quinta-feira, março 29, 2007

Saiu no Economínimo III

Distribuir faz crescer
O cálculo mais apurado do PIB mostrou que o crescimento da economia era maior do que o informado na contabilidade anterior. A nova metodologia revelou que esse maior crescimento, principalmente nos anos recentes, tem sido em boa parte explicado pelo aumento no consumo – das famílias e do governo. Deixou claro também que o investimento era menor do que o imaginado (a queda em 2005, da série antiga para a séria nova, foi de quase 20% do PIB para pouco mais de 16% do PIB).
Vai daí que alguns já saíram concluindo que assim não vai dar. Uma economia que cresce pelo lado do consumo, mas avança pouco nos investimentos, ou fica rondado em falso e crescendo pouco ou acaba caindo no precipício inflacionário, o que, no fim das contas, dá no mesmo, com mais distorções.
Esses alguns não têm coragem de dizer com todas a letras, mas a conclusão deles é aquela mesma: é preciso fazer o bolo crescer antes de distribuir.
Eis aí uma conclusão lamentável, que resulta da mistura de ignorância com viés ideológico. Afinal, faz tempo a realidade empírica fulminou a “teoria do bolo”.
Quando se compara, historicamente, em diversos países, curvas de distribuição de renda e curvas de crescimento, encontram-se resultados de todos os tipos. Em resumo, é possível crescer distribuindo renda ou crescer concentrando renda, da mesma forma que é possível distribuir renda sem crescer ou crescendo pouco.
Há economias com alto crescimento e piora na distribuição, como o Brasil entre os anos 70 e 90, a Tailândia, na década de 80 e a China, dos anos 80 até hoje. Mas há também países com baixo crescimento e melhora na distribuição, caso de Cuba e Colômbia, na década de 80, do Marrocos e Sri Lanka, nos anos 60 e 70 … e, informações frescas nos informam, o Brasil, na primeira metade da década de 2000.
Um estudo já antigo (de fevereiro de 2000), mas ainda valioso, da economista britânica Frances Stewart, então diretoria do Centro de Estudos do Desenvolvimento, da Universidade de Oxford, levanta evidências de que, no reverso da “teoria do bolo”, distribuir faz crescer (aqui, em inglês, francês ou espanhol). Embora um baixo crescimento dificulte a desconcentração de renda, uma melhor distribuição de renda deriva mais da adoção de políticas próprias e específicas voltadas a esse objetivo e esta é, por sua vez, fator de crescimento.
Ao examinar a trajetória econômica de Coréia, Taiwan, Indonésia e Malásia, alguns dos chamados “tigres asiáticos”, nos vinte anos entre 1975 e 1995, Frances Stewart encontrou um quadro de crescimento per capita entre 4,5% e 7% ao ano. Ao cabo desse período, o coeficiente de Gini, nestes países, variava de 0,29 a 0,48 (o indicador vai de 0 a 1 e quando mais perto de 1 indica maior concentração de renda). Apenas para comparar, no Brasil, entre 2001 e 2004, ocorreu significativo recuo no coeficiente de Gini, que caiu de 0,59 para 0,56.
Agora, atenção para os fatores explicativos da mudança positiva, nos países asiáticos acima citados, de acordo com as pesquisas de Frances Stewart: o crescimento e a distribuição de renda se deram num ambiente que combinava reforma agrária, exportações intensivas em mão-de-obra e maciços investimentos em educação. Querem que repita o tipo de política que levou à distribuição de renda e ao crescimento que hoje tanto invejamos – inclusive os que resistem à reforma agrária, às políticas afirmativas e às políticas verticais – ou não precisa?
No Brasil, mesmo antes do atual período em que se verifica uma redução das desigualdades de renda em meio a um crescimento econômico relativamente baixo, estudos de economistas do Ipea, liderados pelo especialista Ricardo Paes de Barros, concluíam, em cima de simulações estatísticas que a adoção de políticas redistributivas teriam tão ou mais efeito para a desconcentração de renda do que o crescimento econômico em si.
A vida real está comprovando o acerto desses estudos. E, mesmo assim, ainda há quem invoque a “teoria do bolo”. É de doer.

Saiu no Economínimo II

Sinais de aquecimento
O grau de utilização da capacidade instalada na indústria, no começo de 2007, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, alcançou 85,6%, o mais alto registrado em 30 anos.
A produção de máquinas cresceu 6,6%, nos últimos doze meses, o dobro do crescimento da economia como um todo no mesmo período e a perspectiva é de uma expansão setorial de 8% no ano.
De acordo com sondagem da Fiesp, três quartos da indústria paulista aumentarão ou manterão os investimentos em 2007.
Os investimentos diretos estrangeiros estão crescendo em ritmo inesperadamente alto neste início de ano, permitindo projetar um volume superior a US$ 20 bilhões ao longo de 2007. Nos últimos doze meses, com um ingresso de US$ 34,4 bilhões, praticamente igualaram o recorde do período áureo das privatizações, entre 1999 e 2001.
O crédito e, principalmente, o crédito para as famílias, está em franca expansão. O crédito como um todo já passa do equivalente a um terço do PIB, quando nem chegava a um quarto há menos de cinco anos. E o crédito consignado já alcança R$ 50 bilhões.
Alguns setores da economia começam a viver um momento de pressão de demanda, coisa que não se via há algumas décadas. No mercado de automóveis, por exemplo, há filas e começa a haver ágio.
Turbulências na economia internacional e uma ação deliberada do Banco Central, como ocorrido em 2005, podem furar e reverter a tendência. Mas que há sinais de aquecimento e eles estão pipocando a cada dia com mais nitidez, isso lá é um fato.
Não custa ficar de olho.

Saiu no Economínimo de José Paulo Kupfer

O futuro depois do novo PIB
É quase uma unanimidade que, depois da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2006, pela nova metodologia de cálculo, aumentaram as perspectivas de uma expansão da economia, em 2007, acima dos 3,5% registrados na maioria esmagadora das projeções anteriores e mesmo além dos 4% já estimados por muitos, incluído entre eles o Banco Central.
Na série antiga, o PIB de 2006 havia evoluído 2,9% em relação ao de 2005. Na série nova, mais próxima da realidade, o avanço da economia em 2006 sobre o ano anterior alcançou 3,7%, ficando acima das expectativas mais otimistas, que previam uma revisão do crescimento para, no máximo, 3,5%.
O cálculo do PIB, como o da inflação, é um esforço de aproximação da realidade – não é a realidade. Além disso, como toda contabilidade, a do PIB retrata o movimento das transações de caráter econômico realizadas em dado espaço geográfico em determinado período de tempo. É, em resumo, um retrato do passado. Daí porque mudanças no cálculo do PIB já realizado não afetam a vida de ninguém, além do que foi ela foi por ventura afetada no período mensurado.
Se é uma visão do passado que não altera o presente, um novo e mais sofisticado método de cálculo do PIB, que amplie o número de eventos observados e capte seu impacto nas interrelações das cadeias produtivas, pode ajudar a decifrar melhor o futuro. Analisado sob este ângulo, o novo PIB de 2006 dá indicações de que o PIB de 2007 e o dos anos seguintes podem ser mais robustos do que os até aqui estimados.
O esforço para garantir, por exemplo, um superávit fiscal capaz de estabilizar e reduzir a relação dívida pública/PIB ficou menos pesado. Se for mantida a meta de economizar R$ 91 bilhões em 2007 – o volume de recursos que equivalia, no cálculo antigo, a 4,25% do PIB – o superávit primário poderá se limitar a 3,8% do novo PIB. O déficit nominal, que inclui, além das despesas e receitas primárias, as despesas com juros da dívida pública, também recuou, com o novo PIB, de 3,3% do PIB para 3%. Com isso, a tarefa de reduzi-lo a zero até 2010 ficou mais fácil.
Com um PIB mais alto, outros grandes entraves a um aumento dos investimentos foram, como que “por encanto”, sensivelmente aliviados. Se antes do novo cálculo, a dívida pública líquida equivalia a 50% do PIB, agora caiu para 44% do PIB. E a carga tributária, antes acima de 38% do PIB, recuou para pouco mais de 35%. Reduzi-los aos níveis desejados de 35% do PIB, no caso da relação dívida/PIB, e menos de 30% do PIB, no caso da carga tributária, para deslanchar um maior crescimento, ficou menos complicado.
Aliviada a pressão fiscal, também é de se esperar que reduza a resistência do Banco Central a uma aceleração dos cortes nas taxas de juros. Na verdade, há razões para acreditar que o novo cálculo do PIB fez desabrochar a compreensão de que o famoso produto potencial na economia brasileira – aquele que trava a mente e as ações da diretoria do Banco Central – tenha aumentado para além dos convencionais 3,5% ao ano.
Todos esses novos fatores se combinam para indicar que a própria taxa de investimento, que recuou para pouco mais de 16% do PIB com o novo cálculo do PIB, tem tudo para voltar a crescer e chegar, relativamente rápido, aos 25% do PIB que assegurariam uma base para uma expansão econômica anual de pelo menos 5%.
Num ambiente em que se registra aquecimento no setor da construção civil e no de bens de capital, base da formação de capital fixo, a economia poderá avançar mais consistentemente daqui até o fim da década, mesmo sem grandes reformas. Com o novo PIB também ficou mais fácil ser mais otimista quanto ao futuro.

BC: Independente do povo e dependente do mercado financeiro

O BC É A NOSSA GUANTÁNAMO
(Ou porque a mídia não abre o bico)
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 258
. Desde que a revista Carta Capital revelou na sexta-feira passada que o presidente do Banco Central e dois diretores mantiveram três reuniões secretas com 80 economistas de instituições financeiras; e que nessas reuniões os presentes saíram com informações sobre a estratégia futura do BC para a taxa de juros e a política cambial...
. Desde essa espantosa revelação, que, numa democracia não-mitigada como a nossa, dava em cadeia...
. Desde então, houve um “silêncio ensurdecedor”, como diz o Mino Carta em seu blog (clique aqui para “ouvir” a indignação do Mino) na mídia conservadora.
. Essa mídia, que finge que é objetiva e joga num lado só do campo – no campo conservador, e num campo inclinado, de jeito a jogar o Presidente Lula na ribanceira...
. A mídia “isenta” não deu uma mísera linha sobre essa reunião para “entregar o ouro”.
. (É bem verdade que o Presidente Lula e o Ministro Mantega também não disseram uma palavra...)
. Por que será que a mídia conservadora não abriu o bico?
. Vou tentar uma explicação.
. A mídia conservadora se nutre dos princípios que formam a cartilha neoliberal, que, aqui, se instalou durante o Governo de FHC, o Farol de Alexandria, aquele que lançava luzes sobre a Antiguidade.
. O neoliberalismo, como doutrina, nasceu na Universidade Católica (do Chile), os “Chicago Boys”, do Governo Pinochet, e chegou ao poder de forma irremediavelmente hegemônica com os Governos Thatcher na Inglaterra e Reagan, nos Estados Unidos.
. Os neoliberais tem uma relação muito tênue com a democracia – afinal, houve neoliberais no Chile de Pinochet e há na ditadura (tão invejada...) da China.
. Os neoliberais gostam de democracia quando ganham a eleição.
. Mas, gostam mesmo é de viver num ninho próprio de instituições – oficiais e acadêmicas – que pregam a solvência do sistema financeiro, a integridade da moeda, as regras amigáveis aos bons negócios, e o monetarismo como política de Estado.
. Este conjunto de “leis” é a base de um Estado à parte, longe e acima daquele outro Estado em que há outras leis, as que os outros cidadãos têm que seguir.
. Essencial nesse Estado dos neoliberais são as instituições não democráticas, não transparentes, como FMI, o Banco Mundial e os BANCOS CENTRAIS.
. Os bancos centrais mandam inapelavelmente, seus membros não são eleitos, e quem os desobedece será punido pelo “mercado”.
. Os bancos centrais são o território não democrático de uma democracia – são uma espécie de Guantánamo da democracia americana.
. A base de Guantánamo é americana, fica em Cuba, mas, lá, os americanos torturam quem quiser e fica por isso mesmo.
. O Banco Central é a Oban das finanças – ali dentro ninguém entra.
. Quem manda é o coronel Ustra e estamos conversados.
. E é por isso que a mídia conservadora fica calada.
. Na democracia dos neoliberais, uma Guantánamo faz bem à saúde das instituições e “o ambiente dos negócios” se torna mais acolhedor.
Em tempo – Sobre o caráter não democrático dos neoliberais e as instituições não-democráticas de um estado neoliberal recomendo a leitura de “A Brief History of Neoliberalism”, de David Harvey, da Oxford University Press.

quarta-feira, março 28, 2007

Boas notícias

IBGE: “MEGA” CRÉDITO FEZ PIB CRESCER MAIS

A gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quarta-feira, dia 28, que o “mega” crédito para pessoa física fez com que o PIB de 2006 fosse maior (clique aqui para ouvir).
O IBGE havia anunciado há um mês que o PIB do Brasil cresceu 2,9% em 2006. A revisão da metodologia do IBGE mostrou que, na verdade, o crescimento foi de 3,7%.
Segundo Rebeca, o aumento de 30% no crédito para pessoa física foi um dos principais motivos para que o PIB crescesse mais.
“Em 2005 e 2006 teve um aumento mega do crédito, todo mundo sabe. E a gente não estava captando totalmente esse aumento”, disse Rebeca.
Rebeca disse também que a massa salarial (renda mais emprego) cresceu 5,6% em 2006. E, com o crescimento da massa salarial e do crédito a pessoa física, o mercado interno puxou o crescimento da economia.
Segundo Rebeca, a produtividade da economia também aumentou, porque a economia brasileira consome máquinas e equipamentos com mais tecnologia de ponta. Rebeca disse que “a parte de máquinas e equipamentos teve um crescimento muito forte, principalmente em alta tecnologia”.
Leia a íntegra da entrevista de Rebeca Palis:
Paulo Henrique Amorim – O recálculo do PIB no ano de 2006 chega à conclusão de que houve um crescimento de 3,7% e não de 2,9%, como era o resultado antes dessa revisão. Como você explicaria isso?
Rebeca Palis – Na verdade foi principalmente por causa da nova metodologia de cálculo no crescimento de alguns setores, principalmente serviços, que é o mais pesado do PIB, cerca de 60%. A gente calcula o crescimento do aluguel incluindo todos os crescimentos de qualidade nos últimos anos, que a gente não captava antes. Você tem mais residências com água encanada, etc. Tudo isso é recomendação internacional que é para ser computado e antes a gente não conseguia captar isso, agora conseguimos.

Paulo Henrique Amorim – Isso por causa do acesso ao PNAD, ou não?

Rebeca Palis – É, porque a gente fez um enorme modelo estatístico incluindo todas estas características dos imóveis, usando a PNAD.

Paulo Henrique Amorim – Então uma das razões para o crescimento do PIB é que o brasileiro passou a morar melhor?

Rebeca Palis – Não, não é assim. Em termos médios algumas coisas tiveram aumento de qualidade nos últimos anos, a gente captou isso. Além disso tinha o crescimento de um pedaço da administração pública, crescimento da população. Essa é uma crítica que a gente fazia há muito tempo e queria reformular para medir melhor e agora a gente mede através de pessoal ocupado, mede emprego, mede saúde e educação pública, coisas que a gente já media anteriormente.

Paulo Henrique Amorim – Eu não entendi bem isso, Rebeca. Estamos falando de quê, exatamente?

Rebeca Palis – Dos serviços prestados pela administração pública. São serviços que você não paga diretamente, é difícil de captar. O jeito de captar é pelos custos, como o governo gasta. Antes a gente supunha que o crescimento real era igual ao da população, mas a gente sabia que não era o mais correto. Agora a gente faz todo o cálculo usando gastos e emprego do setor. Então essa metodologia também foi melhorada. Além disso, a outra mudança importante é a parte do setor financeiro. A gente não tinha dados para calcular o crescimento específico do setor, a gente supunha que ele crescia igual à economia. Mas em 2006 e 2007 teve um aumento mega do crédito, todo mundo sabe. E a gente não estava conseguindo captar isso. Agora a gente conseguiu incluir totalmente este aumento dentro do cálculo do setor.

Paulo Henrique Amorim – O que você quer dizer com “aumento mega” do crédito?

Rebeca Palis – 30% em 2006 o crédito para pessoa física. Em termos nominais, mas por qualquer índice de preço vai dar um amento de 25%, 26%, o que é realmente enorme.

Paulo Henrique Amorim – Você está falando aí, sobretudo, de crédito consignado...?

Rebeca Palis – Todos eles, todos os créditos para pessoa física. Teve reflexo no aumento do consumo das famílias. A gente captava em parte, mas no setor financeiro a gente não captava totalmente porque pensávamos que crescia com a economia, mas nestes dois últimos dois anos cresceu mais. Todas estas coisas então tiveram reflexo nesta mudança de 2,9% para 3,7%.

Paulo Henrique Amorim – Tá. E houve também neste novo cálculo uma queda no investimento, não é? O que houve?

Rebeca Palis – O investimento é composto basicamente de construção civil e máquinas e equipamentos. E o cálculo, a gente tinha se baseado anteriormente no censo econômico feito em 1985, da construção civil, e foi evoluindo com índices de preços de índices de volume, de crescimento. Só que a gente não tinha nenhum valor, valor corrente, valor mesmo, para basear essas nossas projeções, pra ver se o que a gente está fazendo estava indo para a direção certa. E com a pesquisa PAIC [Pesquisa Anual da Indústria da Construção], que é a pesquisa do IBGE anual de construção civil, a gente passou a ter uma idéia exata do tamanho do setor. E a gente acabou descobrindo que o setor na série antiga estava superestimando. Então, foi o encolhimento da construção civil que fez essa nova taxa de crescimento mais baixa do que a taxa de investimento da série antiga.

Paulo Henrique Amorim – Mas eu te pergunto: mas não está havendo um crescimento significativo da construção civil no Brasil hoje?

Rebeca Palis – Tá, então. Máquinas e equipamentos está crescendo mais. Mas a construção civil a gente botou um crescimento lá, acho de em torno de 4,5% em 2006. Mas o que a gente viu é que, como a gente reviu desde 2000, que em 2000 – eu não estou falando em evolução ao longo do tempo não, estou falando que o patamar...

Paulo Henrique Amorim – Ah, a base de cálculo estava errada. Estava superestimada.

Rebeca Palis – Estava superestimada, não é que estava errada. A gente não tinha indicador pra medir corretamente. Agora, com uma pesquisa anual específica do setor a gente tem noção d e quanto ele realmente pesa.

Paulo Henrique Amorim – Agora, esse recálculo e essa reavaliação do investimento significa, demonstra que a produtividade da economia melhorou, não é isso?

Rebeca Palis – É, porque uma coisa que a gente reparou é o seguinte: quando se fala em taxa de investimento, tem que olhar por dentro um pouco, né, pra ver de que você está falando. Porque a parte de máquinas e equipamentos teve um crescimento muito forte e principalmente nessas coisas de alta tecnologia, então, isso é importante. Às vezes, você tem que olhar a taxa conjugada com o que tem ali dentro, porque você pode gastar a mesma coisa, investindo, mas, de repente, comprar alguma coisa que tenha muito mais qualidade, mais tecnologia.

Paulo Henrique Amorim – Tecnologia mais de ponta, né?

Rebeca Palis – Isso.

Paulo Henrique Amorim – E como é que você mede, qual é o indício, a prova de que a indústria brasileira, a economia brasileira está comprando máquinas e equipamentos com maior índice tecnológico?

Rebeca Palis – Ah, isso, se você abrir pelos dados de comércio exterior, você tem a discrição do produto e aí você consegue ver que são produtos... toda a parte de informática e material eletrônico, coisas mais modernas.

Paulo Henrique Amorim – Agora, o que está fazendo a economia crescer 3,7% ao ano? Compras do governo, consumo das famílias ou comércio exterior?

Rebeca Palis – Não, em 2006 comércio exterior não. Foi até o contrário: a gente importou muito mais do que exportou. Então, foi o que realmente a gente chama de demanda interna, que é o consumo das famílias, impulsionado por crédito e renda, crescimento de renda, emprego, e essa parte de investimento.

Paulo Henrique Amorim – Entendo. Ou seja, o que puxou a economia brasileira em 2006 foi o crescimento do mercado interno, do mercado doméstico.

Rebeca Palis – Isso, isso mesmo.

Paulo Henrique Amorim – Tá certo. E você tem alguma dica, algum dado “por dentro”, já que você usou essa expressão, o que é isso aí, o que está mexendo com esse consumo das famílias?

Rebeca Palis – Você teve esse mega aumento de crédito e a renda também, que aumentou. Desde 2005 a gente tem visto a renda média crescer e o emprego crescer também. Então, tudo isso favorece você aumentar o consumo das famílias.

Paulo Henrique Amorim – A renda média do brasileiro está aumentando quanto?

Rebeca Palis – O que a gente chama de massa salarial, que é a conjugação de emprego mais renda, cresceu 5,6% em termos reais em 2006.

Paulo Henrique Amorim – Emprego mais renda?

Rebeca Palis – Isso.

Paulo Henrique Amorim – Então tá bom. Muito obrigado, Rebeca. É sempre um prazer contar com as suas explicações.

Rebeca Palis – Obrigadinho, tchau!


Leia também:

Com revisão, PIB de 2006 cresce 3,7% em 2006

Jornalismo público?

O jornal da cultura poderia ser chamado de jornal dos tucanos. É uma vergonha se utilizarem de nosso imposto para fazer política para o psdb. É só constatar, principalmente pelos comentários da salete lemos e do alexandre machado. Críticas só ao governo federal, o serra nem é citado, a não ser que isso o beneficie. E o kassab? nem conta. E a rede cultura tem a pachorra de fazer propraganda enganosa dizendo que tem compromisso com o jornalismo público. A rede cultura atualmente não é uma rede pública, ela é uma rede estatal dominada pelos tucanos.

os palpiteiros econômicos

A maioria dos comentaristas econômicos do Brasil não entendem de economia. Apenas defendem algumas idéias feitas como livre mercado, reforma da previdência, reforma trabalhista, reforma tributária entre outras coisas que na verdade só representam o interesse capitalista. Eles se constituem nos palpiteiros econômicos. É só acompanhar e ver que a maior parte do que eles dizem não se concretizam na prática. Portanto, cuidado com o que é escrito na folha de são paulo, no estadão, na globo, na cultura e na cbn. Nunca nenhum deles vai fazer algum comentário que vá beneficiar o povo brasileiro, como a distribuição de renda, criação de emprego, redução da pobreza. O Ministério da saúde adverte: palpiteiro econômico faz mal ao povo brasileiro.

Tudo combinado

O tse nos últimos meses virou um apêndice do ex-pfl, psdb e pps. Tudo que o marco aurélio de mello podia ele fez para ajudar a direita no jogo político brasileiro. Agora para evitar o definhamento destes partidos que usaram os mesmos métodos contra os outros em 1995 e 1999, eles recorreram ao tse, que prontamente os atendeu. É lamentável, fere o jogo democrático e leva a descrença do judiciário. A hipocrisia é tanta que a salete lemos e o alexandre machado no jornal da cultura quase juraram que sempre defenderam a fidelidade partidária no Brasil. Todos os democratas verdadeiros desse país apoíam a fidelidade partidária, mas não nesse contexto em que ela serve como tábua de salvação para partidos que meses atrás pregavam abertamente o golpe de estado.

E agora, folha: vai sair na primeira página?

PIB DE LULA É 45% MAIOR QUE DE FHC

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 256


. Quando o IBGE fez a primeira divulgação do PIB de 2006, a mídia conservadora celebrou a fraqueza do número: 2,9%.

. Era o “pibinho” do Lula.

. A Folha de S. Paulo chegou ao opróbrio de comparar o pibinho de Lula ao de FHC – de fato, quase uma ofensa pessoal ao presidente Lula.

. Agora, o IBGE reviu os cálculos (*), inclusive do período FHC, e chegou à conclusão de que o crescimento do PIB em 2006 não foi de 2,9% mas de 3,7%.

. Não é uma “fragata inglesa”, mas dá uma goleada no período de ouro do neo-liberalismo brasileiro, o chamado FHnistão.

. O Pibinho do Lula é 45% maior do que o Pibão do FHnistão.

. Acompanhe esses números:

Média do crescimento do PIB de 1995-1998 (1º mandato de FHC): + 2,44%

Média do crescimento do PIB de 1999-2002 (2º mandato de FHC): +2,27%

Média do crescimento do PIB de 1995-2002 (os dois mandatos de FHC): + 2,29%

Média do crescimento do PIB de 2003-2006 (quatro primeiros anos do governo Lula): + 3,34%



(CÁLCULOS: PROFESSOR ALCIDES LEITE, DA TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS)


(*) Nem a Miriam Leitão, a Controladora Geral da República, viu defeito na revisão do IBGE

30 perguntas para o governador

LINHA 4: TRINTA PERGUNTAS AO GOVERNADOR



Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 255


. O acidente na Linha 4 do Metrô de São Paulo ocorreu no dia 12/01/2007. Portanto, no dia 02/04/2007 se completam 80 dias que a cratera se abriu.

. Até hoje, dia 28 de março, o Governador do Estado não deu nenhuma informação à população sobre o que houve e o que pretende fazer daqui para frente. Limitou-se a dizer que aguarda o laudo do IPT – órgão subordinado à Universidade de São Paulo, e, portanto, ao Governo do Estado.

. O Conversa Afiada considera que a população de São Paulo já deveria ter recebido esclarecimentos sobre os seguintes tópicos:

1) O Governo do Estado pretende processar o consórcio por provocar um acidente numa obra pública que resultou na morte de sete pessoas?

2) Por que o Governo do Estado não trocou de empreiteiros depois do acidente?

3) Por que até agora o contrato não foi suspenso e as obras interrompidas?

4) Por que o Metrô resiste em aceitar a proposta dos metroviários de paralisar as obras até que seja feita uma fiscalização em toda a Linha 4 para se certificar de que ela é segura?

5) O Metrô fiscalizava as obras? Como? Qual o nome do fiscal?

6) Havia um plano de evacuação da obra em caso de acidente? Onde está esse plano, se existe?

7) O Governo do Estado vai repetir esse tipo de contrato ("turn key") (“porteira fechada”) em outras obras?

8) O Governo do Estado se sente responsável pelas vítimas do acidente?

9) Por que o governador do estado não recebeu a comissão de moradores do entorno da cratera do Metrô, que tentou falar com o governador na segunda-feira, dia 26 de março?

10) Antes de a obra começar, havia um estudo geológico da área que se tornou a cratera? O que diz esse estudo? Como ter acesso a ele?

11) Por que o Metrô "colocou" as empresas do consórcio perdedor no processo de licitação dentro do Via Amarela?

12) O consórcio Via Amarela não deveria ser excluído do processo de licitação, já que não atendia à especificação do edital que exigia dos concorrentes ter dois shields?

13) Por que, no início, a área de responsabilidade do Metrô era sobre um raio de 300 metros do local onde desabou a cratera e agora passou para 50 metros? (Vale lembrar que o consórcio interditou uma casa dentro desse raio de 300 metros e chegou a levar alguns moradores para o hotel)

14) Por que, até agora, não foi possível iniciar a perícia criminal na cratera do Metrô?

15) Quase três meses depois da tragédia, por que o consórcio Via Amarela ainda não autorizou o IPT a vistoriar o local exato do acidente?

16) Até quando o consórcio vai alegar que o terreno está instável e não pode haver ainda uma perícia?

17) E onde estão os "institutos internacionais" que seriam contratados pelo IPT para ajudar a fazer a perícia ?

18) Por que não foi pedida a perícia a outro órgão além do IPT – um órgão, em ultima análise subordinado ao Governo do Estado? O Governo do Estado vai deixar, por exemplo, o sindicato dos metroviários participar do trabalho de perícia?

19) De acordo com o morador Flávio Sato, a reconstrução da casa dele vai demorar um ano. Enquanto isso, ele vai ficar num hotel. Por que tanto tempo para construir uma casa?

20) Com o reinício do trabalho com o mega-tatuzão, o equipamento não demora muito para chegar aos pontos onde as obras estão paralisadas. E aí, o que vai acontecer?

21) Por que o Luiz Carlos David foi demitido? Só ele merecia?

22) Depois desse acidente, o Metrô vai passar a fiscalizar as obras da Linha 4?

23) O Metrô foi omisso ao autorizar as alterações contratuais, que modificaram o método construtivo?

24) Por que o consórcio não suspendeu as obras da futura estação Fradique Coutinho, após receber o laudo que mostrava a possibilidade de "acidentes de proporções imprevisíveis" no local?

25) O que o Governo do Estado acha da política do consórcio de baratear a obra à revelia do contrato?

26) O Metrô e o Governo do Estado sabiam que o consórcio Via Amarela pagava prêmio em dinheiro para quem acabasse a obra antes do prazo?

27) O Metrô e o Governo do Estado sabiam que o consórcio Via Amarela usava dinamite e não o mega-tatuzão no local onde se abriu a cratera?

28) A dinamite era o melhor método para aquele terreno?

29) Por que o então gerente de construção da linha 4 do Metrô, Marco Antonio Buoncompagno, não foi demitido no primeiro dia do atual Governo do Estado, já que Buoncompagno era processado por ter participado de esquema ilegal de contratação pública em parceria com uma das empreiteiras do Consórcio Via Amarela?

30) Por fim, para aproveitar a oportunidade, gostaríamos de saber qual será a política do governador do estado para comprar ambulâncias?

terça-feira, março 27, 2007

"coincidências"

O filme deveria se chamar Aeroporto 2007. O enredo: dois pilotos irresponsáveis estadunidenses viajam na contra-mão num jato novinho em folha. Além de estarem na altura errada para a viagem, resolvem desligar o aparelho que evitaria uma colisão com outro jato. No sentido contrário vem um Boeing com 156 inocentes brasileiros que nem suspeitam que a morte os espreita. Os dois aviões se chocam no ar, o Boeing se espatifa e morrem todos os ocupantes. O jatinho executivo estranhamente sobrevive à colisão e pousa num aeroporto numa base longínqua. De cara a mídia esconde o acidente, pois é véspera de eleição e ela precisa levar o seu candidato da opus dei ao segundo turno. A manchete dos jornais é sobre um monte de dinheiro. Os pilotos irresponsáveis são logo protegidos da mídia que acusa o sistema de navegação aérea do país. De lá para cá ninguém tem mais sossego. É equipamento que nunca pifa que quebra, equipamento que quebra e não é consertado, pane em equipamento novo e uma série de "coincidências". A maior coincidência ainda é na semana em que a oposição pede uma cpi, três aeroportos do país apresentam problemas. E para ajudar o enredo do filme de horror a Polícia Federal desse país entra em greve com operação padrão....nos aeroportos. Haja coincidências! E quanto ao candidato da opus dei? Foi massacrado, junto com a mídia nativa e uma parte do judiciário. Eles perderam feio de goleada.

Nivilíngua

A linguagem do livro de George Orwell, a novilíngua foi implantada na folha, na globo e no estadão. Para Lula é corte de gastos, quando é o Serra é contigenciamento. Para Marta na cidade de São Paulo era inundação, para serra-kassab são pontos de alagamento. Para Lula é aparelhamento da máquina, para serra é colocar pessoas preparadas do psdb para servir ao Estado. Para Lula é loteamento do governo, para serra é dividir espaço com aliados. Falam da cpi do apagão aéreo para Lula, mas nem comentam da CPI do Metrô para serra. Não esqueçamos que a o estadão, a globo e a folha apoiaram o golpe de estado de 1964. A folha foi mais além, emprestou veículos do jornal para transportar presos políticos.

CBN: a rádio que só toca cpi

A cbn colocou a sua programação inteira a serviço da oposição na tentativa de emplacar a chamada "cpi do apagão aéreo". O mais entusiasmado com a idéia é o heródoto barbeiro. O mais interessante é que o impoluto apresentador nunca cita a CPI do Metrô na Assembléia Legislativa que o PT está solicitando. Aliás, a cbn só tem olhos para Brasília. Nessa rádio não tem nenhuma manchete contra o kassab e o seu despreparo para governar a cidade de São Paulo nem o Serra e sua incapacidade de gerir um Estado.

Amnésia

Chega até a ser irônico ver o ex-esquerdista Roberto Freire falar em decência e em crescimento econômico. Ele esqueceu que o governador de Rondônia, cuja cassação está sendo pedida pelo Ministério Público é do PPS? Que ele apoiou por 8 longos anos de tucanato com crescimento econômico medíocre? O Roberto Freire representa um político em decadência, inclusive nem teve coragem de sair candidato em Pernambuco, pois não seria reeleito. Para ele agora só resta apoiar o que há de mais retrógrado na política brasileira.

Ói noiz aki traveis

Depois de uma longa jornada, ó noiz aki traveiz, como diria Adoniram Barbosa.