segunda-feira, julho 27, 2009

Os jornalistas brasileiros

Os jornalistas brasileiros foram uma categoria de suma importância no combate a ditadura militar e na redemocratização do país. Vários foram perseguidos pela ditadura, presos, torturados e mortos como é o caso do Vladimir Herzog.

Os jornalistas se formavam na própria redação. Muitos vinham de famílias de baixa renda e após serem linotipistas acabavam por se transformarem em jornalistas. Fato que não acontece mais atualmente, pois pessoas de baixa renda dificilmente conseguem emprego de jornalista numa redação.

Na década de 1990 com o neoliberalismo, o jornalismo virou uma mercadoria como outra qualquer. O que importa é o quanto vai render. Principalmente depois da passagem dos tucanos pelo governo federal. Abriu-se a caixa de pandora e no jornalismo brasileiro passou ao vale tudo. Atualmente na grande imprensa mercantil o que importa é o interesse das famílias donas dos meios de comunicação. A verdade fatual não é mais buscada e sim o quanto a informação publicada vai render a essas famílias.

O jornalista não tem liberdade de escrever sobre o que acha de determinado assunto. Atualmente é impossível um jornalista do chamado Partido da Imprensa Golpista, composta pela Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, rádio CBN, Rede Globo, revista Veja e de outros veículos de comunicação, escrever qualquer matéria positiva sobre o governo Lula. Ou então negativa sobre o governador José Serra. Aliás, Serra, segundo informações da própria imprensa, liga para os donos dos jornais pedindo a cabeça de quem escreve algo contra seu governo. Ele instalou o terror nas redações.

Como escreveu Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra, fica patente que só tem liberdade de expressão quem tem capital e manda as redações escreverem de acordo com a determinação mercantil da empresa.

E essas empresas capitaneadas principalmente pelas famílias Marinho, Mesquita, Frias e Civita, apesar de haver outras, determinaram que são oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Isso por motivos ideológicos, visto que essas famílias não são democráticas, apoiaram o golpe de estado de 1964 e porque o governo Lula não atende aos interesses mercantis delas. Quando o governo federal pulveriza as verbas publicitárias para distribuí-las melhor entre vários veículos, grupos empresariais como Folha, Estado, Globo e Abril deixam de ganhar milhões de reais.

O contrário acontece no governo de São Paulo, que em troca de blindagem, gasta milhões de recursos públicos com elas. São verbas como as que foram para a Rede Globo de propaganda da Sabesp (no Acre), da assinatura de revistas da Editora Abril e de jornais do grupo Folha.

Assim José Serra, como foi com Collor de Mello, tem apoio desses meios de informação. Eles estão fechados para usarem de todos os meios para tentá-lo colocar na presidência da república. Todas as notícias que são desfavoráveis a Serra e ao seu partido, o PSDB não são publicadas ou são escondidas em páginas internas. O mesmo se estende ao seu preposto, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e seu partido o DEM.

Isso quebra qualquer sentido de imparcialidade do jornalismo. É só ler as matérias das capas dos jornais para perceber que sempre tem uma matéria negativa ao governo federal e no governo do Estado de São Paulo nem se toca.

E não faltam motivos para se investigar o governo de José Serra e seu partido. A começar pelo Rodoanel, obra superfaturada, conforme relatório do Tribunal de Contas da União - TCU, ao cartão corporativo estadual que não preza pela transparência, à CDHU, ao descalabro administrativo do Rio Grande do Sul, aos escândalos do prefeito Beto Richa de Curitiba.

No Senado Federal, a ordem das famílias midiáticas é derrubar o presidente José Sarney. Não por amor a moralidade pública ou outra causa nobre. Mas para assumir o senador tucano Marconi Perillo de quem há denúncias graves e a partir dessa cabeça de ponte desestabilizar o governo Lula e tentar o impeachment. Isso porque a aposta que a oposição fez da crise econômica deu em marolinha, a candidata Dilma vem crescendo exponencialmente no jogo sucessório e ficou bem claro que o candidato José Serra empacou e não cresce mais.

De forma orgânica a mídia tem batido todo dia no presidente do senado. Todos os jornais, portais, revistas e demais meios de comunicação são pautados por alguma notícia desfavorável ao Sarney. Falar do senador tucano Arthur Virgílio e o empréstimo com Agaciel Maia nem pensar, ou do demista Efraim Morais e as dezenas de fantasmas. O objetivo da mídia não é a lisura dos negócios públicos e sim os ganhos que possam vir a ter com um governo tucano. O Quércia era o demônio para a imprensa quando apoiava o PT em São Paulo e agora virou o queridinho da mídia por apoiar os tucanos.

Somente com a queda de José Sarney e Marconi Perillo ficando na presidência é que os tucanos, demistas e pepistas têm alguma chance em 2010. Poderão dificultar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, aprovação de leis que são essenciais ao governo e ainda poderão entrar com pedido de impeachment do presidente Lula. Esse é o objetivo central.

E disso sabem os jornalistas que publicam as matérias diariamente nos jornais. Ninguém é ingênuo. Esses jornalistas são oriundos da classe média brasileira. Muitos deles são ideologicamente fechados com o PSDB. Seguem de forma bovina o que mandam os donos das redações. Alugam o corpo do pescoço para cima.

A cobertura que estão fazendo para criar fatos para a CPI da Petrobras é vergonhosa. Estão mentindo, distorcendo fatos e agindo até de forma fascista. Basta ver as respostas desmentindo tudo, que a Petrobras vem dando no blog Fatos e Dados.

A empresa foi porcamente gerida na gestão tucana e os jornalistas nem se lixaram para o destino dela e do país.

Na gestão petista o lucro, investimento, produtividade e prêmios internacionais cresceram exponencialmente. E a empresa é atacada. Duvido que a Rede Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo ou a Editora Abril tenham uma administração mais eficiente. Pelo contrário essas empresas, vira e mexe, estão de pires na mão atrás de recursos do BNDES e de salvação governamental.

Ao mexer com a Petrobras os jornalistas brasileiros estão tentando destruir um patrimônio que é de todo povo brasileiro. Estão agindo como os oficiais nazistas que em Nuremberg, disseram que cumpriram ordens. Serão julgados pela história.

Na seleção para trabalhar nos veículos que compõem o Partido da Imprensa Golpistas, o jornalista selecionado precisa ter a ideologia de direita, ou então vender o corpo do pescoço para cima. Triste realidade para uma categoria que era vista como elitista.

Mas nem tudo está perdido, pois tem outros veículos como Carta Capital, Revista do Brasil Fórum, entre outros que estão trabalhando de forma correta. Nessas redações há liberdade de imprensa, pois o jornalista não é obrigado a se prostituir. Ele escreve o que acha que deve, de acordo com a sua consciência.

Isso coloca na ordem do dia a necessidade de democratização de acesso aos meios de comunicação. O BNDES pode abrir linha de financiamento para fortalecer outras empresas de comunicação e que novas sejam criadas. Também portais devem ser criados e estimulados na internet além de popularização da banda larga. As rádios comunitárias precisam de apoio e o espectro eletromagnético (cada canal pode se transformar em quatro) da televisão digital deverá ser distribuído para instituições como sindicatos, ONGs e outras que representem o povo brasileiro.

Não dá mais para meia dúzia de famílias determinarem o que vai ser informado ao povo brasileiro de acordo com os seus interesses ideológicos e financeiros.

Na I Conferência de Comunicação esse tema precisa ser tratado. Só haverá democracia no Brasil quando não houver concentração midiática e esses meios passarem por controle social, como é feito nos países desenvolvidos.

Isso também será muito bom para a categoria dos jornalistas, pois não precisarão mais vender o corpo do pescoço para cima para manter os seus empregos e poderão contribuir para a construção de uma nação justa e desenvolvida, que precisa de um jornalismo fatual e imparcial.

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