quarta-feira, março 12, 2008

Economia brasileira cresce 5,4% em 2007, diz IBGE



Economia brasileira cresce 5,4% em 2007, diz IBGE
12/03 - 09:04, atualizada às 13:57 12/03 - Paula Leite, repórter Último Segundo

ImprimirEnviarCorrigirFale ConoscoSÃO PAULO - O produto interno bruto (PIB) do Brasil cresceu 5,4% em 2007, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB mede toda a produção, ou geração de riqueza, do país. Toda vez que é agregado valor a um produto, isso contribui para o crescimento da economia.

Opinião: A "maldita" política de renda é a chave do crescimento
Dá para manter neste ano ritmo de 2007, diz Mantega
Lula está satisfeito, mas acha que PIB pode melhorar, diz Bernardo


Por exemplo, um comerciante que compra uma bolsa de uma indústria por R$ 10 e a vende por R$ 25 agregou R$ 15 ao PIB.

Em valores, o PIB de 2007 atingiu R$ 2,6 trilhões. O crescimento de 5,4% foi maior que o de 2006, que havia sido de 3,8%.



Fonte: IBGE

O consumo das famílias teve destaque, registrando alta (6,5%) pelo quarto ano consecutivo.

O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, diz que o crédito alavancou o crescimento do consumo das famílias e o câmbio barateou os importados, o que forçou as empresas brasileiras a competir e abaixar preços. Isso aumentou o poder de compra da população, segundo ele.

"Por exemplo, no começo do ano você comprava um computador por R$ 3.000 e no final do ano comprava o mesmo computador por R$ 1.500. A informática foi um dos grandes destaques no consumo das famílias", diz o economista.

A economista do banco Santander Luiza Rodrigues diz que 2007 foi um ano muito aquecido e de crescimento generalizado em todos os setores. Segundo ela, a demanda interna cresceu muito, em um processo de aumento do poder de compra das famílias que começou com o Plano Real. Nos últimos anos a economia teve injeção de recursos com o aumento do salário mínimo, com a expansão do emprego e com os programas sociais do governo, diz ela.

"Isso leva a um círculo virtuoso, porque com o comércio aquecido, as empresas contratam, e isso aumenta o nível de emprego e o poder de compra", diz a economista.

Investimento

Já o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, também registrou crescimento, de 13,4%, a maior taxa anual desde o início da série, em 1996.

Borges diz que o investimento cresce há quatro anos consecutivos e que a expansão forte é positiva porque é um sinal de que as empresas vão aumentar a produção, o que alivia a inflação. "O Banco Central está preocupado com a oferta não atender à demanda, isso é positivo porque talvez não precise aumentar os juros", diz ele.

Para Luiza Rodrigues, a indústria está investindo para atender à demanda interna, o que é positivo porque também aumenta a capacidade do País de crescer no futuro. "Mas o investimento ainda precisa crescer muito. A relação investimento/PIB no Brasil está em cerca de 18%, na China por exemplo é de mais de 30%", diz a economista.

Economia em 2008

Borges acredita que em 2008 o crescimento da economia não deve ser tão forte quanto o do ano passado, ficando em torno de 4,5%. Segundo ele, a volatilidade externa deve afetar o País, já que o mundo deve crescer menos neste ano. "O crescimento é puxado pela demanda interna, mas o Brasil ainda depende do resto do mundo", diz ele.

Setores

O setor que registrou o maior crescimento foi a agropecuária, que se expandiu em 5,3%, seguida pela indústria, com crescimento de 4,9%, e serviços, com 4,7%. Segundo o IBGE, o crescimento da agropecuária deveu-se principalmente à lavoura, com destaque para trigo, algodão, milho, cana e soja.

Dentro da indústria, os segmentos com maior crescimento foram indústria de transformação, que se expandiu em 5,1%, e construção civil, eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, cada um deles com crescimento de 5%.

Os segmentos de serviços com maiores elevações foram intermediação financeira e seguros, que cresceu 13%, serviços de informação (8%) e comércio (7,6%).

Setor externo

O resultado do PIB em 2007 é a continuação de um processo que começou há dois anos, segundo Luiza Rodrigues. Segundo ela, antes era era o setor externo que dava a principal contribuição para o crescimento. Agora a situação se inverteu e a demanda interna cresce, fazendo aumentar a produção. "Hoje o setor externo tem contribuição negativa para o PIB, porque a produção interna não dá conta e as importações cresceram muito", diz ela.

Segundo o IBGE, em 2007 as exportações tiveram alta de 6,6%, enquanto as importações cresceram 20,7%. O crescimento das exportações é inferior ao das importações desde 2006, diz o órgão.

Crescimento do PIB dos países em 2007

China 10,6%
Índia 9,6%
Rússia 8,1%
Brasil 5,4%
Chile 5,2%
África do Sul 5,1%
União Européia 2,9%
Estados Unidos 2,2%


4º trimestre

No quarto trimestre, o crescimento do PIB foi de 6,2% em relação ao mesmo período de 2006 e de 1,6% na comparação com o trimestre anterior.



Fonte: IBGE

Na comparação do quarto trimestre com o trimestre anterior, destacou-se o crescimento do consumo das famílias, de 3,7%. A formação bruta de capital fixo teve alta de 3,4%, após cinco trimestres consecutivos crescendo, segundo o IBGE.

Já as exportações se expandiram em 2,6% no quarto trimestre, enquanto as importações cresceram em um ritmo mais elevado, de 5,6%, pelo 17º trimestre consecutivo.

Nenhum comentário: