domingo, agosto 12, 2007

BNDES JÁ TEM GOLDEN SHARE

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 603

. Acompanho como jornalista, contribuinte e prestador de serviços ao iG a polêmica sobre a formação de uma grande empresa nacional de telefonia.

. Ou seja, uma tentativa tardia de consertar algumas das muitas lambanças do processo de privatização do Farol de Alexandria.

. Fariam parte dessa megaempresa a Brasil Telecom (controladora do iG) e a Telemar.

. O debate, no momento, se trava em torno da Telemar.

. Recentemente, como se viu, houve uma tentativa de “ambevizar” a Telemar.

. (Clique aqui para ler sobre a “ambevização” da Telemar)

. Em suma, seria uma operação em que os acionistas privados botavam a grana no bolso e deixavam a empresa e o bloco controlador a ver navios.

. Por trás, como uma das feiticeiras de Macbeth, o sempre-presente Daniel Dantas.

. O golpe certeiro errou o alvo, por causa da corajosa denúncia de Rubens Glasberg, editor da Teletime.

. Agora, a discussão é sobre a fusão das duas – BrT e Telemar.

. No centro do debate, a golden share, ou seja, aquela criação de Margaret Thatcher, que privatizou as empresas do Estado inglês, e reteve nas mãos do Estado uma ação com direito a veto, para não deixar – e olha que Thatcher não era estatizante – que os novos controladores privados botassem a grana no bolso e dessem uma banana para o publico.

. E aqui ainda se diz que a golden share é estatizante ...

. O Ministro das Comunicações é favor da golden share.

. Os ilustres membros do PT são e não são a favor da golden share.

. Aliás, se há uma área em que o PT navegue com uma ambigüidade suspeita é exatamente essa, a da telefonia...

. Os administradores da Telemar são contra a golden share.

. Especialmente um funcionário contratado, demissível ad nutum, o executivo Luiz Falco, que preside a Telemar.

. Ele fala como se fosse dono da Telemar.

. Parece o Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce, que a mídia conservadora (e golpista) elegeu como o padrão de “empresário”, que transformou uma empresa estatal num modelo privado

. Não é bem assim.

. Quando o sr. Agnelli ameaça transferir Carajás para Austrália, se o Governo não fizer os investimentos em infra-estrutura que a Miriam Leitão recomenda, é bom lembrar que ele não é o dono da Vale.

. Ele é um empregado, contratado pelos acionistas da Vale.

. É o caso do Sr. Falco.

. E quem controla a Telemar ?

. Se você somar a participação do BNDES (25%), fundos de pensão (20%) e Banco do Brasil, esses três, em conjunto, têm a maioria das ações que controlam a empresa.

. E o BNDES tem o direito de veto sobre as decisões estratégicas da empresa da Telemar.

. Direito que, aliás, nunca exerceu.

. Portanto, todo esse “trololó” da imprensa – como diria o presidente eleito José Serra – não passa de trololó.

. No caso da BrT, os fundos de pensão, em conjunto, têm a maioria.

. Portanto, a megafusão será decidida entre o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e a Ministra Dilma Roussef, que segue uma filosofia muito interessante: “o governo governa”.

. O Sr. Agnelli só vai transferir Carajás para a Austrália se os acionistas controladores quiserem...

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