quinta-feira, julho 26, 2007

Carta de um militar

Prezados editores do blog República Vermelha,

Trancrevo mensagem que enderecei ao blog do Mino.
Cordialmente.

Caro Mino,
Dirijo-lhe este comentário porque respeito o seu histórico de fundador de revistas várias e um baluarte na imprensa séria desse país. Digo imprensa séria, ou o que restou dela, pois hoje o que se vê éuma mídia completamente alucinada e desconectada do mínimo de postura democrática e ética que se exige da imprensa. Nesse mar de piratas de aluguel em que se transformou a mídia golpista, a Carta Capital tem sido a traineira da exceção. Preocupa-me sobremaneira o atual estágio de vendilhagem e desonestidade intelectual e partidarização explícitas da mídia nativa. Agora, deram de mencionar explicitamente a possibilidade da caserna voltar a falar. Caro Mino, como oficial das Forças Armadas, quero deixar claro que o falante ministro do STM, Olympio Pereira da Silva Júnior, fala de per si, e não pelas Forças Armadas. Deve ser mais uma vivandeira neomoderna. E como toda vivandeira, é um civil que lamenta não ter passado pela caserna, e como compensação, vive a nos bajular, a ver se consegue algum. Aliás, parece que bajulação é um dos requisitos para o cargo que ocupa.
De mim, caro Mino, que também falo por mim, e não pela Força, afirmo que a possibilidade de golpe militar aventada pelo ministro falante, é hoje, algo próximo de zero. Não há clima para quarteladas. Até porque Mino, quem sempre operou esses movimentos no meio militar foi a oficialidade média. E hoje, essa oficialidade está consciente do seguinte:
1) Qualquer tentativa de intervenção militar, hoje, teria o viés de retornar ao status quo tucano, de triste memória para as Forças Armadas (está bem viva em nossa memória a crise de 2001/2002, onde a caserna dismobilizou o contingente em agosto, por falta de comida);
2) Que qualquer movimentação militar para depor o presidente teria que passar por um alinhamento automático aos EUA. Alinhamento esse que hoje seria impossível, dada a aversão majoritária da oficialidade à política americana para a América latina;
3) As Forças Armadas, hoje, têm a convicção (embora em muitos não externada de público) de que, em 1964, fomos usados espertamente por uma parcela de políticos para fazer-lhes o trabalho sujo e ficar com o ônus (alguns se deixaram contaminar pelo trabalho sujo). Hoje, não mais estamos dispostos a satisfazer-lhes o capricho de vivandeiras. A oposição quer dar um golpe e depor Lula? Que eles próprios peguem em armas e dêem o golpe!
4) Não fugiremos um milímetro de nossa disposição constitucional, apesar das bravatas de um ministro calça-curta, que nem militar é;
5) Quanto à mídia golpista, se lhe falta barranco oposicionista para escorar, são apenas cachorros mordendo a soldo e latindo pelo melhor osso, apenas isso.
Cordialmente
Cap. Mascarenhas Maia
Infantaria


25 de Julho de 2007 22:13

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