segunda-feira, março 31, 2008

Nassif revela evidências de ''dedo tucano'' no suposto dossiê

O jornalista Luis Nassif conseguiu informações de bastidores que indicam a participação de tucanos na elaboração do suposto dossiê que a revista Veja e o jornal Folha de S. Paulo --coincidentemente, dois veículos simpáticos ao tucanato-- andaram divulgando na última semana. Segundo informação postada no blog do Nassif, há inúmeras indicações que o suposto dossiê foi produzido por membros do governo Fernando Henrique para causar um ''fato político'' que estourasse no colo do Palácio do Planalto.



No sábado (22), mesmo dia que a revista Veja chegou às bancas com a ''notícia'' sobre o suposto dossiê, este Vermelho publicou matéria do jornalista Cláudio Gonzalez que também levantava a hipótese do documento ser obra da própria direita, interessada em reeditar o episódio ocorrido às vésperas das eleições de 2006. (Leia aqui)


Agora, Nassif traz novos indícios que fortalecem esta hipótese. Ele mesmo diz estar convencido de que o tal dossiê é uma armação. ''Não é a primeira vez que sigo a intuição e aposto em uma direção. Se estiver errado, pago o pato: me penitenciarei publicamente aqui no Blog e me exporei aos ataques dos adversários. Mas minha convicção sobre a natureza do suposto dossiê está mais forte'', diz ele.


''Tanto na matéria da Folha quanto da Veja, não havia uma indicação nem de onde veio o tal dossiê, nem quem foi chantageado por ele. E essa ausência absoluta de informações acende a luz amarela em qualquer jornalista com experiência em reportagem investigativa'', explica Nassif.


Governo anterior


A suspeita de Nassif sobre a origem do dossiê foi reforçada após a conversa que ele teve com um dos mais experientes repórteres políticos de Brasília. ''Sua visão – de dentro do jornalismo brasiliense – ajuda a trazer mais dados para essa história do suposto dossiê contra Fernando Henrique Cardoso'', diz Nassif.


O jornalista, que Nassif preferiu não identificar, diz que há inúmeras indicações que o suposto dossiê foi produzido por membros do governo anterior. A primeira, é que os papéis não machucam ninguém. Apresentam apenas banalidades sobre os gastos de FHC. Depois – continua ele – porque, pela descrição da Folha, percebe-se que foram extraídos de três bases de dados diferentes, com três letras diferentes de computadores, com diferentes tratamentos a dona Ruth.


O jornalista ouvido por Nassif garante que esses papéis não foram produzidos na Casa Civil. ''No máximo pode haver alguma coisa da base de dados que foi juntada às trezes folhas. A Casa Civil pode ter seu levantamento, mas não é esse'', opina.



Já havia suspeitas de que o material reproduzido pela Folha na quinta tivesse sido fornecido pela Veja. Primeiro, pelo fato de nenhuma das duas empresas darem a menor dica sobre a proveniência dos dados. Em qualquer jornalismo que se preze, não se entregam as fontes mas se dão dicas sobre a origem da informação, como forma de situar o leitor. Ou do Congresso, ou de fontes do Palácio, ou de fontes do antigo governo, qualquer coisa que permita ao leitor saber o que estão lhe servindo.


As duas publicações nada falam sobre isso. Mas a confirmação veio na última edição de Veja.


Porões


Dilma Rousseff negociou terça e quarta pessoalmente com Roberto Civita a publicação do desmentido oficial da Casa Civil, diz ele. O acordo foi fechado na quarta. A confirmação veio na última edição da revista, no espaço aberto à Ministra. A redação da Veja se sentiu acuada. O suposto dossiê foi entregue à Folha na quinta – típica reação dos porões, diz o jornalista.


E porque porões? Aí entra a questão da bruxaria, imagem que ele vai buscar em matéria de Elio Gaspari na Veja, em 1985, quando Brasília amanheceu coalhada de cartazes indicando que o Partido Comunista apoiava Tancredo.


Todo mundo sabia disso, não era novidade. A novidade era saber quem colocou os cartazes. Enquanto a imprensa saía atrás da repercussão dos cartazes, Gaspari saía atrás da identidade dos responsáveis – que haviam sido presos. Descobriu-se que eram pessoas do Centro de Informações do Exército, pretendendo açular a linha dura.



Segundo Nassif, a lógica é a mesma do suposto dossiê. ''Todo mundo sabe que o governo está se armando. Mas o dossiê foi gerado fora do governo para criar um fato político – não com a linha dura do Exército, obviamente, mas com os falcões do Congresso''.


Tem uma matéria da Veja acontecendo neste momento, diz o jornalista. ''Não é só calvinista, falso moralismo, não é só estupidez que está exposta. Tem bruxaria também e que está se desdobrando agora. O pessoal antigo de FHC voltou a operar'', revela.


Enquanto alguns tucanos operam nos esgotos da mídia, outros atuam nos corredores do Congresso Nacional para sustentar a farsa montada por eles mesmos. A tática é usar a CPI dos Cartões Corporativos para acusar o governo de chantagem. Nesta semana, líderes tucanos usaram e abusaram das tribunas do legislativo para apontar o dedo acusador para o governo e especialmente para a ministra Dilma Roussef, exigindo dela ''explicações'' sobre o tal dossiê.


Grande pauta


O jornalista ouvido por Nassif diz que, em Brasília, a grande pauta do momento é saber quem confeccionou o suposto dossiê.


Um leitor do blog de Nassif resgatou trecho de uma reportagem da própria Folha de S. Paulo que pode ajudar a desvendar esta pauta.


A reportagem é de 12 de fevereiro de 2008 e diz que ''o acordo do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) com o governo na eventual CPI dos Cartões Corporativos mobilizou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e auxiliares numa varredura de dados,(...) À tarde, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reuniu-se com o secretário de Organização do partido, Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência na gestão FHC. Jorge ficou encarregado de coletar dados sobre o período e checar que tipo de documentação estaria arquivada, assim como o acesso a ela''.


''Ficou claro que os tucanos também possuem uma base de dados sobre o período e o fato desse relatório de 13 páginas, obtido por Veja, jamais ter sido divulgado na íntegra - apenas fragmentos - faz pensar que esses dados que estão circulando podem ter vindo de quem realmente tinha interesse em divulgá-los'', diz o leitor José Augusto Zague, que deu a dica para Nassif.



Dilma: "A quem interessa isso tudo?"



A mesma suspeita têm o governo. Tanto que a própria ministra Dilma Roussef foi porta-voz deste questionamento. ''A pergunta que o governo faz hoje é: a quem interessa o vazamento dos dados?'', disse Dilma durante entrevista coletiva concedida neste sábdo (29) em Curitiba.


''Muita gente sabe e viu. A esperança é descobrir quem'', acrescentou a ministra, ao informar que já foi iniciado o processo de apuração de responsabilidades: ''O grave é o vazamento de informações, que vai ser apurado. Não sabemos quem formatou, a sindicância já foi aberta''.



Na carta enviada à revista Veja, a casa Civil reforça a suspeita ao finalizar a carta com a pergunta: " a quem interessa isso tudo? Ao Governo Federal, certamente, não."

quinta-feira, março 27, 2008

Aprovação de Lula sobe para 73% e governo tem a melhor avaliação em 5 anos



A aprovação dos brasileiros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu 18 pontos percentuais em um ano e alcançou a marca de 73%, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira (27).

Em março do ano passado, a aprovação estava em 55%, índice que já era considerado alto. Os 73% alcançados agora são inferiores apenas à pesquisa feita no início do primeiro mandato, quando Lula tinha 75% de aprovação. A diferença de dois pontos percentuais está dentro da margem de erro da pesquisa.

A avaliação positiva do governo federal também é a melhor desde a primeira posse. Hoje, de acordo com a pesquisa, 58% dos entrevistados acham a administração federal boa ou ótima, contra apenas 11% que a consideram ruim/péssima. Para outros 30%, o governo é regular.

Em dezembro de 2007, na edição anterior da pesquisa, a avaliação do governo foi de 51% - índice igual ao de março de 2003.

Na mesma linha, a confiança no presidente foi a 68%, enquanto apenas 28% dos entrevistados afirmaram não confiar em Lula. Em dezembro do ano passado, o índice de confiança era de 60%.

Segundo a CNI/Ibope, o movimento expressivo das avaliações positivas também repercutiu na expectativa em relação ao segundo mandato de Lula. Dos entrevistados, 42% afirmaram que o atual mandato de Lula está sendo melhor que primeiro.

O percentual dos que consideram o segundo mandato pior que o primeiro caiu de 21% em dezembro para 16%.

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 19 e 23 de março, em 141 municípios.

terça-feira, março 25, 2008

CURTAS E & P

Celso Amorim no Roda Viva

O chanceler brasileiro Celso Amorim deu de dez a zero no Roda Viva da última segunda-feira (24). O diplomata, exemplo de homem público e competência, mostrou aos colonistas que o país tem rumo e uma diplomacia independente. A Eliane Cantanhêde, como de costume mau preparada e defendendo os interesses dos Estados Unidos, não se conteve em dado momento da excelente explanação de Amorim e ficou perdida dizendo sozinha alguma coisa relativa a Washington. A mesma jornalista foi a escalada para defender os pilotos americanos que causaram o acidente com o avião da Gol em 2006. O Magnoli, sujeito arrogante e que escreve no jornal “O Estado de S. Paulo” para manter o emprego e mostrar aos seus patrões que ele comunga do mesmo credo que eles, ficou o tempo todo acusando Chávez. Ele falou em direitos humanos, mas em nenhum momento falou de Abu Graib, Guantânamo e que o presidente dos Estados Unidos George Bush vetou a lei que proibia tortura nos interrogatórios. Também não falou de Uribe e sua política nefasta na área. O embate dos homens do governo federal é muito importante, pois desmascara os colonistas que além de despreparados defendem interesses alheios aos brasileiros. O que ganham com isso, talvez somente uma matéria de 2003 da revista Carta Capital com um ex-agente do FBI, possa dizer. Justiça seja feita, a professora Maria Pádua da FGV fez perguntas de interesse do país. Foi a única. Quanto ao Celso Amorim, deitou e rolou e mostrou porque o Brasil atualmente é respeitado mundialmente.

Oposição acusa as obras do PAC de eleitoreiras

A tática de dizer que as obras do PAC são eleitoreiras foram usadas pela imprensa paulistas em 2004. Na eleição da capital de São Paulo ela era unânime, principalmente o “Folhão” que acusara as obras da prefeita Marta Suplicy de eleitoreiras. O jornal não deu o mesmo tratamento em 2002, quando segundo o mesmo periódico, o então candidato a governo do Estado, Alckmin, inaugurou em média 2 obras por dia. Essas obras foram o diferencial para que ele fosse eleito governador. O candidato do PT José Genoino cresceu exponencialmente e estava ameaçando o candidato tucano, até que ele inaugurou o trecho oeste do Rodoanel e um pedaço da linha 5 – Lilás do Metrô. José Serra e Kassab também têm anunciado obras, tratadas como investimento e elogiadas pelo Partido da Imprensa Golpista – PIG. A ditadura midiática é um câncer que tenta manter o país preso às amarras conservadoras e sem futuro. A mesma luta que fizemos contra a ditadura militar devemos empreender contra a ditadura midiática. Qualquer ditadura é prejudicial ao país e ao seu povo. A elite desse país não presta, são predadoras e até a assinatura da Lei Áurea os jornais delas diziam que o país iria quebrar e que era preciso manter a escravatura. É essa mesma mentalidade que domina os donos da folha, estadão, globo, veja et caterva.

segunda-feira, março 24, 2008

A GLOBO JÁ ESTÁ EM CAMPANHA, EM ESFORÇO MAIS BEM ORGANIZADO QUE O DE 2006

Atualizado em 22 de março de 2008 às 13:31 | Publicado em 21 de março de 2008 às 11:52

SÃO PAULO - Governo e oposição já estão em franca campanha para as eleições municipais de 2008. O governo faz o PAC e os Territórios da Cidadania, que são obras importantes de infraestrutura mas podem, óbviamente, render dividendos eleitorais. A oposição está desarticulada no Congresso, mas tem aliados importantes no STF e na mídia.

O partido mais forte de oposição é o Partido das Organizações Globo. Só não percebe que está em campanha eleitoral quem não presta atenção. A campanha vai do Jornal Nacional à rádio CBN, passando pelo jornal O Globo e o portal da Globo.com. Não existem reuniões de campanha. Não é preciso. Os senadores, deputados e vereadores do partido pensam igual. Alguns são escalados para tentar agendar o noticiário do dia, através do Bom Dia Brasil. Outros trabalham junto à elite, em programas da Globonews. Há os que ataquem em novelas e no entretenimento. É uma bancada de famosos.

Sinceramente, não sei qual é a eficácia desse martelar contínuo. O time é formado não só por aqueles que recebem salários diretamente, mas também pelos contratados para prestar serviço. São os especialistas, que recebem um espaço extraordinário em concessões públicas de rádio e de televisão para dar suas opiniões "neutras". Esse tempo não é contado no oferecido a integrantes do governo ou da oposição. É tempo de comentários supostamente jornalísticos. É propaganda eleitoral disfarçada.

Em 2006 o Jornal Nacional dava um minuto para o Alckmin, um minuto para a Heloísa Helena, um minuto para o Cristovam Buarque, um minuto para o Lula, dois minutos para a capa de Veja e cinco minutos para escândalos federais. Não existiam escândalos estaduais, nem municipais.

Já está no ar, nas Organizações Globo, uma reprise de 2006, agora melhor organizada.

De lá para cá a linha editorial dos veículos foi consolidada, a ponto de os correspondentes internacionais receberem o que pode ser definido como "material de propaganda", para que aprendam o que pensa a direção da empresa. Ainda que alguns correspondentes usem os livros para calçar a porta de casa, o importante é que repitam, no ar, o conteúdo.

Há três objetivos: um, de curto prazo, meramente eleitoral. Nessa estratégia se encaixam participações como as do doutor Rosenfield na rádio CBN. Ele é apresentado como doutor em ética e professor universitário. O ouvinte desavisado acha que é uma simples autoridade intelectual supostamente imparcial. Essas "autoridades" serão usadas crescentemente para não desgastar a credibilidade dos jornalistas da casa, munição importante para as vésperas da eleição.

Os ataques vão se concentrar naquilo que os aliados do governo poderão usar na campanha, especialmente no PAC. As CPIs dos cartões corporativos e das ONG são mantidas em banho-maria. É delas que surgirão os escândalos para alimentar o noticiário dos próximos meses. Se 2006 serve de exemplo, esses e outros escândalos vão atingir o ápice em agosto ou setembro. Se começarem a surgir muito cedo, haverá tempo de refutar as informações superficiais, distorcidas, manipuladas ou tiradas de contexto - especialmente através da internet.

O segundo objetivo é mais longínqüo: as eleições de 2010. Os jornalistas assalariados e os comentaristas alugados vão mirar em qualquer candidato em potencial ligado ao governo - de Ciro Gomes a Dilma Roussef. É um trabalho de longo prazo. Feito com paciência, diligência e organização.

O terceiro objetivo tem caráter mais ideológico: derrubar iniciativas consideradas prejudiciais aos interesses políticos ou econômicos das Organizações Globo, das grandes corporações e da política externa dos Estados Unidos, que na verdade se confundem. Direitos das corporações serão defendidos como se fossem direitos humanos. Direitos trabalhistas serão atacados como atraso. Por exemplo, ligando as leis ao entulho da ditadura Vargas. E os direitos das minorias serão vendidos como violação de direitos alheios, isto é, da elite branca como definida pelo ex-governador Cláudio Lembo.

E assim serão combatidas a redução da jornada de trabalho, os aumentos do salário mínimo acima da inflação, os programas sociais, a reforma agrária, o reconhecimento de direitos dos quilombolas e dos indígenas que ameacem o agronegócio, o estatuto da Igualdade Racial, a expansão do Mercosul e qualquer iniciativa que represente aproximação entre o Brasil, a Bolívia, o Equador e a Venezuela.

O combate ao governos destes três últimos países tem a ver com a ameaça da consolidação de um caminho que põe em xeque a soberania dos Estados Unidos sobre a América Latina, que é um fato afirmado, confirmado e reafirmado através da contínua intervenção política, econômica e militar no México, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador, na Costa Rica, em Cuba, em Granada, no Panamá, em Porto Rico, na República Dominicana, no Haiti, na Colômbia, na Venezuela, no Chile, no Brasil, na Argentina, na Bolívia e no Paraguai. Esqueci alguma intervenção? A Globo esqueceu.

O CEDOC da Globo parece ter sido vítima de um apagão digital. O CEDOC da Globo só se lembra dos seqüestros praticados pelas FARC. O CEDOC da Globo se esqueceu da derrubada de um avião cubano com 57 passageiros a bordo em 1976 e do fato de que os autores do atentado viveram ou vivem livres, leves e soltos nos Estados Unidos. Nessa parte do arquivo deu tilt. Se o CEDOC se lembrar disso vai ser preciso explicar aos telespectadores da Globo que governos americanos deram cobertura a terroristas. Já imaginaram?

Eu escolhi reproduzir o áudio da rádio CBN, que está na Rádio Viomundo, para dar um exemplo do que ouvem milhões de paulistanos em seus automóveis, presos no engarrafamento, que é sempre causado "por excesso de veículos", no jargão da emissora. Os congestionamentos-monstro de São Paulo nunca são causados por falta de planejamento ou pela inércia dos poderes públicos. Admitir isso seria, de alguma forma, prejudicar o projeto político aliado, que hoje controla a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.

Notem como o jornalista-locutor, no áudio que reproduzo, se sente à vontade para sugerir que, infelizmente, é impossível mudar de técnico - ou seja, é impossível derrubar um presidente da República eleito pela maioria.

Sugiro a vocês que escrevam aí embaixo uma lista de senadores, deputados e vereadores da bancada das Organizações Globo. Vou criar uma seção neste site para que fiquem registradas as declarações da bancada da Globo nesta campanha eleitoral. Peço a contribuição de todos. Não pode haver erro: o objetivo é o de reproduzir literalmente o que escrevem e dizem no rádio e na TV os integrantes deste verdadeiro partido político, de alcance e penetração nacionais.

Gravem da TV, do rádio, recortem dos jornais. Vamos fazer a partir de agora um grande banco de dados com os comentários "apartidários" do Partido das Organizações Globo, para a diversão de futuras gerações. Quem sabe saia disso um livro, o primeiro produzido no Brasil a partir da ação colaborativa de internautas. Poderemos chamá-lo de Pérolas do Jardim Botânico.
Do www.viomundo.com.br

Luiz Carlos Azenha

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domingo, março 23, 2008

Minha Solidariedade ao PHA

Durante os últimos anos o Conversa Afiada do excelente jornalista Paulo Henrique Amorim foi uma grata surpresa no mundo hipócrita e corrompido que é o jornalismo brasileiro. Autêntico e independente o blog se tornou uma pedra no sapato da mídia golpista brasileira. Ele desmascarou palpiteiros econômicos como carlos sardenber e miriam leitão, pseudo-cientista política como lucia hipolito, a hipocrisia da folha de são paulo que joga para debaixo do tapete todos os atos de corrupção dos governos tucanos. O Conversa Afiada ainda deixou nu o pretenso sociólogo fernando henrique cardoso, que depois de fazer uma gestão fraudulenta e temerária no Brasil, passou a liderar a onda golpista da oposição. paulo skaf, os fascistas do cansei, a daslu, a fiesp, a sempre golpista organizações (?) globo, o ministro (?) mello, o estadão (aquele jornal que ajudou a destruir a democracia brasileira em 1964), o judiciário, o psdb, o serra, kassab, alckmin et caterva foram desmontandos um a um nas crônicas diárias do M & M. Qundo da queda do Airbus da Tam, enquanto os colonistas (joemir betting falou muita asneira naquele dia) jogavam a culpa no governo federal, Paulo Henrique Amorim tratava a questão de forma objetiva. E foi graças a ele que ganhamos fôlego e pudemos demonstrar ao país que a Tam não tinha feito manutenção no Airbus e impedido o golpe de estado. O mesmo se deu na desmontagem do cansei, movimento de origem fascista que o Partido da Imprensa Golpista apoiou. arthur virgílio nas páginas do Conversa virou apenas um sumulacro de político, pelo jeito truculento e bate pau com que trata as questões nacionais. A elite ficou nua e perdida com o blog. Sem falar nos cartões do serra que o Conversa obrigou aos membros do PIG a publicar. O jornalismo inteligente e objetivo do Paulo Henrique Amorim mostrou para nós que a luta vale a pena, a decência, apesar dos tucanos e da rede globo, ainda existe nesse país. Devemos apoiar e engrandecer ainda mais esse movimento. As sementes estão lançadas, só depende de nós usarmos da internet e da inteligência para que esse país seja construído para todos. Eu pessoalmente quase todo dia participava do blog, enviando opiniões e comentários. Vamos apoiar e participar do novo sítio do Conversa Afiada, mostrando ao país que a direita fascista não vai impedir a chegada da primavera. Acredito que a nossa única alternativa de vencer a ditadura midiática é a blogosfera Lulista a quem mando um abraço. E que venham os combates. É ISSO, COMPANHEIROS.

PAULO HENRIQUE AMORIM






Laerte Braga





O Portal IG tirou do ar o blog do jornalista Paulo Henrique Amorim. As explicações variam desde a "uma reformulação do jornalismo" até a "o tipo de jornalismo que você prática não nos interessa".



O Portal IG é controlado pelo grupo BRASIL TELECOM. Dentre os acionistas o City Bank e Daniel Dantas, apontado por Luís Nassif como um dos que têm o hábito de comprar jornalistas da VEJA.



O grupo BRASIL TELECOM pretende comprar a operadora OI. Negócio para PCC nenhum botar defeito. Transformar hotel em sede suntuosa e vender terreno de associação para cunhado pela metade do preço passa a ser brincadeira de criança perto desse trem de bilhões.



Paulo Henrique Amorim faz parte do time (reduzido) de jornalistas brasileiros que não se vendem. Tem opinião própria, manifesta essa opinião e denunciou o "negócio/negociata". Apelidou a transação como geradora da "Broi".



Uma outra alegação, a que o blog do jornalista seria improdutivo por ter poucos acessos é mentirosa, como todas. Esses caras até quando falam alguma verdade, se é que falam, é por conveniência. Quando são honestos é por desonestidade.



O blog de Paulo Henrique Amorim era dos mais visitados no Portal IG e vai continuar a ser dos mais visitados em seu novo endereço.



"Podem ter tido a intenção de me calar, mas não basta. Vai ser preciso acabar com a internet antes".



O médico Marcelo Arantes chamado de "urso" pelo apresentador/cafetão do bordel BBB-8 Pedro Bial, disse a jornais que "Bial faz meu tipo". E mais, que "adorei ser chamado de urso". (Urso é uma forma de se referir a gays gordos e peludos). A fala de Marcelo foi originalmente à revista "QUEM ACONTECE".



"Achei sexy ele me chamando assim".



"Virginia Vallejo asegura que Pablo Escobar idolatraba a Álvaro Uribe. Cuando el hoy presidente era director de Aeronáutica Civil, concedió decenas de licencias para pistas de aterrizaje y centenares de permisos para aviones y helicópteros sobre los que se construyó la infraestructura del narcotráfico. "Pablo solía decir –declaró al diario español–: 'si no fuera por este muchacho bendito, tendríamos que estar nadando hasta Miami para llevar la droga a los gringos'".



Unos años antes, en 1987, el periodista Fabio Castillo publicó el libro Los jinetes de la cocaína. Allí documenta cómo, siendo Uribe alcalde de Medellín en 1982, cortó el listón con el que se inauguró un programa de viviendas de bajo costo financiado por Pablo Escobar."



E mostra Uribe num jornal onde se afirma que o presidente da Colômbia construiu a infra-estrutura do tráfico da Colômbia para os Estados Unidos.


O maior desafio dos dias atuais é o da Comunicação. Os grandes grupos econômicos, políticos, os senhores do mundo, têm o controle da mídia e buscam de todas as maneiras evitar que esse bloqueio seja furado.



O número de visitantes ao blog de Paulo Henrique Amorim começava a incomodar os esses donos. Aos "negócios". Desmascarar figurinhas carimbadas da corrupção. Paulo Henrique Amorim tem sido um crítico contundente de FHC, tem feito revelações e críticas importantes sobre a figura de José Serra (embuste puro) e revelado toda a sorte de trapaças de figuras como Daniel Dantas, banqueiros, enfim, exercido o jornalismo com dignidade.



Há um filme que a GLOBO vem mostrando sobre a própria rede, onde num dado momento aparece Fátima Bernardes (inodora e insípida, figurante) e logo em seguida Galvão Bueno. Um número expressivo de globais fala bem do patrão.



Neste momento, o de Fátima e em seguida Galvão Bueno, o narrador usa a expressão "credibilidade". Não veio da boca de Fátima, apresentadora do JORNAL NACIONAL. Lógico, a rede está reagindo à perda de audiência e a gradativa percepção de boa parte dos brasileiros que o que lhe falta é exatamente credibilidade.



Não é de graça a associação Fátima falando uma besteirinha qualquer e Galvão em credibilidade. É para associar mesmo. Tecnologia de ponta nesse trem de espetáculo da sociedade de senhores e zumbis.



É óbvio que num mundo desses, dominado por essa gente, Paulo Henrique Amorim não tenha vez num portal como o IG.



Não está ali para informar, para nada. Está ali para deturpar, iludir, fantasiar, lucrar e realizar grandes negócios. Uma espécie de anzol que se joga sobre o internauta incauto. Pescam peixes miúdos que vão mantendo sob controle enquanto despejam tubarões graúdos no mundo que controlam e vão moldando ao seu sabor e ao sabor de seus interesses.



Paulo Henrique Amorim é a ponta visível desse tipo de mídia. Incomodou tratam logo do cai fora.



A forma como o jornalista foi retirado do ar é típica do modus operandi das máfias.



Como disse Paulo Henrique Amorim, não vai sair do ar e nem parar. É a diferença entre quem pode ser comprado e quem tem caráter e brio.



Paulo Henrique Amorim tem e fica como exemplo para quem sabe gerações futuras resistirem à mordaça dessa gente.



Mino Carta retirou-se do portal em solidariedade a Paulo Henrique Amorim. É exemplo que esse tipo de sentimento vital ao ser humano ainda sobrevive apesar do Portal IG, da GLOBO, da FOLHA, etc, etc. O sentimento de solidariedade que, neste caso, é também de indignação.



É como dizia Guevara. Enquanto houver indignação há esperança.

A QUEM INTERESSA DIVIDIR A CHINA E ATIÇAR OS CONFLITOS ENTRE SUAS NACIONALIDADES?








Por Duarte Pereira, para a revista Princípios

:
http://www.vermelho.org.br/museu/principios/anteriores.asp?edicao=53&cod_not=429







A controvérsia sobre o Tibete é um bom exemplo. Livros, reportagens e documentários repetem, monocordiamente, os relatos e as acusações difundidas pelos separatistas tibetanos. Não entrevistam as autoridades atuais da região, nem os monges patriotas que apoiam a unidade da China. Não recorrem às informações e aos documentos oferecidos pelo governo central do país. Não consultam especialistas independentes. Se o fizessem, seria obrigados a reconhecer que a história da China, do Tibete e de suas relações mútuas é muito diferente da propagada pelos separatistas.


A polêmica envolve três questões básicas. Primeira: o Tibete é um país independente, invadido e ocupado pelos comunistas, à frente do Exército Popular, ou faz parte da China há 700 anos, tendo os comunistas apenas cumprido o dever de libertar e reunificar o conjunto do país?


Segunda: antes de 1950, o Tibete era uma terra pacífica e feliz, governada por monges sábios e desprendidos como a mítica Shangri-la do novelista britânico James Hilton, ou penava sob um regime teocrático-feudal, atrasado e cruel?


Por último, o que é melhor para as nacionalidades chinesas e para os povos do mundo nas vésperas do século 21: a divisão e o dilaceramento da China, ou a preservação de sua unidade estatal e o progresso conjunto de suas nacionalidades?


O teto do mundo


A República Popular da China é um país enorme, formado por 23 províncias, cinco regiões autônomas, uma região especial, Hong Kong, e três municipalidades subordinadas diretamente ao governo central. O Tibete é uma das regiões autônomas. Cobre uma superfície de 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados, aproximadamente a oitava parte do território chinês, e abrange a capital, Lhasa, seis prefeituras e 76 distritos.


Localizado no sudoeste da China, o Tibete limita-se ao norte com a Região Autônoma de Xinjiang, ao nordeste com a província de Qinghai, ao leste com a de Sichuan, ao sudeste com a de Yunnan, e ao sul e ao oeste com os seguintes países, no sentido horário: Myanma ( antiga Birmânia), Butão, Sikkim ( principado de origem tibetana, anexado pela Índia em 1974), Nepal e Índia.


O Tibete ocupa a maior parte do planalto que leva seu nome, o mais alto de Terra, com uma elevação média de 4 mil metros. É, por isso, apelidado de Teto do Mundo. É praticamente cercado por cordilheiras: ao norte, a de Kunlun; ao leste, a de Tangula; ao sul e ao oeste, a do Himalaia. Nesta última, na fronteira entre o Tibete, na China, e o Nepal, ergue-se a montanha mais alta do planeta, com 8.848 metros, a Qomolangma Feng, ou ''mãe sagrada das águas'', conhecida no Ocidente como monte Everest. No único intervalo entre as cordilheiras, no limite com a província de Sichuan, o Tibete é separado pelo rio Jinsha.


Aliás, os rios mais importantes da Ásia nascem no planalto tibetano: para o leste, os rios Amarelo ( Huang-ho) e Azul ( Yangtze Kiang), os principais da China; para o sul, o Mekong, que desemboca na costa do Vietnã, e o Yarlung Zangbo, que passa a chamar-se Brahmaputra na Índia e deságua no golfo de Bengala; para o oeste, o Indo e o Ganges, os principais da Índia.


É uma região rica em recursos naturais. Conta com enorme variedade de aves e animais e com mais de 5.700 espécies vegetais, inclusive plantas medicinais de grande renome, base da medicina tibetana tradicional. Já foram localizadas jazidas de 70 tipos de minerais e os recursos geotérmicos são abundantes, chegando a temperatura da água em alguns poços a 92 graus C.


Por sua diversidade, o Tibete pode ser dividido em três zonas naturais. A parte norte, onde se concentra a criação extensiva de iaques e ovelhas, tem altitude média de 4.500 metros, clima frio e seco, extensas pradarias e numerosos lagos, como o famoso Nam Co, o segundo maior lago salgado da China.


A área oriental é constituída por uma série de montanhas elevadas e vales profundos, com a altitude variando entre 2 mil e 6 mil metros. É a zona mais inóspita. A neve perpétua nos cumes de suas montanhas é responsável pelo outro apelido, atribuído ao Tibete, de Terra das Neves.


Nos vales do sul, cortados pelos rios Yarlung Zangbo e afluentes, a altitude média é inferior a 4 mil metros, o clima é temperado, a precipitação pluvial é copiosa e a vegetação arbórea, exuberante. Nessa área é que se concentram a população e as atividades agrícolas. É, por isso, conhecida como o celeiro do planalto.


Apesar da altitude, do ar rarefeito e do clima severo, o planalto tibetano começou a ser povoado no período neolítico. Por essa época, uma população já considerável se espalhava nas planícies centrais da China, entre os rios Amarelo e Yangtze.


China, um país milenar e multinacional


Para deslindar a controvérsia sobre o Tibete, é preciso entender a formação histórica da China. Trata-se de um país milenar, o único com aproximadamente 4 mil anos de história contínua, e também multinacional, integrado por 56 nacionalidades.


A China não é, portanto, uma construção exclusiva da nacionalidade han, a majoritária. É um produto histórico da luta e do trabalho conjunto de todas as nacionalidades que a integram. Com uma trajetória tão longa, a China não podia escapar aos conflitos entre suas dinastias, nacionalidades e classes. Por mais de uma vez, foi unificada, dividida e reunificada.


Se a convergência prevaleceu e se as nacionalidades chinesas estreitaram seus vínculos ao longo dos séculos, é porque perceberam, diante das ameaças exteriores, que só garantiriam sua independência comum e o desenvolvimento de suas economias e de suas culturas se aprofundassem as relações de unidade e cooperação.


Os vínculos entre as nacionalidades han e tibetana, por exemplo, remontam a tempos muito antigos. Uma prova indelével se encontra no idioma das duas nacionalidades: pertencem à mesma família lingüística, significativamente classificada como sino-tibetana. O próprio budismo, que iria marcar tão profundamente a cultura tibetana, foi introduzido na região pelo norte da Índia e pelo Nepal, mas também pela Mongólia e pela China central.


No século 7, quando as tribos do planalto tibetano formaram seu primeiro Estado unificado, o reino de Tubo, dois de seus soberanos casaram-se com princesas de origem han, firmaram uma aliança política com a dinastia Tang, das planícies centrais da China, e intensificaram o intercâmbio econômico e cultural entre as duas nacionalidades.


O reino de Tubo desapareceu em meados do século 9, quando o rei Langdama foi assassinado por fanáticos religiosos. Durante 400 anos, o planalto tibetano foi sacudido por separatismos e por guerras, com principados e mosteiros lutando entre si. Por coincidência, na mesma época, as planícies centrais e o sul da China eram conflagrados por disputas dinásticas intermináveis.


Ainda assim, o intercâmbio entre as duas nacionalidades não se interrompeu, desenvolvendo-se inclusive uma nova modalidade de comércio, a troca de chá chinês por cavalos tibetanos. E quando, no século 13, o mongol Kublai Khan reunificou a China e fundou a nova e poderosa dinastia Yuan, o Tibete foi incorporado ao Império do Meio como uma de suas províncias. O italiano Marco Polo, que visitou a corte de Kublai Khan e registrou as observações de sua viagem, descreve o Tibete como uma das 12 províncias do império.


O Tibete, parte da China


Desde então, há 700 anos, o Tibete faz parte da China. Assim permaneceu nas dinastias Ming e Qing, que se seguiram. Quando a República foi proclamada, seu primeiro presidente Sun Yat-sen, declarou no discurso de posse em primeiro de janeiro de 1912: ''O fundamento desta República baseia-se no povo, que integra todas as zonas hans, manchus, mongóis, huis e tibetanas num único Estado''. A República Popular, proclamada em 1949, estendeu o reconhecimento às demais nacionalidades.


A subordinação do Tibete aos sucessivos governos da China, desde o século 13, evidencia-se na presença de representantes do poder central em Lhasa; na nomeação e julgamento de funcionários locais; no envio de tropas para defender as fronteiras e manter a ordem interna; na condução centralizada das relações exteriores; na imposição de leis, decretos e regulamentos; na realização de censos demográficos; na cobrança de tributos; na redefinição de órgãos e divisões administrativas internas. É importante ressaltar também que, desde o século 13, nenhum país reconhece o Tibete como um Estado separado da China.


Outra prova da incorporação do Tibete à China é a participação de delegados tibetanos em órgãos executivos e legislativos do poder central, desde a dinastia Yuan. O próprio entrelaçamento entre o poder político e o poder religioso no Tibete nasceu com sua integração na China, quando Kublai Khan, para facilitar a pacificação do planalto tibetano, aliou-se com a influente seita budista de Sagya, tendo o cuidado, no entanto, de repartir cargos e títulos equitativamente entre lamas e nobres leigos.


Durante a dinastia Ming, cresceu a influência da seita Kargyu, ou Branca, sobrepujada durante a dinastia Qing pela seita Gelug, ou Amarela, quando os abades dos mosteiros de Drepung, em Lhasa, e de Trashilhunpo, em Xigaze, desta seita, tiveram seus títulos e atribuições de Dalai-Lama e de Panchen-Erdeni confirmados pela corte imperial.


Finalmente, em meados do século 18, a corte Qing determinou que o sétimo Dalai-Lama assumisse a liderança do governo local do Tibete. Porque o Dalai-Lama e o Panchen-Erdeni acumulam funções religiosas e políticas, a escolha de seus sucessores passou a depender de confirmação final pelo governo central da China. A escolha e a entronização do atual Dalai-Lama foram confirmadas pelo governo nacionalista da República da China em 1940.


É sabido que a China passou por fases de divisão e enfraquecimento do poder central, quando os governos locais, não só o do Tibete, adquiriam grande autonomia, muitas vezes estimulados por potências estrangeiras, interessadas em arrebatar fatias do território chinês.



Foi assim que a Rússia czarista ocupou uma parte da Mongólia e a dividiu em Mongólia Exterior e Mongólia Interior. Ou que o Japão invadiu a Mandchúria e tentou restabelecer, sob seu controle, a dinastia Manchu dos Qing, derrubada pelo movimento republicano. Da mesma forma, a Grã-Bretanha, já senhora da Índia, do Butão do Sikkim e do Nepal, combinou seus ataques ao litoral chinês com a invasão do Tibete em 1888 e 1903 e com as tentativas de impor à China o Tratado de Lhasa e a Convenção de Simla.


A propaganda separatista, tão estridente contra a China, silencia sobre essas agressões britânicas e os saques perpetrados pelas tropas de Sua Majestade, assim como não menciona a tentativa indiana de invocar a Convenção de Simla para arrebatar da soberania chinesa uma parcela do planalto tibetano, o que levou em 1962 a um conflito fronteiriço entre os dois países.


A ocupação britânica do Tibete não vingou, mas a grande potência imperialista arrancou concessões e passou a estimular, entre lamas e nobres tibetanos, um movimento pela independência, isto é, pela separação do Tibete, para colocá-lo sob controle ocidental. Após a Segunda Guerra Mundial e com a avanço da revolução popular na China, os Estados Unidos aderiram aos intentos britânicos, reforçando o movimento separatista com agentes, armas, treinamento, propaganda e apoio diplomático.


O Partido Comunista e o governo popular, instalado em Pequim em primeiro de Outubro de 1949, tinham o dever, portanto de concluir a libertação e a reunificação da China, defendendo, como no passado, as fronteiras históricas do país.


Ainda assim, não se pode acusá-los de agir precipitadamente. Entre Outubro de 1949 e Outubro de 1950, fizeram repetidas gestões para que o governo local negociasse as condições de libertação pacífica do Tibete. Mas o governo tibetano, dominado pela facção pró-ocidental, preferiu concentrar tropas na margem do rio Jingsha. Diante da intransigência, o governo central determinou que o exército popular transpusesse o rio e entrasse no Tibete, travando-se a batalha de Qamdo entre 6 e 24 de Outubro de 1950, a única na libertação do Tibete. Derrotadas as tropas locais, o Exército Popular interrompeu seu avanço, enquanto o governo de Pequim insistia nas negociações.


O confronto, no governo e na classe dominante do Tibete, entre a facção pró-ocidental e o sector favorável à negociação se aprofundou, o regente foi afastado, o décimo quarto Dalai-Lama, ainda menor de idade, assumiu a liderança e nomeou negociadores. Em contrapartida, retirou-se para Yadong, na fronteira com a Índia.


Alguns meses depois, em 23 de Maio de 1951, em Pequim, os delegados do governo central e local assinaram o Acordo dos 17 Artigos, que reconhecia a unidade da China e a autoridade do governo popular sobre todo o território nacional, mantendo temporariamente os governantes e as instituições do Tibete até que fosse negociada a reforma democrática pacífica da região. Em 24 de Outubro de 1951, o décimo quarto Dalai-Lama telegrafou ao presidente Mao Tsé Tung, aprovando pessoalmente o acordo, e retornou a Lhasa.


O Exército Popular entrou na capital tibetana em 26 de Outubro de 1951, após o regresso do Dalai-Lama e com seu consentimento. O montanhista austríaco e militante nazista Heinrich Harrer, autor de Sete anos no Tibete, geralmente muito tendencioso em seus relatos, reconhece: ''Deve-se dizer que durante essa guerra as tropas chinesas se mostraram disciplinadas e tolerantes e os tibetanos que foram capturados e depois libertados diziam que haviam sido bem tratados.''


Em 1954, o décimo quarto Dalai-Lama participou da primeira Assembléia Nacional Popular da China, que elaborou a Constituição da República Popular, tendo sido eleitos um dos vice-presidentes do Comitê Permanente dessa Assembléia. Na ocasião, pronunciou um discurso afirmando: ''Os rumores de que o Partido Comunista da China e o governo popular central arruinariam a religião do Tibete, foram refutados. O povo tibetano tem gozado de liberdade em suas crenças religiosas.'' Em 1956, assumiu a presidência do comitê provisório encarregado de organizar a região autônoma do Tibete. As relações entre os governos central e local estavam, portanto, normalizadas.


O levante contra a reforma democrática


O conflito ressurgiu quando se cogitou em promover a reforma democrática do Tibete, separando a religião do Estado, abolindo a servidão rural e a escravidão doméstica e redistribuindo a propriedade das terras e dos rebanhos, monopolizada pela aristocracia civil e pelos mosteiros. A facção pró-ocidental, aproveitando-se da insatisfação entre lamas e nobres, retomou a ofensiva. Agitando as bandeiras separatista e religiosa, e apoiada pela CIA cada vez mais desinibidamente, como hoje se reconhece, essa facção fundou uma organização política, a ''Quatro Rios e Seis Montanhas'', e uma organização militar, o ''Exército de Defesa da Religião'', e iniciou em 1956 ataques armados a funcionários e prédios públicos, a obras de infra-estrutura e até mesmo a tibetanos que apoiassem o movimento democratizador.


Reagindo com prudência, o goverrno central propôs adiar a reforma democrática, até que se chegasse a um acordo satisfatório sobre prazos e requisitos para sua implementação. Mas a facção contra-revolucionária intensificou os ataques e, aproveitando-se de um festival religioso em Lhasa, desfechou uma insurreição na capital em 10 de Março de 1959, retirou o Dalai-Lama para a Índia e generalizou os conflitos.


O governo central considerou, então, rompido o acordo de 1951, destituiu o governo teocrático, transferiu suas atribuições para o Comitê Organizador da Região Autônoma e determinou ao Exército Popular que restabelecesse a ordem no planalto.


A guerra que se seguiu, entre 1959 e 1961, não se travou entre dois países, mas entre duas coalisões sociais. De um lado, as forças imperialistas, interessadas na divisão da China, e a facção de lamas e nobres empenhados na preservação do regime teocrático-feudal; de outro lado, o governo popular central e os monges, nobres, servos e escravos comprometidos com a unidade nacional da China e com a reforma democrática do Tibete. Não foi uma guerra nacional, nem religiosa, mas um conflito semelhante à guerra civil que opôs, nos Estados Unidos, o norte abolicionista ao Sul escravocrata. Ninguém recusa ao governo de Washington o direito de ter recorrido às armas para salvaguardar a unidade nacional e garantir o fim da escravidão.


Muitos têm dificuldade para entender a natureza social do conflito, porque não prestam atenção no regime político-econômico que vigorava no Tibete e nas áreas tibetanas das províncias vizinhas. Aliás, o décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos falam o menos possível do regime antigo.


O feudalismo se generalizou após o colapso do reino de Tubo, em meados do século 9; a teoria budista se consolidou em meados do século 18. Mas, ainda em 1959, os lamas da camada superior, os nobres leigos e seus agentes representavam 5% da população; os servos e os escravos correspondiam a 95%. Os primeiros, especialmente os membros das 400 famílias mais importantes, viviam no fausto; a maioria dos lavradores, pastores e serviçais sobrevivia em extrema penúria. O contraste entre ricos e pobres penetrava nos próprios mosteiros, conforme descreve uma testemunha insuspeita, o décimo quarto Dalai-Lama, em sua autobiografia.


Das terras agriculturáveis, segundo levantamento de Junho de 1959, o governo local detinha e administrava directamente 38,9%; os mosteiros, 36,8%; os aristocratas leigos, 24%. A pequenos camponeses cabiam os 0,3% restantes. Os nobres e os mosteiros possuíam também a maior parte dos rebanhos. Para lavrar as terras e cuidar dos rebanhos, nobres, mosteiros e funcionários recorriam ao trabalho de servos.


Para ter acesso à terra arável e às pastagens, os servos, 90% da população, eram forçados a pagar aos nobres e mosteiros uma renda, principalmente sob a forma de corvéia ou renda em trabalho, secundariamente sob a forma de renda em produtos, e às vezes em dinheiro. Arcavam também com pesados tributos e taxas, pagos em serviços e em dinheiro. Sem recursos suficientes, endividavam-se com os nobres e, principalmente, com os mosteiros, pagando elevados juros. Se morriam sem saldar a dívida, ela passava aos descendentes ou aos vizinhos.


Para os escravos, 5% da população, provavelmente uma sobrevivência do passado pré-feudal, ficavam os serviços domésticos e públicos mais pesados, como a limpeza, o despejo de fezes, o transporte de carga e o transporte de nobres e funcionários, em liteiras ou nas próprias costas. Os filhos de servos e escravos não eram registrados em cartórios públicos, mas nos livros de seus senhores, a quem competia também autorizar os casamentos. Servos e escravos podiam ser trocados, doados, emprestados ou mesmo vendidos. Para os pobres, não havia hospitais, nem escolas. As guerras e epidemias dizimaram a população.


As leis confirmavam essa estrutura desigual, dividindo a população em três estratos e nove graus, com direitos e deveres distintos. Não havia, portanto, igualdade jurídica, nem mesmo para as mulheres do estrato dominante. Se um nobre matava um servo ou um escravo, pagava uma indemnização. Mas, para servos e escravos que agredissem um nobre ou furtassem um bem, os códigos previam penas cruéis, como espancamentos brutais, mutilação de mãos ou pés, extração dos olhos. Até entre os monges, a disciplina era mantida à custa de chicotes e surras, como relata o Dalai-Lama em sua autobiografia. Além de uma prisão pública e precária em Lhasa, havia guardas, tribunais e cárceres privados nos mosteiros e nas grandes propriedades.


Os monges da camada superior e os nobres mais influentes monopolizavam os direitos políticos. O Dalai-Lama encabeçava o governo desde meados do século 18. Os demais cargos eram repartidos entre lamas e nobres leigos. A Seita Amarela, do Dalai-Lama, era privilegiada em relação às demais seitas e o budismo tibetano, em relação às demais religiões.


O Tibete antigo não tinha nada de idílico, portanto. É espantoso que se invoquem os ''direitos humanos'' para defender esse regime opressivo e cruel, em que a maioria da população, formada por servos e escravos, não gozava de liberdade pessoal, nem dispunha de qualquer direito político.


A unidade, garantia do avanço


Rompido o acordo de 1951 pelo décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos separatistas, o governo central aboliu o regime teocrático, revogou as leis e códigos desiguais, fechou os tribunais e cárceres privados, emancipou os servos e os escravos, cancelou as dívidas que os sufocavam e procedeu à redistribuição gradativa e cuidadosa das terras e dos rebanhos, indenizando os proprietários que apoiassem a reforma democrática.


Restabelecida a ordem e concluída a reforma agrária, foi iniciada a implantação do sistema de assembléias e comitês populares, com a eleição das assembléias distritais em 1964. Estas elegeram as assembléias municipais, que por sua vez escolheram a Assembléia Regional Popular em 1965, instituindo-se a Região Autônoma do Tibete. Dos 301 delegados à primeira assembléia, 226 eram tibetanos, a maioria servos e escravos emancipados, mas havia também monges, ex-nobres patriotas e, pela primeira vez em cargos públicos, mulheres. Desde então, a Região Autônoma do Tibete já teve quatro presidentes leigos, todos tibetanos.


Os erros cometidos pela chamada Revolução Cultural entre 1966 e 1976, no Tibete como em toda a China, suscitaram novos atritos, de que se aproveitaram os separatistas para promover distúrbios violentos em Lhasa, entre 1987 e 1989, numa iniciativa orquestrada com as manifestações antigovernamentais em Pequim e com a crise dos países socialistas na Europa Oriental. Mas o Partido Comunista e o governo popular da China venceram essas duras provas, preservando as conquistas revolucionárias, corrigindo os erros e restabelecendo as políticas de liberdade religiosa, de frente única com todos os setores patrióticos e de respeito mútuo entre as nacionalidades. É claro que a China ainda é um país pobre e que o Tibete é uma de suas regiões menos desenvolvidas. É indiscutível também que ainda existe muito que aprender no aprimoramento das democracias socialistas e no desafio de conjugar a preservação das culturas tradicionais com o desenvolvimento de culturas novas e progressistas. Contudo, quem investiga com isenção, não pode deixar de reconhecer os avanços políticos, econômicos e culturais obtidos com a libertação e a reforma do Tibete nas últimas décadas.


Essa experiência positiva, contraposta ao colapso da União Soviética e ao dilaceramento da Iugoslávia, confirma que a união, não a divisão, é que pode assegurar o desenvolvimento conjunto das nacionalidades integrantes de países como a China. Rompida a unidade, abandonado o caminho socialista, na União Soviética e na Iugoslávia, perderam-se também as conquistas democráticas, reacenderam-se as chamas de conflitos étnicos e religiosos, reabriu-se o perigo de propagação de guerras devastadoras.


Certo estava o nono Panchen Erdeni, o segundo lama na hierarquia do budismo tibetano, quando escreveu em 1929: ''Por suas relações históricas e geográficas, nem o Tibete pode ser independente da China, nem a China do Tibete. Assim, ambos serão beneficiados se permanecerem unidos, enquanto a separação prejudicará a ambos.''



Bibliografia



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Duarte Pereira é jornalista.

quarta-feira, março 19, 2008

A falsa cruzada anti-tributária da Globo

E o Globo continua sua saga anti-impostos. Nada que espante muito. Em 1954, o Globo afirmava, orgulhoso: "em suma, desejamos falar sempre por aquela imensa maioria de brasileiros que o sr.João Gourlart, em seu arrivismo oratório, denomina 'os reacionários' ".

Chato eu vir aqui cumprir o papel de advogado do diabo, quer dizer, dos impostos, mas me preocupa observar como esta nova bandeira da oposição vai, aos poucos, tomando corpo. O que está em jogo não é somente a questão tributária, mas os altos interesses nacionais. A classe média, mais uma vez, entra como massa de manobra das elites. A classe média brasileira é muito abestalhada. Acha que é rica em relação aos pobres e pobre em relação aos ricos. Ideologicamente, é o segmento mais cobiçado pelas diferentes forças partidárias, midiáticas, políticas. De fato, é fundamental, para uma determinada força política, conquistar a classe média. Não para alcançar o poder, pois quem decide eleição hoje é o voto do pobre e as doações de campanha dos ricos. O apoio da classe média, todavia, é importante para consolidar o poder no longo prazo. Por isso, o DEM, orientado pelo arguto César Maia, está procurando se firmar como o partido da classe média.

No entanto, do meu ponto-de-vista, o que acontece é uma grande operação de iludir a classe média, de fazê-la pensar que ficará melhor ao lado dos ricos do que dos pobres. A grande mídia, por exemplo, tenta se vender como defensora dos interesses da classe média quando, em verdade, seu único interesse está na classe alta. A disparidade de renda entre a reduzida mas poderosa classe alta e a classe média, no Brasil, é abissal. E a classe média, deslumbrada com suas conquistas materiais diante da maioria pobre, não enxerga com clareza essas diferenças, até porque não são exploradas pela mídia.

A manchete do Globo de hoje (domingo, 16/03/2008) é: Brasileiro paga mais IR que contribuintes de países ricos. Bem, em primeiro lugar, temos uma mentira, ou desinformação, logo desmentida no subtítulo: "Seis das nações de IDG mais alto têm impostos menor para a classe média". Não se trata de brasileiros, mas de classe média. Tudo bem, distorção sem tanta importância. Passemos para a matéria principal, na capa do caderno de Economia.

O jornal traz uma tabela (imagem no início do texto) com seis colunas. São elas: nome dos países selecionados, posição no ranking do IDH (desenvolvimento humano), taxa de analfabetismo, expectativa de vida, renda per capita anual e alíquota do IR (Imposto de Renda) da classe média.
A colunas que interessa diretamente à matéria é a da alíquota do IR, que mostra que a classe média brasileira paga 27,5% de IR enquanto a classe média da Islândia (país número 1 do ranking da ONU) paga somente 23,5%. Outros países também tem alíquota menor que a do Brasil.

O que a matéria omite é o seguinte: a renda per capita da Islândia é de US$ 36.510 anuais, contra US$ 8.402 no Brasil. Ou seja, o islandês que paga 23,5% de IR desembolsa, por ano, US$ 8.397, enquanto o brasileiro gasta anualmente US$ 2.310 de IR. Considerando que o preço de uma aspirina é igual no Brasil e na Islândia, o poder de compra dos impostos, per capita, são muito superiores na Islândia do que no Brasil. Em termos absolutos, portanto, o islandês paga um IR mais de três vezes superior ao que paga o brasileiro.

A matéria diz que a classe média paga impostos por serviços públicos que não usa, reiterando o lugar comum de que os impostos no Brasil são altos e o serviço público é uma droga. Sobre o primeiro item, outra balela. A classe média usa, e muito, o serviço público, e quando paga plano de saúde ou educação privada, tem desconto no IR. O segundo item é uma idiotice, porque se o serviço público no Brasil é ruim, é evidente que não é cortando sua fonte de recursos que ele vai melhorar.

Acho interessante que se discuta a questão tributária no Brasil. Mas seria interessante que a imprensa fizesse pressão para que o Legislativo aprovasse uma reforma tributária que tornasse a cobraça de impostos mais racional e mais justa no país. Ora, e o que diz Miriam Leitão? Escuta essa: "O Brasil não fez até agora, nem fará, estas reformas este ano. Do ponto de vista legislativo, 2008 está quase terminando". Estamos na metade de março! E o Congresso esteve em recesso até o dia 2 de fevereiro! Como Leitão quer que o Congresso aprove uma das mais importantes reformas estruturais em tão pouco tempo? Por que ela, como força política que é, como quarto poder, não incentiva que a reforma tributária seja aprovada este ano? Por que não interessa a ela que o Brasil efetivamente se modernize?

Em sua coluna de hoje, aliás, Miriam Leitão superou a si mesma em matéria de agourar o futuro do país. Olha só que pérola: "O Brasil não está preparado para nenhum cenário (...) Se tudo der certo, haverá colapso (...) Se for contaminado [pela crise americana], o país enfrentará uma crise (...)"

É isso mesmo. O futuro é ruim mesmo se "tudo der certo". Essa é a Miriam Leitão que eu conheço. Parabéns por essa injeção de otimismo.

E ontem (sábado, 15/03), o Globo publicou um editorial interessante, sugestivamente intitulado "Um bicho papão". O próprio título revela a infantilização do leitor "ideal" do Globo, identificado como um anti-lulista, reacionário, "homem de bem", furioso, admirador do capitão Nascimento. Embora leve o chapéu "Outra opinião", o texto de Sacha Calmon, advogado, retrata fielmente as opiniões mil vezes repetidas do jornal. Olha o que diz o texto: "na verdade, a estabilidade deve ser creditada à macroeconomia do real, jamais aos diretores do BC lulista". Está aí a velha retórica, infantil, birrenta, de continuar atribuindo qualquer fator positivo da economia atual a governos passados e tudo de ruim ao governo atual. Leiam esse raciocínio: "Os norte-americanos baixam juros e tributos para crescer o setor privado (...)". Sacha se refere às medidas recentes do governo americano, para controlar uma das piores crises financeiras da história recente. Olha só, Sacha usa como referência um país em crise, que está injetando dezenas de bilhões do Tesouro Nacional (our, my, your money) em bancos, um país cujo governo gastou centenas de bilhões de dólares numa guerra idiota, que resultou em 1 milhão de mortos, aumento do terrorismo, aumento dos preços do petróleo, aumento da insegurança internacional, além da destruição total de um belo e rico país.

E ainda fala de juros altos sem lembrar que, por incrível que pareça, os nossos juros estão em seu patamar mais baixo em mais de duas décadas.

Voltando à Miriam Leitão, ela volta a menosprezar o crescimento do PIB. Teve início a tarefa hercúlea de minimizar os danos políticos provocados pelo anúncio do crescimento econômico de 5,4% registrado em 2007. O Brasil deve ser o único país do mundo onde economistas e colunistas de jornal ficam tristes quando o PIB cresce. Mais uma vez, compara-se Brasil à China. Ora, meus caros, a China é comunista, tem partido único, governo absolutamente centralizado, sem liberdade de imprensa. Não tem previdência rural, e a previdência social corresponde a um valor irrisório. O Brasil cresce com democracia, com todas as liberdades e seus custos, que são altos. Também não vale comparar com a Índia, com seu sistema de castas e a sua miséria grassando, impune e não combatida, em todo país. Também não vale comparar com a Rússia, maior exportadora de petróleo do mundo, num momento em que o petróleo está quase 120 dólares o barril.

O crescimento econômico brasileiro em 2007 tem que ser comparado, em primeiro lugar, com o crescimento econômico brasileiro dos últimos anos. Em segundo lugar, tem que ser analisado em profundidade. Que regiões, que setores, que camadas sociais cresceram? Outra questão fundamental: cresceu com inflação? Considerando esses dados, o crescimento verificado no Brasil não tem paralelo no mundo. Cresceu sem inflação, cresceu distribuindo renda, incluindo milhões de pessoas no mercado de consumo, cresceram as regiões mais pobres, cresceram os setores estruturais, a indústria de base, que prepara o país para mais crescimento no futuro, a venda de computadores, que já ultrapassou a de televisores. Sem contar que foi em 2007 que o Brasil registrou a descoberta dos novos campos gigantes de petróleo e gás, o que não é, definitivamente, um detalhe insignificante a ser omitido em análises econômicas.

O que acho curioso é os analistas afirmarem a importância do Brasil repensar o sistema tributário e quando o governo acena com a reforma tributária para este ano, não haver nenhuma pressão para que a mesma seja aprovada. Ao contrário, a oposição sinaliza com um comportamento apenas negativo, de obstruir os trabalhos legislativos, e contam com a... simpatia da mídia! É esquizofrênico, é contraditório. Tudo por quê? Para a reforma tributária não ser aprovada durante o governo Lula?

E ainda temos essas distorções da realidade tributária. O Brasil é um país caro, um país com mais de 40% de seu território ocupado pela chamada Amazônia Legal, uma região que gera pouca riqueza, mas que é crucial para o equilíbrio ambiental do mundo. Os impostos no Brasil são altos, mas é importante explicar as causas disso. Temos uma renda per capita baixa e uma grande massa populacional que paga pouco ou nada de imposto. Conforme as massas pobres forem sendo incluídas no mercado de consumo, como já está ocorrendo, e a um ritmo bastante acelerado, "a conta" do governo poderá ser dividida por mais gente. O crescimento do PIB e do PIB per capita também ajudará a reduzir a carga tributária, porque permitirá que o governo reduza os percentuais tributários sem prejudicar seu orçamento, que também precisa continuar crescendo, para fazer frente às necessidades de investimentos estrututais, sociais, ambientais e culturais.

Essa cruzada anti-tributária da mídia, do jeito que está sendo conduzida, aparenta ser apenas mais um movimento político-partidário, para jogar a classe média contra o governo. Por exemplo, se a mídia estivesse tão interessada em reduzir os tributos da classe média, ajudaria a pressionar a aprovação do imposto sobre as grandes fortunas, que existe em todos os países desenvolvidos. Aliás, essa é uma das razões principais da carga "relativamente" leve sobre as classes médias européias: suas elites financeiras são draconiamente tributadas. Porque será que a Miriam Leitão não fala sobre isso, héin?

O Globo, assim como a mídia, vem construindo, uma verdadeira mitologia anti-estatal. Essa é, a meu ver, a maior esquizofrenia da oposição partidária. PSDB e DEM querem o poder do Estado, mas compartilham dessa visão anti-estatal. O mínimo que se pede de autoridades do Estado é que valorizem o papel do Estado. Tucano-demos, além disso, são demagogos na questão tributária, visto que, no poder, foram o governo que mais elevou a carga tributária. Nos oito anos de FHC, a carga tributária cresceu 42%, enquanto nesses cinco anos de Lula, o crescimento foi de apenas 6%, com uma outra diferença básica: enquanto na era fernandista o desemprego e a informalidade da economia cresceram, nos anos lulistas ocorreu o contrário, caiu o desemprego e caiu a informalidade, o que explicaria inclusive esse aumento da carga. Sem falar das operações da PF e da Receita contra grandes sonegadores, que aumentaram muito de intensidade nos últimos anos.

Ah, detalhe, você sabia que o principal imposto do país é o ICMS, cobrado pelas federações? Ninguém quer falar nisso, né? Ninguém quer falar também que uma das metas do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, é justamente reduzir significativamentea carga tributária no Brasil, sobretudo da União.

Nos planos do PAC, consta a redução dos gastos com pessoal, por parte da União, dos atuais 5,3% do PIB em 2007 para 4,7% em 2010. Outro detalhe, o ano com gasto recorde com pessoal foi o último de FHC, 5,4% do PIB. E os tucanos ainda tiram onda de defensores de Estado mínimo... com ajuda da mídia, essa prestidigitadora que pregou no rabo do governo Lula a faixa de "gastador e empreguista de cumpanheiros".

O principal fator, entretanto, que obriga o Estado a cobrar tanto imposto é o endividamento público do país. Ganha uma tapioca quem adivinhar qual foi o governo que mais endividou o país na história recente? Ganhou quem disse: os tucanos! Pois é, parece até birra minha, achar que tudo de ruim foi feito por FHC. Já andei elogiando o Plano Real, e a estabilidade fiscal do governo FHC, mas pensando bem, nem por isso ele merece muito crédito, já que o Real foi feito mesmo pelo Itamar Franco e a estabilidade fiscal fernadista foi apenas teórica, já que embasada inteiramente na explosão do endividamento público, interno e externo.

A projeção do PAC é reduzir o endividamento público brasileiro dos atuais 48,3% do PIB (2007) para 39,7% ao final de 2010. Se o governo conseguir isso, e torçamos para que consiga (xô urubus), ganharemos bilhões para investir e desonerar impostos. A classe média brasileira, apesar do Globo e da Miriam Leitão, terá a possibilidade de ser mais feliz. Isso se deixar de ser otária e parar de acreditar que o Globo defende seus interesses. O que o Globo defende, seus trouxas, são os interesses dos milionários! Parem de acreditar que a mídia apenas defende o capitalismo, etc. O trabalhador humilde é o esteio de qualquer capitalismo que se preze. Nenhum capitalismo se consolida sem um vigoroso mercado consumidor, ou seja, sem tirar as pessoas da pobreza, sem dar acesso aos bens e serviços do mundo moderno. Portanto, há que se fazer política social, industrial, tributária e monetária visando o trabalhador simples e a classe média.

Parte de nossa direita é composta por um setor infantilizado, arrogante, deslumbrado com suas estantes (pensam que são os únicos que lêem e escrevem bem), que se acham moralmente superiores. São viúvas de uma guerra fria obsoleta, tristes por constatar que, sob governos de esquerda, o capitalismo sul-americano se humaniza, se consolida, se fortalece; tristes por ver que o socialismo que combatiam também se modernizou, tanto em linguagem quanto em objetivos. O socialismo aprendeu a conviver com a democracia e a liberdade; mais ainda, o socialismo aprendeu a conviver com a propriedade, não mais considerada um bicho-papão, mas um direito do cidadão, e que, desde que fiscalizada pelo Estado, desde que pague os devidos impostos (justos, não extorsivos), não constitui um mal à sociedade. Isso assusta e confunde a direita.

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segunda-feira, março 17, 2008

LULA, A ECONOMIST E COMO O PIG É RIDÍCULO

LULA, A ECONOMIST E COMO O PIG É RIDÍCULO


Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1022




Em nenhuma democracia séria do mundo,

jornais conservadores, de baixa qualidade

técnica e até sensacionalistas, e uma única

rede de televisão têm a importância que têm

no Brasil. Eles se transformaram num partido

político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista.





“Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: ‘Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil’. Ele foi conversar com algumas pessoas de oposição. Ele falou: ‘Presidente, eu não acredito. O que as pessoas disseram para mim não é a realidade’. Até porque Portugal tem muitos investimentos no Brasil e ele conversa com os empresários portugueses. Quando chegou em Portugal ele escreveu um artigo muito importante, numa entrevista, vendo o que estava acontecendo no Brasil.”


. Este é um trecho do discurso que o presidente Lula fez na semana passada – 12 de março – a um grupo que a revista Economist reuniu, em Brasília.

. A Economist é a mais respeitada revista de economia do mundo.

. O PIG não deu a menor bola ao discurso.

. Vale a pena reter alguns trechos, para ver o que o PIG subtrai à opinião pública brasileira:

Sobre favelas e o Complexo do Alemão:

“Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas.
Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou dizendo isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muitos menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência.
E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer.”

26 anos de estagnação econômica:

“Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira.
Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu.
Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo.”

As mudanças na educação:

“Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros, como os medidos pelos institutos internacionais, que vai das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social neste País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação.
Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi feita a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos.
A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava.
Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? “O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni.” Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.
Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010.”

O preconceito contra o Bolsa Família:

“Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: ‘não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos’. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foram criados ao longo do tempo.”

Sobre a inclusão digital:

“Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais pensou em vender na sua vida. E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que a pessoa vai pagar cabe dentro do seu salário.”

Sobre a explosão da indústria automobilística:

“Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador.
O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila par comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: ‘eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender’.”

Governar para os Ricos é mais fácil:

“Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco no Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e nós pagamos também.
Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: ‘mas isso não é possível, tem que cobrar’. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: ‘custa para o estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado’. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nos poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você tivesse a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.
Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu à pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais.”

CPMF: derrota não paralisa o Governo:

“Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.
Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos das pessoas.”

Reforma tributária:

“Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu tenho muita sorte, porque passei 30 anos fazendo oposição e os outros presidentes não tiveram condições de viver este momento. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso.”

quarta-feira, março 12, 2008

Lula pede euforia comedida ao comemorar resultado do PIB

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, comemorou nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o crescimento de 5,4% da economia do Brasil em 2007. Segundo informou o ministro, o governo está satisfeito com o crescimento, mas acha que ainda pode melhorar.

Dá para manter neste ano ritmo de expansão de 2007, diz Mantega


“O presidente Lula até brincou comigo durante nossa reunião dizendo que acha que nós temos que passar uma visão de euforia comedida. Estamos satisfeitos, mas achamos que pode melhorar”, disse. Ele acrescentou que na opinião de Lula esse crescimento do PIB é resultado da confiança que o povo brasileiro deposita no país.

Na visão de Paulo Bernardo, a confiança da sociedade com o governo só irá melhorar melhora a partir do momento em que o Congresso Nacional aprovar a reforma tributária e a partir do momento que se definir a política industrial. “Não iremos fazer mágica e nenhuma alteração drástica na política econômica do país, só iremos continuar trabalhando sério”, ressaltou.

Segundo o ministro, os dados divulgados, hoje, pelo IBGE mostrou que a inflação brasileira ficou “um pouco” acima do centro da meta que é de 4,5%. “Nossa perspectiva é muito boa nesse aspecto, portanto, achamos que vamos retomar essa possibilidade de diminuição de juros”, afirmou.

O ministro ressaltou ainda que o País poderá crescer mais nos próximos anos, com "menos gargalos" e "pressões inflacionárias". “Nós estamos com investimentos, aumentando nosso PIB potencial e podemos crescer mais nos próximos anos” disse Bernardo.

O ministro participou nesta manhã de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para avaliar os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Economia brasileira cresce 5,4% em 2007, diz IBGE



Economia brasileira cresce 5,4% em 2007, diz IBGE
12/03 - 09:04, atualizada às 13:57 12/03 - Paula Leite, repórter Último Segundo

ImprimirEnviarCorrigirFale ConoscoSÃO PAULO - O produto interno bruto (PIB) do Brasil cresceu 5,4% em 2007, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB mede toda a produção, ou geração de riqueza, do país. Toda vez que é agregado valor a um produto, isso contribui para o crescimento da economia.

Opinião: A "maldita" política de renda é a chave do crescimento
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Lula está satisfeito, mas acha que PIB pode melhorar, diz Bernardo


Por exemplo, um comerciante que compra uma bolsa de uma indústria por R$ 10 e a vende por R$ 25 agregou R$ 15 ao PIB.

Em valores, o PIB de 2007 atingiu R$ 2,6 trilhões. O crescimento de 5,4% foi maior que o de 2006, que havia sido de 3,8%.



Fonte: IBGE

O consumo das famílias teve destaque, registrando alta (6,5%) pelo quarto ano consecutivo.

O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, diz que o crédito alavancou o crescimento do consumo das famílias e o câmbio barateou os importados, o que forçou as empresas brasileiras a competir e abaixar preços. Isso aumentou o poder de compra da população, segundo ele.

"Por exemplo, no começo do ano você comprava um computador por R$ 3.000 e no final do ano comprava o mesmo computador por R$ 1.500. A informática foi um dos grandes destaques no consumo das famílias", diz o economista.

A economista do banco Santander Luiza Rodrigues diz que 2007 foi um ano muito aquecido e de crescimento generalizado em todos os setores. Segundo ela, a demanda interna cresceu muito, em um processo de aumento do poder de compra das famílias que começou com o Plano Real. Nos últimos anos a economia teve injeção de recursos com o aumento do salário mínimo, com a expansão do emprego e com os programas sociais do governo, diz ela.

"Isso leva a um círculo virtuoso, porque com o comércio aquecido, as empresas contratam, e isso aumenta o nível de emprego e o poder de compra", diz a economista.

Investimento

Já o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, também registrou crescimento, de 13,4%, a maior taxa anual desde o início da série, em 1996.

Borges diz que o investimento cresce há quatro anos consecutivos e que a expansão forte é positiva porque é um sinal de que as empresas vão aumentar a produção, o que alivia a inflação. "O Banco Central está preocupado com a oferta não atender à demanda, isso é positivo porque talvez não precise aumentar os juros", diz ele.

Para Luiza Rodrigues, a indústria está investindo para atender à demanda interna, o que é positivo porque também aumenta a capacidade do País de crescer no futuro. "Mas o investimento ainda precisa crescer muito. A relação investimento/PIB no Brasil está em cerca de 18%, na China por exemplo é de mais de 30%", diz a economista.

Economia em 2008

Borges acredita que em 2008 o crescimento da economia não deve ser tão forte quanto o do ano passado, ficando em torno de 4,5%. Segundo ele, a volatilidade externa deve afetar o País, já que o mundo deve crescer menos neste ano. "O crescimento é puxado pela demanda interna, mas o Brasil ainda depende do resto do mundo", diz ele.

Setores

O setor que registrou o maior crescimento foi a agropecuária, que se expandiu em 5,3%, seguida pela indústria, com crescimento de 4,9%, e serviços, com 4,7%. Segundo o IBGE, o crescimento da agropecuária deveu-se principalmente à lavoura, com destaque para trigo, algodão, milho, cana e soja.

Dentro da indústria, os segmentos com maior crescimento foram indústria de transformação, que se expandiu em 5,1%, e construção civil, eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, cada um deles com crescimento de 5%.

Os segmentos de serviços com maiores elevações foram intermediação financeira e seguros, que cresceu 13%, serviços de informação (8%) e comércio (7,6%).

Setor externo

O resultado do PIB em 2007 é a continuação de um processo que começou há dois anos, segundo Luiza Rodrigues. Segundo ela, antes era era o setor externo que dava a principal contribuição para o crescimento. Agora a situação se inverteu e a demanda interna cresce, fazendo aumentar a produção. "Hoje o setor externo tem contribuição negativa para o PIB, porque a produção interna não dá conta e as importações cresceram muito", diz ela.

Segundo o IBGE, em 2007 as exportações tiveram alta de 6,6%, enquanto as importações cresceram 20,7%. O crescimento das exportações é inferior ao das importações desde 2006, diz o órgão.

Crescimento do PIB dos países em 2007

China 10,6%
Índia 9,6%
Rússia 8,1%
Brasil 5,4%
Chile 5,2%
África do Sul 5,1%
União Européia 2,9%
Estados Unidos 2,2%


4º trimestre

No quarto trimestre, o crescimento do PIB foi de 6,2% em relação ao mesmo período de 2006 e de 1,6% na comparação com o trimestre anterior.



Fonte: IBGE

Na comparação do quarto trimestre com o trimestre anterior, destacou-se o crescimento do consumo das famílias, de 3,7%. A formação bruta de capital fixo teve alta de 3,4%, após cinco trimestres consecutivos crescendo, segundo o IBGE.

Já as exportações se expandiram em 2,6% no quarto trimestre, enquanto as importações cresceram em um ritmo mais elevado, de 5,6%, pelo 17º trimestre consecutivo.

IBGE: PIB por habitante subiu para R$ 13.515 em 2007

Produto Interno Bruto (PIB) por habitante no País cresceu 4%, já descontada a inflação, e chegou a R$ 13.515, em 2007, segundo o IBGE.

Em 2007, as exportações cresceram 6,6% e as importações, 20,7%. Foi o segundo ano consecutivo em que as importações aumentaram mais do que as exportações.

A necessidade de financiamento do Brasil em 2007 foi de R$ 4,5 bilhões, o que significa um déficit do País com o exterior. O dado foi divulgado há pouco pelo IBGE. Em 2006, o País tinha um superávit nessa conta, equivalente a uma capacidade de financiamento, de R$ 20,8 bilhões.

Segundo o IBGE, a transformação de superávit em déficit se deu devido à redução de R$ 29 bilhões no saldo externo de bens e serviços e à diminuição de R$ 5,1 bilhões na renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo