quinta-feira, outubro 21, 2010

Querem entregar o Brasil aos Estados Unidos


Fundação denuncia esquema golpista patrocinado pela CIA no Brasil

20/10/2010 13:10, Por Redação, do Rio de Janeiro, Brasília e Washington
Não bastasse o governador eleito do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, denunciar “uma campanha de golpismo político só semelhante aos eventos que ocorreram em 1964 para preparar as ofensivas” contra o então governo estabelecido, o jornal da Strategic Culture Foundation – a partir de sua seção norte-americana, especializada em geopolítica – publicou, nesta semana, reflexão na qual avalia o esforço dos setores mais conservadores dos EUA para denegrir as “imaturas” democracias da América Latina e do Caribe.

No artigo intitulado “Elections in Brazil and the US Intelligence Community” (Eleições no Brasil e a comunidade de inteligência dos EUA), assinado pelo analista Nil Nikandrov, a instituição lembra que “o Brasil nunca pediu permissão para afirmar o seu direito à soberania e à posição de independência na política internacional em causa ao longo dos oito anos da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e era amplamente esperado que G. Bush acabaria por perder a paciência e tentar domar o líder brasileiro. Nada disso aconteceu, embora, evidentemente, porque os EUA se sentiram sobrecarregados demais com problemas com a Venezuela para ficar trancado em um conflito adicional na América Latina”.

A Estrategic Cultural Foundation aborda a questão geopolítica mundial
Leia os principais trechos do artigo:

“Falando aos diplomatas e agentes de inteligência na Embaixada dos EUA no Brasil em março de 2010, a Secretária de Estado, Hillary Clinton enfatizou: ‘na administração Obama, estamos tentando aprofundar e alargar as nossas relações com um certo número de países estratégicos e o Brasil está no topo da lista. Este é um país que realmente importa. E é um país que está tentando muito duro para cumprir a sua promessa ao seu povo de um futuro melhor. E assim, juntos, os Estados Unidos e o Brasil tem que liderar o caminho para os povos deste hemisfério”.

“Vale ressaltar que H. Clinton credita ao Brasil nada menos do que o direito de mostrar o caminho para outras nações, embora de mãos dadas com Washington. Para este último, o caminho é o de suprimir as iniciativas socialistas em todo o continente, de se abster de juntar projetos de integração regional a menos que sejam patrocinados pelos EUA, para se opor aos esforços dos populistas que visam formar um bloco latino-americano de defesa, e para impedir a crescente expansão econômica chinesa.

“Os EUA nomeou o ex-chefe do Departamento de Estado de Assuntos do Hemisfério Ocidental e um passaporte diplomático, com uma reputação dúbia Thomas A. Shannon como novo embaixador para o Brasil às vésperas das eleições no país. Ele se esforçou para convencer o presidente do Brasil para alinhar o país com os EUA e a adotar políticas internacionais menos independentes. Washington ofereceu vantagens ao Brasil como maior cooperação na produção de combustíveis renováveis, consentiram em que estabelece uma divisão da Boeing no país, e assinou uma série de acordos com as indústrias de defesa brasileira, incluindo a comissão de 200 aviões Tucano para a Força Aérea dos EUA.

“O presidente Lula não aceitou. Ele teimosamente manteve a parceria com a H. Chavez e Morales J. esteve em Havana e Teerã, condenou o golpe pró-EUA em Honduras, e até mesmo se comprometeu a desenvolver um setor nacional de energia nuclear. Ele propôs Dilma Rousseff – uma candidata séria, para esperar para orientar um curso da mesma forma independente – como seu sucessor. É alarmante para Washington, Dilma era membro do Partido Comunista e integrou a Vanguarda Armada Revolucionária – nomeadamente, com o pseudônimo de Joana d’Arc, na década de 1970. Ela foi traída por um agente do governo, depois presa, torturada sob os métodos que a CIA ensinou na Escola das Américas, e teve que passar três anos na cadeia. Por isso, mesmo décadas depois Rousseff não é a pessoa da qual se possa esperar que seja um grande fã dos EUA.

“A campanha de Dilma ganhou força gradualmente e as sondagens começaram a dar-lhe um lugar na corrida à frente do candidato de direita, José Serra. Jornalistas ‘amigos-da-américa (do norte)’ e agentes da CIA sondaram a sua disponibilidade para forjar um acordo secreto com Washington e então descobriu-se que o plano não teve chance porque Rousseff firmemente prometera fidelidade ao curso do presidente Lula. A CIA reagiu a tentativa de manchar Rousseff, e os meios de comunicação de imediato lançaram o mito sobre o seu extremismo. Encontraram informantes da polícia, que posaram como “testemunhas” de seu envolvimento em assaltos a bancos para os quais pretendia pegar o dinheiro para apoiar o terrorismo no Brasil. A mídia conservadora travara uma guerra de classificações e elogios em coro pró-EUA, José Serra como o incontestado favorito e Dilma – como um rival puramente nominal. Estabilizada a situação, no entanto, Dilma Rousseff finalmente emergiu como a líder da campanha, graças a um apoio pessoal do presidente Lula.

“Ainda assim, a pontuação de Rousseff caiu de 3% a 4%, tirando a chance de vencer ainda no primeiro turno das eleições. O resultado do segundo turno dependerá em grande parte os defensores de Marina da Silva Vaz de Lima, do Partido Verde, que ocupou o terceiro lugar nas eleições, com 19% dos votos. A guerra entre os militantes do PV está declarada e Shannon irá tentar de todos os meios para quebrar uma aliança entre Serra e Silva.

“O time de Dilma visivelmente perdeu o tom triunfalista inicial – o segundo turno é um jogo difícil, e o adversário de seu candidato está implicitamente apoiado por um império poderoso e cheio de recursos que é conhecido por ter impulsionado rotineiramente candidatos à esperança para a vitória. A mídia no Brasil – O Globo, as editoras Abril, como Folha de S. Paulo e a revista Veja – estão ocupados em lavagem lavagem cerebral do eleitorado do país.

“A equipe de Shannon está enfrentando a missão de ajudar ‘novas forças’ menos propensas a desafiar Washington e ajudar a obter um controle sobre o poder no Brasil. A CIA emprega ex-policiais brasileiros demitidos de seus cargos por várias razões, para fazer o trabalho de campo como a vigilância, as invasões a apartamentos, roubos de dados de computador, e chantagem. Na maioria dos casos, estes são os indivíduos com tendências ultradireitistas que consideram Serra como seu candidato. Ministérios do Brasil, comunidades de inteligência e complexo militar-industrial estão fortemente infiltradas por agentes dos EUA. A embaixada dos EUA e do pessoal do consulado no Brasil inclui cerca de 40 dentre a CIA, DEA, FBI, agentes de inteligência e do exército, e têm planos para abrir dez novos consulados nas principais cidades do Brasil, como Manaus, na Amazônia.

“Embora o Departamento de Estado dos EUA esteja empenhado em reduzir o tamanho da representação diplomática no mundo, em um esforço para cortar despesas orçamentais, o Brasil continua sendo uma exceção à regra. O país tem um potencial para se estabelecer como uma força contrária na geopolítica para os EUA no Hemisfério Ocidental dentro dos próximos 15 a 20 anos e as administrações dos EUA – tanto republicanos quanto democratas – estão preocupados com a tarefa de impedi-la de assumir o papel”.

Tradução: CdB


FHC DIZ A AMERICANOS QUE DOMOU AÉCIO E NORDESTE NÃO VAI VENCER SÃO PAULO
Laerte Braga



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou o Hotel das Cataratas em Foz do Iguaçu na manhã de segunda-feira por volta das oito horas. Junto com ele viajou alguns dos 150 investidores estrangeiros que no sábado e domingo participaram de um evento organizado por um ex-diretor do grupo GLOBO, para assegurar a venda de estatais brasileiras (BANCO DO BRASIL, PETROBRAS e ITAIPU), como compromisso de José FHC Serra.



Os demais investidores, em sua maioria, deixaram o hotel na terça após o café da manhã.



A conversa oficial de FHC com os empresários ocorreu na noite de domingo em um jantar cercado de toda a segurança possível e fechado à imprensa.



Ato contínuo ao jantar o ex-presidente, em conversa informal com os investidores disse, entre outras coisas, que o



“Aécio está domado. É só um menino que acha que pode ser presidente por ser neto de Tancredo. É neto, não é Tancredo”.



FHC procurou afastar os receios dos investidores em relação às pesquisas que indicam vitória maciça de Dilma Rousseff no Nordeste.



“Com o Aécio neutralizado o Nordeste não conseguirá derrotar São Paulo e Minas”.



E acrescentou –



“... as coisas no Brasil hoje não se decidem em Brasília, nem no Nordeste, mas em São Paulo. Lá está a locomotiva, o resto da composição vem atrás sem poder contestar”.



Sobre os escândalos do governo José FHC Serra principalmente o último, envolvendo o engenheiro Paulo Preto, Fernando Henrique Cardoso disse que:



“... essa figura é um arranjo do Aloísio (referia-se a Aloísio Nunes, senador eleito do PSDB paulista), mas já está controlado. Coisa do Aloísio e da filha do Serra, a imprensa não vai tratar disso por muito tempo, está sob nosso controle”.



Segundo FHC,



“o Serra vai continuar mantendo essa postura nos debates, ele sabe fazer bem esse jogo, e na última semana a mídia vai aumentar o tom das denúncias contra Dilma. Temos o apoio de alguns bispos e o povo brasileiro é muito influenciável em se tratando de religião. O D. Luís está disposto a tudo, é nosso sem limites, é amigo íntimo do Alckimin. A descoberta da gráfica foi um golpe de sorte do PT, um vacilo da nossa segurança”.



O receio da influência de Tarso Genro no Rio Grande do Sul, foi eleito governador já no primeiro turno, também foi objeto de comentário do ex-presidente:



“Vocês já notaram que quase não existe gaúcho negro? O eleitorado lá é branco em sua grande maioria e vai votar conosco”.



Marina da Silva, na opinião de FHC:



“está fadada a ser uma nova Heloísa Helena, vai acabar sendo vereadora. O encanto do primeiro turno terminou, foi ajudada pelos nossos para forçar o segundo turno”.



Para o ex-presidente a privatização de ITAIPU, BANCO DO BRASIL e PETROBRAS:



“deve ser tratada com calma e paciência, vamos ter que contornar algumas dificuldades com militares e é preciso ir amaciando esse pessoal com calma”



E sobre bases militares norte-americanas no Brasil.



“É o assunto mais delicado. Um tema explosivo, mas temos alguns apoios nas forças armadas e vamos ter que negociar esse assunto com muito tato”.



Perguntado sobre as reações de sindicatos, centrais sindicais, da população em geral contra a entrega da PETROBRAS, o ex-presidente afirmou que à época que privatizou a VALE DO RIO DOCE enfrentou essas resistências “com polícia na rua e pronto”.



“O brasileiro é passivo não vai lutar por muito tempo contra a força do governo”.



FHC falou ainda sobre a possibilidade de ressuscitar a idéia da ALCA – ALIANÇA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS:



“... com outro nome, esse ficou marcado negativamente”.



E assegurou aos investidores norte-americanos que os acordos para compra de submarinos nucleares franceses serão revistos e dificultados.



“Não temos necessidade desses submarinos”.



Sobre a compra de aviões para a FAB foi sarcástico –



“...para que? Meia dúzia de brigadeiros brincarem de guerra aérea?”



Para FHC



“... quando um brasileiro nasce já começa a sonhar com São Paulo. Não precisam se preocupar com o resto do Brasil, muito menos com Minas Gerais. Foi-se o tempo que os mineiros decidiam alguma coisa na política brasileira. São Paulo hoje é a capital real do Brasil”.



Fernando Henrique jactou-se que fosse ele o candidato e já teria liquidado a fatura a mais tempo.



“Serra não e Fernando Henrique, costuma se perder em algumas coisas e não sabe absorver golpes, fica irado e acaba criando problemas desnecessários. Mas vou estar por trás e asseguro cada compromisso que assumi aqui.”



“Lula não tem coragem de debater comigo. É um analfabeto, não passa de um pobretão que virou presidente num golpe de sorte. Acabou o tempo dele. Não vai eleger Dilma e vai terminar seus dias no ostracismo”.



Foi o arremate do acordo que selou a entrega do Brasil.



Breve, nas telas, se José FHC Serra virar presidente, BRAZIL. Com “Z” assim e todos falando inglês.

terça-feira, outubro 19, 2010

LULA : No fundo, todo mundo sabe da hipocrisia que reina

Depoimento de Fernando Morais (18 de outubro)

Chico Buarque: 'Dilma é uma mulher corajosa. Já passou por tudo, não tem medo de nada'

Oscar Niemeyer vota em Dilma

O ministro Guido tem razão

Do Valor


Antonio Delfim Netto |
19/10/2010

Os realmente "grandes" economistas, que viveram os descontroles cambiais que antecederam a Segunda Guerra Mundial (como Keynes e Nurkse, por exemplo) sabiam que o estabelecimento da taxa de câmbio não poderia ser deixada às "livres forças do mercado", porque - na presença de plena liberdade para o movimento de capitais - ela estaria sujeita a toda sorte de incontroláveis movimentos à procura de arbitragem. Foi isso que levou o acordo de Bretton Woods, que criou o Fundo Monetário Internacional, a estabelecer um regime de taxas de câmbio fixas, mas reajustáveis sob seu controle e sem exigir a livre conversibilidade.

Seus construtores sabiam, pela experiência vivida, o desastre a que levou a desvalorização competitiva nos anos 30 do século passado. No desespero, cada país procurava desvalorizar sua moeda para aumentar sua exportação e "roubar emprego dos seus parceiros". Os gráficos abaixo mostram o comportamento da taxa de câmbio do Reino Unido em 1931 (no padrão-ouro, libra/onça de ouro) e dos EUA em 1933, (no padrão-ouro, dólar/onça de ouro) e seus efeitos sobre a produção industrial (recuperação do emprego). A França entrou atrasada no mesmo jogo, em 1936.


gráficos revelam que aparentemente elas produziram efeitos internos. O preço externo, entretanto, foi uma redução dramática do comércio internacional, causa eficiente do aprofundamento da crise dos anos 30 do século passado, a maior que o capitalismo já viveu. Ela colocou em risco o sistema político apoiado na democracia, com a emergência da crença no planejamento centralizado. Uma das prováveis heranças da crise foi o nazismo na Alemanha, cujo custo social para a humanidade foi incalculável.

Quando assistimos, numa mesma semana, países tão distantes como Suíça, Japão, Coreia do Sul, Índia, Malásia, Taiwan, Filipinas, Cingapura e Brasil procurarem defender-se da tremenda desvalorização competitiva do dólar e do yuan (umbilicalmente ligado àquele), não podemos deixar de concordar e apoiar o ministro Guido Mantega, que denunciou, claramente, a existência de uma "guerra cambial". Declaração, aliás, apoiada pelo ministro Meirelles, que ao reconhecer que o real está em seu maior valor (R$ 1,65), afirmou em Washington (8/10) que "tomaremos todas as medidas para proteger a economia brasileira dos desequilíbrios causados pelo fluxo exagerado de capitais, gerado pelo excesso de liquidez nos países desenvolvidos".

Foi uma resposta clara ao diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que deu a entender que o aumento da representação dos emergentes (inclusive a China) no FMI, depende deles assumirem responsabilidades para o equilíbrio global. Disse ele, cruamente, que "se você quer estar no centro do sistema, terá que ter mais responsabilidades sobre como as suas ações afetam a economia global", mas não teve a coragem de mencioná-la!

É mais do que evidente que com a deterioração do sistema de Bretton Woods (que funcionou razoavelmente bem durante os "30 anos gloriosos"), iniciada com a dramática desvalorização do dólar nos anos 70 do século passado e com a imposição - pelo sistema financeiro internacional - da liberdade de ação que havia produzido a crise dos anos 30, o mundo exige um novo acordo global sobre as taxas cambiais e o movimento de capitais. Dos anos 30 aos 70, o setor financeiro esteve, como sempre deve estar, a serviço do setor financeiro. Com a liberdade de movimento de capitais e as suas "inovações", ele colonizou o setor real da economia e levou o mundo à beira da catástrofe. É hora de terminar com isso.

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras

E-mail contatodelfimnetto@terra.com.br

segunda-feira, outubro 18, 2010

SIMILITUDES

Antonio DELFIM NETTO, na CartaCapital, 20/10/2010, reproduzido na redecastorphoto


Qualquer semelhança entre a agressão da mídia no Brasil aos programas de Lula e as reações da mídia nos EUA ao New Deal, nos anos 30, não é só coincidência

Em abril de 2008, escrevi um comentário comparando o PAC e o Fome Zero do governo Lula aos programas de obras públicas e de combate ao desemprego sob o guarda-chuva do New Deal de FD Roosevelt, o presidente que conseguiu tirar a economia americana da Grande Depressão produzida a partir da quebra da Bolsa de NY, em outubro de 1929. Três quartos de século separam essas experiências: na primeira metade da década 1930-1940, os EUA e o mundo mergulharam numa crise sem precedentes.

Quando Roosevelt tomou posse, em 1933, para seu primeiro mandato, o PIB americano havia sido reduzido a praticamente a metade (56,4 bilhões de dólares) do que era em 1929 (103 bilhões de dólares).

Apesar da tragédia do desemprego, que chegava a 30% da força de trabalho, os EUA eram uma nação próspera. Havia muita riqueza e uma boa parte da sociedade afluente aceitava o desemprego como contingência natural numa economia de mercado. A melhor coisa que os governos deviam fazer era ficar fora disso.

Roosevelt surpreendeu, já no discurso de posse, anunciando o fim da era da indiferença: “Temos 15 milhões de sujeitos passando fome e nós vamos dar de comer a eles. O governo entende que é sua obrigação providenciar trabalho para que eles mesmos voltem a sustentar suas famílias.”

Para escândalo de muitos, seu governo pôs em marcha dois enormes programas, nunca antes tentados naquele país, de amparo ao trabalho e combate à miséria, com investimentos públicos em obras, cuja principal prioridade era absorver mão de obra (uma espécie de PAC). O empreendimento-símbolo foi a criação da TVA (Tennessee Valley Authority), que construiu barragens para a produção de energia e gerenciou os projetos de irrigação para a produção de alimentos.

Esses programas sofreram pesado bombardeio da oposição conservadora, que, a título de defender a livre iniciativa, esconjurava a intervenção estatal no setor privado, porque interferia na oferta e procura de mão de obra, desvirtuando o funcionamento do mercado de trabalho… Um dado interessante é que os ataques da mídia republicana evitavam agredir o presidente (e seus altos níveis de popularidade), concentrando toda a fúria contra a figura de Harry Hopkins, principal mentor dos programas de amparo ao trabalhador e gerente de obras públicas, qualificado de “perigoso socialista”. Qualquer semelhança com as agressões midiáticas recentes aos programas Fome Zero, Luz para Todos e ao PAC não é simples coincidência…

Hoje, ninguém duvida que o New Deal foi decisivo para a reconstrução da confiança dos americanos nos fundamentos do regime de economia de mercado. Suas ações ajudaram a salvar o capitalismo, na medida em que os milhões de trabalhadores que recuperaram os empregos voltaram “a acreditar na vontade e na capacidade do governo de intervir na economia para proporcionar uma igualdade mais substancial de oportunidades” (FDR numa de suas falas no rádio, Conversa ao Pé do Fogo).

O fato é que o PIB americano cresceu durante o primeiro e segundo mandatos e, em 1940, havia recuperado o nível que perdera desde o início da grande crise, medindo 101,4 bilhões de dólares. Roosevelt completou um terceiro mandato presidencial e ainda foi eleito (no fim da Segunda Guerra Mundial), para um quarto mandato, mas faleceu antes de exercê-lo.

Quando Lula assumiu o primeiro mandato, em 2002, a economia brasileira não estava na situação desesperadora da americana em 1933, mas contabilizava algo como 12% de desemprego da população economicamente ativa e vinha de um período de 20 anos de medíocre crescimento, com a renda per capita praticamente estagnada. Seu governo pôs em prática os programas de combate à fome que prometera no prólogo de sua Carta aos Brasileiros e posteriormente o PAC, que soma o investimento público e obras privadas, com foco na recuperação da desgastada infraestrutura de transportes, da matriz energética e na indústria da habitação. Setores de grande demanda de mão de obra e de promoção do desenvolvimento.

Oito anos depois (e 15 milhões de empregos a mais), os resultados são visíveis: queda acentuada das taxas do desemprego (para menos de 7% da população economicamente ativa), crescimento da renda e dos níveis de consumo da população, recuperação da autoestima do trabalhador e uma sociedade que adquiriu condições de oferecer substancial melhora na distribuição de oportunidades. Isso, tendo atravessado a segunda pior crise da economia mundial dos últimos 80 anos, com o PIB crescendo em 2010 acima de 7%.

sábado, outubro 16, 2010

A manipulação da Rede Globo

A CNBB virou comitê central de campanha?

16 de outubro de 2010

por Emílio Carlos Rodriguez Lopez*


A Dom Luciano Mendes de Almeida, o amigo verdadeiro dos pobres.

Participo de movimentos na Igreja Católica, desde 1979. Primeiro, na Pastoral de Juventude, onde me tornei coordenador da região Leste 1 da Arquidiocese de São Paulo, na ocasião coordenada por Dom Paulo Evaristo Arns. Lá conheci Dom Luciano Mendes de Almeida e o vi, muitas vezes, ceder a sua cama para um mendigo dormir ou repartir o pão. Este homem foi durante os anos críticos do final da ditadura um exemplo de moderação, o que falta hoje entre os atuais bispos.

Durante cinco anos fui coordenador do projeto de formação política e comunicação da região Leste 1. Na década de 80, ajudei na campanha de Plínio de Arruda Sampaio a deputado federal e a governador, participei da campanha de Chico Whitacker para vereador e do Plenário Pro Participação Popular na Constituinte e na campanha contra a revisão da Constituição. Também fui um dos coordenadores da Juventude Universitária Católica.

Tenho dois filhos lindos consagrados à Nossa Senhora de Fátima e agradeço a intercessão de Nossa Senhora Aparecida por salvar a vida da minha filha, que com sete dias de existência passou por uma cirurgia cardíaca e mais quarenta e cinco dias na UTI. Por tudo isso e, ainda amar a vida, sempre fui contra o aborto.

Nos últimos tempos, estou assistindo atônito e envergonhado o apoio ostensivo de bispos paulistas ao candidato à Presidente da República, José Serra. O pretexto de tal apoio seria a posição deste cidadão ser contrário ao aborto e defensor da vida. Oras, mesmo para defender esta causa santa não há a necessidade de tanto alarde e exploração mal intencionada do assunto, visto que os quatro principais candidatos têm posição contrária a esta prática.

Recentemente, a Regional Sul-1 da CNBB lançou um manifesto anti-Dilma, acusando-a de defender o aborto. A complacência da CNBB fez com que setores conservadores usassem a autoridade eclesiástica para cercear o direito ao voto dos católicos e, além dos mais, permitiu que se espalhassem boatos maldosos e caluniosos contra uma pessoa.

Esta campanha foi organizada pela Opus Dei, que funciona como um partido clandestino dentro da Igreja Católica contra o PT e Dilma e a favor de Serra. Esse grupo tem como premissa à defesa da vida. Para eles, a Opus Dei, o ato de viver se resume a nascer. Desse modo, para a Opus Dei reduzir a miséria e melhorar as condições de vida de milhões de brasileiros não é promover a vida. Assim como, para eles, também não é promover a vida dar condições para o povo comer carne e ter emprego.

Esta concepção restrita da defesa da vida esconde a intenção da Opus Dei de usar a religião para fins políticos eleitorais e transformar o altar em local de comício para dominar o Brasil. A Opus Dei é uma organização católica de extrema direita que não aceita pobres entre seus membros e que apoiou a ditadura fascista na Espanha e em muitas outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Além dos tentáculos econômicos poderosos que levaram a práticas de lavagem de dinheiro no Banco Ambrosiano – caso da Máfia da P2 -, domina Faculdades na Espanha e tem representantes em diversos veículos da mídia, inclusive da brasileira

Por tudo isso, não é possível tolerar que falsos democratas e amantes de ditaduras façam da defesa da vida um pretexto para atacar da forma mais vil um ser humano, lançando sobre uma mulher um leque de grosserias e inverdades.

Essa cabala, aliás, age como o arcebispo de Recife ao excomungar uma menina de 9 anos de idade que foi violentada e daria luz a uma criança. Ocorre que se tivesse o bebê ela poderia falecer durante o parto, visto que fisicamente não tem condições de ter uma criança. Essa menina que já havia sofrido enorme violência ao ser estuprada foi excomungada pelo religioso, assim como toda a equipe médica. Este drama humano mostra a hipocrisia de uma Igreja mais preocupada em punir do que em amar ao próximo. Se a menina morresse, não seria também atentar contra a vida? Quantas mulheres não passam por essa difícil situação e não encontram uma só palavra de amor. Provavelmente só ouvem rancor e ódio, além de sentir o preconceito.

Quem age contra uma criança excomungando-a também age inquisitoriamente contra uma mulher, cujo único pecado é amar os pobres e querer continuar o trabalho do atual presidente que está gerando a prosperidade para os brasileiros e concretizando a vida em abundância, ou seja, concretizar o ideal bíblico da terra onde corre leite e mel. Isto a Opus Dei, uma organização elitista, voltada para os ricos, não perdoa. Por isso, odeiam tanto o Lula e o PT.

Por último, há uma diferença entre o Cristo que carrego dentro de mim e o desta gente. A Opus Dei e setores elitistas da Igreja são os continuadores dos fariseus, doutores da lei, que segundo Jesus Cristo usavam a religião como arma de dominação sobre os mais pobres. Eles se esquecem que Jesus vivia no meio dos mais pobres e humildes, nasceu na manjedoura e não em berço de ouro. Por que será que um simples pescador foi o sucessor de Cristo? E não se esqueçam de que as mulheres, as mais oprimidas naquele tempo, ficaram com Jesus até o fim, entre elas estava uma prostituta, Maria Madalena. Ah, não foram os sumos sacerdotes e os fariseus que condenaram Jesus a morrer na cruz?

Enfim, coberto de cinzas, para expressar a minha vergonha como católico praticante, pergunto que religião é esta que semeia o ódio e não o amor, como manda Jesus?

Observação: Se quiserem me excomungar, como ameaçou o padre da Canção Nova (ele pensa que estamos na Idade Média), excomunguem. Ao menos, saberei que estou seguindo os passos de outros santos, como São Francisco que sofreu processo de heresia pelo Papado na Idade Média, por pedir uma Igreja simples e despojada de bens materiais.

* Emílio Carlos Rodriguez Lopez, mestre em História Social pela Universidade de São Paulo

quinta-feira, outubro 07, 2010

Lula: Brasil já pode pensar em fazer plataforma 100% nacional

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quinta-feira que o Brasil pode começar a pensar em ampliar o percentual de conteúdo nacional utilizado nas plataformas da Petrobras. As plataformas construídas recentemente no País têm, em média, de 65% a 70% de componentes brasileiros, como é o caso da P-57, batizada hoje por Lula, no Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, que tem 68% de conteúdo nacional.


"Nós estamos fazendo [as plataformas] com 65% de componente nacional. Já se pode começar a pensar em 80%, 90%. Daqui a pouco pode colocar 100%. A engenharia brasileira não vai dever nada a ninguém. Vai ter muitos navios, vai ter muitas plataformas. Vai precisar de mais estaleiros. Essas empresas de Cingapura vão construir mais estaleiros aqui porque nós temos que construir plataformas para outros países que precisam e que não têm a mesma tecnologia, da América do Sul e da África", disse Lula.


Segundo o presidente, os trabalhadores brasileiros da indústria naval têm tanta competência para produzir plataformas quanto os metalúrgicos de Cingapura, da Coreia, do Japão ou de outros países. De acordo com Lula, os governos anteriores perderam a chance de reativar a indústria naval e, com isso, deixaram passar a oportunidade de dar emprego a jovens e a evitar que eles entrassem na criminalidade.


"O País foi se autodestruindo. Aprendemos que era melhor importar [plataformas], que era mais barato. Mas a cada plataforma que se construía lá fora, a cada emprego que não se gerava por aqui, quantos adolescentes permitimos que fossem encaminhados para a criminalidade, pela falta de perspectiva de trabalho. É a falta de esperança que leva um adolescente ao desespero", afirmou.


Lula também aproveitou seu discurso na cerimônia de batismo da P-57 para criticar a gestão de governos anteriores na Petrobras. Disse que, em outras épocas, a empresa estatal petrolífera era considerada uma caixa-preta. "Hoje a Petrobras é uma caixa transparente", disse.


No discurso, Lula também se despediu de Angra dos Reis, dizendo que não voltará mais à cidade até o fim de seu mandato, em 31 de dezembro deste ano. O presidente aproveitou para afirmar que teve um mandato "republicano" e que nunca deixou de beneficiar qualquer estado ou prefeitura por ser controlada por um partido político diferente do seu.
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Agência Brasil

P 57 - Um projeto de nação