segunda-feira, setembro 13, 2010

Blues - Um pouco de música

Liberdade de Expressão

Novas definições para liberdade de expressão


Por Washington Araújo


Após o encontro promovido pelo Instituto Millenium, liberdade de expressão possui 30 novos significados.


1. Liberdade de expressão é interditar todo e qualquer debate democrático sobre os meios de comunicação.


2. Liberdade de expressão só pode ser invocada pelos que controlam o monopólio das comunicações no País.


3. Liberdade de expressão é bem supremo estando abaixo apenas do Deus Mercado.


4. Liberdade de expressão é moeda de troca nas eternas rusgas entre situação e oposição.


5. Liberdade de expressão é denunciar qualquer debate sobre mecanismos para termos uma imprensa minimamente responsável.


6. Liberdade de expressão é gerar factoides, divulgar informações sabidamente falsas apenas para aproveitar o calor da luta.


7. Liberdade de expressão é deitar falação contra avanços sociais, contra mobilidade social, contra cotas para negros e índios em universidades públicas.


8. Liberdade de expressão é cartelizar a informação e divulgá-la como capítulos de uma mesma novela em variados veículos de comunicação.


9. Liberdade de expressão é não conceder o direito de resposta sem que antes o interessado passe por toda a via crucis de conseguir na Justiça valer seu direito.


10. Liberdade de expressão é explorar a boa fé do povo com programas de televisão que manipulam suas emoções e suas carências oferecendo uma casa aqui outro carro ali e assim por diante.


11. Liberdade de expressão é somente aprovar comentários aptos à publicação em sítio/blog da internet se estes referendarem o pensamento do autor e proprietário do sítio/blog.


12. Liberdade de expressão é ser leviano a ponto de chamar a ditadura brasileira de “ditabranda” e ficar por isso mesmo.


13. Liberdade de expressão é imputar ao presidente da República comportamento imoral tendo como fundamento depoimento fragmentado da memória de um indivíduo acerca de fato relatado quase duas décadas depois.


14. Liberdade de expressão é apresentar imparcialidade jornalística do meio de comunicação mesmo quando os principais jornalistas fazem de sua coluna tribuna eminentemente partidária.


15. Liberdade de expressão é fazer estardalhaço em torno de um sequestro que não ocorreu há quase 40 anos com a clara intenção de tumultuar o processo político atual.


16. Liberdade de expressão é assacar contra a honra de pessoa pública utilizando documentos de autenticidade altamente duvidosa e depois fazer mea culpa na seção “Erramos”.


17. Liberdade de expressão é submeter decisões editoriais a decisões comerciais de empresas e emissoras de comunicação.


18. Liberdade de expressão é somente dar ampla divulgação a pesquisas de opinião em que os resultados sejam palatáveis ao veículo de comunicação.


19. Liberdade de expressão é não ter visto Lula, o filho do Brasil e considerá-lo péssimo produto cinematográfico.


20. Liberdade de expressão é minimizar o descaso do poder público ante as enchentes de São Paulo e reduzir candidato à Presidência a mero poste.


21. Liberdade de expressão é ter dois pesos em política externa: Cuba é o inferno e China é o paraíso.


22. Liberdade de expressão é demonizar movimentos sociais e defender a todo custo latifúndios vastos e improdutivos.


23. Liberdade de expressão é usar uma concessão pública para aumentar os níveis de audiência com o uso perverso de crianças no papel de vilões.


24. Liberdade de expressão é desqualificar quem não aprecia a programação servida pelo Instituto Millenium.


25. Liberdade de expressão é rejeitar in totum toda e qualquer proposição da Conferência Nacional de Comunicação.


26. Liberdade de expressão é apostar em quem ofereça garantias robustas visando manter o monopólio dos atuais donos da mídia brasileira.


27. Liberdade de expressão é obstruir qualquer caminho que conduza mecanismos de democracia participativa.


28. Liberdade de expressão é fazer coro contra qualquer governo de esquerda e se omitir contra malfeitorias de qualquer governo de direita. Ou vice-versa.


29. Liberdade de expressão é fugir como o diabo foge da cruz de expressões como liberdade, democracia, cidadania, justiça social, controle social da mídia.

30. Liberdade de expressão é lutar para manter o status quo: “O direito de informar é meu e ninguém tasca.”


Miguel Baia Bargas

11 de setembro: 1,5 milhão de iraquianos mortos

Já em 2007, a agência britânica Opinion Research Business, divulgou os resultados de uma investigação, conduzida em conjunto com o Instituto Independente de Estudos de Sociedade Administração e Civil (IIACSS) do Iraque.
Os resultados foram chocantes: um milhão e duzentas mil pessoas morreram no Iraque desde março de 2003 quando os EUA invadiram um país que não tinha nada a ver com o 11-S. Hoje em dia, as vítimas ultrapassam um milhão e meio.

Este genocídio é de exclusiva responsabilidade de Washington, pois na ausência dessa invasão, essas pessoas ainda estariam vivas. Elas foram homenageadas como fazem todos os anos com os mortos do 11-S? Receio que não. Para o imperialismo existem os mortos bons e os mortos ruins (ou invisíveis), da mesma forma que há terroristas bons e terroristas maus.

Link: 11-S: Un millón y medio de muertos iraquíes te contemplanBlog do Autor: http://jmalvarezblog.blogspot.com/

Rebelião publicou este artigo com a permissão do autor por Creative Commons License, respeitando a sua liberdade de publicá-lo em outro lugar.

domingo, setembro 12, 2010

Robert Fisk e o 11 de setembro: Duas guerras, milhares de mortos…

E não aprendemos coisa alguma?

10/9/2010, Robert Fisk, The Independent, UK

Tradução de Caia Fittipaldi

O 11/9 nos enlouqueceu todos? Nossa homenagem aos inocentes que morreram há nove anos continua a ser um holocausto de fogo e sangue.

O 11/9 nos enlouqueceu todos? O quanto faz perfeito sentido, de um modo alucinado, enlouquecido, que a apoteose da tempestade de fogo há nove anos seja, hoje, um pregador pirado que ameaça nos ferir com outra tempestade de fogo à moda da queima de livros dos nazistas! E ameaça fazer piras de livros do Corão. Ou a campanha contra uma mesquita a ser construída a dois quarteirões do “marco zero” – como se o 11/9 tivesse sido ataque a cristãos que cultuam Jesus, em vez de ataque contra o ocidente ateu.

Mas, afinal, por que nos surpreender? Basta olhar para outros desses doidos que brotam depois de cada crime contra a humanidade: o semidoido Ahmadinejad; Gaddafi, o pegajoso pós-nuclear; Blair com aquele olho direito de maníaco e George W Bush, com suas prisões negras e torturas e a completamente lunática “guerra ao terror”. E o desprezível que viveu – e talvez ainda viva – numa caverna afegã e as centenas de al-Qaedas que criou, e o mullah Omar caolho – para não falar dos agentes lunáticos das agências de inteligência e da CIA principalmente – que não nos salvaram do 11/9 porque foram muito lentos ou idiotas demais para identificar 19 homens que atacariam os EUA. E lembrem: ainda que o Rev. Terry Jones continue persuadido a desistir de queimar livros do Corão, já há vários outros doidos como ele, de plantão, prontos a assumir seu lugar.

De fato, nesse sombrio 9º aniversário – e deus nos ajude, quando chegar o 10º, ano que vem – o 11/9 parece ter produzido só monstros, nenhuma paz, nenhuma justiça, nenhuma melhor democracia. Destruíram o Iraque – os doidos ocidentais e os doidos da cepa local – e massacraram 100 mil almas, ou 500 mil, ou um milhão; e quem liga? E mataram dezenas de milhares no Afeganistão; e quem liga? E enquanto a praga se espalha pelo Oriente Médio e pelo globo, eles – os pilotos da força aérea e os insurgentes, os fuzileiros e os homens-bomba, as al-Qaedas do Maghreb e do Khalij e do Califato do Iraque e as forças especiais e os garotos do apoio aéreo e os degoladores – degolaram mulheres e crianças e velhos e doentes e jovens e saudáveis, do Indus ao Mediterrâneo, de Bali ao metrô de Londres; que homenagem aos 2.966 inocentes que morreram há nove anos! Em nome daqueles mortos, oferecemos o holocausto que produzimos, de fogo e sangue; e, agora, a sandice do pregador doido de Gainesville.

Essas foram as perdas, é claro. Mas… quem ficou com o lucro? Bem, os mercadores de armas, é claro; e as Boeing e Lockheed Martin e os que vendem mísseis e fabricam aviões-robôs e peças de reposição para os F-16 e os mercenários sanguinários que confiscam terras de muçulmanos em nosso nome. Sobretudo agora, quando já produzimos mais de 100 mil novos inimigos para cada um dos 19 assassinos do 11/9. Os torturadores vivem boa vida, gozando seu sadismo nas prisões negras dos EUA – e seria conveniente que, nesse 9º aniversário, o mundo fosse afinal informado de que há um centro de tortura dos EUA, em pleno funcionamento, na Polônia –, homens (e mulheres, temo) que já aperfeiçoaram as técnicas de sufocamento e afogamento mediante as quais o ocidente guerreia as guerras contemporâneas. E, isso, sem esquecer todos os religiosos fanáticos do mundo, sejam do tipo Bin Laden, ou os barbudos do Talibã, sejam os homens-bomba, sejam pregadores malucos grisalhos de gravata como aquele pregador, o nosso maluco, o de Gainesville.

Mas Deus? Onde entra Deus em tudo isso? Um arquivo de citações sugere que todos os monstros brotados do ou criados no 11/9 são seguidores desse quixotesco redentor. Bin Laden reza a Deus – “que faça dos EUA uma sombra do que é”, como me disse, pessoalmente, em 1997 –, e Bush reza a Deus, e Blair rezava – e ainda reza – a Deus, e todos os matadores muçulmanos e milhões de soldados ocidentais matadores e também o “Doutor” (honorário) “Pastor Terry Jones” e seus 30 (talvez 50, porque, nessa “guerra ao terror” as estatísticas nunca batem) seguidores também rezam a Deus. E o pobre velho Deus, é claro, tem de ouvir todas as rezas cujo coro aumenta durante as guerras. Relembremos as palavras atribuídas a Deus, por poeta de outra geração: “Deus isso, Deus aquilo, e Deus sabe-se lá o quê! Santo Deus! Assim, meu trabalho fica pela metade!” [1] E foi só a Primeira Guerra Mundial!

Há apenas cinco anos – no 5º aniversário dos ataques às torres gêmeas/Pentágono/Pensilvânia – uma aluna perguntou-me, numa conferência numa igreja em Belfast, se o Oriente Médio se beneficiaria por lá haver mais religião. Não!, rugi, na resposta. É preciso menos religião! Deus é assunto de contemplação, não de guerras. Mas – e aqui somos jogados contra os recifes e rochas escondidas que nossos líderes querem que não vejamos, que esqueçamos, que as ponhamos de lado – há, sim, esse inferno de sangue que envolve todo o Oriente Médio. São povos muçulmanos que mantiveram sua fé, enquanto os ocidentais, que os oprimem militarmente, economicamente, culturalmente, socialmente – já perderam qualquer fé. Como é possível?, perguntam-se os muçulmanos. De fato, é soberbamente irônico que o Rev. Jones seja homem de fé, enquanto já não há ninguém à volta dele que tenha qualquer fé. Por isso os nossos livros e documentários jamais falam de muçulmanos versus cristãos, mas de muçulmanos versus “O Ocidente”.

E, claro, há o tabu, o tema de que não se pode falar – o relacionamento entre Israel e os EUA, e o apoio incondicional dos EUA ao roubo de terras, porque Israel rouba terras dos árabes muçulmanos todos os dias –, também está no âmago da crise terrível que assola nossas vidas.

Na edição de The Independent da 6ª-feira, viam-se fotos de uma demonstração no Afeganistão em que os manifestantes gritavam “morte aos EUA”. Mas ao fundo, os mesmos manifestantes carregavam um estandarte negro escrito em dari, com tinta branca. Lá se lia – e nenhum jornal ocidental traduziu – “O regime sionista sanguinário e os líderes ocidentais indiferentes ao sofrimento dos palestinos mais uma vez celebram o ano novo com mais sangue palestino derramado”.

É mensagem de violência terrível – mas prova, mais uma vez, que a guerra em que estamos afundados é disputa também da questão Israel-palestinos. Talvez o “Ocidente” prefira acreditar que os muçulmanos “nos odeiam pelo que somos” ou que odeiem “nossa democracia” (é o que sempre mentiram Bush, Blair e uma horda de políticos mentirosos) – mas o conflito entre Israel e palestinos está no centro da “guerra ao terror”. Porque está. E, porque está, o igualmente vicioso Benjamin Netanyahu, ao reagir às atrocidades do 11/9, disse que ‘o evento’ seria bom para Israel. Israel poderia passar a dizer que, contra os palestinos, lá também se lutava “a guerra ao terror”, e que Arafat – e foi o que disse o hoje semimorto Ariel Sharon – seria “nosso Bin Laden”. Assim, os israelenses puderam atrever-se a dizer que Sderot, sob chuva de mísseis de lata do Hamás, seria “o marco zero israelense”.

Nada disso é verdade. A batalha de Israel contra os palestinos é caricatura fantasmagórica da “guerra do terror” do “Ocidente”, mediante a qual o Ocidente dá apoio ao último projeto colonial do planeta – e aceita os milhões de mortos –, porque as torres gêmeas, o Pentágono e o avião da United voo 93 foram atacados por 19 assassinos árabes há nove anos.

Há uma horrenda ironia no fato de que um dos resultados diretos do 11/9 tenha sido a legião de policiais e agentes e ‘especialistas’ que voaram imediatamente para Israel para aprimorar sua “expertise antiterroristas” com a ajuda de oficiais israelenses que muito provavelmente – nos termos divulgados pela ONU – são criminosos de guerra. Não surpreende que os heróis que fuzilaram o infeliz Jean Charles de Menezes, brasileiro, no metrô de Londres em 2005 estivessem recebendo assessoramento “antiterroristas” dos israelenses.

Ah, sim, já sei o que vão dizer. Que não podemos comparar a ação de terroristas do mal e a coragem de jovens policiais ingleses, homens e mulheres, que defendem vidas inglesas – e sacrificam as próprias vidas – nos fronts da “guerra ao terror”. Não há comparação. Não são “iguais”. “Eles” matam inocentes, porque “eles” são o mal. “Nós” matamos inocentes… por engano. Mas nós sabemos que vamos matar inocentes – aceitamos a evidência de que mataremos inocentes, que nossos atos criarão valas comuns nas quais se enterrarão famílias inteiras dos mais pobres, dos mais fracos, dos mais desamparados.

Por isso inventamos o conceito obsceno de “dano colateral”. Porque se “colateral” significar que aqueles mortos são inocentes, então “colateral” também significaria que os que os assassinam também seriam inocentes. Não queríamos assassiná-los – por mais que sempre soubéssemos que os assassinaríamos. “Colateral” é nossa licença para matar. Essa única palavra faz toda a diferença entre “nós” e “eles”, entre o nosso direito divino de matar e o direito divino de Bin Laden matar. As vítimas, ocultadas como cadáveres “colaterais”, já nem se contam, porque são provas do nosso crime. Talvez lhes tenha doído menos. Talvez morrer por tiro de avião-robô seja morte mais doce, partida mais suave desse vale de lágrimas. Ou, quem sabe, ser cortado ao meio e eviscerado por um míssil AGM-114C Boeing-Lockheed ar-terra doa menos do que voar pelos ares aos pedaços por efeito de uma bomba no acostamento ou de algum cruel homem-bomba que se suicide na rua.

Por isso é que sabemos quantos morreram no 11/9 – 2.966, e o número talvez seja maior – mas nem contamos os mortos que nós matamos. Porque eles – “nossas” vítimas – nem são identificáveis, nem são inocentes, nem são humanos, não têm causas, nem crenças, nem sentimentos; e porque já matamos muito, muito, muito mais gente que Bin Laden e os Talibã e a al-Qaeda.

Aniversários são eventos para jornais e televisões. E parecem ter o mau hábito de se unirem sempre em cenários trágicos. Assim os ingleses comemoram a “Batalha da Bretanha” – episódio cavalheiresco da história dos britânicos – e a “Blitz”, bisavó dos assassinatos em massa, mas símbolo de uma espécie ingênua de coragem –, como lembramos o início de uma guerra que rachou pelo meio a moralidade pública, converteu políticos britânicos em criminosos de guerra, nossos soldados em assassinos e nossos inimigos em heróis da causa contra o Ocidente.

E, ao mesmo tempo em que, nesse tormentoso aniversário, o Rev. Jones prega que se queime um livro intitulado “Corão”, Tony Blair está em campo para vender um livro intitulado “Uma jornada”. Jones disse que o Corão seria “o mal”. Muitos britânicos perguntam-se se o livro de Blair não deveria chamar-se “O Crime”. Não há dúvida de que o 11/9 já virou delírio, se o Rev. Jones consegue atrair a atenção dos Obamas dos Clintons, do Santo Padre e até da ainda mais santa ONU. Aqueles que os deuses querem destruir, os deuses primeiro enlouquecem…

[1] No orig. “God this, God that, and God the other thing. ‘Good God,’ said God, ‘I’ve got my work cut out’. São versos conhecidos na Inglaterra como “a quadrinha da [primeira] Grande Guerra”, de autor desconhecidos, mas atribuídos a J.C. Squire, depois Sir John Squire.

Jango e a imprensa golpista em 1964; Lula e o bombardeio midiático em 2010





Rodrigo Vianna


Releio o indispensável “O Governo João Goulart”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, em edição revista e ampliada – agora pela Editora Unesp. É obra impressionante, pelo volume de documentos e entrevistas que Moniz Bandeira recolheu, a reconstituir a marcha do confronto e do golpismo que abateu Jango.

Lá pelas tantas, no capítulo 10, ele conta o episódio em que Lacerda, “O Corvo”, vai ao “Los Angeles Times”, nos EUA, e anuncia que os militares brasileiros estavam avalaindo o que fazer com Jango, se seria “melhor tutelá-lo, patrociná-lo, colocá-lo sob controle até o término do seu mandato ou destrui-lo agora mesmo”.

Corria o ano de 1963. Jango e os militares “legalistas” que o apoiavam viram na declaração de Lacerda uma senha de que a direita daria o golpe, e tentaram decretar o estado de sítio. Mas o presidente não teve apoio no Congresso para tanto. A ala brizolista do PTB, diz Moniz Bandeira, não queria estado de sítio, queria um processo revolucionário mesmo. Jango prendia-se à legalidade e, sem apoio para atacar os oponentes dentro da Constituição, acabou recuando. Caminhou a passos largos para a deposição.

Ali, se os trabalhistas tivessem atacado, o golpe poderia ter sido debelado. Faltou unidade, combatividade e compreensão do que estava por vir.

A falta de limites e de escrúpulos da oposição a Lula faz-me lembrar essa história de 47 anos atrás. Os tempos são outros, eu sei. Não há Guerra Fria. E hoje a oposição golpista não teria eco em jornais dos EUA – que se derretem em elogios a Lula.

Serra vai mal no papel de Lacerda. Bem que tentou: bateu à porta do Clube da Aeronáutica, feito vivandeira. Mas falta-lhe vivacidade, falta-lhe alma e pulso.

É por isso que a imprensa assumiu o comando da oposição. Segue o mesmo roteiro do pré-64. Os escândalos forjados e o golpismo são explícitos. Colam entre parcelas da classe média – que ainda não se animou a marchas com Deus. Ela virão? Provavelmente, não. Hoje, existem as correntes na internet, os jornalistas apedeutas de esgoto e as capas da “Veja”.


Aliás, Lacerda também não faria sucesso a essa altura do século 21. Procura-se – entre o Jardim Botânico e a Barão de Limeira – um candidato a Micheletti, o líder da quartelada com ares de legalidade em Honduras.

A escalada midiática em 2010 faz necessário relembrar quem é essa gente. Relembrar as manchetes e os textos que eles produziram em 64. É essa a gente que hoje berra em “O Globo”, na “Folha”, no Estadão”. Já berravam em 64.

A velha mídia não tem o poder que tinha em 64, 82, 89 ou até mesmo em 2006. Mas ainda faz algum estrago. Vamos sentir agora, nessas três últimas semanas de bombardeio. Há pelo menos 3 meses, digo humildemente que subestimar o adversário é sempre um erro grave. Quanto mais, adversários desesperados.

Lula poderia tê-los enfrentado a sério no segundo mandato. Preferiu comer pelas beiradas. Agiu certo? Ou titubeou, como Jango em 63?

A história dirá.

Fiquem com o pesadelo e a farsa das manchetes de 64, recolhidas de um post da “Carta Maior” (não deixa de ser também uma forma de homenagear o presidente chileno Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 73: ele, como Jango, foi vítima de uma elite perversa e de uma mídia golpista).

“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Ufa!!” (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964 – jornal de Lacerda, o campeão do golpismo)

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“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas (…) para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas…” (O Globo – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)

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Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil – Rio de Janeiro - Abril de 1964, jornal tido como “democrático”)

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(SÃO PAULO REPETE 32) “Minas desta vez está conosco”… “dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.”

(1o/04/64 –O ESTADO DE SÃO PAULO)–
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“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade.
Ovacionados o governador do estado e chefes militares.
O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade” (Estado de Minas, 2 de abril de 64)

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“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)

Como perder eleição sem cair no ridículo

Por JB Costa
Mais um texto de excepcional qualidade analítica do Marcos Coímbra, que tem se revelado um verdadeiro cronista do processo eleitoral.

Esse é uma tapa com luva de pelica na oposição tresloucada e, particularmente no José Serra, candidato que vai ser derrotado sem nenhuma honra.

Artigo publicado no Correio Braziliense

Perder uma eleição

De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Nas eleições, chega uma hora em que todos os candidatos, menos um, tomam consciência que vão perder (ou que já perderam). Há casos em que a disputa permanece acirrada até a véspera e ninguém é obrigado a fazer essa difícil admissão. São mais numerosas, no entanto, as que logo se afunilam e se resolvem cedo.

Os políticos sempre entram nas eleições esperando ganhar, mesmo quando sabem que suas chances são mínimas. Existem os que participam apenas para defender posição ou divulgar as plataformas de seus partidos, mas são raros. Também há os exibicionistas, cuja única intenção é usufruir o prazer de se ver na televisão. Esses não contam.

Depois que as campanhas começam, a expectativa de vitória costuma tornar-se certeza. Por menores que sejam, os candidatos vão se convencendo que suas possibilidades são grandes. Talvez porque convivam principalmente com seguidores e áulicos, talvez porque confundam a boa educação dos cidadãos para com eles, fantasiando que uma simples cordialidade traduza apoio. Mas é certo que, a alturas tantas, todos achem que vão ganhar.

Ao contrário do que se poderia imaginar, as pesquisas eleitorais não mudam sua opinião. Não é por estar lá atrás e haver outros mais bem situados que eles pensam com mais cautela. Todos têm vários exemplos para citar, de políticos que começaram mal nas pesquisas e terminaram ganhando.

A constatação de que uma derrota é iminente é especialmente complicada para os candidatos maiores, dos grandes partidos. Ainda mais se estiveram na liderança das pesquisas.

Agora, por exemplo. O que deve fazer um candidato como José Serra? Como deve se comportar nos 20 dias finais desta eleição?

A imensa frente que todas as pesquisas dão a Dilma poderia ser desconsiderada. Afinal, pesquisa é pesquisa e não é eleição. Mas, será que ele não percebe de outras formas que sua chance de vencer é remota? Será que não vê isso no olhar até de seus seguidores mais fiéis?

Ninguém gosta de chegar à conclusão que um projeto acalentado há muito tempo não vai dar certo, antes que a inevitabilidade se imponha. Não faz parte do senso comum a expressão "a esperança é a última que morre"? Que, enquanto há vida, não se deve renunciar a ela?

O problema é que, quase sempre, esses momentos levam as pessoas a gestos extremos, nos quais não se reconheceriam em condições normais. O ateu vira crente, o racional vira místico, o sério pode ficar ridículo. O arrependimento por essas guinadas costuma ser grande.

Na política, encruzilhadas desse tipo são ainda mais perigosas. A caminho da derrota, o candidato se isola cada vez mais, começa a ouvir apenas os assessores que o aconselham a fazer de tudo, a tentar qualquer coisa. A usar de qualquer recurso e não admitir o insucesso.

Nessa hora, os candidatos deveriam parar de pensar no que ainda resta a fazer, no esforço inútil de reverter uma situação sem perspectiva, e olhar para frente. Perder e ganhar são parte da vida de quem opta por uma carreira política. Ganhar é sempre melhor, mas perder mal é muito pior que saber perder.

Tanto Serra, quanto as oposições, precisam pensar no que vão fazer nos últimos 20 dias destas eleições. Podem continuar no rumo em que estão, tentando tudo (e mais alguma coisa) para mudar o desfecho que todos antecipam. Podem continuar a fazer como fizeram desde o ano passado, quando embarcaram na canoa que os trouxe até aqui.

Pós-2010: O futuro da mídia tucana

Por Weden


O ocaso político de Serra institui uma boa questão: qual o rumo da grande imprensa partidária no governo Dilma? A realocação para Aécio Neves será automática? Depende. A única certeza é que grande imprensa (liderada por Globo, Abril e Folha) continuará sendo anti-petista. Isso não vai mudar.

Não porque o governo petista apresenta-se como de esquerda. Lula nem fez um governo ao estilo esquerda tradicional: foi liberal na economia; multiplicou o mercado consumidor e permitiu que os grandes conglomerados empresariais lucrassem mais do que nunca; além disso, não interferiu nas relações trabalhistas.

A imprensa não torceu contra a inclusão massiva de trabalhadores, nem contra o aumento de consumo (o que indiretamente favorece sua própria receita publicitária), nem foi contrária aos programas sociais por uma maldade conservadora. O Bolsa Família, como todas as ações do governo Lula, só foi combatido pelos aquários (os staffs da imprensa), porque de alguma forma davam mais poder político a Lula.

A antipatia contra o PT tem a ver exatamente com a opção trabalhista do partido. A grande imprensa brasileira é um cartel empresarial que odeia movimentos sociais e sindicais, organização trabalhadora e, principalmente, mudança das relações de poder no Estado.

Há outro aspecto que hoje acirra os ânimos da grande imprensa em relação ao governo Lula e que se manterá no governo Dilma: a opção por pulverizar parte dos anúncios, e mais recentemente o início ainda que tímido do apoio efetivo à grande rede, único sistema de comunicação capaz de ofertar contraditório nacional em relação à própria grande imprensa.

Proximidade com movimentos trabalhistas e sociais e uma atenção maior à rede manterão o "ódio funcional" ao governo petista. Mas para que lado vai a mídia tucana?



Aposta em crises políticas

A resposta mais imediata é que ela cairá imediatamente no colo de Aécio Neves, o futuro líder da oposição. Mas isso se o desmame de Serra for pacífico. Aí é que entra o problema: a imprensa tem certeza de que Dilma, sem o carisma de Lula, não conseguirá manter os "anticorpos" necessários para deter campanhas massivas de escandalização.

Além disso, aposta também que Dilma será refém do jogo político, principalmente, das "divergências" entre PT e PMDB, e o que isso poderia acarretar de conturbação na base aliada.

É evidente que o objetivo primeiro da mídia será a perturbação da ordem desta base, com contrafactuais referentes a guerras entre partidos de apoio a Dilma e a aposta num clima de permanente crise política.

Dissolver a unidade da base para esta imprensa, mesmo que às custas da governabilidade e da paz política no país, é fundamental para seus propósitos de chegar ao governo com a oposição.

Como a economia mantém boas previsões para os próximos anos, a guerra da mídia contra DIlma se dará no campo político, talvez com as mesmas estratégias de escandalização e futricas de Congresso.

Mas para quem trabalhará a imprensa tucana se não se sabe o que os tucanos vão fazer da vida? A mesma impressão de "fragilidade política e eleitoral" de Dilma alimentará ilusões hoje dadas como perdidas.

Serra pode estar certo de que sua última chance foi 2010. Mas, obcecado que é pelo poder, ficar sem mandato, sem lugar político, não é bem o que se espera do atual candidato tucano.

Daqui a dois anos, tem eleição para prefeito, mas Serra se sentiria humilhado em ter que disputar um pleito municipal. Nem que fosse para terminar o que nunca conseguiu: um mandato executivo.

Embora abalado com a derrota nas eleições de 2010, em poucos meses Serra estará fazendo planos para 2014. O Senado talvez seja o seu fim político. Ou quem sabe o sonho de voltar ao governo do Estado, o que se tornará impossível se Alckimin vencer as eleições e chegar bem avaliado ao final do mandato - até porque, se não chegar bem, o PSDB se despede do poder.

Não se surpreendam se Serra vier a interpretar os fatos de 2010 como apenas adiamento de um sonho, o que o colocará em rota grave de colisão em relação a Aécio Neves. O ex-governador mineiro contou com uma certeza: só cedeu 2010 a Serra porque sabia que o paulista não tinha qualquer chance.



Aderir a um mineiro?

Aécio não aceitaria adiar por quatro ou oito anos sua ambição presidencial, sob o risco de chegar a 2018 na garupa de um partido desgastado de poder. Melhor que Dilma vencesse, para que ele colhesse os frutos da tal fragilidade atribuída pela imprensa.

Esse é o principal complicador do futuro da imprensa tucana: apoiar Serra numa aventura pós-Dilma, ou simplesmente aderir imediatamente a Aécio? Ou quem sabe apostar num Alckimin revigorado?

Não tenhamos dúvida que os jornais mineiros já estão com Aécio. E daqui do Rio de Janeiro, podemos dizer: as relações com as Organizações Globo são muito boas. A incógnita são os veículos de São Paulo. Mais "nacional" do que Serra, Aécio pode ainda capitalizar seu patrimônio midiático junto aos outros estados, principalmente porque é certo que há uma demanda pelo descentramento do poder midiático.

Em 16 anos de governo paulista, instalou-se em São Paulo algo como uma República da Midia: há negócios muito interessantes do ponto de vista financeiro entre Governo de Estado e grupos de imprensa em SP.

Os ganhos vão se manter: de grandes anúncios a serviços de material didático, passando por distribuição massiva de jornais e revistas em escolas, e intermediação com as teles, o PSDB soube transformar a imprensa paulista em sócia do poder.

Por isso o livre trânsito nos corredores do Palácio Bandeirantes. O sonho de Frias, Mesquistas e Civitas de chegar a Brasília via Tucanato S.A é fruto de corretagem paulista. Mas Aécio tem outras debêntures a pagar.

Além disso é evidente que o fim do paulicentrismo na política federal implica em reconfiguração de relações de poder midiático, ainda mais em tempos de crescimento da rede.

Ora. Aécio, pelas mãos de Andrea Neves, é hábil negociador de imprensa. Que ele vai levar todas as fichas não tenha dúvida. Mas a imprensa paulista será o último bastião do sonho tardio de Serra e ela só franqueará seu apoio a Aécio se Serra recobrar a consciência.

Ainda que venha a aderir a Aécio, a imprensa paulista não se sentirá tão feliz ao lado do ex-governador mineiro, que precisará lidar muito bem com o sentimento de província de veículos habituados a estar dentro de palácios de governo desde 1995: este é o marco inicial da perda de posicionamento moderado da grande imprensa.



A turma do Serra

A título de curiosidade, podemos também especular sobre o futuro dos colunistas, que junto aos editores e apresentadores de telejornal são a linha de frente da "opinião tucana" no país: Ricardo Noblat, Dora Krammer, Miriam Leitão, Ronaldo Sardemberg, Merval Pereira, William Waak, Gilberto Dimenstein, Josias, além de spin doctors e livre-atiradores. Para onde se voltará o coração destes nomes que tão apaixonadamente se alinharam com o tucanato paulista?

Uma possibilidade é a dispersão: alguns serão amantes de primeira hora de Aécio Neves. Outros, no entanto, talvez pratiquem um anti-petismo mais independente. Determinante, no entanto, para saber o futuro deles, é conhecer o que ocorrerá na grande temporada de negociações políticas entre midia e tucanato. O que determinará até mesmo o estilo da grande imprensa.

Se Serra (ou quem sabe Alckimin) mantiver esperanças, o tom dos ataques, a velocidade dos contra-fatos será idêntica ao que se tem hoje. Justamente porque este é o estilo que Serra herdou de FHC e seu grupo (Àlvaro Dias, Arthur Virgílio etc).

Se Aécio assumir a liderança isolada do campo oposicionista a partir de primeiro de janeiro, talvez o tom seja diferente: justamente porque o governador mineiro já percebeu que o radicalismo mais atrapalha do que ajuda.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/pos-2010-o-futuro-da-midia-tucana?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

sábado, setembro 11, 2010

Carta Capital: filha de Serra expôs sigilo de milhões de pessoas




A revista CartaCapital que está nas bancas nesta semana traz reportagem de Leandro Fortes que vai colocar em apuros o tucano José Serra. Segundo a reportagem, baseada em documentos oficiais, por 15 dias no ano de 2001, no governo FHC/Serra a empresa Decidir.com abriu o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros. A Decidir.com é o resultado da sociedade, em Miami, da filha de Serra, Verônica Serra, com a irmã de Daniel Dantas. Veja abaixo a reportagem de CartaCapital.


Extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros obtidos em acordo questionável com o governo FHC

Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.

Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.

Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.

Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.

Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.

Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.

Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.

A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.

A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.

A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.

A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.

Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.

Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.

Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.

Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.

Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.

De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.

Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.

Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.

Fonte: CartaCapital

quinta-feira, setembro 09, 2010

O ultimo Presidente da Ditadura

Enviado por humberto, qua, 08/09/2010 - 23:03


O primeiro reconhecimento veio dos EUA, mais precisamente da C I A:

" Este é o cara !"
"Precisamos dar-lhe a roupagem necessaria para ser mais um dos nossos futuros presidente: Lider estudantil durante o periodo de chumbo; Exilado; Intelectual formado no exterior; Anistiado; Deputado Federal; Ministro de Estado e Governador do estado mais rico da Federaçao,antes de se tornar o nosso Presidente da Republica".

Dito e feito.

Arrumaram um exilio temporario e remunerado no Chile ( enquanto preparavam aderrubada do Allende), depois foi despachado para os estaites, ja matriculado na melhor Universidade e nas horas vagas um curso de formaçao na Agencia de Informaçao.

Passaram alguns anos. Tudo pago.

"Eu nasci para ser Presidente da Republica", incucuram na sua cabeça. O que chamam de lavagem cerebral.
Com o manual debaixo do braço O que é bom para os EUA é bom para o Brasil, embarcaram-o de volta o fantoche.

"Ja acabou a Ditadura ?" Reclamava nosso Presidente ao ter que deixar a mordomia dos gringos.

Se tornou Deputado, Ministro, e Governador, tudo como mandava o figurino. So faltava agora a etapa final.

Os milicos estavam euforicos. Ao deixar o Governo de Sao Paulo era o preferido nas pesquisas eleitorais. Com uma vantagem de 20 milhoes de eleitores, ja estava eleito. Comemoravam a retomada do poder.

Mas eis que acontece uma incrivel reviravolta. O inesperado aconteceu.
" É inexplicavel, ele esta irreconhecivel" diziam seus amigos mais proximos.
" Sera um desvio de personalidade? indagavam outras.

Era um caso clinico raro. Nenhum especilista arriscou um diagnostico.

O "cara" virou um monstro. Trocando o dia pela noite, ficou feio de doer. Para complicar se acercou de mas companhias, alguns com mandado de prisao no bolso.
Foi acometido de uma sindrome da truculencia com a arrogancia com tendencia ao paranoiaquismo, desecadeando um terrivel sentimento de perseguiçao. Se desfigurou.
Como agravante,perdeu todo o escrupulo, saiu rifando a propria mulher, filha e netinha, no pregao.

Os Ditadores se desesperavam. Mesmo os mortos se reviravam.

Tentaram retocar a maquiagem do personagem, editaram na primeira pagina da revista mor uma singela e fraternal foto, pediram para falar mansamente, angelical.

Mas nao teve geito, o monstro ao abrir a boca, com todos os holofotes voltados pra ele, so soltava acidez, agressividade, mentiras cabeludas, acusaçoes do arco da velha.
Era um caso perdido. Uma caida vertiginosa, a cada dia, nas pesquisas. Ja tinha tombado por terra toda sua tragetoria politica. Irrecuperavel. Diziam os analistas.

Foi convocada uma reuniao de urgencia num conhecido clube no Rio de Janeiro.

Na sala um cheiro de mofo misturado com naftalina, comum nos pijamas.
Pairando no ar a classica pergunta:

" E agora ?"

" O Fernandao, nosso unico plano B, ja picou a mula pras europas..." soltou o sizudo velhinho de oculos fundo de garrafa que ocupava a cabeceira da grande mesa de jacaranda. Iniciava-se a conspiraçao.

"...E a Terrorista vai receber a faixa presidencial do Sapo Barbudo" completou sem esperança, cabisbaixo e com as maos que tremiam igual vara verde sobre a mesa.

" O problema que precisamos considerar é que assim que acabar as eleiçoes ele pode ir pra cadeia. Voces sabem que o livro esta pra sair e o nosso Gilmazinho ja nao apita mais nada no Supremo". Considerou, o que parecia ser o mais jovem do grupo dos calvos. Tinha uns 70 anos.

" Nao podemos abandona-lo agora, ele veio aqui implorar, lambendo nossas botas. Coitado".

" Vamos manda-lo de volta para o exilio nos EUA!". sentenciou nervoso, o dos oculos fundo de garrafa.Tomou folego e completou:

" Ok, o problema do Serra esta resolvido, mais importante é saber:
E nois ?
Esta terrorista assim que tomar posse a primeira coisa que vai fazer é rasgar a

nossa Lei da Anistia. Olhem os maus exemplos por todos os lados. Velhos militares de outros paises vizinhos indo pra cadeia!
E nois ? repetiu ja tropeçando nas palavras.

É um perigo estas mulheres no poder. Voces viram a Kirchner ?
É muito sério, precisamos botar nossa barba de molho..."

Estava terminando a conspiraçao, no final da tarde, quando entra pelas janelas um suave som de corneta reproduzindo um triste lamento funebre.


http://www.brasilianas.org/blog/humberto/o-ultimo-presidente-da-ditadura-0#more

OBAMA: MADE IN C.I.A



A biografia oculta dos Obama: Uma família ao serviço da CIA (I)por Wayne Madsen [*]

>O jornalista investigativo Wayne Madsen descobriu arquivos da CIA que documentam as conexões da agência com instituições e indivíduos que figuram com proeminência nas vidas de Barack Obama e sua mãe, pai, avó e padrasto. A primeira parte da sua reportagem destaca as conexões entre Barack Obama Senior e as operações patrocinadas pela CIA no Quênia para combater a ascensão da influência soviética e chinesa nos círculos estudantis, criando ao mesmo tempo condições que impedissem o surgimento de líderes africanos independentes.
O próprio trabalho do presidente Obama em 1983 para a Business International Corporation, uma fachada da CIA que promovia seminários com os mais poderosos líderes do mundo e usava jornalistas como agentes de influência [NT] no exterior, encaixa-se perfeitamente com as atividades de espionagem para a CIA realizadas por sua mãe, Stanley Ann Dunham, na década de 60, após o golpe na Indonésia, por conta de um certo número de operações de fachada da CIA, incluindo o Centro Leste-Oeste na Universidade do Havaí, a USAID (US Agency for International Development). Dunham conheceu e se casou com Lolo Soetoro, padrasto de Obama, no Centro Leste-Oeste em 1965. Soetoro foi chamado à indonésia em 1965 para atuar como oficial sênior do exército e assistir o general Suharto e a CIA na sangrenta derrubada do presidente Sukarno.

Barack Obama Senior, que conheceu Dunham em 1959 numa aula de russo na Universidade do Havaí, foi parte do que se descreveu como uma ponte aérea de 280 estudantes da África Oriental para os EUA para estudar em vários colégios – simplesmente "ajudados" por uma subvenção da Fundação Joseph P. Kennedy, de acordo com um relato da Reuters, feito de Londres em 12 de setembro de 1960. A ponte aérea foi uma operação da CIA para treinar e doutrinar futuros agentes de influência na África, que se estava tornando um campo de batalha entre os EUA e a União Soviética e a China pela influência entre os países recém independentes ou na iminência de se declararem independentes no continente.


A ponte aérea foi condenada pelo vice-líder do partido de oposição KADU (Kenyan African Democratic Union – União Democrática Afro-queniana) por ter favorecido certas tribos – a maioria Kikuyu e a minoria Luo – contra outras tribos, para favorecer a KANU (Kenyan African National Union - União Nacional Afro-queniana), cujo líder era Tom Mboya, o líder queniano nacionalista e trabalhista que escolheu Obama Senior para uma bolsa de estudos na Universidade do Havaí. Obama Senior, que já estava casado, com um filho pequeno e uma esposa grávida no Quênia, casou-se com Dunham no Mauí em 2 de fevereiro de 1961, e foi também o primeiro estudante africano da universidade. Dunham estava no terceiro mês de gravidez de Barack Obama Junior quando se casou com Obama Senior.


O vice-líder no KADU, Masinda Muliro, de acordo com a Reuters, disse que o KADU enviaria uma delegação aos Estados Unidos para investigar estudantes quenianos que receberam "doações" dos americanos de "assegurar-se de que futuras doações a estudantes quenianos sejam administradas por pessoas genuinamente interessadas no desenvolvimento do Quênia".

Mboya recebeu da Kennedy Foundation uma doação de US$100 mil, após ter recusado a mesma oferta do Departamento de Estado dos EUA, obviamente preocupado com o fato de que assistência norte-americana direta pareceria suspeita aos políticos quenianos pró-comunistas que suspeitavam que Mboya tivesse laços com a CIA. O projeto Ponte Aérea da África foi subscrito pela Kennedy Foundation e pela African-American Students Foundation. Obama Senior não estava na primeira turma mas numa turma seguinte. A ponte aérea, organizada por Mboya em 1959, incluía estudantes do Quênia, Uganda, Tanganica, Zanzibar, Rodésia do Norte, Rodésia do Sul e Niassalândia.

A Reuters relatou ainda que Muliro denunciou estarem os africanos "perturbados e amargurados" com a viagem dos estudantes selecionados. Muliro afirmou que "foi dada preferência a duas tribos principais [Kikuyu and Luo] e muitos dos estudantes inscritos pelos EUA haviam falhado nos exames preliminares e comuns de admissão, enquanto alguns dos preteridos tinham certificados de primeira classe".

Obama Senior era amigo de Mboya e também um Luo. Depois de Mboya ter sido assassinado em 1969, Obama Senior testemunhou no julgamento de seu suposto assassino. Obama Senior declarou que foi ameaçado de morte depois de seu testemunho.

Obama Sênior, que trocou o Havaí por Harvard em 1962, divorciou-se de Dunham in 1964. Obama Senior casou-se com uma colega de Harvard, Ruth Niedesand, uma judia americana, que se mudou com ele para o Quênia e teve dois filhos. Eles mais tarde se divorciaram. Obama Senior trabalhou para os ministérios quenianos das Finanças e dos Transportes, assim como para uma empresa de petróleo. Obama Senior morreu num acidente de carro em 1982, e seu funeral foi acompanhado pelos principais políticos quenianos, incluindo o futuro ministro do Exterior Robert Ouko, assassinado em 1990.

Os arquivos da CIA mostram que Mboya foi um importante agente de influência para a CIA, não somente no Quênia mas em toda a África. Um antigo Sumário Secreto Semanal de Inteligência Atual da CIA (Secret CIA Current Intelligence Weekly Summary) datado de 19 de novembro de 1959, afirma que Mboya atuou na detecção de extremistas na segunda Conferência Popular Pan-africana (All-African People's Conference - AAPC) em Tunes. O relatório afirma que "sérios atritos se desenvolveram entre o primeiro-ministro de Gana Kwame Nkrumah e o nacionalista queniano Tom Mboya, que cooperou efetivamente no último dezembro para detectar extremistas na primeira reunião da AAPC em Acra. O termo "cooperou efetivamente" parece indicar que Mboya estava cooperando com a CIA, que elaborou o relatório de operações locais em Acra e Tunes. Enquanto estava "cooperando" com a CIA em Acra e Tunes, Mboya escolheu o pai do presidente dos EUA para receber uma bolsa de estudos e ser levado para a Universidade do Havaí, onde conheceu e se casou com a mãe do presidente Obama.

Um CIA Current Intelligence Weekly Summary anterior, secreto e datado de 3 de abril de 1958, afirma que Mboya "ainda parece ser o mais promissor dos líderes africanos". Outro sumário semanal da CIA, secreto e datado de 18 de dezembro de 1958, intitula Mboya de nacionalista queniano e "um jovem dirigente capaz e dinâmico" do partido da Convenção Popular, que era visto como oponente dos "extremistas" como Nkrumah, apoiado por "representantes sino-soviéticos".

Num antigo relatório secreto da CIA sobre a Conferência Popular Pan-africana de 1961, datado de 1o de novembro de 1961, o conservadorismo de Mboya, juntamente com o de Taleb Slim na Tunísia, são contrastados com as políticas esquerdistas de Nkrumah e outros. Pró-comunistas que foram eleitos para o comitê diretor da AAPC na conferência de Cairo de março de 1961, com a presença de Mboya, são identificados no relatório como Abdoulaye Diallo, secretário-geral da conferência, do Senegal; Ahmed Bourmendjel, da Argélia; Mario de Andrade, de Angola; Ntau Mokhele, da Batusolândia; Kingue Abel, dos Camarões; Antoine Kiwewa, do Congo (Leopoldville); Kojo Botsio, de Gana; Ismail Toure, da Guiné; T. O. Dosomu Johnson, da Libéria; Modibo Diallo, do Mali; Mahjoub Ben Seddik, do Marrocos; Djibo Bakari, da Nigéria; Tunji Otegbeya, da Nigéria; Kanyama Chiume, da Niasalândia; Ali Abdullahi, da Somália; Tennyson Makiwane,da África do Sul, e Mohamed Fouad Galal, da República Árabe Unida.

Os únicos participantes no Cairo a quem foram dados atestados de saúde pela CIA foram Mboya, que parece ter sido informante da agência, e Joshua Nkomo, da Rodésia do Sul, B. Munanka, de Tanganica, Abdel Magid Shaker, da Tunísia, e John Kakonge, de Uganda.

Nkrumah acabou sendo derrubado em 1966 num golpe apoiado pela CIA, enquanto estava em visita de estado à China e ao Vietnã do Norte. A derrubada de Nkrumah pela CIA foi seguida em um ano pela derrubada de Sukarno, em outro golpe que foi associado à família do presidente Obama pelo lado materno. Há suspeitas de que Mboya foi assassinado em 1969 por agentes chineses trabalhando com facções anti-Mboya no governo do presidente Jomo Kenyatta, a fim de eliminar um importante líder político pró-EUA na África. Com a morte de Mboya, todas as embaixadas em Nairobi arriaram suas bandeiras a meio mastro, com exceção da embaixada da República Popular da China.

A influência de Mboya no governo de Kenyatta estendeu-se até muito depois sua morte, e enquanto Obama Senior estivesse vivo. Em 1975, após o assassinato do político da KANU Josiah Kariuki, um socialista que ajudou a criar a KANU, junto com Mboya e Obama Senior, Kenyatta demitiu três ministros rebeldes do gabinete, "todos com laços pessoais tanto com Kariuki como com Tom Mboya". Esta informação encontra-se nas Notas da Equipe da CIA sobre o Oriente Médio, África e Sul da Ásia, Top Secret Umbra, Handle via COMINT Channels, datado de 24 de junho de 1975. A inteligência no relatório, baseada em sua classificação, indica que a informação foi obtida nas interceptações da Agência de Segurança Nacional (NSA – National Security Agency) no Quênia. Ninguém foi jamais acusado do assassinato de Kariuki.

As interceptações dos associados de Mboya e Kariuki são uma indicação de que a NSA e a CIA também interceptaram Barack Obama Senior, que, como não-americano, teria sido legalmente sujeito, à época, a interceptações executadas pela NSA e pelo Britain's Government Communications Headquarters (GCHQ).

(continua)

(NT) Agent of influence: Expressão que designa pessoas cujas ações políticas são orientadas por uma potência estrangeira para seus próprios objetivos.


•Ver também artigo que trata da intromissão de Barack Obama nos assuntos internos do Quênia: Behind the 2009 Nobel Peace Prize (Por trás do Prêmio Nobel da Paz de 2009), por Thierry Meyssan, Voltaire Network, 19/outubro/2009.

[*] Jornalista investigativo, escritor e colunista sindicado. Suas colunas apareceram em numerosos jornais e diários. Madsen contribui regularmente para Russia Today. Autor de The Handbook of Personal Data Protection ; Genocide and Covert Operations in Africa 1993-1999 ;Jaded Tasks: Brass Plates, Black Ops & Big Oil-the Blood Politics of George Bush & Co. ; co-autor de America's Nightmare: The Presidency of George Bush II .

O original encontra-se em http://www.voltairenet.org/article166741.html . Tradução de RMP.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

terça-feira, setembro 07, 2010

HINO NACIONAL BRASILEIRO

HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL



Só agora o Brasil caminha para a sua independência. A sub-elite brasileira (não tem um projeto de nação) sempre foi vassala dos interesses de outros países no Brasil. O PSDB é o partido que representa essa sub-elite que quer o país atrasado, desigual e sem futuro. Basta ver na questão do pré-sal eles defendem os interesses de empresas transnacionais, principalmente estadunidenses, contra os do povo brasileiro. É a política necrófila que gera violência e morte no povo brasileiro. Graças ao governo Lula temos um projeto de nação, com desenvolvimento social e econômico, igualdade para todos, democracia um futuro prodigioso. É uma política biófila, com paz, alegria e igualdade. Viva a independência do Brasil! Viva o povo brasileiro.

domingo, setembro 05, 2010

Como será a bala de prata da campanha

Enviado por Luis Nassif


Qual a bala de prata, a reportagem que será apresentada no Jornal Nacional na quinta-feira que antecederá as eleições, visando virar o jogo eleitoral, sem tempo para a verdade ser restabelecida e divulgada?

Ontem, no Sarau, conversei muito com um dos nossos convivas. Para decifrar o enigma, ele seguiu o seguinte roteiro:

1. Há tempos a velha mídia aboliu qualquer escrúpulo, qualquer limite. Então tem que ser o episódio mais ignóbil possível, aquele campeão, capaz de envergonhar a velha mídia por décadas mas fazê-la acreditar ser possível virar o jogo. Esse episódio terá que abordar fatos apenas tangenciados até agora, mas que tenham potencial de afetar a opinião pública.

2. Nas pesquisas qualitativas junto ao eleitor médio, tem sobressaído a questão da militância de Dilma Rousseff na guerrilha. Aliás, por coincidência, conversei com a Bibi que me disse, algo escandalizada, que coleguinhas tinham falado que Dilma era "bandida" e "assassina". Aqui em BH, a Sofia, neta do meu primo Oscar, disse que em sua escola - em Curitiba - as coleguinhas repetem a mesma história.

As diversas pesquisas de Ibope e Datafolha devem ter chegado a essa conclusão, de que o grande tema de impacto poderá ser a militância de Dilma na guerrilha. A insistência da Folha com a ficha falsa de Dilma e, agora, com a ficha real, no Supremo Tribunal Militar, é demonstração clara desse seu objetivo. Assim como a insistência de Serra de atropelar qualquer lógica de marketing, para ficar martelando a suposta falta de limites da campanha de Dilma – em cima de um episódio que não convenceu sequer a Lúcia Hipólito.

Aliás, o ataque perpetrado por Serra contra Lúcia – através do seu blogueiro – é demonstração cabal da importância que ele está dando à versão da falta de limites, mesmo em cima de um episódio que qualquer avaliação comezinha indicaria como esgotado.

A quebra de sigilo é apenas uma peça do jogo, preparando a jogada final.

A partir daí, meu interlocutor passou a imaginar como seria montada a cena.

Provavelmente alguém seria apresentado como ex-companheiro de guerrilha, arrependido, que, em pleno Jornal Nacional, diria que Dilma participou da morte de fulano ou beltrano. Choraria na frente da câmera, como o José Serra chora. Aí a reportagem mostraria fotos da suposta vítima, entrevistaria seus pais e se criaria o impacto.

No dia seguinte, sem horário gratuito não haveria maneiras de explicar a armação em meios de comunicação de massa.

Será um desafio do jornalismo brasileiro saber quem serão os colunistas que endossarão essa ignomínia – se realmente vier a ocorrer -, quem serão aqueles que colocarão seu nome e reputação a serviço esse lixo.

Essa loucura - que, tenho certeza, ocorrerá - será a pá de cal nesse tipo de militância de Serra e de falta de limites da mídia. Marcará a ferro e fogo todos os personagens que se envolverem nessa história. Incendiará a blogosfera. Todos os jornalistas que participarem desse jogo serão estigmatizados para sempre.

Todas essas possibilidades são meras hipóteses que parte do pressuposto da falta de limites total da velha mídia.

Mas a hipótese fecha plenamente.

Em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/como-sera-a-bala-de-prata-na-campanha#comment-176493

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COMENTÁRIOS E & P

De qualquer forma Serra precisa de um cadáver para tentar reverter a sua derrota. E já deve tê-lo providenciado, juntamente com a mídia que já deve estar preparando as matérias. O de sempre, sai no Jornal Nacional, é repercutido pela Folha, Estado e Veja e inunda a internet e demais noticiários. Talvez até mudem esse roteiro previsível para ser mais crível, usando uma outra mídia que não esteja tão envolvida no golpe, como a Bandeirantes ou o SBT. É tão certo isso como a constatação do golpismo das sub-elites brasileiras (não tem projeto de nação).

É a última cartada de Serra. O resultado disso é que ninguém pode prever para o resultado das eleições e o futuro da democracia no Brasil. Vai alterar substancialmente a vida política do país. Com a vitória da Dilma o país aprofundará a democracia. Se Serra for eleito governará junto com a sub-elite e trará um perído perverso para o país, de retrocesso político e social. Procurará acabar com o Partido dos Trabalhadore, a quem Serra não tolera, terá todo o controle sob o judiciário e a imprensa, como tem em São Paulo, levará o país para a órbita dos Estados Unidos, aliando-se à Colômbia, tendo uma posição afrontosa contra a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador, a quem tentaria desestabilizar em conjunto com os Estados Unidos. Poria fim a democracia no continente americano. Serra representa muito mais do que aparenta. Ele está muito confiante e isso indica que ele usará todos os meios. Até agora foram apenas preparativos.

Folha-Globo-Estadão: entenda a gangue dos coronéis

Mauro Carrara

Anote aí: os gordurosos oligarcas que dominaram boa parte da República Velha (1889 – 1930) nunca estiveram fora da cena política brasileira.

Na verdade, esses sesmeiros (ganhadores de terras) já conduziam pequenos reinados locais desde o Século 16, quando iniciaram no Brasil a instalação dos núcleos de produção açucareira.


Essa turma de monarcas tão poderosos quanto incultos obteve suas “patentes” de conveniência por meio da Guarda Nacional, criada em 1831.


A maioria colou no peito o título de "coronel" sem jamais ter movido um dedo em defesa da Constituição ou da integridade do território.


O embuste da Guarda Nacional, aliás, serviu para que esses micro-déspotas iletrados adquirissem autoridade para humilhar, prender, açoitar e matar, desde negros escravizados até filhos de inimigos políticos que ousassem flertar com suas filhas.


O típico coronel brasileiro, pilar do sistema patriarcal, notabilizou-se por distribuir afagos e chibatadas, não na mesma proporção...


No sistema do mandonismo, o líder rural nunca teve qualquer apreço pela democracia, nunca reconheceu o direito do “outro” e nunca compreendeu o sentido da palavra "república".


Esses latifundiários, senhores de engenho ou barões do café, conhecidos por arrotar à mesa e flatular jactantes em público, tinham profundo desprezo por Dom Pedro II, um homem de razão e sensibilidade, que pioneiramente prestava atenção ao meio ambiente, estudava o cosmo com sua luneta e promovia tertúlias com intelectuais do porte de Victor Hugo e Nietzsche.


A sociedade evoluiu, o mundo mudou e os patriarcas tiveram de constituir uma elite de gestores educados, seus representantes na máquina de comando no país.


Afinal, o sistema de exploração não podia terminar. Era necessário um arranjo no código de leis que justificasse, por exemplo, a importação de mão de obra semi-escrava.


Do ponto de vista jurídico e de propaganda, era necessário justificar o sistema que, por exemplo, atirou em senzalas fétidas milhares de imigrantes italianos e japoneses.
Os feitores de pincenê

A República Velha estabeleceu a ascensão definitiva desses oligarcas cafonas ao poder, dessa vez representados por bacharéis tão empolados quanto submissos.


Teve início, assim, a República da Bucha, numa referência à sociedade secreta Bürschenschaft Paulista, a confraria da camaradagem, da Faculdade de Direito de São Paulo, onde eram formados os representantes da elite política dominante.


A rigor, o primeiro grupo hegemônico após a deposição de Pedro II foi composto por militares. Tratava-se da República da Espada.


Pouco antes da virada do século, entretanto, tomou corpo a República Oligárquica, que durará até 1930.


Durante os anos da política "café-com-leite", os homens seriam iguais, mas alguns mais iguais do que os outros, e eleições serviriam para legitimar a autoridade dos coronéis.


Os gestores de aluguel, letrados e brilhantinados, curtidos a lavanda, notabilizaram-se por:


- fraudar eleições;


- realizar ações de higienização social nas metrópoles nascentes, com remoção forçada e segregação de pobres e negros;


- fornecer à classe industrial emergente força policial para agredir e deter os porta-vozes dos trabalhadores;


- calar, de fato, a imprensa, especialmente aquela alternativa, ao estilo dos jornais do anarquista Gigi Damiani.


No início do Século 20, os engomados de aluguel impuseram a Lei Adolfo Gordo, criada para desestruturar o movimento operário.


Somente em 1907, botaram fora do país 132 estrangeiros por envolvimento em atividades sindicais.


Nos anos 1920, o governo ampliado da "casa grande" começou a enfrentar um núcleo oposicionista mais organizado e atrevido, algo como uma facção jovem da turma da espada.


Depois das insurreições tenentistas, a vaidade e traição atrapalharam o arranjo oligárquico de 1930, permitindo que Getúlio Vargas subisse ao poder.



A nova cara de velhos marotos


Em 1945, os descendentes dos sesmeiros formam a UDN, o partido golpista por excelência, que tem como artilheiro contratado o sofista-sabotador Carlos Lacerda, não por acaso descendente de Francisco Rodrigues Alves, sesmeiro da cidade de Vassouras.

A elite oligárquica possui terras, controle dos meios de produção agrária, participação acionária em empreendimentos industriais e representantes diplomados.


Ao se reciclar, na década de 1950, ela constitui latifúndios midiáticos. Aprimora o controle de jornais, adquire concessões rádio-televisivas e constitui uma legislação de arame farpado que protege o cartel e impede os movimentos populares de assumir protagonismos no mundo da comunicação.


O jornal O Estado de S. Paulo, o conhecido Estadão, constitui-se num reduto renovado do velho coronelismo, mesmo posando publicamente como paladino liberal.


Em 1962, por exemplo, Júlio de Mesquita Filho, apoia o Golpe Militar e seu diretor Júlio de Mesquita Filho chega a escrever o vergonhoso "Roteiro da Revolução", procurando unir a escória civil udenista à escória do "partido fardado".


A Folha de S. Paulo (Grupo Folha), especialmente via Folha da Tarde, torna-se unidade informal do governo ditatorial, fornecendo até mesmo seus veículos automotores para ações de repressão ao contestadores do regime.


Em 2 de abril de 1964, o jornal O Globo, da família Marinho, comemora o Golpe de Estado. Estampa:


- "Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada"... "atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal".

Não é necessário que se conte aqui, mais uma vez, de que forma os coronéis e militares engendraram a fundação da Rede Globo de Televisão, o principal braço de controle midiático das elites e também de lavagem cerebral da população brasileira, função que exerce até hoje.


Chegamos a 2010 e o ímpeto golpista dos velhos coronéis não arrefeceu.


Entrincheirados em seus latifúndios midiáticos, os entusiastas do peido arrogante tentam novamente fraudar a vontade popular. Escarram na lei, definem a "verdade" conveniente e trocam a informação pela panfletagem eleitoreira.


A UDN virou Arena, que se converteu em monstros como o DEM, que por suas vez estabeleceu a filosofia política do novo PSDB, um partido sem programas, sem competências, sem princípios, mas destro nas artes da espetacularização do telecatch político, em que abundam factóides, bufonarias e outros recursos de adulteração da verdade.


O geógrafo francês Pierre Monbeig dizia que São Paulo, na República Velha, era o "governo dos fazendeiros".


Se pudesse analisar a conjuntura de hoje, certamente diria que se trata do "governo dos latifundiários da mídia".


Esses coronéis contemporâneos, controlam quase tudo, da TV aberta à TV fechada, rádios, jornais e portais de Internet.


Nos últimos 15 anos, trataram de demitir os últimos profissionais éticos e substituí-los por capitães-do-mato bajuladores, sabujos que cumprem ordens e realizam diariamente o trabalho imundo de destruição de reputações.


Só isso explica, por exemplo, a presença nas redações de gente inculta e atoleimada como Eliane Cantanhede (a insana irresponsável da febre amarela e da “massa cheirosa”) ou o capo do Instituto Millenium, Eurípedes Alcântara (o lambe-saco de Donald “Tamiflu” Rumsfeld e inventor do Boimate, a maior bobagem já publicada pela imprensa brasileira).


O levante necessário


É urgente, portanto, que se realize uma nova revolução no Brasil, uma revolução em defesa dos direitos do cidadão e da sociedade. Uma revolução pelo direito à voz.


Hoje, os representantes dos coronéis trabalham dia e noite pelo Golpe, destruindo reputações, humilhando, estigmatizando, caluniando, difamando, injuriando e adulterando os fatos.


E qualquer dissonância é logo hipocritamente carimbada como "tentativa de cerceamento da liberdade de expressão".


Se de fato é preciso preservar essa liberdade, também é fundamental que ela tenha como hipoteca o respeito à lei, o bom senso e o empenho pelo fornecimento de informação limpa e descontaminada ao cidadão.


Hoje, um operário de boa índole ocupa a cadeira do poder em Brasília, mas fora do Palácio os coronéis continuam a mandar e desmandar, conspirando dia e noite contra o povo e a democracia.


E, se isso é fato, muito se deve a uma esquerda tímida, subserviente e, catastroficamente, sem mídia.