um pacato avião civil estivesse usando um dos caças-bombardeiros aos quais estava habituado.

Moreira Lima sobrevoou no dia 31 as tropas que o general Olympio Mourão Filho trazia de Minas Gerais para o Rio, o estopim do movimento militar. A coluna quase debandou quando Moreira Lima a sobrevoou, e talvez tivesse abandonado o general se fosse alvo de balas e bombas.

Mas ele não recebeu ordem para fazê-lo e portanto não o fez. Pois se algo define esse piloto que cumpriu 94 missões de combate na Itália em 1944-45 é o seu apego pela legalidade.

Em outro 31 de março, o de 1939, seu pai, o juiz Bento Moreira Lima, enviou uma carta ao então cadete da academia militar de Realengo, enfatizando o papel de um soldado honrado. "O povo desarmado merece o respeito das Forças Armadas", disse; "o soldado não conspira contra as instituições pelas quais jurou fidelidade".
Fiel a esses princípios, Moreira Lima, maranhense de Colinas, foi cassado e proibido de voar. Autor de um livro clássico da literatura militar brasileira, "Senta a Pua", sobre o 1º Grupo de Caça na campanha da Itália, com a redemocratização Moreira Lima tornou-se major-brigadeiro da reserva, e hoje é uma figura reverenciada pelos aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB).

Ele concedeu entrevista à Folha na sexta-feira passada, um dia ao mesmo tempo triste e feliz. Triste, pois um colega veterano tinha morrido, Fortunato Câmara de Oliveira, o piloto que criou o distintivo de um avestruz belicoso ainda usado pelo Grupo de Caça. E feliz, pois no mesmo dia ganhou mais um bisneto. A seguir, trechos da entrevista.


Folha - O que o senhor fazia e que posto tinha na FAB em março 1964?

Rui Moreira Lima - Era coronel-aviador e comandante da Base Aérea de Santa Cruz, que tinha três unidades sediadas: 1º Grupo de Aviação de Caça, 1º Grupo de Aviação Embarcada e o 1º Esquadrão de Controle e Alarme, que era baseado em um velho radar que nós trouxemos da Itália. Estava fazendo um curso na Alemanha em 1963 quando recebi o convite para comandar a base. Os colegas me disseram: não vem, porque lá todo mundo é contra o Jango Goulart. A mídia toda massacrava o Jango. Os oficiais todos estavam imbuídos daquele espírito de que o comunismo ia tomar conta do Brasil. Eu já tinha curso de estado-maior, curso superior de comando, estava na hora de pegar um grande comando. Se eu não conseguisse comandar Santa Cruz, pedia passagem pra reserva e ia pra casa.

Folha - E teve dificuldade comandando a base? E em 31 de março?

Moreira Lima - Tive, mas não de indisciplina. Foi a única base que passou o comando em forma, ao regulamento da Aeronáutica, não escorraçado, de madrugada, como vários outros. Fui o único oficial das três Forças Armadas que foi preso por telefone, não aceitei que viesse uma patrulha na minha casa me prender. Disse isso ao brigadeiro Melo, que assinou minha cassação.

Folha - Sua cassação aconteceu quando?

Moreira Lima - Foi no Ato Institucional número 1, de 9 de abril.

Folha - E qual o motivo?

Moreira Lima - Eu era suspeito de ser subversivo. Fui preso a primeira vez, fui preso uma segunda vez -quando passei 106 dias preso, e saí com habeas corpus. A primeira vez passei três dias no porão do navio Barroso Pereira. O presidente Castello Branco soube e me mandou transferir para onde estavam outros colegas, no Princesa Leopoldina. Saí depois de 50 dias, respondi ao primeiro inquérito. O segundo inquérito foi logo depois, uns 15 dias depois, aí passei 106 dias preso. Ainda não tinha o AI 5 e o Superior Tribunal Militar concedeu o habeas corpus por unanimidade. Aí fui para o terceiro inquérito. Mudaram a tática, me perguntaram se eu era comunista. Aí eu respondi que na FAB, quando querem destruir a carreira de alguém, dizem que é corno, ladrão, viado ou comunista. Foi a única vez que me chamaram de comunista.

Folha - Por que essa perseguição?

Moreira Lima - Era de alguns colegas que não gostavam de mim. Tinha um, um brigadeiro, cujo nome prefiro não dizer, que tinha uma marcação severa. Ele foi acusado de várias coisas, que eu não posso confirmar porque não vi, que ele jogou gente no mar, que ele torturou.

Folha - Era uma rixa pessoal?

Moreira Lima - Politicamente, eu nunca tinha sido preso, só por indisciplina, por brigar, trocar soco com colega. No episódio Jânio foi a primeira vez que eles prenderam pessoas que não tinham nada a ver com política, eram apenas defensores das instituições. Essa cassação veio se acumulando de vários episódios, da deposição do presidente Vargas, da posse do Juscelino...

Folha - Foi por que o senhor sempre se posicionou pela legalidade?

Moreira Lima - Sempre pela legalidade. Nunca transigi com a carta de meu pai que dizia para mim, és cadete, mais tarde general; tens que estudar muito, deves obediência aos teus superiores e lealdade aos teus companheiros. Lembre que um povo desarmado merece respeito das Forças Armadas. O soldado não pode ser covarde, nem fanfarrão; a honra para ele é um imperativo. O soldado não conspira contra as instituições para as quais jurou fidelidade. A carta é de 31 de março de 1939. Entrei na Força [Aérea], e saí, em 31 de março. Essa carta hoje é lida para os cadetes que entram na escola preparatória.

Folha - E como foi o seu famoso vôo em 31 de março de 1964?

Moreira Lima - A gente não sabia nem onde estava o presidente. Um amigo do Conselho de Segurança falou, por que não decola e não dá um susto nessa coluna, a coluna do general Mourão. Eu falei que não, pois tinha uma cadeia de comando. Meu comandante, ou então o ministro, que daria as ordens. Mas aí, chovia muito, e eu resolvi localizar a coluna. Fui num jatinho Paris da FAB, um avião de turismo -que nós compramos erradamente, tinha pouca autonomia. Não tinha arma, não tinha coisa nenhuma Tinha pilotagem lado a lado. Chamei o comandante do Grupo de Caça para ir comigo, que foi meu aluno, que foi comigo voar jato na Inglaterra, o tenente-coronel Berthier. Era meu amigo à beça, mas era do contra, era pró-revolução. Fui de propósito com ele, pois queria mostrar minha isenção, para ele também tomar conhecimento da coluna do Mourão. Chovia muito, não tinha ninguém no ar. Fui descendo suavemente em espiral. Encontrei a coluna. Foi só gente caindo, correndo, caminhão saindo da rota. Foi só uma passagem, não tinha local pra manobrar, botei o nariz do avião pra cima e fui outra vez pra 17 mil pés, 5.600 metros. Chamei o radar, pedi para me levar de novo pra lá. O Berthier falou: coronel, da primeira vez nós não morremos, mas nessa nós vamos morrer. Era o perigo da montanha, não tinha como se safar. Eu falei, Berthier, na vida só se morre uma vez. Achei um claro, tornei a passar sobre a coluna e voltei a subir, não tinha lugar pra manobras, se entrava na nuvem batia no morro.

Folha - A tropa se assustou de novo?

Moreira Lima - Foi pior ainda. Quando eu subi, o sargento me falou que o brigadeiro Teixeira, comandante da zona, me ordenou pousar no Santos-Dumont. Pousei primeiro em Santa Cruz para deixar o Berthier e fui. Foi outro parto, o tempo estava todo fechado. Cheguei no QG e encontrei o brigadeiro e uma dezena de oficiais do comando, que me falou que a Vila Militar entregou a rapadura. O Rio de Janeiro está entregue ao general Mourão, que está chegando aí. Fomos à casa do ministro da Aeronáutica, brigadeiro Botelho, que disse, emocionado, que não daria ordens, daria sugestões, pois não tinha recebido ordens do presidente, que parecia não querer derramamento de sangue, estava evitando o confronto. A sugestão era que cada um ficasse no seu local, aguardar a nova ordem e passar o comando. Saímos e fomos jantar na base.

Folha - Não havia a sugestão de jogar uma bomba para espantar a coluna?

Moreira Lima - Eu disse pro meu amigo no conselho que parar uma coluna era a coisa mais fácil, eu fiz isso lá na Itália. Você atira na testa da coluna e atira na cauda da coluna, não precisa nem matar ninguém. Quando você passa em cima todo mundo foge. Atira, incendeia um, incendeia outro. Mas pra realizar esse tipo de missão era difícil, a coluna estava no começo da subida da serra, não tinha visibilidade. Eu disse, se tiver ordem, eu cumpro a missão, eu sei fazer essa missão, só fiz isso na guerra. Mas não tinha vontade nenhuma de fazer isso. Eu não me negaria a cumprir a missão, mas juro que não ia matar ninguém.

Folha - E depois do jantar?

Moreira Lima - Voltei à base em um C-47, reuni o pessoal. Disse que tinha acabado de vir da casa do ministro, que falou que não se sabia onde estava o presidente. Me sugeriu passar o comando da base. Falei que não queria ninguém armado ostensivamente, considerava que estariam me testando. Fui dormir. Às duas da manhã chegou o coronel Pires para me substituir. Mas eu não ia passar o comando escorraçado. A passagem do comando foi absolutamente dentro do regulamento de continência. Minha ordem do dia foi parte da carta do meu pai. Enfatizei que eles, do 1º Grupo de Caça, estavam sentados sobre um armamento poderoso, o Gloster Meteor, e que esse avião na Argentina fora usado pelo Péron contra o povo. E falei, pensem bem nessas palavras, o povo desarmado merece o respeito das Forças Armadas.

Folha - E o que aconteceu nos anos seguintes?

Moreira Lima - Seis anos depois me levaram à barra do tribunal. Chamei o promotor de covarde, porque o senhor deve ter assinado uma denúncia feita por um brigadeiro, por um coronel. Queriam cassar minha palavra. Falei que ninguém iria cassar minha palavra, só se fosse com esparadrapo.

Folha - E o que fez profissionalmente depois de 1964?

Moreira Lima - Comecei indo trabalhar em aviação, mas a Aeronáutica negou minha carteira de piloto. Fizeram portaria reservada, nos proibindo de exercer nossa profissão, quatro de nós, um atentado aos direitos humanos, nunca vi uma covardia tão grande. Como eu vi que não podia me empregar em lugar nenhum, até carne seca eu vendi, vendi tratores, apartamento. Fiz uma firma, me especializei em incentivos fiscais no mercado de capitais. Quis ir para a Brinks, onde estavam vários do grupo de caça, mas o SNI não deixou, por que a Brinks tinha carro-forte, eu podia pegar e [fazer] virar um tanque. Essas palhaçadas que a gente deplora.

Folha - E como voltou à Aeronáutica?

Moreira Lima - Voltei à Aeronáutica com a primeira anistia do presidente Figueiredo, em 1979. Quando veio a nova Constituição, em 88, entrei com ação ordinária e fui a major-brigadeiro. No governo Collor, o ministro Sócrates me entregou a carta-patente, as platinas e o decreto num quadro.

LEBLON: O SEQUESTRO DA PETROBRAS. BOTAR A INDÚSTRIA PARA RODAR !

O neolibelismo quer fazer da Petrobras um pé de palanque da campanha sombria: o ‘Brasil que não dá certo’.

O Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Saul Leblon, na Carta Maior:


O SEQUESTRO DA PETROBRAS

É preciso evitar que a agenda da crise paralise e ensombreça o Brasil.

Quem adverte são economistas simpáticos ao governo, preocupados com a prostração em que se encontra o debate do desenvolvimento.

Seriam eles os últimos a subestimar o teor sistêmico da desordem internacional, cuja implosão, na verdade, previram e advertiram.

Mais que isso.

Atuam para mitigar seus efeitos no país. São ouvidos e consultados pelo governo na implantação de contrapesos estratégicos.

Baixar as taxa de juros, reduzir o superávit primário e corrigir o câmbio, por exemplo. No limite, se necessário, adequar a meta de inflação.

O fundamental é assegurar a travessia do colapso mundial sem trazer a crise para dentro do Brasil, como anseia o conservadorismo.

A agenda mercadista mal disfarça esse propósito.

Com os meios generosos a sua disposição, difunde a fatalidade cinza em cada esquina.

A ênfase sobressaltada atende a interesses de bolso, ideologia e palanque.

É um bloco respeitável, exacerbado pelo poder desigual de vocalização que o monopólio midiático lhe confere.

Tome-se o Brasil das manchetes, que não raro agridem o próprio texto. Tome-se a negligência diante das decisões estratégicas anunciadas na reunião dos BRICS, em Durban.

As cinco maiores economias emergentes criaram nada menos que um ensaio de FMI keynesiano; e um Banco Mundial de investimento, fora da hegemonia dos EUA.

Tome-se, ainda, o silencioso, mas expressivo processo de reindustrialização dos EUA, que está trazendo de volta a manufatura de alta tecnologia.

Enfim, crise continua, mas o mundo se move.

A prostração inoculada diuturnamente pelo noticiário econômico recusa ao Brasil a capacidade de dizer: ‘eppur si muove’.

É uma escolha, não um recorte isento.

A escolha menospreza singularidades locais que podem subverter a dinâmica da crise entre nós, dizem os economistas.

Eles dispensam os exemplos mais notórios desses trunfos — o mercado de massa expandido nos últimos 11 anos e os níveis recordes de emprego.

Preferem se fixar em uma alavanca quase épica que foge ao estereótipo de um debate vicioso e datado sobre o desequilíbrio entre oferta e demanda, entre inflação e juros.

O passo seguinte do desenvolvimento brasileiro, dizem eles, está no impulso industrializante contido no pelo pré-sal.

A paralisia da industrialização brasileira é real e afeta todo o tecido econômico.

Asfixiada pelo câmbio valorizado e pela concorrência chinesa, a indústria brasileira de transformação perdeu elos importante, em diferentes cadeias de fornecimento de insumos e implementos.

Não é um fenômeno recente.

O PIB cresceu em média 2,8% entre 1980 e 2010; a indústria da transformação cresceu apenas 1,6%, em média. Sua fatia nas exportações recuou de 53%, entre 2001-2005, para 47%, entre 2006-2010 .

O mais preocupante é o recheio dessas estatísticas.

Linhas e fábricas inteiras foram fechadas. Clientes passaram a se abastecer no exterior. Fornecedores se transformaram em importadores. Apenas carimbam seu logotipo ao lado do fabricante estrangeiro. Empregos industriais foram eliminados; o padrão salarial do país foi afetado para pior.

É possível interromper essa sangria, com redução de juros, incentivos, desonerações, protecionismo e ajuste do câmbio, como tem sido feito pelo governo.

Mas é difícil, muito, reverter buracos consolidados.

O dinamismo que se perdeu terá que ser substituído por um gigantesco esforço de inovação e redesenho fabril, a um custo que um país em desenvolvimento dificilmente poderia arcar.

Exceto se tivesse em seu horizonte a exploração soberana, e o refino, das maiores jazidas de petróleo descobertas no século 21.

É esse bilhete premiado que o pré-sal significa para o Brasil.

São cerca de 50 bilhões de barris de petróleo, guardados a 300 km da costa e cerca de seis mil metros abaixo da superfície d’água.

O país tem tecnologia para tirá-lo de lá. Na verdade, a Petrobras detém a ponta dessa tecnologia no mundo.

Esse trunfo avaliza a viabilidade de uma reindustrialização como resposta brasileira à crise.

A agenda enfatizada pelos economistas é o oposto do que alardeia o conservadorismo.

Seu empenho, neste momento, é fazer da Petrobras um pé de palanque da campanha sombria: o ‘Brasil que não dá certo’.

Os números respondem.

O pré-sal já produz 300 mil barris/dia. Em quatro anos, a Petrobras estará extraindo 1 milhão de barris/dia da Bacia de Campos.

Até 2017 a estatal vai investir US$ 237 bilhões; 62% em exploração e produção.

Em 2017 os poços do pré-sal estarão produzindo um milhão de barris/dia. Três anos depois, em 2020, serão 2,1 milhões de barris/dia.

Praticamente dobrando da produção atual.

O pré-sal mudou o tamanho geopolítico do Brasil.

Mas os efeitos virtuosos desse salto no conjunto da indústria exigiam um lacre de segurança.

Ele foi fixado em lei, no governo Lula.

O marco regulador do pré-sal, aprovado com a oposição de quem agora agita a bandeira da defesa da Petrobras – institui o regime de partilha e transfere o comando de todo o processo tecnológico, logístico, industrial, comercial e financeiro da exploração à estatal.

Todos os contratados assinados nesse âmbito passam a incluir cláusula obrigatória de conteúdo nacional –da ordem de 60% , pelo menos.

Esse é o ponto de mutação da riqueza do fundo do mar em prosperidade na terra.

Toda uma cadeia de equipamentos, máquinas, logística, tecnologia e serviços diretamente ligados, e também externos, ao ciclo do petróleo será alavancada nos próximos anos.

O conjunto pode fazer do Brasil, também, num grande exportador industrial nessa área.

É sobre isso que os economistas falam quando demonstram impaciência com o círculo vicioso de fatalismo embutido na pauta conservadora da crise.

O mais difícil foi feito.

O novo marco regulador transfere à Petrobras a responsabilidade soberana de harmonizar duas variáveis básicas: o ritmo da extração e do refino; e a capacidade brasileira de atender à demanda por plataformas, máquinas, barcos, sondas etc.

Se a exploração corresse livre, como gostariam a república dos acionistas e as multinacionais, o fôlego da indústria local seria atropelado.

Todo o efeito multiplicador vazaria na forma de importações e geração de empregos lá fora.

Não são apenas negócios, portanto.

Cerca de 300 mil jovens brasileiros serão treinados nos próximos anos pelo Promimp, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.

Se o novo marco regulador eles seriam desnecessários.

A arquitetura da soberania pressupõe, ainda, forte expansão da rede brasileira de refinarias, estagnada desde 1980.

Cinco plantas estão sendo construídas, simultaneamente.

Para horror da pátria dos dividendos, que prefere embolsar lucros com o embarque maciço de óleo bruto.

O parque tecnológico de ponta que está nascendo na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, com laboratórios de todo o mundo, é um desperdício do ponto de vista dessa lógica.

Mas, na realidade, é uma espécie de berçário da reindustrialização que se preconiza.

Dele sairão inovações e tecnologias que vão irradiar saltos de eficiência e produtividade a toda a rede de fornecedores nacionais do pré-sal.

É desse amplo arcabouço que poderão jorrar os recursos do fundo soberano para erradicar as grandes iniquidades que ainda afligem a população brasileira.

Tudo isso é sabido. Mas passa hoje por um moedor de memória e esperanças destinado a triturar a reputação da estatal, que detém o comando sobre a exploração de uma riqueza cobiçada.

A Petrobras passa por ajustes compreensíveis depois do gigantesco estirão desencadeado pelas descobertas do pré-sal.

Uma crise planetária atravessou o seu caminho e o seu faturamento, bem como os de todas as grades corporações do planeta.

Ainda assim, seu lucro em 2012 foi de R$ 21,18 bilhões.

Ficou em R$ 8 bilhões, ao final do governo do PSDB.

A Petrobras hoje foi capturada pela agenda da crise sem fim.

Cabe ao governo, em primeiro lugar, pôr ordem no salão.

E trazê-la de volta para a agenda do desenvolvimento.

sábado, março 30, 2013

Igor Felippe: “O Viomundo já saiu das suas mãos, Azenha e Conceição”

do Igor Felippe, via e-mail

Do Viomundo

Há homens que lutam um dia e são bons,
há outros que lutam um ano e são melhores,
há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida
e estes são imprescindíveis”
Bertold Brecht

Caro amigo Azenha,

Tenho certeza que o blog Viomundo não vai fechar. Porque você e a Conceição Lemes são imprescindíveis.

E aqueles que são imprescindíveis lutam a vida inteira.

O vaticínio é de Bertold Brecht, o dramaturgo alemão comunista que saiu do seu país com a chegada de Hitler ao poder.

A sua vontade individual, Azenha, vale pouco agora. Para o bem e para o mal.

O Viomundo cresceu e se tornou o melhor blog do Brasil.

É o melhor porque informa, agita, educa e chama â reflexão seus leitores, tratando de temas da conjuntura política e de questões profundas da sociedade brasileira.

Com isso, conta com a contribuição de dezenas de pessoas e tem milhares de leitores.

O blog já saiu das suas mãos, Azenha e Conceição.

Vocês são apenas síndicos desse condomínio, formado por aqueles que têm uma visão crítica da realidade, que não se satisfazem com a mediocridade da velha mídia e que querem transformar profundamente este país.

Os sujeitos cumprem um papel importante na história. E você, Azenha, é um desses sujeitos.

A emergência da internet criou um canal de comunicação para além das TVs, rádios e jornais concentrados nas mãos de uma oligarquia intolerante e truculenta.

As contradições criadas no seio da sociedade brasileira com a eleição de um torneiro mecânico aproximaram jornalistas exiladas nos grandes meios de comunicação das organizações políticas progressistas.

Vamos ser diretos: aproximou jornalistas críticos da luta de classes, para usar uma expressão fundamental para compreender a realidade contemporânea.

O Brasil passou pela escravidão e por duas ditaduras, que perseguiram, torturaram e mataram aqueles que defendiam a liberdade e a igualdade.

A burguesia brasileira é intolerante. Não tolera pensamento diferente, não tolera críticas e não tolera traição.

A saída da Globo, as críticas ao jornalismo do grupo e o sucesso do Viomundo representam uma traição para os poderosos.

No Brasil, perfilaram na trincheira da luta pela liberdade e igualdade inúmeros lutadores do povo, como Zumbi, Apolônio de Carvalho, Luís Carlos Prestes, Carlos Marighella, Francisco Julião, João Pedro Teixeira, Helenira Rezende, Florestan Fernandes, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro…

Todos enfrentaram os poderosos. Foram derrotados pela morte. Lutaram até o fim da vida.

Azenha, a condenação imposta por uma Justiça do Rio de Janeiro que se submete às vontades das Organizações Globo, é mais um capítulo da luta de classes no Brasil.

É a luta dos detentores do poder contra aqueles que representam obstáculos para o exercício do poder, por se associar às causas do povo brasileiro.

Essa luta é dura, inglória, desgastante e, especialmente, perigosa.

O grande professor Florestan Fernandes escreveu sabiamente que “contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres”.

Não podemos transigir. Cabe a todos nós fazer uma grande campanha para denunciar a perseguição da Globo, arrecadar recursos para pagar a multa e intensificar a luta pela democratização do sistema de comunicação.

Azenha, cabe a você continuar o seu grande trabalho, porque o fechamento do blog representaria uma derrota para todos nós.

Então, vamos coletivamente enfrentar esses desafios, para que juntos possamos impor uma derrota para aqueles que mandam neste país.

Um grande abraço,

Igor Felippe

Igor Felippe é jornalista

PS do Viomundo: Sobre este assunto Azenha e eu, Conceição Lemes, divergimos profundamente. Num post, que publicaremos mais tarde, vou detalhar o que penso. Mas eu respeito e compreendo muito bem a posição do Azenha, que há anos lida com problemas graves de saúde na família e, agora, tem de enfrentar mais esta batalha contra a Globo.

COMENTÁRIO E & P

Eu concordo com o Igor, essa luta é coletiva está na hora de denunciarmos a ditadura midiática exercida pela Globo, Folha, Veja e Estado, que querem o monopólio da informação, para mentir e desinformar o povo brasileiro. Essas empresas já ultrapassaram o limite do razoável e são uma ameaça à democracia brasileira. Devemos criar mecanismos para ter fundos e ajudar os companheiros como o Azenha. Estou disposto a colaborar financeiramente dentro das minhas limitações. Acredito que se todos os que são leitores do Azenha e lutam por uma informação democrática também colaborarão. Seria uma derrota coletiva se o Viomundo fechasse.Eles só não levarão o governo federal em 2006 e 2010 por causa da blogosfera e estão furiosos com isso. Vão jogar todas as fichas em 2014 e para isso o Viomundo, o Conversa Afiada e o entre outras fontes de informação democrática deverão sumir do mapa.Infelizmente o governo federal nada fez para fortalecer a imprensa alternativa e o judiciário brasileiro é corrupto e faz o que mandam. Faz parte da guerra o enfrentamento de mais essa batalha. A luta contra a opressão e a ditadura é eterna companheiros!

Após ação da Globo, Azenha anuncia fim do 'Viomundo'

Jornalista diz que grandes grupos de comunicação estão conseguindo, pela via judicial, aquilo que nem a ditadura conseguiu: calar os veículos alternativos

Por: Redação da Rede Brasil Atual


São Paulo – O jornalista Luiz Carlos Azenha anunciou ontem (29) à noite o fim o blog Viomundo, um dos mais respeitados e acessados da chamada blogosfera progressista, após uma ação judicial movida pelo diretor Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel – na qual Azenha foi condenado a pagar R$ 30 mil.

Em texto publicado no próprio blog, o jornalista lamenta a judicialização do debate político e diz que os grandes meios de comunicação estão conseguindo, pelo bolso, aquilo que nem a ditadura (1964-1985) conseguiu: calar os veículos alternativos.

“Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão— entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim. Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual”, afirma ele. Leia abaixo a íntegra da nota

Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa

por Luiz Carlos Azenha

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.

Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Vejapara escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão— entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, oViomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.

MIRO: 1964 FOI A OBRA PRIMA DO PIG O PiG está mais vivo do que nunca. Na porta do STF, pronto para dar outro Golpe

O Conversa Afiada reproduz exemplar artigo de Miro Borges sobre a “Volta da Democracia”, como disse o editorial do Globo do dia 2 de abril de 1964.



DO GOLPE MILITAR ÀS DIRETAS-JÁ

Por Altamiro Borges

O golpe militar de 1964 serviu aos interesses – ideológicos, políticos e empresariais – dos barões da mídia. Com exceção do Última Hora, os principais jornais, revistas, emissoras de TV e rádio participaram da conspiração que derrubou João Goulart. O editorial da Folha de S.Paulo de 17 de fevereiro de 2009, que usou o neologismo “ditabranda” para qualificar a sanguinária ditadura, ajudou a reavivar esta história sinistra – além de resultar num manifesto de repúdio com 8 mil adesões de intelectuais e na perda de mais de 2 mil assinantes. Afinal, não foi apenas a Folha que clamou pelo golpe. Vários livros documentaram a participação ativa da mídia, inclusive listando veículos e jornalistas a serviço dos golpistas [9]. Os editoriais da época escancararam essa postura ilegal.

“Graças à decisão e heroísmo das Forças Armadas, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo a rumos contrários à sua vocação e tradições… Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares”, comemorou o jornal O Globo. “Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade… A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”, afirmou, descaradamente, o Jornal do Brasil. “Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr. João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comunos-carreiristas-negocistas-sindicalistas”, disparou o fascistóide Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa.

Na sequência, alguns veículos ingeriram seu próprio veneno e sentiram a fúria dos fascistas, que prenderam, mataram, cassaram mandatos e impuseram a censura. Lacerda, que ambicionava ser presidente, foi escorraçado pelos generais. Já o Estadão, com a sua linha liberal-conservadora, discordou do rumo estatizante do regime e teve várias edições censuradas. Este não foi o caso do grupo Frias, que tornou a Folha da Tarde “uma filial da Operação Bandeirantes”, a temida Oban, e no jornal de maior “tiragem” do país devido ao grande número de “tiras” (policiais) na sua redação [10]. Também não foi o caso da Rede Globo, que ergueu seu império graças ao irrestrito apoio à ditadura [11].

Até quando a ditadura já dava sinais de fraqueza, a TV Globo insistiu em salvá-la. Nas eleições de 1982, a corporação de Roberto Marinho montou um esquema, através da empresa Proconsult, para fraudar a apuração dos votos e evitar a vitória do recém-anistiado Leonel Brizola. A fraude foi denunciada por Homero Sanchez, ex-diretor de pesquisas da própria emissora. Ela também tentou desqualificar todos os principais líderes da oposição à ditadura. Numa entrevista ao jornal The New York Times, Roberto Marinho confessou: “Em um determinado momento, me convenci que o Sr. Leonel Brizola era um mau governador… Passei a considerar o Sr. Brizola daninho e perigoso e lutei contra ele. Realmente, usei todas as possibilidades para derrotá-lo”.

A manipulação mais grosseira, que popularizou o refrão “O povo não é bobo, fora Rede Globo”, ocorreu na campanha pelas Diretas-Já. Até duas semanas antes da votação da emenda Dante de Oliveira, que instituía a eleição direta para presidente, ela omitiu a mobilização que contagiava milhões de brasileiros. Ela recusou até matéria paga com chamadas para o comício em Curitiba (PR). Já o ato na capital paulista, que reuniu 300 mil de pessoas em 25 de janeiro de 1984, foi apresentado pelo âncora da emissora como “festa em São Paulo; a cidade comemora seus 430 anos”. “O Jornal Nacional sonegou ao público o fato – notório, na época – de que o ato fazia parte da campanha nacional por eleições diretas. Sonegou que essa campanha era liderada publicamente pelos principais expoentes da oposição” [12]. Um verdadeiro crime!

Das greves à histeria na Constituinte

Alguns veículos perceberam o naufrágio da ditadura militar e jogaram papel positivo na luta pela redemocratização. O caso mais curioso foi o da Folha, que até usou suas capas para convocar os comícios das Diretas-Já. O grupo Frias, que apoiara os generais “linha dura”, mudou de lado por oportunismo político e “mercadológico” [13]. Apesar destas nuances, nenhum barão da mídia abdicou de sua visão de classe. Jornalões e emissoras de TV e rádio nunca vacilaram diante das lutas dos trabalhadores, procurando criminalizar suas greves e satanizar suas lideranças. Numa das massivas assembléias em Vila Euclides, em maio de 1980, os metalúrgicos do ABC paulista destruíram câmeras e veículos da TV Globo, indignados com as suas recorrentes manipulações.

Esta opção de classe ficou visível durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em 1987/1988. Meticulosa pesquisa de Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas, prova que os quatro principais diários do país (Jornal do Brasil, O Globo, Estadão e Folha) uniformizaram os seus ataques aos direitos trabalhistas. “Através dos editoriais, que definem a linha editorial e ideológica de cada veículo, a grande imprensa operou nos debates constituintes, sobretudo nos temas que se referiam aos direitos sociais… Alguns dos direitos propostos, como a diminuição da jornada de trabalho, a ampliação da licença-maternidade, a licença-paternidade e o aumento do valor da hora extra, foram tratados como catastróficos à produção” [14].

“A Constituinte embarcou em um caminho de distribuição de benefícios sociais cujo produto só pode ser um e único: a redução da taxa de investimentos, com o conseqüente atraso econômico”, afirmou o editorial terrorista do JB (28/02/88). “Concessões feitas em total descompasso com os efeitos não prejudicarão apenas os trabalhadores, [mas também] a estabilidade institucional”, ameaçou o golpista O Globo (15/11/87). O Estadão, com sua linha liberal-conservadora, pregou a supremacia do deus-mercado, afirmando que tais direitos “acarretariam pernicioso desestímulo aos melhores” (18/06/87). Já a Folha atacou a “demagogia”, inclusive nas propostas do adicional de férias, aviso prévio aos demitidos e limite de seis horas nos turnos ininterruptos (08/07/88).

Além de rejeitar qualquer avanço trabalhista, a mídia bombardeou o direito de greve e procurou fragilizar o sindicalismo. “A liberdade de greve é um abuso conceitual”, atacou o JB (07/07/88). A Folha exagerou ao dizer que as propostas dos constituintes estimulariam o “direito irrestrito de greve… [com] artigos condenáveis” (15/07/88). Já O Globo, no editorial “A porta da anarquia”, afirmou que este direito “significa a porta aberta à desordem e ao caos” (17/08/88). E o Estadão explicitou sua aversão às greves, principalmente no setor público. “São exércitos de empregados que agem com todas as regalias e mordomias de funcionários públicos, promovendo greves que ganham, hoje, aspectos nitidamente políticos e ideológicos, que levam à violência” (19/11/88).

Diante da ascensão das forças democráticas nos anos de 1980 e das conquistas da “Constituição-cidadã”, segundo a célebre definição do deputado Ulisses Guimarães, a mídia percebeu os riscos na origem e deu seu grito de guerra. “A hora é dos liberais acordarem, porque depois será tarde… Os liberais brasileiros têm diante de si uma ingente tarefa; se não se organizarem para combater o populismo estatizante (…), o Brasil corre o risco de regredir”, alertou o Estadão. “Não há outro caminho senão o de todos nos unirmos pondo acima de superadas divergências ideológicas ou de futuras disputas eleitorais os supremos objetivos da nação”, clamou o golpista Roberto Marinho.

NOTAS

9- Renê Armand Dreifuss. 1964: A conquista do estado. Editora Vozes, RJ, 1981.

10- Beatriz Kushnir. Cães de guarda. Boitempo Editorial, SP, 2004.

11- Valério Brittos e César Bolaño. Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia. Editora Paulus, SP, 2005.

12- Eugênio Bucci e Maria Rita Kehl. Videologias. Boitempo Editorial, SP, 2004.

13- Armando Sartori. “Oportunismo mercadológico”. Revista Retrato do Brasil, setembro de 2006.

14- Francisco Fonseca. “O conservadorismo patronal da grande imprensa brasileira”. Dezembro de 2002.

- Extraído do quarto capítulo do livro “A ditadura da mídia” (Editora Anita Garibaldi).

sexta-feira, março 29, 2013

MESMO COM INFLAÇÃO NA META, DILMA SOFRE NA MÍDIA

Olha o Partido dos Juros Altos - PJA, ai gente! São uma ameaça ao povo brasileiro,juntamente com o Partido da Imprensa Golpista - PIG. Como ratos, enquanto o PJA ataca a economia e o bem-estar dos brasileiros, acabando com o emprego e a renda do povo o PIG quer acabar com a democracia brasileira. E & P

Jornais tradicionais alinham corredor polonês contra presidente à sombra do fantasma da inflação; mas gestão Dilma Rousseff alia crescimento do emprego e renda a inflação sob controle; em dez anos, petismo formou taxa inflacionária de 74%, contra 100% em oito anos de Fernando Henrique; Brasil com Lula e Dilma enfrentou crises internacionais tão ou mais graves do que as de FHC; editoriais malham, mas sem números; confira dados.


247 - É para colocar no currículo. Na sexta-feira 29 de feriado religioso, sem pressa de encontrar tema mais relevante, a mídia tradicional dedicou três editoriais à desconstrução de uma frase da presidente Dilma Rousseff – repita-se, três editoriais contra uma frase –, e pelo menos um artigo. Todo o pacote resumido na primeira linha do manifesto da Folha, no melhor estilo do concorrente Estadão:

- Foram lesivas à credibilidade da política econômica da presidente Dilma Rousseff suas declarações sobre inflação na cúpula dos Brics em Durban, na África do Sul. Reforçaram a percepção de que o governo federal não tem estratégia definida para lidar com os desafios da economia e do regime de metas inflacionárias (íntegra abaixo).

Foram lesivas para quem, camarada? Na repercussão concreta da taxa de juros futuros na Bolsa Mercantil & Futuros – o octógono do vale tudo financeiro --, na quinta 28, as taxas previstas caíram. Para a interpretação objetiva, de mercado, do dito antagonismo entre crescer economicamente e controlar preços, venceu a tese de que o primeiro plano não é incompatível com o segundo. Fosse diferente, muitos outros indicadores teriam despertado do marasmo dos últimos tempos, como a taxa de câmbio, os títulos da dívida brasileira, o volume de negócios na bolsa de valores nacional.

Nada houve, fora a espuma. Fazendo projeções obscurantistas, sem anotar as distorções do interesse da especulação, o plantão permanente dos predadores contrariados do mercado financeiro e, em especial, os números objetivos da economia, as publicações de papel das famílias Frias, Mesquita e Sirotski cravaram que o governo Dilma não tem compromisso com o controle da inflação. É falso.

Em Durban, diante dos líderes dos Brics, que genuinamente vêem no Brasil um modelo de desenvolvimento com democracia, Dilma apenas e tão somente reafirmou os compromissos de sua gestão, e do grupo político que representa, com o desenvolvimento. O crescimento, apontado para 3,1% para este ano, melhor resultado a ser alcançado no último triênio, é muito compatível com um mundo em crise. Absolutamente dentro das melhores previsões internas. E se soma, no ritmo já praticamente assegurado de subida de 1% no primeiro trimestre do ano, a taxas históricas de emprego de mão de obra e de superação coletiva da miséria.

O que colunistas como Miriam Leitão, na ortodoxia das páginas de O Globo, ou editorialistas tais quais os digitadores da Folha, Estadão e Zero Hora não medem é o cruzamento entre índices – talvez por inaptidião, certamente por má vontade. Os componentes de resgate social, de manutenção do emprego e de preservação do dinamismo da economia têm peso objetivo no julgamento dos índices de preços.

Tal qual a paz dos cemitérios, do que valeriam para os brasileiros comuns percentuais decimais – será isso? – como os prometidos por fórmulas mirabolantes dos ex-diretores do Banco Central Ilan Goldfajn e Alexandre Schwartsman, arautos do desemprego, ao custo de milhões de falências pessoais e familiares provocadas pela desocupação. Exibir um número bonito?

Não são feios, ao contrário, os números de inflação apresentados pelo governo Dilma. Nos dois primeiros anos, a soma das taxas de cada período de doze meses resultou em 6,19% -- contra 8,77% da resultante do mesmo IPC somado nos dois primeiros anos do governo de Fernando Henrique Cardoso. Alegam ele e sua antiga equipe, como os economistas Pedro Malan e Armíno Fraga, que havia no período de 1995 a 2003 uma permanente crise internacional. E agora, nos últimos dois anos, por acaso assistiu-se a um filme diferente?

Em oito anos de gestão, para mostrar um número redondo, a administração FHC acumulou uma taxa inflacionária de 100,6%. Nos oito anos de governo do ex-presidente Lula e dois, até aqui, da presidente Dilma, pelo mesmo método de medição, a subida de preços foi de 74%. E em dez anos, não em oito, somente. São 24 meses de vantagem desperdiçada pela fórmula mágica da aliança político-midiática.

Abaixo, para os próximos editoriais, uma lembrança histórica da inflação entre 1995 e 2002, segundo os principais medidores:

Ano IGP-DI (FGV) IGP-M (FGV) IPC (FGV) INPC (IBGE) IPCA (IBGE)

1995 14,78 15,25 25,91 21,98 22,41

1996 9,34 9,20 11,34 9,12 9,56

1997 7,48 7,74 7,21 4,34 5,22

1998 1,70 1,78 1,66 2,49 1,65

1999 19,98 20,10 9,12 8,43 8,94

2000 9,81 9,95 6,21 5,27 5,97

2001 10,40 10,38 7,94 9,44 7,67

2002 26,41 25,31 12,18 14,74 12,53

Na média anual da inflação, os ultimos dois governos e o atual ficaram assim:

FHC 1 – 9,71%

FHC 2 – 8,77%

FHC 8 anos – 9,24%

LULA 1 – 6,43%

LULA 2 – 5,14%

LULA 8 anos – 5,78%

DILMA 2 anos – 6,17%

Para sua consideração, os editorais da mídia tradicional e o artigo da jornalista de O Globo Miriam Leitão:

Atropelos de Dilma - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 29/03

Presidente constrange BC com declaração desajeitada sobre combate à inflação, que segue em alta, e depois ainda diz que foi mal interpretada

Foram lesivas à credibilidade da política econômica da presidente Dilma Rousseff suas declarações sobre inflação na cúpula dos Brics em Durban, na África do Sul. Reforçaram a percepção de que o governo federal não tem estratégia definida para lidar com os desafios da economia e do regime de metas inflacionárias.

Ontem, um dia depois das declarações de Dilma, o BC publicou seu relatório do primeiro trimestre com novas projeções de inflação, sensivelmente piores que as do final do ano passado. O BC espera que o IPCA suba 5,7% neste ano, bem acima dos 4,9% prognosticados em dezembro. Para 2014, a expectativa subiu de 4,8% para 5,3%.

O tropeço retórico presidencial começou por atribuir ao Ministério da Fazenda, e não ao Banco Central, o papel de discorrer sobre inflação. Parece uma questão semântica, mas não é.

O mandato de controlar a inflação pertence ao BC. Desde que o presidente do banco passou a ter status de ministro, até mesmo sua subordinação formal à pasta da Fazenda deixou de existir.

A presidente também declarou não concordar com um combate à inflação que implique redução do crescimento econômico. Para ela, o receituário "que quer matar o doente em vez de curar a doença" estaria datado.

Por fim, Dilma atribuiu o problema a flutuações de preços no curto prazo, visão contestada por grande número de especialistas. O segmento de serviços, por exemplo, mantém alta persistente, à taxa de 8% ao ano.

A fala de Dilma foi considerada incompatível com manifestações do BC, que vem sinalizando em seus comunicados o desconforto com a inflação e a possibilidade de ter de elevar os juros para contê-la. Alertada sobre a reação negativa do mercado financeiro, a presidente voltou à carga para dizer que suas afirmações haviam sido manipuladas e mal interpretadas.

O ponto nevrálgico não está em uma ou outra má palavra da presidente, mas no atropelo do BC. Ainda assim, chama a atenção a imperícia na comunicação do governo, que deixa a sensação de improviso. Não há um estado-maior para definir um rumo claro e alinhar as percepções do setor privado. Aos trancos e barrancos, o governo parece enfrentar apenas o desafio -ou o deslize- de cada dia.

A inflação sobe. O crescimento permanece deprimido. As contas externas pioram. E o investimento, que seria a marca do governo Dilma Rousseff, não dá sinais de sair da letargia.

Qual é a estratégia? A colcha de retalhos formada pelas declarações das autoridades sugere resposta sombria: não há nenhuma à vista.

O bicho inflação - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 29/03

A inflação está alta, o governo passa mensagens ambíguas sobre que prioridade tem o combate à inflação na política econômica; há dúvidas sobre a autonomia do Banco Central, e parte da alta de preços tem sido camuflada ou adiada. Mesmo assim, a taxa vai estourar o teto da meta no trimestre que começa semana que vem. E é esta a maior ameaça ao crescimento.

A presidente pode ficar brava com a maneira como a sua frase foi noticiada, mas o que ela disse foi exatamente isso: "eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico" Essa era o final de uma declaração que ela havia começado dizendo que era o ministro da Fazenda quem falava sobre a inflação e que terminou criticando "o remédio que mata o paciente"

Três erros. Primeiro: o Banco Central é o responsável pelo cumprimento das metas de inflação, e o ministro da Fazenda deve cuidar da política fiscal, suporte indispensável de qualquer estabilidade. Segundo: é exato o oposto do que a presidente disse. O que deveria causar a ela incredulidade é a possibilidade de manter o crescimento num ambiente de alta de inflação. E terceiro, em inflação não usar remédio é que ameaça o paciente.

Por sua natureza, a inflação, quando sobe, consome renda e capacidade de consumo, desorganiza a economia, aumenta a incerteza e isso leva à retração dos investimentos. Uma inflação baixa e previsível é o melhor ambiente para a construção de um projeto de crescimento.

Mas isso o governo sabe. Tanto que o relatório de inflação de ontem diz exatamente isso. "O Copom ressalta que a evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas geram distorções que levam a aumentos de riscos e deprimem os investimentos." Diz também que "taxas de inflação elevadas subtraem o salários".

Não adianta escrever isso e entrar no terceiro ano repetindo que não é realista levara inflação de volta a 4,5% como fez ontem de novo, reproduzindo o mesmo raciocínio da primeira ata do Copom do governo Dilma. O fato é que nos anos Dilma a inflação ficou mais alta, e o Banco Central aceita que ela se acomode em ponto perto do teto da meta. Os economistas que defendem o governo gostam de lembrar que está havendo choques de por exemplo. Sim, tem havido choques de preços. É por isso que tem que se voltar com a meta para o centro, para que o espaço de flutuação cumpra o seu papel de absorver esses impactos. Se ficar sempre no teto, ou acima, o choque levará para cada vez mais alto o índice de preços. De um relatório a outro, a previsão da inflação do ano pelo Banco Central - cenário de referência - aumentou quase um ponto percentual. Ele registra isso e repete que é devido aos "choques!

Parafraseando João do Vale em Carcará, a inflação é "um bicho que avoa que nem avião" Por isso, é preciso ser contida e quanto mais cedo melhor, porque ela é um predador, como sabemos. Não está fora de controle, mas está alta demais em que qualquer descuido a fará fugir ao controle e subir.

Não adianta muito garantir que a estabilidade é um valor em si para o governo, se nos seus atos - e várias palavras - ele demonstra o oposto. A inflação tem estado constantemente acima do centro da meta, e isso apesar das medidas tomadas de postergação de correções de preços que servem apenas para mascarar o problema.

A pedido da coluna, a analista Adriana Molinari calculou quanto seria a inflação sem alguns dos truques do governo. Em fevereiro, por exemplo, teria sido de 1%, o que elevaria a taxa anual para 7,08%. Um desses truques é postergação de aumentos, como o de ônibus, o outro é o da redução da energia, que todos sabem que será neutralizado em grande parte pelo uso das térmicas. O economista Elson Teles, do Itaú Unibanco, acha que alimento em casa deve estar em 15%, em doze meses, neste mês de março. O país está atravessando um período em que naturalmente alimento pesa muito pela alta dos preços de legumes, verduras e frutas.

Independentemente das explicações localizadas, das altas sazonais, o fato é que a inflação está perigosamente andando no teto da meta e, na prática, poderia já ter estourado. O risco é alto. E quando o governo tem que passar um dia inteiro explicando uma declaração é que ela foi infeliz.

Uma leitura para Dilma - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 29/03

A economia brasileira crescerá 3,1% neste ano, com inflação de 5,7%, muito acima dos 4,8% projetados no fim de 2012, segundo as novas estimativas do Banco Central (BC). Os preços continuarão subindo bem acima da meta, de 4,5%, pelo menos até o primeiro trimestre de 2015, de acordo com o Relatório de Inflação, um panorama divulgado a cada três meses pelo BC. Rico de informações e projeções sobre a economia nacional e os mercados globais, esse estudo seria, no entanto, mais completo, e muito mais realista, se incluísse uma seção especial sobre as intervenções desastradas da presidente Dilma Rousseff na política de contenção de preços. A última interferência notável ocorreu na quarta- feira, véspera da publicação do relatório. O palavrório estabanado da presidente, numa entrevista em Durban, na África do Sul, provocou tensão no mercado financeiro, seguida de explicações oficiais, desmentidos e uma reação irada da própria Dilma.

"Foi uma manipulação inadmissível de minha fala", disse a presidente, numa vã tentativa de atribuir a outras pessoas o próprio erro. Não houve manipulação. Durante o dia todo as emissoras de televisão reapresentaram a desastrada fala presidencial sobre a "política superada" de combate à inflação. Sua declaração foi interpretada, como era de esperar, como condenação do uso dos juros no combate à inflação. Nenhuma outra interpretação seria mais compatível com o discurso habitual de quem apresenta como conquista do governo a redução dos juros básicos.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, foi mobilizado para cuidar do estrago. Em entrevista ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, ele tentou desfazer o "mal-entendido". Afirmou o compromisso da presidente com o combate à inflação como "um valor em si", negou a tolerância à inflação e acrescentou uma explicação tão importante quanto tardia: "De inflação fala a equipe econômica. Em relação à política de juros fala o BC". Mas esta e a mais perfeita negação do comportamento habitual da presidente e também do ministro da Fazenda. Sobram razões para ninguém levar a sério, desde o começo do atual governo, o discurso oficial sobre a autonomia do BC.

O escorregão presidencial já seria bastante grave, e até grotesco, se o episódio tivesse terminado na quarta- feira. Seria difícil, no entanto, apagar em tão pouco tempo as impropriedades ditas em tom professoral pela presidente da República. Ela tentou provar seu ponto de vista apontando o contraste do baixo crescimento econômico do ano passado com a inflação próxima de 6%. Segundo ela, a alta de preços decorreu de um fator externo e fora do controle do Brasil - a alta das cotações das commodities. Qual teria sido o crescimento - esta é a pergunta implícita - se os juros tivessem subido?

É uma argumentação ingênua, incrivelmente inepta e desmentida no Relatório de Inflação divulgado ontem. Ao mencionar a resistência da inflação, o documento cita a alta de preços do setor de serviços (8,66% nos 12 meses até fevereiro), "a maior dispersão recentemente observada" nos aumentos de preços ao consumidor, além de "pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, entre outros fatores".

Faltou acrescentar: o encarecimento dos serviços e a dispersão dos aumentos são claros indícios de inflação de demanda, sustentada por fatores também citados no relatório, como a geração de emprego e renda e a expansão do crédito (moderada, segundo o BC, mas nem tanto). Falta uma ressalva. Não se pode chamar de "recente" a dispersão dos aumentos, há muito tempo destacada pelos analistas independentes.

Para completar, o relatório contesta a oposição simplória entre crescimento econômico e combate à inflação. Segundo o documento, a evidência internacional, ratificada pela experiência brasileira, aponta distorções graves resultantes da inflação elevada. Essas distorções aumentam os riscos e deprimem os investimentos, encurtando os horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos e reduzindo a confiança dos empresários. Em suma, taxas altas de inflação "reduzem o potencial de crescimento da economia" e as possibilidades de geração de emprego e renda. Esse relatório seria uma leitura instrutiva para a presidente.

Cutucada da inflação - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 29/03

A presidente da República não pode levar em conta apenas o impacto dos níveis de crescimento sobre a inflação. Precisa se preocupar também com os efeitos perversos da elevação do custo de vida sobre a economia de maneira geral.

Preocupada com os efeitos de uma declaração impensada sobre inflação e crescimento econômico, a presidente Dilma Rousseff voltou correndo aos microfones para dizer que seu comentário havia sido manipulado. Não foi exatamente o que aconteceu. O que ocorreu foi resultado da extrema sensibilidade de um mercado que, permanentemente preocupado em potencializar os ganhos, interpretou a fala presidencial como um sinal de que não haverá alta da taxa básica de juros para conter a inflação. Menos mal que a presidente se deu conta das consequências e reagiu rapidamente, procurando recolocar as coisas no seu devido lugar: o governo não renunciará à política de combate inflexível e permanente da inflação. Mas ficou o alerta: o dragão está vivo e não deve ser cutucado com vara curta.

Em Durban, onde esteve reunida com representantes do Brics _ o grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul _, a presidente da República demonstrou preocupação com o "receituário que quer matar o doente em vez de acabar com a doença", considerando superada qualquer possibilidade de prejudicar o crescimento. O que contribuiu mais para uma redução nos juros futuros, porém, foi a afirmação de que as questões específicas sobre inflação são da alçada do ministro da Fazenda. No Brasil, política monetária compete ao presidente do Banco Central, a começar pelo fato de que o controle da inflação segue uma política de metas. Quando falta clareza em relação a esses aspectos dentro do governo, o mercado aproveita a oportunidade para ampliar seus próprios ganhos, o que normalmente implica perdas para a sociedade de maneira geral.

Até a manifestação presidencial, e desde a afirmação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a inflação estava em nível desconfortável, o mercado vinha apostando com mais força numa elevação da taxa básica de juros. Desde então, a tendência foi perdendo força, principalmente pelo fato de o Planalto ter continuado a apostar na política de redução de tributos. Foi o que ocorreu com a cesta básica, apesar de os resultados efetivos ainda se mostrarem tímidos sob o ponto de vista do consumidor. Por isso, é positivo que, depois da reação desfavorável a sua manifestação, a presidente tenha reforçado a afirmação de que "o combate à inflação é um valor em si".
A presidente da República não pode levar em conta apenas o impacto dos níveis de crescimento sobre a inflação. Precisa se preocupar também com os efeitos perversos da elevação do custo de vida sobre a economia de maneira geral. A garantia do poder aquisitivo dos consumidores é um pressuposto para que o país volte a conviver com níveis adequados de um desenvolvimento sustentado, menos vulnerável a mal-entendidos e aos humores do mercado.

Comentário E & P

É o Partido do Juro Alto - PJA, junto com o Partido da Imprensa Golpista, militantes dos juros altos para saquearem a economia brasileira. Os banqueiros brasileiros estão viciados em juros altos, pois era muito fácil ser banqueiro, era só comprar títulos da dívida pública e pronto, lucro garantido. A Folha de São Paulo, o Estado, Globo, Veja e outros que formam o PIG defendem os juros altos. Usam a inflação como subterfúgio apenas.