quarta-feira, janeiro 26, 2011

Um projeto de nação e a Força Aérea Brasileira

A aviação como arma foi utilizada primeiramente na primeira guerra mundial. No Brasil ela nasceu em 1916, quando a Marinha do Brasil montou um esquadrão aéreo, sendo seguida logo depois pelo Exército Brasileiro.


Gloster Meteor MK - 8

A Força Aérea Brasileira foi criada em 1941, unindo as aviações da Marinha e do Exército, já tendo seu batismo de fogo na segunda guerra mundial.
A Força Aérea Brasileira sempre foi uma força de segunda categoria, em relação à de outros países. Ela nunca teve uma aviação de combate no estado da arte.
A FAB entrou na era do jato com o avião inglês Gloster Meteor Mk – 8, que segundo consta foi trocado por algodão. Os Estados Unidos se negaram a vender o F – 86 Sabre, por questões geopolíticas.


Mirage III E BR

O Brasil entrou na era supersônica com os 17 Mirages III E BR, adquiridos da França em 1972, sendo seu principal vetor até 2005. Na época da aquisição, a FAB tentou comprar o F 4 Phantom dos Estados Unidos, mais uma vez teve negada a sua pretensão. Em troca venderam o F 5 E Freedom Fighter, um avião menor, que começou a operar no país em 1975. Ele teve ficar operacional até 2018.
A aviação de caça do Brasil hoje conta com 12 Mirage 2000, além dos F5 E Que foram modernizados, como aviação de caça. Tem ainda os AMX, fabricados por um consórcio entre a Embraer e um fabricante italiano e os SuperTucanos, que é um turbo-hélice fabricado pela Embraer que serve principalmente na região Norte.


F5E e F4 Phantom


Mirage 2000


Sukhoi SU 30


Rafale


Gripen


Super Hornet

A política na FAB

A Força Aérea Brasileira, a partir da década de 1950, foi uma das principais forças a desestabilizar o regime democrático no Brasil. A chamada República do Galeão junto com as forças oposicionistas, levoaram Getúlio Vargas ao suicido. A campanha contra Juscelino Kubstchek também foi feroz e foram protagonistas, junto com outras forças militares e civis no golpe que derrubou João Goulart e implantou a ditadura militar no Brasil.

A implantação de um pólo tecnológico aeronáutico

Nasceu dentro da Aeronáutica a criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, junto com outros institutos de pesquisas aerospaciais. Desse centro de ensino e pesquisa é que foi criada a Embraer.
A Empresas Brasileira de Aeronáutica, nasceu a partir de uma demanda da FAB por um cargueiro, que foi o Bandeirante. Esse avião foi sucesso e exportado pelo mundo inteiro.
A Embraer ainda foi se beneficiou do conhecimento adquirido com o caça leve Xavante, fabricado no Brasil a partir do projeto italiano, que deu as bases industriais para a empresa e futuramente facilitou a parceria para o projeto do AMX.
Nesses anos todos a Embraer tem aparelhados a Força Aérea Brasileira com aviões de todos os tipos e segundo a sua necessidade, com exceção da aviação de caça de alto desempenho.

O Programa FX

O programa FX teve início nos ano 2000, que previa a aquisição de 12 a 24 caças para substituir o Mirage III E BR, que estavam em final de serviço. Com a entrada do governo Lula e a crise financeira que o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha deixado o país, o FX foi cancelado.
No ano de 2006 foi lançado o F-X2, com previsão inicial de 36 aeronaves. Esse projeto foi mais ambicioso, pois prevê a transferência tecnológica da fabricação de caças supersônicos. Além do número de caças ser maior em relação ao F-X1, a tecnologia apresentada também está muito perto do estado da arte da aviação militar. Os aviões são todos de categoria superior à quarta geração de caças, muito perto da tecnologia de quinta geração, ao contrário dos aviões presentes no F-X1. Os três caças finalistas dos seis apresentados inicialmente foram o Rafale F3 francês, F 18 Super Hornet estadunidense, Gripen NG sueco. Causou muita estranheza o fato do caça Sukhoi não está na short list, pois pelos testes operacionais o russo se mostrou melhor do que os demais, além de ser tecnologicamente superior aos outros.
A situação atual
O Brasil está na iminência da escolha de seu principal caça de combate. Fatores como desempenho e transferência tecnológica são essenciais, pois o país precisa entrar no grupo do demais que são capazes de projetar um caça integralmente e projetar a FAB como uma força de primeira categoria. Somente países como os Estados Unidos, Russia, França, Suécia e China, são atualmente capazes de projetar e fabricar aviões de caça supersônicos integralmente, além do grupo europeu formado pela Alemanha, Inglaterra, Espanha e Itália, que fabricam conjuntamente o Eurofighter Typhoon. A índia está engatinhando, juntamente com a Coréia do Sul.
Os aviões apresentados pelo Brasil atendem a capacidade operacional da Força Aérea Brasileira, mas na análise final alguns pontos precisam ficar bem esclarecidos.
O Avião da Boeing F 18 Super Hornet é um projeto já amadurecido e os Estados Unidos fazem de tudo para que os países da América Latina não possuam capacidade de projetar e fabricar produtos aerospaciais. Como foi divulgado recentemente pelo Wikileaks de que eles são contra o Brasil ter capacidade de fabricar um foguete, como o VLS – Veículo Lançador de Satélites. Sempre que puderam os Estados Unidos negaram a venda de aviões no estado da arte fabricados por eles. E é possível que esse país tenha vetado a compra do vetor russo SU 35BM pelo Brasil. Outro ponto negativo para o avião estadunidense é a necessidade da Marinha do Brasil também comprar aviões para o navio aeródromo São Paulo e esse vetor não ser operacional nessa embarcação. Os Estados Unidos tem feito forte lobby, com a vinda do senador Mccain ao Brasil e futuramente do presidente Obama. Vão prometer em troca da venda dos aviões, a compra de etanol brasileiro e de aviões da Embraer.
O avião sueco Gripen NG é um avião ainda em desenvolvimento, não existe de fato. A vantagem seria a experiência adquirida durante execução do seu projeto. Mas operacionalmente a sua autonomia é pequena, o que não se encaixa num país continental como Brasil.
Dessa forma resta ao avião francês Rafale, que está entre os melhores caças atualmente em serviço e que o governo francês garante a transferência tecnológica. Em desacordo existe o preço caro e a complicada manutenção do avião, além do governo francês ter abandonado a posição brasileira no caso do Irã na ONU.
Como alternativa o Brasil poderia cancelar o F-X2 e fazer um acordo com os russos para a compra do Sukhoi SU 35, com a condição de participação do projeto do caça de quinta geração que é o PAK FA, além de acordos na área aerospacial. É lógico se eles realmente transferirem a tecnologia como fizeram com a china e a Índia que atualmente fabricam sob licença o SU 30 MK.

Reflexão final

A soberania do Brasil passa pelo domínio tecnológico na área aerospacial. O Brasil está desenvolvendo um foguete lançador de satélites com muita dificuldade.
A Força Aérea Brasileira é a responsável pela defesa do espaço aéreo brasileiro e tem feito grandes contribuições ao país, como a criação do ITA, pelo Brigadeiro Casimiro Montenegro, a Embraer, o Cindacta, entre outros projetos que tem ajudado o país. Ela precisa de caças capazes de defender o Brasil, mas precisa deter o conhecimento tecnológico para não ficar refém do país que vender os aviões.
A Embraer com o projeto do F-X2 pode enfim assimilar a capacidade de desenvolver aviões supersônicos com toda tecnologia envolvida, que incluem novos materiais que a capacitarão para desenvolver a nova geração de aviões civis da empresa.
Uma análise rápida sobre o assunto, visto não ter acesso aos dados que compõem o programa F-X2, recomendam cuidado com os interesses geopolíticos dos Estados Unidos na América Latina e a submissão do continente à política desse país. Inclusive os Estados Unidos já prometeram comprar aviões brasileiros de defesa em duas oportunidades e em ambas simplesmente disseram que o projeto estava cancelado. E não foram só com o Brasil, com o consórcio Airbus também.
Assim é preciso muito cuidado com negociação na área de defesa aerospacial com os Estados Unidos.
Não há no mundo nenhum país bonzinho ou lá o que seja, como disse um experiente diplomata, os países não tem amigos, tem interesses. Dessa forma, o Brasil precisa agir de forma soberana e de acordo com os seus interesses. É assim que fazem as grandes potências. Os países que só dizem “sim” estão fadados a ser de segunda categoria.
É lógico que a modernização da Força Aérea Brasileira também pressupõe que essa força tenha compromissos com o Brasil, seu povo e sua democracia.
É o que esperamos.

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